Foi dele que aprendi que a Ciência e a arte são formas de viajar por lugares desconhecidos, descobrindo e conquistando o saber. Mesmo parado em minha casa, ao ler um livro, estaria transpondo as barreiras do tempo, pois o que li não vivi, mas é como se o tivesse...
Também com ele, aprendi outras formas de viajar com a arte e os sonhos. É incrível que o mundo moderno o intitule como físico, judeu , e escritor que suas descobertas em suas jornadas humanas não sejam consideradas como avanços da Ciência.
Eu gostaria de lembrar, como seu neto, que seus avanços eram provenientes da plenitude de sua vida, da felicidade de seus momentos com a sua arte e seus sonhos e lógico de sua Ciência.
Recordo-me de sua fé como judeu, à espera do Salvador, renovando as suas crenças através de seus ritos e, em cada palavra e gesto, a contemplação ao Deus absoluto. Era uma forma de unir o passado, o presente e o futuro em um único momento: o momento da fé!
Não entendi até hoje, a sua divergência com os Cristãos e nem a dos Cristãos com ele, pois em nome da fé, proclamavam os que seriam salvos através dos apóstolos que seguiam e não de seus atos.
A Bíblia mostra, tanto no Novo como no Antigo Testamento, um Deus Bondade – Perdão, diferente daqueles de alguns “apóstolos”, que promovem o e o pregam como um repressor. Entendi que Deus, em qualquer circunstância, é o mesmo, daí se fazer desnecessárias tantas divergências e discórdias em torno d’ Ele.
Pode parecer estranho que para poder falar de um dos momentos mais marcantes da minha infância, tenha que falar sobre tantas coisas, tais como Ciência, Religião, Sonhos, Estrelas... Mas são esses significados que guardo comigo ao lembrar de meu avô e, principalmente, de sua morte!
Era um sábado a tarde, quando minha mãe entrou no quarto e disse:
- Isaac, seu avô foi visitar as estrelas mais próximas do Céu. Ele pegou uma carona e foi. Talvez não volte mais. Ele disse, antes de partir, que quando você olhasse para o céu, soubesse que ele era uma das estrelas a brilhar lá no alto!
- Por que ele não me levou? Eu também quero conhecer as estrelas, disse quase chorando...
- É que em cada estrela só cabe uma pessoa e não adianta você querer ir com ele. Tudo tem seu tempo, o dele foi agora. Você primeiro precisa aprender a dirigir sua estrela, foi esse o seu último desejo.
Ouvi várias vezes de algumas pessoas que ele havia morrido, mas para mim ele não desapareceu. Ele está vivo, apenas viajou... A vida se transforma, em diversas formas, como o amor por ele e o desejo de estar perto se concretizam nas estrelas. A morte é uma mutação, mas a energia não se apaga, porque a razão da morte não ilumina a si mesma, ela não se explica...
As lembranças que tenho dele e suas idéias são eternas. Hoje mesmo soube que descobriram uma nova tecnologia, graças aos seus estudos em física pura. Com certeza ele está alegre, lá em cima passeando em sua estrela, sempre atrás de novas descobertas, viajando entre os hiper-espaços.
Um dos objetos em que eu, como elemento neutro do mundo, gostaria de me transformar, para ser parte da diversidade do caos que rege o universo e com ela interagir, era num tecido que fosse composto pelo DNA da própria natureza, anterior à vida, que me permitisse entender a sua evolução e viajar em suas dimensões. Talvez até chegarmos a essa descoberta, quando eu for visitá-lo ele tenha feito das estrelas um parque de diversão igual aos dos meus desenhos e resolvido um de seus enigmas sobre árvores genealógicas, principalmente a de Adão e Eva, sobre o que encontrei várias anotações e ainda hoje isto me intriga:
Como é que tendo Adão e Eva tendo gerado três filhos, um deles morre e pouco depois, encontramos descendência para os dois filhos sobreviventes se até aquela altura só existiam quatro seres humanos vivos na terra: Adão, Eva, Caim e Set? E a Bíblia fala textualmente: “Caim conheceu sua mulher, que concebeu e deu à luz Henoc” (Gênesis 4, 17). Pode ser que em contato com os próprios, ele tenha decifrado quem foi a segunda mulher da criação.
Porém entre todas as suas interrogações, o mais interessante que ele descobriu e que considerava sua maior descoberta, como ele sempre me dizia, foi ter conhecido a si próprio, lembrando os dizeres do oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”, o que proporcionou todas as outras.
Bem poderia lembrar diversas palavras, que ele falou mas cada palavra tem uma profundidade e extensão em seu significado que não caberia aqui. Cada uma de suas palavras é como o espaço e o tempo, como o passado e o futuro, nenhuma deles podemos tê-la em toda a sua essência.
Como as estrelas, a luz demora a se apagar e quando se apaga, gera uma explosão, dando origem à poeira estrelar, novas palavras, novos significados que atribuímos a ela. E durante a nossa vida, uma mesma palavra, vai mudando o seu significado.
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