SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

E o que eu mais quero é botar meus pés na estrada, sentir o cheiro do povo! por Egidio Guerra



A cidade acordou, mais uma vez imunda e fúnebre.
O povo na rua, feito formiga sem rumo, sem pão, sem dignidade.
Eu ouvi na rua uma canção desesperada,
Um bêbado a trombar na minha porta, um clarinete a cortar o silêncio.

E é a gente que constrói esta cidade, que paga o pato e que paga impostos!
É a gente que segura esse país com as costas e os punhos!
É como andar num feixe de luz, numa corda bamba...
Um passo em falso e nós... nós caímos.

E no meio dessa multidão, eu vejo uma moça.
Teresa, Ana, Angelina... mulher de ninguém.
Com seu vestido cinza, sua certa idade, seus segredos na bolsa.
Ela é forte, ela é bela, ela é a tal da beleza... que não é frágil.

E eu canto pra ela, pra mulher que é o esteio:
"Você é a tal, de jeito igualzinho àquela semente..."
Meu amor, meu porto seguro, meu pedaço de paz.
A gente combina de nunca, nunca se deixar.

Eles queriam nos calar, nos engambelar com festa e papel de seda.
"Cálice!" – eu gritei. Cale-se! Mas não me calaram.
Porque eu aprendi com o velho Guimarães: "Há tempo de perder e tempo de ganhar".

Não parar não, não tem porque parar! A vida é bonita, é bonita e é bonita!
Vamos precisar de todo mundo, pra banir do mundo a opressão.

E no fim do dia, fica a pergunta: o que será que vai ser de nós?
O que será amanhã, que ninguém saberá dizer...
Mas fica o samba, fica a canção, fica o retrato de um povo que não cede.

Não somos heróis, somos pedras no caminho deles.
Somos sementes na beira do mar, teimosas.
E vamos, como a gente mesmo já cantou,
Deixar um mundo mais justo, mais fácil, mais bonito...
Seguir sempre em frente e não ter medo de ser feliz.

Só louco... só louco dá um tempo nesse passo.

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