SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Sobre simplicidade e qualidade... Ou a falta delas.

 


Sobre simplicidade e qualidade... Ou a falta delas.


Eu não poderia deixar o napolitano em preto e branco, poderia? Não.

Tantas coisas são diferentes hoje em dia… Algumas eu nem sei explicar direito, só percebo que não são mais como eram. Que não comovem, não distraem, não inspiram, não alimentam.

O napolitano, por exemplo. O que aconteceu com ele? Antes era disputa entre irmãos, colher cuidadosa pra pegar os três sabores juntos, uma alegria besta no fim da tarde. Agora é uma coisa que nem derrete direito. Um pote pálido e artificial de gordura sem gosto, sem cheiro, sem história (mas cheio de açúcar). Como é que conseguiram estragar uma coisa tão simples?

A TV também virou uma espécie de tortura. Lembro de quando ela era quase uma amiga — ríamos juntas, chorávamos juntas, aprendíamos alguma coisa… Hoje, não aguento passar por uma nem em consultório! São vozes histéricas vendendo produtos que ninguém precisa, programas que idolatram e instigam a idiotice e o pior: às vezes a gente aceita aquele lixo midiático imposto, seja por cansaço, seja por costume... Nada nas telas parece educar, integrar e inspirar como antes! Agora tudo segrega, emburrece, aliena!

E percebemos o resultado disso, é perceptível.

Eu sinto falta, sabe? Não exatamente do passado, porque ele também tinha suas dores, seus equívocos, suas imperfeições (e, com certeza, suas artificialidades)… Mas de quando as coisas pareciam ter uma razão de ser! De quando o sabor do sorvete não vinha com gosto de decepção. De quando a gente se interessava pelas coisas. Pelo outro. Pela vida.

É como se tudo estivesse mais apagado agora. Mais prático, mais embalado, mais pasteurizado, mais sintético. Menos vivo. Menos divertido. Menos real.

O leite condensado, por exemplo, saiu da famosa lata que cortava nossas línguas e dedos (numa violência quase ritualística) e foi para uma caixinha Tetra Pak sem personalidade (não consigo nem fazer um doce de leite na pressão). Sem contar que, embora nunca tenha sido lá tão barato, hoje se transformou num produto de luxo, quase inacessível. Ainda assim, quando ele cai sobre a pipoca salgada... ainda me traz um vislumbre de que nem tudo foi embora. Nem tudo virou gordura sem gosto. Nem tudo perdeu a graça!

Quem sabe ainda exista uma fresta, uma esquina secreta do cotidiano onde o gosto, o riso, o afeto não foram engolidos pela Nova Ordem Mundial da Contemporaneidade Redutora? Estou disposta a encontrá-la e, quem sabe — dar uma escancarada nela!

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