Números do vestibular da Unicamp e uma pergunta: se dizem que os jovens não querem mais estudar e não gostam de STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics), por que a concorrência dos cursos é tão elevada?
Medicina tem 240 candidatos por vaga. Tenha certeza: quem é aprovado nesse vestibular está estudando intensamente matemática, física, química e biologia — além de todas as outras matérias.
Arquitetura reúne 67 candidatos por vaga. É um curso com muita matemática e física, criado originalmente dentro da Engenharia Civil da Unicamp, com professores compartilhados nos primeiros anos.
Ciência da Computação chega a 65 candidatos por vaga. É outro curso com sólida base matemática. Meu irmão fez esse curso na Unicamp e lembro bem do esforço para vencer as disciplinas de cálculo, com os clássicos livros russos.
Para comparação: vestibulares do MIT e de muitas universidades europeias não têm nem de perto esse nível de procura. Se a Unicamp estivesse na Europa, provavelmente seria uma das mais concorridas do continente.
Essa tabela mostra que os jovens brasileiros querem estudar sim — e gostam muito de STEM. Se não temos outros cursos no topo da lista, isso se explica por fatores estruturais e de mercado, e não por falta de interesse da juventude.
Todos cursos desse top 10 tem intensa relação com ciência e tecnologia. Mas vale destacar dois méritos da Unicamp:
1. Foi pioneira entre as públicas brasileiras ao criar cursos noturnos em Engenharia, Arquitetura, Economia e Computação — muitos deles hoje entre os mais procurados. No top 3 dessa tabela, 2 são noturnos.
2. Investiu fortemente em empreendedorismo. De lá saíram cerca de 1.500 empresas-filhas, com mais de R$ 20 bilhões de faturamento anual e mais de 50 mil empregos. Além disso, detém o recorde de mais de 1.000 patentes, o maior número entre todas as universidades brasileiras.
E muitas dessas empresas e patentes são ligadas à Engenharia de Computação.
Não subestimemos a geração Z. Eles são inteligentes, sabem o que querem e estão prontos para STEM. Se ainda temos poucos engenheiros e cientistas no Brasil, a responsabilidade é do país: criar um ambiente de negócios mais dinâmico, investir em infraestrutura e gerar demanda real por carreiras tecnológicas.
E as universidades públicas precisam estar abertas ao público, com cursos noturnos e mais ênfase ao empreendedorismo.
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