SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

sábado, 8 de novembro de 2025

Virou capítulo mais polêmico do Freakonomics.

 



1991. Nova York. Crime violento começou a despencar.


Homicídios caíram 50%. Roubos despencaram.

Todo mundo tinha uma explicação:

“Foi a polícia mais dura.”

“Foi a economia melhorando.”

“Foi mais prisões.”

Políticos tomaram crédito.

Rudy Giuliani foi eleito celebrando a vitória.

Até que Steven Levitt, economista de Chicago, fez uma pergunta:

“E se todos estiverem errados?”

Levitt analisou os dados.

Mais polícia? Ajudou pouco.

Economia? Crime caiu mesmo em recessão.

Mais prisões? Impacto mínimo.

Nada explicava a magnitude da queda.

Então ele olhou 20 anos para trás.

1973. Roe vs Wade.

Suprema Corte legalizou aborto nos EUA.

Milhões de mulheres em extrema pobreza puderam interromper gestações indesejadas.

Levitt fez a conexão:

Menos crianças indesejadas nascidas em extrema pobreza = menos criminosos 20 anos depois.

A matemática fechava.

Estados que legalizaram aborto antes de Roe vs Wade?

Crime começou a cair antes.

Estados que resistiram mais?

Crime demorou mais para cair.

A correlação era impossível de ignorar.

2001: Levitt publicou o estudo.

Explodiu.

Grupos pró-vida atacaram.

Grupos pró-escolha também criticaram.

Levitt respondeu:

“Não estou fazendo julgamento moral. Estou mostrando dados.”

Economistas tentaram refutar. Falharam.

Replicaram em outros países:

Romênia proibiu aborto em 1966. Crime explodiu 20 anos depois.

A teoria resistiu.

Virou capítulo mais polêmico do Freakonomics.

A lição?

Consequências de decisões aparecem décadas depois.

Sociedade nunca conecta causa e efeito com lacuna de 20 anos.

Políticos tomam crédito por coisas que não fizeram.

E as respostas mais verdadeiras são sempre as mais desconfortáveis.

Levitt não disse que aborto é bom ou ruim.

Disse que escolhas têm consequências de longo prazo.

Mesmo quando ninguém quer admitir.

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