SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

domingo, 14 de setembro de 2025

Se Deus é o Bem Absoluto, por que Ele permite que o mal exista?

 


Essa é uma das perguntas mais antigas e difíceis que a humanidade já se fez. Afinal, se Deus é bom, justo e perfeito, por que o mal ainda existe no mundo?


A resposta começa com um ponto essencial: Deus nos deu liberdade. Ele poderia ter nos criado como robôs, programados para obedecer cegamente à Sua vontade. Mas que valor teria um amor imposto? Que mérito teria uma obediência sem escolha? Seria a tirania de um ditador, não a bondade de um Pai.

O amor só é verdadeiro quando nasce de um coração livre. Por isso, Deus nos criou com a capacidade de escolher. E a liberdade, inevitavelmente, inclui a possibilidade de dizer “não” ao Criador.

Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” (Marcos 8:34)

Veja que Ele diz “se alguém quiser”. Há escolha. O amor imposto seria tirania, mas Deus é Pai justo e misericordoso.

O mal, portanto, não é uma criação de Deus. Ele não é uma força independente que Deus colocou no mundo, mas a ausência do bem, a distorção daquilo que foi criado perfeito. Assim como a escuridão não possui substância própria, mas surge onde a luz se retira, o mal surge quando o ser humano (ou mesmo os anjos, no caso de Satanás) se afasta da fonte de todo o Bem — o próprio Deus.

Foi o que aconteceu com a rebelião de Lúcifer (Isaías 14:12-15; Ezequiel 28:12-17). Foi o que aconteceu no Éden, quando Adão e Eva escolheram desobedecer (Gênesis 3). O resultado foi a entrada do pecado no mundo (Romanos 5:12), trazendo dor, morte e separação de Deus. Desde então, a humanidade experimenta as consequências do mau uso da liberdade.

Mas isso não significa que Deus seja indiferentePelo contrário: Ele educainstrui e acompanha, mas não anula nossa liberdade. Pense em exemplos práticos:

Como pais, não obrigamos nossos filhos a fazer o bem. Nós os educamos, os instruímos, mostramos o caminho certo — mas, no fim, cada escolha é deles. E sabemos que, por vezes, vão errar. Mesmo assim, amamos e acompanhamos.

Como professores, não podemos forçar os alunos a se comportarem bem. Podemos orientar, corrigir, incentivar, mas a decisão de seguir ou não o bom caminho é deles.

Assim também é Deus, que nos dá mandamentosleis e princípios, mas deseja que O amemos e obedeçamos de forma voluntária. Como está escrito:

“Os céus são os céus do Senhor, mas a terra, deu-a Ele aos filhos dos homens” (Salmos 115:16).

Ele poderia ter nos impedido de errar, mas isso custaria a nossa liberdade — e, com ela, a possibilidade de amar de forma puraplena e verdadeira.

Ou seja, Ele nos concedeu responsabilidade real sobre nossas escolhas.

Mas há algo ainda maior: Deus não apenas concedeu liberdade e permitiu suas consequências, Ele também providenciou a restauração. Em Cristo, o Filho que se entregou por nós, Deus mostra que Seu amor é maior que o pecado e mais forte que a morte. Jesus veio para restituir a criação, para curar o que foi deformado, para nos oferecer vida nova.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).

Na cruz, vemos o amor que respeita a liberdade, mas que também oferece o caminho de voltaJesus é a resposta definitiva ao mal, porque n’Ele somos restaurados à comunhão com Deus e capacitados a escolher novamente o bem.

Assim, até a existência do mal acaba revelando três verdades:

  1. seriedade da nossa liberdade — Deus leva nossas escolhas a sério.

  1. necessidade da graça — por nós mesmos, somos incapazes de vencer o pecado.

  1. grandeza do amor de Deus — que mesmo diante da nossa rebelião, veio nos resgatar.

No fim, a existência do mal não diminui a bondade de Deus, mas revela a grandeza de um amor que prefere correr o risco da liberdade a impor a tirania de um bem forçado. Um Deus que nos deixa escolher é o mesmo que nos convida a voltar.

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