A História constrói e desconstrói seres e sociedades diante de vários desafios coletivos e poderes, diante de ter que evoluir e inovar. Assim como a evolução das espécies, o ambiente determina as novas regras e muitas espécies ou respostas inadequadas ficam pelo caminho lutando por poderes ultrapassados pela História. Houve épocas em que as igrejas dominaram com as regras religiosas, depois veios os reis e a nobreza e as regras políticas pautaram toda Sociedade, incluindo as igrejas. O capitalismo emergiu colocando tudo a serviço das regras econômicas. E agora vivemos numa sociedade do conhecimento ou tecnológica que como observamos está destruindo dinossauros econômicos de outras eras por poderes digitais.
Eu considero que seguimos uma evolução complexa e agora os desafios exigem a interação entre as regras de vários mundos e seus poderes em redes. As equações exigem unir elementos diferentes, visando desenvolver soluções sistêmicas que necessitam das habilidades de seres singulares e setores distintos de nossa sociedade, gerando sinergias entre eles. Orquestras que tecem fios distintos para tocar músicas sistêmicas, compostas por notas soluções, capazes de integrar nossos corações, mentes e imaginação na criação de uma nova civilização ao invés de vivermos de múmias e fantasmas sem realizar nossos seres e vidas.
Grande parte de nossos problemas e desafios começa com uma única pergunta: QUEM É VOCÊ ? Damos uma resposta direta, muitas vezes de acordo com os poderes de nossa sociedade, aquilo que “somos” ou ``temos''. Quando poderíamos descrever nossa trajetória ou melhor expandir nosso ser, preenchendo as lacunas do que buscamos na interação com outras pessoas. É mais fácil caracterizar e normalizar, do que distinguir e diferenciar um ser. Mas tudo começa a mudar através de nossas capacidades de escutar e compreender as razões do outro, sua história, e desafios, ou dos outros que enquadramos por serem pobres, pretos, gays ou judeus.
Muito mais que raça, gênero, classe, religião, um ser transborda as margens e os limites que nos reduzem e aprisionam em nossa sociedade, às vezes dentro de nossas casas ou mentes. Quando uma mulher diz que ela é gay, é muito pouco porque há inúmeros tipos de gays e diversas trajetórias de vidas, mas para sociedade ser guey, preto, pobre ou judeu já é suficiente. Não interessa a singularidade do ser, inclusive dos que vivem ou trabalham conosco, muito menos a história de vida, ainda mais compreender o que ele busca em uma relação social. O que poderia nos revelar capacidades de construirmos juntos a economia, educação, preservação da natureza, política, novas tecnologias e outros. Da mesma forma, posso reduzir a pessoa a uma profissão, nome da família, ou posição política. As pessoas tendem a afirmar esses pontos e não expandi-los, o que vai ampliando interesses, dogmas e poderes a proteger, cada um na sua ilha! O que impede que vários ativos sejam compartilhados e diálogos se tornem pontes e conexões para juntos unir nossos fios em torno de desafios comuns. Ao invés de gritar com nossos seres temos que escutar sua voz, emoções, alma e sonhos.
Isso coloca questões essenciais aos desafios do Século XXI. Eu estudo para ter uma profissão ? Eu estudo para ser. A profissão não me define, eu posso ter outras. A minha posição cabe num partido político? Não, elas são causas políticas que se expressam de diversas formas. E a Faculdade que fiz ? Posso aprender vários saberes por livros, filmes, cursos online, auto aprendizagem e outros instrumentos pedagógicos, inclusive tendo várias formações acadêmicas. As espiritualidades nos dividem mas podem nos unir em coexistências. As tecnologias se integram cada vez mais, porque não integrá-las para ajudar a preservar a natureza e conectá-la às nossas mentes e espiritualidade? Visando utilizar para outros fins os Big Datas e IA! E a arte? Sim, somos artistas e podemos expressar nosso ser de diversas formas, inclusive integrando seres em redes para superar desafios juntos, porque hoje mais importante que o conteúdo são as formas singulares que damos a nosso ser e a sociedade como orquestras capazes de tocar existências belas, éticas e justas. De um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário