SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

sábado, 27 de setembro de 2025

Quem usa o nome de Deus para colecionar aplausos já elegeu a si mesmo como o verdadeiro ídolo.

 


Quem usa o nome de Deus para colecionar aplausos já elegeu a si mesmo como o verdadeiro ídolo.


Entre vitrais e LEDs, incenso e microfones, o “Deus” que ecoa muitas vezes é apenas a senha polida para dizer “eu”.

O prestígio tem perfume doce: sob a luz branca do palco, brilha como verniz novo.

Agostinho chamaria isso de amores desordenados: quando o altar vira vitrine e a liturgia, marketing.

Tomás de Aquino não deixou dúvida: a vaidade corrompe até as obras que parecem belas por fora.

O teste é simples: qual a intenção?

Se o peito infla mais com aplausos do que com a justiça, então não se trata de culto a Deus, mas de culto a si mesmo com linguagem religiosa.

Kierkegaard já alertava: “a pureza do coração é querer uma só coisa”.

O prestígio divide o querer, transforma devoção em encenação.

O público, hipnotizado, confunde carisma com santidade.

Weber explicou o feitiço: autoridade carismática vira máquina de influência. Girard decifrou o mecanismo.

O desejo é imitativo, logo, deseja-se não a Deus, mas a aura de quem fala em Seu nome.

O resultado? Idolatria do prestígio.

Palmas secas que confirmam apenas a fome de pertencimento.

Pascal chamaria isso de divertimento: distrações honrosas que nos afastam do essencial.

Enquanto slogans substituem contrição, campanhas ocupam o lugar da direção espiritual e estúdios imitam profundidade, Jung lembraria que a persona sagrada é só uma máscara social: quanto mais perfeita, mais escuro o porão que ela esconde.

E no meio do aplauso, a voz de Marco Aurélio ainda ecoa:

“O que é reto permanece reto sem aplauso.”

Deus nunca precisou de palco iluminado mas é incrível como alguns refletores parecem achar o contrário.

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