Introdução:
A pesquisa é a essência da aprendizagem e dos processos críticos e criativos que levam a autonomia intelectual e a ética do ser humano capaz de transformar sua vida e a história. Essa foi a motivação inicial de pesquisar esse assunto, investigando ao mesmo tempo a teoria de Pedro Demo e entrevistando Professores da Faculdade de Educação da UFC em como usam a pesquisa como instrumento de ensino em sala de aula, as várias metodologias de pesquisa e o impacto na aprendizagem dos alunos.
Um dos pressupostos de Pedro Demo para educar pela pesquisa é " a definição da educação como processo de formação da competência histórica humana, com qualidade formal e política, encontrado no conhecimento inovador a alavanca principal da intervenção ética. O critério diferencial da pesquisa é o questionamento reconstrutivo, que engloba teoria e prática, qualidade formal e política, inovação e ética”
UMA PESQUISA QUE GERA UM ECOSSISTEMA DE PESQUISAS NAS ESCOLAS E UNIVERSIDADES ENTRE ESTUDANTES E PROFESSORES.
Portanto o nosso desafio nessa pesquisa é usar esse mesmo pressuposto de Pedro Demo e aplica-lo para balizar nossa pesquisa sobre a pesquisa. O desafio de investigar como estudantes nosso processo de formação pela pesquisa com qualidade formal e política na construção do conhecimento inovador e, como essa pesquisa pode auxiliar outros estudantes a seguir a mesma jornada. Porém no decorrer da realização dessa pesquisa, buscamos construir uma intervenção ética na nossa jornada como acadêmicos de pedagogia, no questionamento aos Professores da Faculdade de Educação sobre o uso da pesquisa como instrumento de ensino em suas disciplinas, nos impactos das metodologias de pesquisa na aprendizagem dos alunos. Além destes demos um passo a mais na intervenção ética em como acadêmicos de Pedagogia e Professores da Faculdade de Educação da UFC podemos levar juntos a pesquisa como instrumento de ensino em parceria com a Secretaria de Educação com apoio do Secretário Ferreira e da Prefeita da cidade Ariana, Diretores de Escolas públicas e respectivos professores e alunos do ensino fundamental no município de Paraipaba; somando a liderança de nosso Professor Dieb e sua assistente Elaine da disciplina de Pesquisa educacional que nos ensinaram e motivaram a viver essa jornada.
A nossa missão educacional inspiradora tem a mesma vocação da experiência de Paulo Freire em Angico em ousar para além dos métodos tradicionais e bancários, como o desafio de alfabetizar as pessoas em 40 horas mas no nosso caso de buscar um método que desafie professores e alunos a usar a pesquisa em sala de aula e em suas cidades e vidas. Nós como estudantes e educadores temos a missão de compreender o nosso processo de aprendizado em como a pesquisa nos ensina, ao mesmo tempo, como podemos usa-lá em sala de aula, mas também em pesquisas educacionais para avaliar nossos processos de ensino e aprendizagem dos alunos.
A PESQUISA MAIS IMPORTANTE!
Em uma de nossas entrevistas com professores da Faculdade de Educação da UFC com a Professora Dra. Bernadete Porto, ela frisou que a pesquisa mais importante é pesquisa sobre os alunos que compõem a sala de aula, suas vidas, os territórios e a cidade onde vivemos, visando melhorar a didática mas também os laços sociais e comunitários na comunidade escolar, inserir esse conteúdo em projetos interdisciplinares dialogando com outras disciplinas, com outras metodologias de pesquisa que contribuam na intervenção ética dos alunos em transformar suas realidades em diálogo com suas famílias construindo juntos uma cidade educadora. Essa é a missão do projeto que nossa pesquisa gerou no município de Paraipaba.
Dessa forma contribuímos com um alerta que Pedro Demo faz “ Não se busca um profissional de pesquisa, mas um profissional de educação pela pesquisa. Decorre, pois, a necessidade de mudar a definição do professor como perito em aula , já que a aula que apenas ensina a copiar é absoluta imperícia. “ Em termos educacionais Pedro Demo defende “ É essencial não perder de vista que conhecimento é apenas meio, e que, para tornar se educativo, carece ainda de orientar-se pela ética dos fins e valores”
Nada melhor que dá vida a esse conhecimento na Escola e nas cidades que vivemos não tornando a aprendizagem, refém da avaliação mas transformando em autonomia e capacidades de transformar a escola e a cidade que vivemos. “ Tendo se tornado cada vez mais evidente a proximidade entre conhecer e intervir, porque conhecer é a forma mais competente de intervir, a pesquisa incorpora necessariamente a prática ao lado da teoria, assumindo marca política do início ao fim. A marca política não aparece apenas na presença inevitável da ideologia, mas sobretudo no processo de formação do sujeito crítico e criativo, que encontra no conhecimento a arma mais potente de inovação, para fazer e se fazer oportunidade histórica através dele. Neste sentido, a cidadania que se elabora na escola não é , por sua vez , qualquer uma. Pois é especificamente aquela que sabe-se fundar em conhecimento, e, segundo, para estabelecer com competência inequívoca, uma sociedade ética mais equitativa e solidária.”
A AULA MEDÍOCRE, O PROFESSOR COMO CÓPIA, O ALUNO COMO CÓPIA DA CÓPIA.
É necessário citar mais esse trecho de Pedro Demo porque ele é a base de nossa hipótese nesta pesquisa e na intervenção nas Escolas públicas em Paraipaba, porque não é de qualquer pesquisa que estamos falando “ Onde não aparece o questionamento reconstrutivo, não emerge a propriedade educativa escolar. Entretanto, não se pode reduzir o questionamento reconstrutivo simples competência formal de aprendizagem, mas é crucial compreendê-las como processo de construção do sujeito histórico , que se funda na competência advinda do conhecimento inovador, mas implica, na mesma matriz, a ética da intervenção histórica. Será mister desenvolver a face educativa da pesquisa, também para não restringi-las a momentos de acumulação de dados, leituras, matérias, experimentos, que não passam de insumos preliminares… a pesquisa busca na prática a renovação da teoria e na teoria, a renovação da prática, a educação encontra no conhecimento a alavanca crucial da intervenção inovadora, agregando lhe sempre o compromisso ético…enquanto a pesquisa usa a transmissão do conhecimento como ponto de partida e se realiza em sua construção permanente, a educação exige ultrapassar o mero ensino, instrução, treinamento, domesticação…enquanto a pesquisa persegue o conhecimento novo, privilegiando como seu método o questionamento sistemático crítico e criativo, à educação reage contra o mero ensino copiado para copiar, privilegiando o saber pensar e o aprender a aprender..sem crucificar unilateralmente a aula, esta representa, como regra, a garantia de mediocridade, porque, além de marcadamente ser, no professor, cópia, faz do aluno cópia da cópia.
ECOSSISTEMAS EDUCACIONAIS E NOVAS ANGICOS.
É importante enxergar de forma sistêmica e complexa como um fluxo de pesquisas entre Escolas, Universidades e cidades despertam novos horizontes que impactam a economia, qualidade de vida, cidadania, gestão pública, preservação da natureza, desenvolvimento de tecnologias, superação da pobreza e enfrentamento dos avanços das desigualdades, violências e criminalidade. Nesta jornada de pesquisa como estudantes e educadores, demolimos as paredes que separam as Escolas e Universidades, e resolvemos pesquisar um ecossistema educacional que integre e relacione métodos de pesquisa com as disciplinas e o currículo abordando os desafios da comunidade escolar e da cidade. Em busca da alfabetização em 40 horas em Angico, Paulo Freire buscou pesquisar e construir um método que impactasse outras vidas e realidades.
Concluímos em nossa pesquisa teórica e nas entrevistas com Professores da FACED que as metodologias de Pesquisa tem um grande potencial por diversos caminhos de ampliar a aprendizagem dos alunos, e ao mesmo tempo transformar o papel do professor nessa jornada. Como disse o Professor Valdemarin Coelho da Faculdade de Educação da UFC que também entrevistamos, ele relacionou em sua tese de Doutorado a complexidade de Edgar Morin com a realidade definida por Lukacs como complexo dos complexos que é preciso aprender e pesquisar essa realidade que somos parte começando pela escola " a pesquisa se tornou um componente essencial, isso falando em termos de formação de professores da educação básica, você utilizar a pesquisa como instrumento de ensino e aprendizagem, é essencial neste momento porque como professor estou ao mesmo tempo exercitando minha capacidade de pesquisador e estou fomentando no estudante exatamente essa formação" Hoje a Antropologia avança em pesquisas relacionando tudo com tudo em designer de futuros numa sociedade repleta de incertezas é preciso inserir essa premissa é que estamos fazendo no projeto na cidade de Paraipaba e no bairro do Servluz. Essas e outras contribuições de outros professores entrevistados que abordaremos mais a frente como adequar a pesquisa aos objetivos das disciplinas, incentivar os questionamentos críticos, incluindo o questionamento da propria ciência como ideologia e outros nos despertam para outras singularidades que a pesquisa nos ensina, indo muito além dos sistemas únicos e gerais de pensamento que busca englobar tudo nos desconectando das múltiplas realidades que vivemos como aprendemos com Simmel, outro autor que pesquisamos nesta jornada.
Por esta razão resolvemos dar continuidade a essa pesquisa nas escolas públicas na Cidade de Paraipaba unindo estudantes e professores das escolas públicas e do curso de pedagogia da UFC nesta pesquisa e intervenção educadora .
PESQUISADORES PROFESSORES COMO MAESTROS DE ECOSSISTEMAS E SISTEMAS EDUCACIONAIS.
Afinal os Professores das Escolas e Universidades ou nós futuros Professores devemos juntos enfrentar o desafio que nos alerta e conclui Pedro Demo “ Hoje, professor é mero instrutor. Acha que sua habilidade é apenas de passar conhecimentos e procedimentos, mantendo em si e no aluno o fosso medieval do alinhamento impositivo. Por isso mesmo, qualquer um pode ser professor, bastando que transmita receitas, impondo moral e cívica, distribua conselhos e exortações, dê aulas. Não se vê necessidade maior de competência. Tanto é assim, que uma parte delas é ensinada nas escolas normais, adquirindo apenas terminalidade de segundo grau, outra parte faz somente licenciatura curta, insinuando desde logo que pode ser curta sua profissionalização. Ao mesmo tempo, a remuneração reflete cruelmente a subalternidade do professor: em vez de expressar dignidade profissional inequívoca, luta por mínimos ou pelo mínimo. “
No mundo da inovação tecnológica mas também de mudanças climáticas, profundas desigualdades e violências podemos pelo caminho da pesquisa unir estudantes e professores em torno da jornada de pesquisas transformando nossa vidas, escolas e cidades com novas formas de ser, viver, educar e governar de um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria.
Afinal nosso currículo e nossas vidas se unem no Planeta Terra e na mágica de conhecer, aprender e agora buscar nos salvar pelos erros que nossos conhecimentos e ignorâncias cometeram sem pesquisar e avaliar todas as consequências da visão míope, linear e fragmentada que temos de nossas vidas e do mundo que compartilhamos com outros seres.
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