Um palco de R$ 30 milhões. Sim, trinta. Poderia ser até o triplo, e não caberia contestação.
Afinal, é dinheiro privado: Rock in Rio e Vale fazem o que bem entendem com seus cofres.
O problema não é o palco em si. O problema é o cenário em volta.
Um “Vitória Régia” cercado de bairros onde o saneamento básico ainda é ficção científica.
Famílias convivem com esgoto a céu aberto, mas o show vai ser televisionado para o mundo com glamour e holofotes.
Ironia das ironias: o palco gigante vai “florescer” em meio ao descaso estrutural.
O povo que não tem água tratada vai ter Mariah Carey.
Quem não tem coleta de lixo, terá Joelma iluminada em telões de LED.
É a arte elevada ao mais alto nível da contradição social brasileira.
Mas, claro, a festa é privada.
O marketing é global. E a realidade?
Continua invisível, escondida atrás da cortina do espetáculo.
A pergunta que fica: quantos palcos Vitória Régia ainda precisamos erguer para fingir que não vivemos debaixo de um pântano social?
Ative para ver a imagem maior.
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