Quando a cultura se contenta em entreter, deixa de transformar.
A cultura já foi o território dos mitos, da arte, da filosofia, da memória coletiva.
O espaço onde o ser humano buscava sentido, transcendência e identidade.
Hoje, porém, ela parece cada vez mais refém de outra lógica: a do mercado.
Não importa o valor intrínseco de uma obra, mas sua capacidade de vender, viralizar, agradar algoritmos e patrocinadores.
Como já alertaram Adorno e Horkheimer, a arte quando massificada deixa de provocar e passa a anestesiar.
Nietzsche também já havia apontado para esse excesso: informação em abundância, mas sem profundidade, sem tempo de maturação.
No lugar da sabedoria, proliferam opiniões superficiais.
E o público? Deixa de ser espectador e se torna consumidor.
Não busca obras que o transformem, mas produtos que confirmem seu gosto, reforcem sua identidade de nicho e deem pertencimento instantâneo.
O consumo cultural vira status, não busca de sentido.
Talvez o caminho esteja na experiência da pausa, do silêncio, da contemplação.
Porque a verdadeira cultura não é a que imediatamente agrada, mas a que incomoda, inquieta e permanece.
Ironia da vez: numa sociedade que tem medo de ser transformada, pedem-se mais likes que reflexões, mais trending topics que ideias.
"Uma cultura que não transforma, apenas entretém."
Cultura deixou de ser bússola e virou espetáculo.
Transformar dá trabalho, entreter dá ibope.
Por isso, hoje pedimos mais likes que ideias.
"Uma cultura que não transforma, apenas entretém."
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