SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Você se lembra da última vez que precisou limpar o para-brisa do carro por causa de insetos?



Talvez já tenha percebido: eles praticamente desapareceram.

Se nos anos 2000 uma simples viagem de carro deixava o vidro coberto de borboletas, joaninhas e besouros, hoje é possível rodar centenas de quilômetros sem ver sequer um vagalume.

Isso não é nostalgia. É um sintoma.
E os dados confirmam:

Um estudo realizado ao longo de 27 anos em reservas naturais da Alemanha revelou uma queda de 75% na biomassa de insetos voadores, mesmo em áreas protegidas (Hallmann et al., PLOS ONE, 2017).

A Royal Entomological Society (Reino Unido) e a National Academy of Sciences (EUA) alertam: estamos diante de um declínio global, silencioso e acelerado da base da cadeia alimentar.

Insetos são muito mais que incômodos no para-brisa:

Polinizam mais de 75% das plantas que alimentam o planeta.

Reciclam matéria orgânica e equilibram o solo.

Controlam pragas de forma natural.

Servem de alimento para aves, peixes, répteis e mamíferos.

São bioindicadores: se os insetos estão sumindo, algo está profundamente errado no ambiente.

Esse desaparecimento é como um alerta biológico, é um colapso ecológico silencioso que começa nos pequenos e termina nos grandes.

Por que eles estão sumindo?

• Uso indiscriminado de agrotóxicos
• Mudanças climáticas e extremos de temperatura
• Perda de habitats naturais e fragmentação ecológica
• Urbanização acelerada sem planejamento
• Iluminação artificial excessiva

A raiz de tudo: atividade humana sem limites.

E a consequência já bate à porta da nossa alimentação, biodiversidade e estabilidade climática.

Milhões de espécies de insetos ainda nem foram descritas pela ciência.

E muitas estão desaparecendo antes mesmo de serem descobertas.

Quem vai sobrar no planeta quando eles forem embora?

A natureza está gritando, mesmo que em silêncio.

O declínio de insetos também está documentado no Brasil, com base em estudos científicos nacionais.

Um levantamento publicado na Biology Letters (2022), liderado por pesquisadores da Unicamp, UFSCar e UFRGS, analisou 45 estudos e consultou 156 cientistas. O resultado:

19 séries temporais mostram queda populacional de insetos terrestres, como abelhas, borboletas e besouros.

14 apontam perda de diversidade.
FAPESP. Insetos terrestres em declínio

FAPESP. Besouros bioluminescentes em declínio

O problema não é europeu: é global. E o Brasil também está perdendo a base da cadeia ecológica.
https://lnkd.in/dsBVPGuj

https://lnkd.in/dm8-ddCW

Carlos Alberto Tavares Ferreira 🌱💧

A biodiversidade precisa de aliados.

Referências:
Sánchez-Bayo & Wyckhuys (2019). Worldwide decline of the entomofauna: A review of its drivers. Biological Conservation.

National Geographic. Insect Apocalypse? (2019)

IPBES Global Assessment (2019)

Nenhum comentário:

Postar um comentário