Um fato que me mostrou um bom exemplo disto, foi quando minha mãe e professora Rita, pediu-nos que fizéssemos um texto falando sobre o que pensavam a respeito de sua origem e do mundo em que vivemos. Eis a redação de um de seus alunos chamado Michel , que viria a ser meu amigo durante a juventude, que me surpreendeu:
... E Deus criou o mundo! No primeiro dia fez a coca cola; no segundo dia fez o computador; no terceiro dia fez o “Big Mac”, sem picles e ficou engarrafado no Trânsito até o quarto dia, quando criou, não sei bem ‘o que’, roubaram ou seqüestraram. No quinto dia permitiu que os homens criassem as religiões e suas guerras; no sexto dia fez o Estado e no sétimo dia ao invés de descansar, não tinha tempo, aproveitou para mundializar o capital, através da globalização! E o seu inconsciente, criou o oitavo dia, fazendo Freud para justificar as malvadezas da humanidade!
Não sei se concordo com tudo que ele disse, porém teria feito o mesmo que minha professora: ela deu dez para ele. A professora não explicou sobre que “Deus” era para falar, ele falou sobre o “Deus-Homem” e suas criações, a origem do mundo moderno: o nosso berço!
A origem do mundo é uma grande interrogação. Com ela convivemos desde a nossa infância e aprendemos a preencher esta lacuna em nossa razão, criando o nosso próprio mundo, com explicações vindas da religião, ciência, política, arte, mitos e a pitada de sal que colocamos com nossas idéias sobre tudo isso.
Sempre soubemos que o mundo é uma interrogação e disso sempre soubemos, mas nunca estivemos tão assustados. Tão jovens caminhamos para algo que não concordamos. Somos uma geração que não teve como construir, nem vivenciar nossas Utopias, nossas estrelas ainda não puderam brilhar em toda a sua intensidade. Ainda precisamos construir nossas certezas e perfeições, para preencher esta interrogação. Dar sentido à nossa juventude, para que as Rosas floresçam, para que Isaac viva e o seu viver não seja castrador de outros viveres, sendo esta a lógica do mundo atual.
Precisamos unir valores humanos e divinos, como a política e a fé, como os quadros repintados por papai. Delacroix e Michelângelo num só quadro, construído pela juventude, vivendo a sua poesia e, se possível, transformando estrelas em parques de diversão.
Na escola, tive a oportunidade de conhecer outros colegas, o limite, o outro, aquele que como eu tem o seu caminho, seu projeto de vida. Que deve ser respeitado, pela liberdade de sua escolha, o outro que não posso fazer instrumento de meu mundo, afinal Deus só deu uma vida para cada um.
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