As pessoas precisam de experiências e saberes, sem mudanças algo dorme dentro de nós e acorda raramente. Os adormecidos no mundo que mudou tem que despertar! A engenharia genética, a robótica, a IA, as mudanças climáticas, brutais desigualdades, pobreza e violências extrapolaram suas consequências enquanto outros buscam controlá-las gerando uma nova linhagem de seres humanos viajando pelo Universo, abandonando a Terra? Será que queremos gerar o ser supremo do Universo ? Deus ? ou nos tornamos Deuses ?
Durante uma época na Alemanha na transição da Idade Média para a Modernidade, as Bruxas, os Católicos, os Luteranos e a Nobreza se enfrentaram na cultura alemã e produziram Fausto. Ele como Goethe, seu criador, dominava vários saberes e tecnologias que produziram uma classe aristocrática e liberal ao mesmo tempo, uma forma de educar e o capitalismo que dominou a Terra; mas o que a humanidade pode fazer se vender a alma, a humanidade e a Terra ? Veio as guerras em busca do domínio tecnológico e econômico, e com elas o Fascismo, Nazismo e as Raças Puras. Agora 1% domina a riqueza do mundo às custas de 99% da humanidade e da natureza. Afinal com tantas tecnologias e razões iluministas ainda somos controlados pelos nossos instintos e violências ? Ou temos medos e vamos morrer aos poucos entregando nossos sonhos, ideais e capacidade de lutar ? Necessitamos aprender que aquilo que podemos destruir, temos controle sobre ele, ou eles nos controlam e destroem. Um pouco antes Marx escreveu o Manifesto comunista, mas é preciso resgatar a cultura de onde emergiu e atualizá-los sem dogmas.
O messianismo judaico de Marx mas também de outros pensadores judeus, seguindo a análise de Michael Lowy em Redenção e utopia, analisa o capital produzido por novos Faustos que mataram o amor e destruiram a natureza, valorizando o cultivo ao ódio em nossa cultura segundo o historiador Peter Gay . Se o poder das bruxas vinha da natureza, agora o poder virá da transformação da razão em técnica e capital, nasce a indústria e o capitalismo. Eles trocam a ética protestante em suas jornadas pelo Paraíso na Terra para poucos escolhidos pelo capital, mas esquece que Mefistófeles vai cobrar seu preço as almas puras. "Entre os europeus há um consenso tradicional de que o Doutor Fausto realmente existiu, provavelmente na Alemanha, entre 1480 e 1540. Ele foi registrado historicamente como um falso médico, humanista, alquimista, mago, ousado cavaleiro andante, praticante de milagres, impostor, lascivo e homossexual."
Outro espectro ronda a Terra, agora as mudanças climáticas. Todas as potências são derrotadas por um vírus incluindo a igreja, bilionários, as esquerdas, a ciência. As consequências das mudanças climáticas são atacadas pelas direitas e esquerdas, o planeta não suporta mais o capitalismo nem o socialismo como conhecemos. Várias consequências das mudanças climáticas começam a ser reconhecidas como força por todas as potências e bilionários. É Tempo de escutar e compreender as vozes da Terra à face do mundo inteiro, seu modo de ver, seus fins e suas tendências, construindo juntos um manifesto onde líderes de várias nacionalidades redigiram o manifesto seguinte, que será publicado em todas as línguas?
Burgueses, Proletários, a Terra e quem mais? indígenas, movimentos negros, feministas...
Hoje a maioria da população nem são burgueses nem proletários mas excluídos e cada vez mais refugiados, vivemos estados de sítio permanentes com avanço do crime organizado, pandemia e pobreza.
Hoje cada vez mais robôs ocupam os lugares de trabalhadores, a mais valia é substituída pelo domínio do mercado financeiro e a expansão da renda básica para evitar revoltas, porém não há recursos naturais para todos, nem todos conseguem “empreender” e a urbanização transforma cidades em espaços de guerra entre o crime e o Estado, estados de exceção permanentes. A globalização continua desafiando as democracias e emergem novas tecnologias e suas consequências .
Felizmente as "cosmotécnicas", tecnologias desenvolvidas em contextos locais, particulares, que conteriam as saídas para a atual crise ecológica, política e social mundial. A tecnologia foi sempre pensada como um conhecimento universal, resultado do processo de superação da dependência do homem de seus órgãos. Não há uma única tecnologia, mas sim uma tecnodiversidade – uma multiplicidade de cosmotécnicas que diferem umas das outras em seus valores, epistemologias e formas de existência. A superação da conjuntura atual, marcada por uma crise ecológica e moral, depende de uma política de decolonização em benefício de uma pluralidade de cosmotécnicas que poderão contribuir para a criação de novos futuros tecnológicos. Eis como a cosmotécnica ganha uma dimensão cosmopolítica.
Porem agora a lei monitora online as pessoas, a indústria cultural ocupa as redes sociais, as prisões se transformam em necropolítica, as guerras operam por drones e robôs, as escolas virtuais, os racismos e outras formas de domínio são multiplicadas para disciplinar e controlar o comportamento e os desejos das pessoas. As lutas politicas, sociais e os sindicatos se enfraquecem mas emergem outras formas de lutar pelas mulheres, negros, jovens, buscando se apropriar da tecnologia, arte, educação, natureza em várias campos múltiplos e diversos as mesmo tempo. Guerra de guerrilhas como a Comuna.
Enquanto Marx escrevia “ O governo moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa. A burguesia desempenhou na História um papel eminentemente revolucionário.” A história continua sendo escrita: Será que o Partido comunista chinês que controla a burguesia chinesa e o exército, tem o poder de render o mundo?
Ele manifesta que “A burguesia só pode existir com a condição de revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção e, como isso, todas as relações sociais….Tudo que era sólido e estável se esfuma, tudo o que era sagrado é profanado, e os homens são obrigados finalmente a encarar com serenidade suas condições de existência e suas relações recíprocas." Porém o sólido vira digital mudando a existência e as relações, e as mudanças climáticas derrotam o capitalismo todos os dias em distopias que substituem as utopias.
Hoje a produção avança mais rápido que o consumo em todos os países com o aumento do desemprego e exclusão. O avanço da China em todos setores da economia e a pandemia colocam de novo o papel da indústria de base nacional. Enquanto as inovações tecnológicas destroem várias indústrias e setores da economia. As matérias-primas se tornam cada vez mais estratégicas, sim matérias-primas vindas das regiões mais distantes e talvez de outros planetas, ao mesmo tempo muitos produtos se consomem virtualmente sendo necessário produzir apenas uma unidade. A internet avança “Em lugar das antigas necessidades, satisfeitas pelos produtos nacionais, nascem novas necessidades, que reclamam para sua satisfação os produtos das regiões mais longínquas e dos climas mais diversos. Em lugar do antigo isolamento de regiões e nações que se bastavam a si próprias, desenvolveu-se um intercâmbio universal, uma interdependência das nações. E isto se refere tanto à produção material como à produção intelectual.” Mas “As criações intelectuais de uma nação tornam-se propriedade comum de todas.” Porém a propriedade intelectual e o direito internacional avançam juntos na globalização.
O capitalismo não consegue criar um mundo à sua imagem e semelhança. Até porque as diferenças regionais, culturais, étnicas se transformam em produtos a serem vendidos pela indústria do turismo, cultural, gastronômica e outras. A burguesia submeteu o campo à cidade e agora as cidades começam a ser desurbanizadas pela necessidade de produção de alimentos, o rural se entrelaça com o urbano com plantadoras em apartamentos e a internet levando trabalho para o campo.
Hoje a centralização política, o Estado e a Democracia perdem o controle sobre vários territórios, entregues à própria sorte.
“A subjugação das forças da natureza, as máquinas, a aplicação da química à indústria e à agricultura, a navegação a vapor, as estradas de ferro, o telégrafo elétrico, a exploração de continentes inteiros, a canalização dos rios, populações inteiras brotando na terra como por encanto - que século anterior teria suspeitado que semelhantes forças produtivas estivessem adormecidas no seio do trabalho social? “ A resposta a essa pergunta vem das mudanças climáticas, pois em pouco mais de dois séculos o capitalismo como conhecemos destruiu-o o planeta.
Hoje é urgente desenvolver nossas capacidades críticas e criativas para interpretar as mudanças históricas sem dogmas pois o saber não é religião. Os educadores precisam se unir em torno dessa missão pois o nosso presente e futuro depende de todas as pessoas e não apenas dos trabalhadores e dos partidos. Outros manifestos estão sendo escritos, indo além da ciência procurando compreender as diversas vozes da humanidade e expressões da natureza, visando criar um diálogo entre muitas linguagens cada vez mais complexas e interdisciplinares, pois essa visão sistêmica terá que lidar ao mesmo tempo com as inovações tecnológicas, mudanças climáticas, brutais desigualdades, pobreza e violências. Educadores indo além das Escolas e Universidades, devemos incluir outros saberes populares e ancestrais para lidar com esses desafios e com a educação destas e das próximas gerações.
A ficção cientifica ao misturar razão e imaginação pode nos ensinar muito. Alguns apenas vão ler boas historias, outros podem compreender com mais profundidade as lições que nos transmitem com suas metáforas. Isso depende de sua capacidade de religar saberes pois as ficções costumam misturar história com ciência, economia, politica, espiritualidade, tecnologia e outros. Talvez em Duna a especiaria fosse o petróleo ou melhor o carbono que ao mesmo tempo gerou a riqueza do capitalismo, hoje 51 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera destroem o planeta. Bill gates propõe em seu ultimo livro reduzi-la a zero mas no Capitalismo como o conhecemos? O que Marx tem a ensinar ao poder de Bilionários ? É possível religar saberes ambientais, econômicos, científicos, políticos, e sociais ? talvez dependa muito mais dos educadores e saberes em se unir para transformar comportamentos, desejos e instintos que nem Freud explica, mais que produziu todas as consequências do que vivemos nas raízes de nossa educação e na busca da sabedoria para religar os saberes em nome da humanidade e da Terra.