A vida é uma jornada, aprendendo sempre, numa sociedade e educação em rede em busca de uma vida plena em tempo integral . O desafio de compreender quem somos e o mundo em que vivemos sempre será maior que as formas que organizamos nossa sociedade ou dividimos o conhecimento em disciplinas. Essa jornada não cabe no currículo da escola ou da Universidade porque não se reduz a uma profissão, saber, ideologia, arte, causa, religião, tecnologia, ou a outros instrumentos que ao mesmo tempo buscam nos individualizar mas sempre nos expande em múltiplas direções, ao colocar mais ingredientes desses em nossas vidas ou misturando eles para descobrir a fórmula de nossa singularidade.
Eu sempre teci redes em torno de desafios pessoais e coletivos que me ajudaram a construir o currículo da minha vida pois sempre um questionamento me despertava na jornada, ia em busca de pesquisar autores que escreveram sobre isso e experimentar vivências que me desafiavam a construir novos caminhos com novas ideias, organizações, práticas, e uma postura ética que sim, podemos fazer a diferença no mundo e em nossa vidas mas isso depende de redes e de como educamos nosso ser em tempo integral para uma vida plena.
Algumas práticas pedagógicas são essenciais na jornada da vida; uma delas já citei que é a pesquisa em sentido amplo como nos ensinou George Simmel temos que aprender a aprender, questionando, refletindo, criticando, e criando tudo que nos impacta nessa vida desde uma maçã que cai e gera uma teoria, uma imagem da natureza que gera uma pintura, um filme, uma música ou um romance, problemas práticos que nos desafiam a gerar novas tecnologias, formas de morar, nos organizar, viver e governar, um conhecimento que gera o despertar para outros conhecimentos, os milhares de caminhos que encontramos para viver nossa espiritualidade e nos relacionar com a natureza, e também o que o amor, a coragem e outros sentimentos nos ensinam; e tudo isso não se aprende em sala de aula. Ela é apenas um espaço educacional que se integra com outros espaços educacionais não escolares gerando uma jornada currículo em tempo integral para uma vida plena.
Além de pesquisas e espaços educacionais não escolares gostaria de frisar uma terceira prática pedagógica que é a autobiografia. Um processo de registrar essa jornada quer seja escrita, por fotos ou vídeos, contando essas histórias do que vivemos para nossas família, amigos, ou um desconhecido que encontramos na jornada ou pelas redes sociais. Essas três práticas pedagógicas são os processos que ligam os fios de nossa rede ou vida. Assim como a natureza, somos resultados de ecossistemas econômicos, sociais, educacionais, culturais, cada vez mais digitais mas não nos reduzimos a eles, apesar de que milhões de pessoas entregam o leme de sua jornada a processos que os reduzem a meros objetos. Consumo, redes sociais, ideologia, religiões, profissões como eu disse no início ao mesmo tempo que nos definem e socializam nos reduzem na medida em que confundimos nosso ser ou a educação como um produto quando somos uma jornada se expandindo em redes e dimensões humanas. É quase um ciclo infinito que nos descobrimos como ser e potência, descobrimos algo que nos realiza e desafia a novos horizontes, passo a passo, do micro nos conectamos ao macro, portanto o currículo em tempo integral de uma vida plena mais que conteúdo é processo, é caminho, é jornada, mas são feitas de escolhas. Estamos preparados para nos desafiar e escolher a vida que queremos ? sabemos de verdade quais são nossos sonhos? como gostaríamos que o mundo fosse ? temos coragem de lutar por nossas vidas e o mundo que queremos? individualmente e coletivamente ? Essas foram “ as disciplinas “ que escreveram a história e o mundo que conhecemos, infelizmente escritos por poucos sobre o silêncio e o sofrimento da grande maioria. Onde aprendemos o verdadeiro, o bem, o belo e o justo ? numa sala de aula ? não na vida e na educação quando a transformamos na rede das redes e aprendemos o currículo em tempo integral de uma vida plena.
Aconteceram na minha vida milhares de erros e ignorâncias que fazem parte da jornada de viver e ser foram experiências vividas, encontros e desencontros, que revelaram efetivações e deixaram possibilidades em aberto, ainda em construção, envolvendo desconstruções ou ao menos conciliações diversas ao entrar em contato com as mais diferentes culturas organizacionais (da universidade, de empresas, poder público, ONGs, OSs, Fundações, relações com órgãos internacionais, etc) mas sempre pensando e propondo novos caminhos e sinergias em rede. Comecei essa jornada pensando numa ONG das ONGS, a Terra da Sabedoria, depois num processo de escrever cinco livros sobre ela e essa jornada educacional desde as suas origens, despertar, e processo de liderar e empreender em rede seus caminhos, virou política pública e sinergia social, se transformou no game e app até se tornar numa jornada educacional que registro dia a dia seus passos nos últimos 14 anos em 831 artigos num blog com relatos, fotos, vídeos de forma transmídia.
Em minha trajetória profissional e social pude aprender em rede, sem me limitar aos limites das instituições, na exata medida em que elas têm elos e conexões pois sofremos os mesmos desafios de nossa sociedade como desemprego, violências, destruição de natureza, pandemia, falta de educação de qualidade e outros como pessoas. Esse currículo dos desafios críticos globais exige a participação de todos os setores em rede e de todos os saberes, pois são desafios complexos, sistêmicos, interdisciplinares, intersetoriais e internacionais pois superam a tranquilidade das divisões dos mapas geográficos. Esses desafios foram gerados em sociedades disciplinares, organizadas em caixinhas, seres fragmentados, saberes e métodos lineares que mais cegam que nos fazem enxergar quem somos e o mundo em que vivemos. Cada parede quebrada, cada luta social que faz ouvir nossas dores e sonhos, cada despertar da imaginação, cada saber transposto para além das disciplinas e conceitos redutores, cada transgressão espiritual nos ajuda a conectar novos fios com aqueles que emergem do meu ser e do mundo em múltiplas tessituras de redes das redes. Essa jornada educacional que une a sua casa, família, bairro, cidade, a natureza, a escola com espaços educacionais não escolares, usando tecnologia ou não, lendo livros ou vendo filmes, lutando, rezando, praticando esportes , cuidando de sua saúde, fazendo artes, cada um à sua maneira, faz emergir das redes das redes competências ímpares e singularidades que nos transformam em orquestras, geralmente, a educação escolar e universitária não se mostra capaz de ensinar e criamos juntos essas orquestras que emergem em cidades educadoras.
As cidades ou mesmos nossa ruas e casas poderá perdurar por anos ou não, isto não sabemos nem como temos prever , como me ensinou o Professor Alex Coutinho da UFC “pois na história da humanidade cidades surgiram e decaíram, pelos mais variados motivos, e certamente existe uma certa fragilidade em algumas tessituras, fios que são mais finos, talvez devido a mandatos que podem findar em governos municipais e estaduais, à organização mais burocrática de algumas organizações como empresas, escolas e universidades, mas estão conectados a nós que são mais fortes.” Eu defendo que temos que fortalecer esses nós em nossos seres e nossas capacidades de superar desafios coletivos, de reconstruir nossas casas, ruas, cidades, sociedades, economias, educação, saúde mas principalmente agora diante das mudanças climáticas, inovações tecnológicas, incluindo engenharia genética, avanços das desigualdades e violências que nos desafiam a pensar todos os dias como humanidade no planeta Terra nessa grande rede que somos um.
E uma das lições que o Professor Alex Coutinho compartilha na disciplina espaços educacionais não escolares e nos desafia em nossa jornada na vida é que “A rede é como uma teia de aranha: forte para sustentar o inseto e os que são capturados, mas claramente frágil para outras circunstâncias. Em alguns casos, os fios que se desfazem podem ser refeitos por uma nova tessitura, e felizmente a rede pode permanecer em funcionamento. São diversos os dilemas que (in) surgem, mas também, às vezes, revelam novas possibilidades, o que é empolgante.”
Nesse momento em minha jornada educacional vivo a culminância de tecer os elos que conectam desafios coletivos com jornadas pessoais que horas despertam pela necessidade de aprender, outros de superar as condições absurdas de pobreza e violências que vivem, outros ou os mesmos de sonhar, lutar, liderar e criar novas tecnologias, unindo os nós em uma rede e jornadas educacionais com o desafio de todos, não somente o meu, " é o de manter as conexões ativas, elas precisam se comunicar, mas simultaneamente os nós onde os fios se conectam, pensando aqui como se fosse a internet, tem seus "protocolos" e "portas" diversas, algumas ativadas, e outras desabilitadas e que podem ser habilitadas com o tempo, por ex, a curricularização da extensão na universidade, o que tende a significar modos de atuação mais rápida no meio social e de forma continuada, pois todo semestre estará garantida a extensão..”
Desta forma concluímos juntos o Professor Alex e eu , aprendendo e ensinando, empreendendo juntos uma jornada educacional que se materializa na rede das redes: A educação vivida em tempo integral de uma vida plena de um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria. E cada um de nós que está lendo ou compartilhando esse texto pode fazer parte dessa jornada, mas para isso tem o poder de despertar seu ser, se educar e conectar- se pela janela de seu corpo e alma a esses desafios pessoais e coletivos que vamos superar em redes. Ninguém pode ficar sozinho ou calado e deixar de viver uma vida e existência plena, verdadeira, bela, boa e justa com você, a Humanidade e Deus.
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida
Nenhum comentário:
Postar um comentário