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sábado, 20 de setembro de 2025

O TEATRO DO PÂNICO



O TEATRO DO PÂNICO


A escola, em sua essência, deveria ser um refúgio para o pensamento crítico e a formação humana, um espaço onde a curiosidade floresce e os conflitos são mediados pelo diálogo, não pela espetacularização.

No entanto, o cenário atual nos convida a uma reflexão desconfortável: em meio a uma era de hiperconectividade e sede por respostas imediatas, a instituição de ensino tem sido arrastada para o palco do sensacionalismo, onde o que deveria ser um processo de aprendizado e cuidado se transforma em um "reality show" de escândalos e punições sumárias.

O artigo de Eugênio Cunha, presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP), publicado no Correio Braziliense, ecoa essa preocupação.

Ao defender a escola como um "espaço de princípios", ele contrapõe a essência do ambiente educacional à distorção que as redes sociais e a mídia muitas vezes impõem.

A lógica do "espetáculo" substitui a da mediação, o "viral" se sobrepõe ao pedagógico.

Casos isolados ganham contornos de tragédias nacionais, alimentando um ciclo de medo e desconfiança que prejudica não apenas alunos e educadores, mas a própria comunidade escolar.

Essa distorção ignora a complexidade do desenvolvimento humano e as nuances de cada situação.

A punição se torna o foco, enquanto a formação e o diálogo são relegados a segundo plano.

A busca por um "culpado" imediato e a exigência de medidas drásticas, muitas vezes desproporcionais, desvia o foco do que realmente importa: a construção de um ambiente seguro, ético e confiável, onde os erros são vistos como oportunidades de crescimento, e não como motivos para linchamento público.

O desafio, portanto, reside em resgatar a função primordial da escola.

É preciso reafirmar que o objetivo da educação não é apenas transmitir conhecimento, mas cultivar a ética, a confiança e a empatia.

Em vez de ceder à pressão por um teatro de punição, as escolas precisam ser espaços onde a palavra e a escuta são as ferramentas mais poderosas.

É um lembrete de que a verdadeira solução para os desafios da educação não está na espetacularização do problema, mas na reafirmação de seus princípios mais sólidos.

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