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sexta-feira, 18 de julho de 2025

A Luta Global e Local Contra a Pobreza, Desigualdades, Violências, Mudanças Climáticas, a integração e inovação em políticas publicas




 A pobreza, as desigualdades sociais, a violência e as mudanças climáticas são desafios profundamente interligados, exigindo ações coordenadas em escala global e local. Relatórios da OXFAM revelam que, em 2023, os 1% mais ricos do mundo acumularam quase dois terços de toda a riqueza gerada, enquanto milhões permanecem na extrema pobreza. No Brasil, essa disparidade é ainda mais gritante: os 5% mais ricos concentram quase 50% da renda nacional, segundo dados do IBGE. 


No Ceará e em Fortaleza, a realidade não é diferente. Apesar dos avanços em políticas sociais, a desigualdade persiste, com bolsões de pobreza nas periferias e no interior. A violência, muitas vezes ligada à exclusão socioeconômica, agrava esse cenário. Segundo o Atlas da Violência (2023), o Ceará registrou altas taxas de homicídios, especialmente entre jovens negros e pobres, reflexo de um ciclo perverso de falta de oportunidades. 

A Conexão com as Mudanças Climáticas 

Os impactos das mudanças climáticas exacerbam essas desigualdades. Cientistas ambientais, como os do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU), alertam que eventos extremos – secas prolongadas, enchentes e aumento do nível do mar – afetam principalmente as populações mais vulneráveis. No Nordeste, a seca histórica já prejudica a agricultura familiar, aumentando a insegurança alimentar. Em Fortaleza, as enchentes nas áreas periféricas mostram como os mais pobres são os mais atingidos pela crise climática. 

Soluções Integradas: Da Economia à Justiça Ambiental 

Prêmios Nobel de Economia, como Abhijit Banerjee e Esther Duflo (2019), defendem que combater a pobreza exige políticas públicas baseadas em evidências, como investimento em educação, saúde e geração de emprego. Já Joseph Stiglitz (2001) alerta que a desigualdade extrema mina o crescimento econômico e a democracia. 

No Ceará, iniciativas como o Programa Ceará sem fome e Pé de meia buscam reduzir vulnerabilidades, mas é preciso integrar essas ações ao combate às mudanças climáticas. A expansão de energias renováveis (como a eólica e solar, nas quais o Ceará é líder) e a proteção de ecossistemas, como o bioma Caatinga, são passos essenciais. 


Conclusão: Nenhuma Luta é Isolada 

A pobreza, a violência e a crise climática estão entrelaçadas. Enquanto a OXFAM denuncia a concentração de riqueza, a ONU reforça que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) só serão alcançados com justiça social e ambiental. Fortaleza, o Ceará, o Brasil e o mundo precisam de políticas que enfrentem essas crises de forma integrada – porque, no fim, a luta por um planeta sustentável é também a luta por um mundo mais justo. 

"Não há justiça climática sem justiça social." – Greta Thunberg 


A humanidade se encontra hoje diante de um complexo e interligado nó de crises: a persistência da pobreza e das desigualdades sociais, a escalada da violência em suas múltiplas formas e a ameaça existencial das mudanças climáticas. Longe de serem desafios isolados, como demonstram premiados economistas, dados de organismos internacionais e a ciência ambiental, essas questões estão profundamente entrelaçadas, exigindo respostas coordenadas e holísticas em escala global e, crucialmente, em contextos locais como o Brasil, o Ceará e Fortaleza. 

Globalmente, a chocante realidade da desigualdade é reiteradamente exposta por organizações como a Oxfam. Seus relatórios anuais apontam uma escandalosa concentração de riqueza, onde uma pequena elite global detém mais capital do que a metade mais pobre da população mundial. Essa disparidade econômica não é apenas uma questão de justiça social; ela é um catalisador para a pobreza e um entrave ao desenvolvimento sustentável, criando vulnerabilidades sistêmicas. Em paralelo, cientistas ambientais, com destaque para os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), alertam para o aquecimento acelerado do planeta, evidenciando que as emissões de gases de efeito estufa, majoritariamente originadas em países ricos e por padrões de consumo insustentáveis, impactam desproporcionalmente as populações mais vulneráveis. As secas prolongadas, inundações, elevação do nível do mar e eventos climáticos extremos destroem meios de subsistência, forçam deslocamentos e aprofundam a pobreza, gerando novos focos de conflito e, por consequência, violência. 




A economia nos oferece valiosas lentes para entender essa teia. Laureados com o Prêmio Nobel de Economia, como Amartya Sen, há décadas sublinham que o desenvolvimento deve ser entendido como a expansão das "liberdades" humanas e capacidades, e não meramente o crescimento do PIB. Sua obra mostra como a privação de oportunidades, fruto da desigualdade, é uma forma de violência estrutural que perpetua a pobreza. Mais recentemente, os Nobel Esther Duflo e Abhijit Banerjee (juntamente com Michael Kremer) revolucionaram a abordagem da pobreza ao focar em intervenções baseadas em evidências, revelando a complexidade dos "ciclos de pobreza" e a necessidade de políticas públicas que considerem o comportamento humano e as realidades locais. Já economistas como Joseph Stiglitz, também laureado com o Nobel, criticam as falhas de mercado e a falta de governança global que permitem a exacerbação das desigualdades e a exploração desenfreada dos recursos naturais, impedindo uma ação eficaz contra as mudanças climáticas. O consenso entre esses pensadores é claro: ignorar as desigualdades sociais e o bem-estar humano compromete qualquer esforço genuíno de desenvolvimento sustentável e resiliência climática. A própria Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), reconhece essa interdependência, com metas que cobrem desde a erradicação da pobreza e da fome até a ação climática e a redução das desigualdades. 

No Brasil, essas crises se manifestam com particular intensidade. Somos um dos países mais desiguais do mundo, com uma distribuição de renda e terra que fomenta a violência social e criminal. A degradação ambiental, especialmente na Amazônia e no Cerrado, contribui para a crise climática global e afeta diretamente as comunidades tradicionais e agricultores familiares. A vulnerabilidade do país aos eventos climáticos extremos é alta, com secas severas no Nordeste e inundações catastróficas em outras regiões, impactando desproporcionalmente os mais pobres que residem em áreas de risco e carecem de infraestrutura. 

Aprofundando o olhar para o Ceará e, em particular, para Fortaleza, a interligação dessas lutas se torna ainda mais palpável. O semiárido cearense, historicamente castigado por crises hídricas e processos de desertificação, vê na intensificação das secas uma ameaça direta à subsistência de milhões, forçando migrações para as cidades e gerando pressões urbanas. Essa migração desordenada para centros urbanos como Fortaleza agrava as desigualdades, impulsionando a formação de ocupações irregulares em áreas de risco (como encostas e mangues) e aumentando a vulnerabilidade de uma parcela significativa da população a eventos climáticos extremos, como inundações e ressacas. 



Em Fortaleza, a violência urbana está intrinsecamente ligada à pobreza e à ausência de oportunidades, atingindo em cheio as periferias, onde a carência de serviços básicos e a informalidade no mercado de trabalho são endêmicas. A cidade, costeira e densamente povoada, enfrenta os desafios da elevação do nível do mar, da erosão costeira e das "ilhas de calor urbanas", que afetam desproporcionalmente as comunidades de baixa renda sem acesso a moradias dignas, infraestrutura verde e saneamento. Nesse cenário, o combate à violência não pode se desassociar da promoção da justiça social e ambiental. 

A mensagem dos cientistas ambientais e dos dados da Oxfam, corroborada pelos insights dos Nobel de Economia e pelos esforços coordenados pela ONU, é inequívoca: a luta contra a pobreza, as desigualdades, as violências e as mudanças climáticas é uma única e mesma luta. Não haverá desenvolvimento sustentável verdadeiro enquanto a riqueza for concentrada em poucas mãos, enquanto a violência estrutural e criminal dizimar vidas, e enquanto o planeta estiver à beira do colapso climático. 

A saída exige políticas públicas integradas que promovam a transição energética justa, invistam em educação e saúde de qualidade para todos, fortaleçam a proteção social, estimulem uma economia circular e verde que gere empregos dignos, e construam cidades resilientes e inclusivas. É fundamental o investimento em saneamento básico, infraestrutura verde e habitação digna para mitigar os impactos climáticos e reduzir a vulnerabilidade das populações. No Ceará e em Fortaleza, isso significa priorizar o uso sustentável da água, a adaptação das comunidades costeiras e a requalificação urbana com equidade. 

Em suma, a complexidade dos desafios atuais nos obriga a transcender abordagens setoriais. A colaboração entre governos, setor privado, sociedade civil e academia, tanto em âmbito global quanto local, é imperativa. Reconhecer que a pobreza e a desigualdade amplificam os efeitos das mudanças climáticas, e que a violência é um sintoma profundo de sociedades injustas, é o primeiro passo para construir um futuro mais equitativo, seguro e sustentável para todos. 

 




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