SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

AOS NOVOS MESTRES COM CARINHO! SALVE A ESCOLA, A UNIVERSIDADE E A VIDA DE MILHÕES DE CRIANÇAS E JOVENS!

 


*Egidio Guerra. 

 

INTRODUÇÃO 

 

Carpe diem !  Hora de a sociedade dos poetas mortos ressuscitar. A ideia da escola como disciplinas, grade curricular, avaliação e sala de aula bancária precisa ser superada. Essas palavras revelam uma sociedade disciplinar feita por grades de pensamento para vigiar e punir, tendo o professor como capataz dessa instituição, o qual tem a função de examinar, punir e premiar formando o sujeito, como detalha Foucault: 

 

“O exame combina as técnicas da hierarquia que vigia e as da sanção que normaliza. É um controle normalizante, uma vigilância que permite qualificar, classificar e punir. Estabelece sobre os indivíduos uma visibilidade através da qual eles são diferenciados e sancionados. É por isso que em todos os dispositivos de disciplina o exame é altamente ritualizado. Nele vêm-se reunir a cerimônia do poder e a forma da experiência, a demonstração da força e o estabelecimento da verdade. No coração dos processos de disciplina, ele manifesta a sujeição dos que são percebidos como objetos e a objetivação dos que se sujeitam. A superposição das relações de poder e das de saber assume no exame todo o seu brilho visível.” (Foucault, 1977, p. 164-165) 

 

As palavras são duras, mas revelam a verdade de milhares de escolas e a vida de milhões de estudantes que há tempos não aprendem, reféns de uma educação bancária, e não se educam para uma vida, a qual o verdadeiro, o bom, o belo e justo ampliam suas existências e realizam seus potenciais. O verdadeiro como o conhecimento científico que deve se conciliar com os saberes comunitários, como bem escreve Boaventura Sousa Santos, ao falar sobre a necessidade de torná-lo um senso comum emancipatória. Já por bom, deve ser entendido a necessidade de melhor convívio escola-comunidade e comunidade-escola, pois a civilidade é a base da educação. A busca do belo, qualifica nossa existência e vida como uma obra de arte, e do justo, que caracteriza a educação como caminho social para não reprodução de diversas violências que geram desigualdades. 

 

POR UMA RENOVAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR 

 

A Escola precisa mudar, ajudando os professores a se compreenderem como educadores e estes, com autonomia, produzirem “sua salvação”, e para isso precisa aprender, ou seja, nós precisamos aprender e ser críticos e criativos diante de modelos que sacrificam vidas. Não chegamos a essa situação apenas por questões econômicas, mas também políticas. Isso ocorre, pois a escola atende a vários interesses, mas poucos deles são relacionados às pessoas que nela estudam ou a cidade em que vivem.  

 

A forma como se organiza nossa sociedade separando os lugares para rezar como a igreja, trabalhar nas empresas, e aprender nas escolas, e outros apesar de vivermos numa sociedade em rede. Sim, vivemos uma transição civilizatória, o limiar do antropoceno com as mudanças climáticas, inovações tecnológicas, sociedades sem leis, avanço do crime organizado, e aumento de brutais desigualdades e violências (STENGERS, 2015; DANOWSKI; VIVEIROS DE CASTRO, 2014).  

 

Tudo isso impacta a escola além das várias concorrências pedagógicas como os celulares, redes sociais, games e outros que disputam a atenção dos estudantes, além de “ensinar” várias outras lições que divergem da escola, porém ao mesmo tempo disponibilizam pela internet conteúdo ou as mesmas disciplinas da escola.  

Antes a escola era o meio de acesso a esses conteúdos e o professor a ensina-las.  

 

Sim, o maior desafio que temos é aprender a pensar de forma crítica, sistêmica e complexa para que possamos ler a realidade que vivemos e construímos outros caminhos de educar e outros mundos possíveis (MORIN, 2000). Aprender a identificar uma “Fake News” como nos alertou Umberto eco (2015), aprender a compreender nossa trajetória de vida de como chegamos até aqui e para onde vamos, aprender que várias escolas estão mudando como ocorreu em Reggio Emília (1999) e podemos criar o nosso modelo, aprender outras práticas pedagógicas e integrá-las para além da sala de aula, quebrar as grades curriculares e unir espaços educacionais não escolares que interage com a vida dos estudantes e permitem uma cidade educadora, tornar as disciplinas libertadoras, e os professores maestros dessa jornada de aprender e ensinar. 

 

Claro que podemos fazer uma jornada pedagógica de como a razão foi se transformando ao longo dos séculos para se tornar instrumental sem crítica, reduzida a conceitos sem nos conectar a dança da vida dos desafios pessoais e coletivos que enfrentamos como humanidade (ADORNO; HORKHEIMER, 1985) A razão repetida de uma educação bancária e sem reflexão dialoga pouco com os contextos que vivemos e suas certezas não dão conta das incertezas e ignorâncias que nos ensinam de diversas formas a mágica da vida e do mundo (FREIRE, 1970). A razão desconectada de tudo e letrada, produziu um pensamento único feitos de vários fragmentos que nos torna prisioneiros de ilhas, cada um no seu quadrado pensando de forma linear (CAPRA; LUISI, 2014). 

 

Aprendemos pouco sobre nossos sentimentos, imaginação, amor, coragem, dignidade que somados a nossa autobiografia podem ser uma bússola no mundo de incertezas e desafios para escola, professores(as) e a sociedade que vivemos. Sim podemos ensinar com autonomia o que aprendemos na vida e compartilhar na escola contribuindo com a orquestra de saberes que precisa aprender a dialogar com o outro, o diferente, a família, a comunidade, e a cidade, produzindo vínculos e laços sociais e comunitários de um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria.  

  

 

TRAJETÓRIA DE VIDA DE UM EDUCADOR SOCIAL: UMA AUTOBIOGRAFIA SOBRE O SENTIDO DE SER EMPREENDEDOR SOCIAL JUNTO AOS DESAFIOS DO MUNDO SOCIAL E EDUCACIONAL 

 

Minha jornada pessoal como aprendiz me levou por múltiplos caminhos em busca de uma terra da sabedoria. A primeira compreensão nos embates que tive na vida é que apenas conhecimentos técnicos científicos não preenchem o ser e a existência e precisamos de arte. Assisti todos os filmes que pude, li todos os livros de todas áreas que foi possível, incluindo a literatura, sou graduado em Cinema pela UFC e escrevi 825 artigos em meu blog.  

 

Escrevi 5 livros e me aventurei pelo mundo da música, indo a shows, teatros, dança e outros. Ao mesmo tempo, formando um currículo paralelo e fractal em várias dimensões humanas, fui lutar nas ruas nos movimentos estudantis e sociais, depois nos partidos, governos e cooperação internacional por políticas públicas e inovação social. 

 

ATUAÇÃO COMO EDUCADOR EM VÁRIOS SETORES DA SOCIEDADE! 

 

Aprendi que não adianta apenas saber, é preciso lutar e essas lições críticas tem que ser vividas e não apenas lidas. Aprendi a criar e empreender vários projetos econômicos, sociais, educacionais e artísticos começando no bairro, Escola e na Universidade, e depois em várias cidades e países onde as ideias ganham vida nos transformam e transformam o mundo que vivemos.  

 

Trabalhei em empresas como executivo e aprendi a imensa importância da utilidade e da economia para o dia a dia do mundo como vivemos, mas que a vida não se reduz a ela. Aprendi a ensinar nas Escolas, ONGs e Universidades, incluindo acadêmicos das principais Universidades do mundo onde acompanhava os estudantes em pesquisas. Trabalhei no Banco Mundial e na ONU, e ganhei vários prêmios no Brasil e pelo mundo, incluindo do Presidente da UNESCO, o prêmio Novia Salcedo em 209 pelos projetos que criamos.  

 

https://www.virgula.com.br/home/legado/economista-brasileiro-e-premiado-na-espanha-por-trabalho-com-jovens/ 

 

INTEGRANDO APRENDIZAGENS EM VARIOS SETORES NA VIDA E ORGANIZAÇÕES.  

 

Aprendi o valor da prática em projetos de extensão e como o ensino deve se tornar pesquisa, esses saberes me proporcionaram ao mesmo tempo viver várias dimensões do meu ser como educador, palestrante, pesquisador, empreendedor, executivo, consultor, gestor público, cineasta, escritor, e líder estudantil, social, empresarial, tecnológico e ambiental. Transformei educação em causas e lutei no Grêmio na escola, CA, DCE e UNE; transformei educação em projetos como as Empresas juniores e várias ONGS que empreendemos como Empreendedores de sonhos, EDISCA, PRECE, IEP, Agencia Mandala, Aliança Empreendedora e outras.     

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 

O importante dessas lições, onde múltiplas lições e saberes se cruzaram na teia da vida, produziram minha educação, contribuindo com a economia, mantive minha saúde praticando esportes, e dialogando com a natureza, novas tecnologias e espiritualidade judaica, assim pude cuidar de minha família e filho, e construir meus lares em várias cidades de um pequeno grão de terra à Terra da Sabedoria. Concluindo, compreendendo que da dimensão particular e cotidiana do exercício da cidadania e vida profissional é possível colaborar com a tessitura em rede de uma nova sociedade cuja as sementes da equidade, liberdade e fraternidade devem ser plantadas na escola e na interação dela com a comunidade.  

 

Referências 


ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. 

 

CAPRA, Fritjof; LUISI, Pier. A visão sistêmica da vida: uma concepção unificada e 

suas implicações filosóficas, políticas, sociais e econômicas. São Paulo: Cutrix, 

2014. 

 

DANOWSKI, Déborah; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Há um mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins. Florianópolis: Cultura e Barbárie: Instituto Socioambiental, 2014. 

 

ECO, Umberto. Número Zero. Rio de Janeiro: Record, 2015. 

 

EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Leila ; FORMAN, Georg. As cem linguagens da criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. 

 

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1977. 

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970. 

 

MORIN, Edgar. Os setes saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000. 

 

STENGERS, Isabelle.  No tempo das catástrofes: resistir a barbárie que se aproxima. São Paulo: Cosac Naify, 2015.  

 

Egidio Guerra é formado em Cinema pela UFC, Administração pela UECE, Mestrando em Educação pela PUCPR e acadêmico de Pedagogia pela UFC. Fellow Ashoka, Consultor do Banco Mundial e ONU. Fundador das Empresas juniores, eleito pela Revista Exame Empreendedor de um novo Brasil, recebeu do Presidente da UNESCO em Bilbao na Espanha uma comenda por seus projetos educacionais e impactos na juventude global. CEO da Ecossistema digital e Diretor executivo do Vale de inovação global em Políticas públicas e impacto social.  

 



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