Quem usa o nome de Deus para colecionar aplausos já elegeu a si mesmo como o verdadeiro ídolo.
Entre vitrais e LEDs, incenso e microfones, o “Deus” que ecoa muitas vezes é apenas a senha polida para dizer “eu”.
O prestígio tem perfume doce: sob a luz branca do palco, brilha como verniz novo.
Agostinho chamaria isso de amores desordenados: quando o altar vira vitrine e a liturgia, marketing.
Tomás de Aquino não deixou dúvida: a vaidade corrompe até as obras que parecem belas por fora.
O teste é simples: qual a intenção?
Se o peito infla mais com aplausos do que com a justiça, então não se trata de culto a Deus, mas de culto a si mesmo com linguagem religiosa.
Kierkegaard já alertava: “a pureza do coração é querer uma só coisa”.
O prestígio divide o querer, transforma devoção em encenação.
O público, hipnotizado, confunde carisma com santidade.
Weber explicou o feitiço: autoridade carismática vira máquina de influência. Girard decifrou o mecanismo.
O desejo é imitativo, logo, deseja-se não a Deus, mas a aura de quem fala em Seu nome.
O resultado? Idolatria do prestígio.
Palmas secas que confirmam apenas a fome de pertencimento.
Pascal chamaria isso de divertimento: distrações honrosas que nos afastam do essencial.
Enquanto slogans substituem contrição, campanhas ocupam o lugar da direção espiritual e estúdios imitam profundidade, Jung lembraria que a persona sagrada é só uma máscara social: quanto mais perfeita, mais escuro o porão que ela esconde.
E no meio do aplauso, a voz de Marco Aurélio ainda ecoa:
“O que é reto permanece reto sem aplauso.”
Deus nunca precisou de palco iluminado mas é incrível como alguns refletores parecem achar o contrário.
Ative para ver a imagem maior.
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