Li recentemente uma entrevista da filósofa Jeanne Guien que explodiu minhaa cabeça. Ela resumiu num termo algo que adoece a todos os aqui, mas poucos falam com tanta clareza: A TIRANIA DO NOVO.
Em primeiro lugar, Jeanne contesta a explicação psicológica ou antropológica de que os humanos sejam obcecados pelo novo. Quem já teve um filho que vê o mesmo filme quarenta vezes ou mesmo assistiu a uma comédia romântica, que é basicamente igual às outras, mas com umas mudanças, sabe que gostamos do quentinho do conhecido.
Isso sim está na antropologia e na psicologia. Revisitamos a década de 80, Star Wars e os super-heróis porque o que é conhecido nos acalma. Ao se perder numa rua, você se tranquiliza ao reconhecer um prédio ou uma pessoa.
Ah, mas então sejamos todos conservadores e vamos refutar as inovações científicas, evitar discutir preconceitos arraigados e ficar para sempre no acolhimento do que conhecemos? Claro que não. Para isso, temos pioneiros. Eles desbravam os caminhos e nos puxam pela mão. Por essa razão, ganham um lugar na história.
Mas nem todo progresso é bom e nem toda novidade foi desejada por nós.
E o problema de hoje é que a velocidade das mudanças não é natural e só beneficia a poucos. A quem interessa que seu telefone fique velho em um ano? A quem interessa que um profissional se torne dispensável em seis meses ou pague milhões em cursos para ficar se reinventando o tempo todo?
Esse novo é imposto. É vendido. Dá lucro. Justifica pagar menos a um profissional que chega e cobrar mais por um produto com um leve upgrade.
Quem definiu que você precisa estar em todas as novas redes, conhecer todas as ferramentas tecnológicas que surgiram ontem, saber quem é Virgínia e com quem ela namora ou "adquirir skills" o tempo todo? Quem vende isso.
O mais triste é que nós, publicitários, criamos essa roda e nos tornamos vítimas dela. Existe hoje uma obsolescência programada de bens de consumo, mas também de pessoas.
Ative para ver a imagem maior
Nenhum comentário:
Postar um comentário