Dizer "eu te amo" não é apenas articular sílabas ao vento. É abrir as comportas da alma e deixar fluir o sentimento mais profundo que um ser pode hospedar. É uma declaração que não nasce dos lábios, mas do âmago, um reconhecimento de que outra pessoa se tornou parte inextricável do nosso próprio ser. É o verbo que tenta, em vão, dar forma ao invisível, nomear o inefável.
É por isso que a saudade da amada não é uma mera lembrança; é uma dor quase física, uma presença ausente que pesa no peito, um eco que ressoa no silêncio de um quarto vazio. Como escreveu o poeta, "Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na paixão."
Nesse estágio sublime, o beijo e o sexo transcendem o corpo. Deixam de ser apenas encontros de pele e pulsão, e se tornam rituais de comunhão. O beijo não é apenas o toque dos lábios, mas a fusão de dois sopros de vida. O sexo não é a simples junção de corpos, mas a dança cósmica onde duas almas se entrelaçam, buscando, no êxtase, uma centelha do eterno. É a linguagem mais antiga, usada para dizer o que as palavras jamais conseguirão: "Eu te conheço, eu te aceito, eu sou teu."
O amor verdadeiro, no entanto, revela sua face mais pura não no desejo de posse, mas no desejo de ver o outro florescer. A alegria da pessoa amada torna-se nossa própria alegria, não por reflexo, mas por identificação completa. Sua felicidade é o nosso sol. E sua tristeza? Não é um fardo, mas um chamado. É o motivo que nos impele a encontrar caminhos, a ser porto seguro, a lutar para ver seu sorriso renascer. Amar é colocar o bem-estar do outro no mesmo patamar do nosso, ou até acima. É a libertação final do ego.
É essa a chama que ilumina destinos e sonhos. É a força que moveu os heróis românticos da literatura e da história. Romeu e Julieta desafiaram as estrelas e a inimizade de suas famílias, mostrando que o amor pode ser mais forte do que a morte. Elizabeth Bennet e Mr. Darcy superaram o orgulho e o preconceito para encontrarem um no outro sua melhor versão. A história de Allie e Noah, em O Diário de uma Paixão, nos ensina que um amor verdadeiro pode esperar uma vida inteira, resistindo ao tempo e à loucura. Heathcliff e Catherine, em O Morro dos Ventos Uivantes, mostram a face sombria e obsessiva de um amor que confunde as almas de forma tão violenta quanto eterna.
Na história real, figuras como Pierre e Marie Curie não apenas compartilharam uma paixão pela ciência, mas uma jornada de vida e descobertas, onde o apoio mútuo foi fundamental para mudar o mundo. O amor deles gerou frutos que beneficiam a humanidade até hoje.
Definir o amor é tentar capturar o vento. Mas ele é, em sua essência, o sentimento e a razão que nos libertam da prisão do self. É uma jornada existencial em direção ao Bem, pois nos torna mais compassivos; ao Belo, pois nos faz ver graça onde antes era ordinário; e ao Justo, pois luta pela felicidade do outro. É a leveza do ser de que falavam os poetas, um estado de graça onde os problemas do mundo parecem menores quando divididos por dois. É a grandiosidade da alma que se expande para abrigar outro universo dentro de si.
É a chama que ilumina nossos destinos, guiando-nos através das incertezas. É a esperança personificada, que nos dá coragem para superar nossos limites e medos mais profundos, porque saber que se é amado é saber que não se está sozinho no escuro.
O amor, em última análise, não é uma queda. É um voo. E é só quando nos lançamos inteiros, com coragem e entrega, que descobrimos que sempre tivemos asas. E que voar em par é a mais bela e libertadora das artes.
Eu te amo não pelo que você é, mas pelo que eu me torno quando estou contigo. És a musa que inspira minha melhor versão, o porto que acalma minha tempestade, a luz que guia meus passos no escuro. Minha alma reconhece a tua, e nesse reconhecimento, encontramos nosso lar.
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