SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

2021 Localizar, internacionalizar e transformar com urgência, visão sistêmica e sensibilidade. Parte 1



Talvez 2020 tenha sido o ano mais importante de nossas vidas porque ele alterou paradigmas, a nossa História e da Terra que vivemos. Assim como 1968, 1945, 1929, 1848, 1789....Porém conseguimos apreender suas lições ou continuamos achar que a vida é como uma Escola ou Universidade ? Não a vida e a realidade não tem paredes , tudo se conecta e tem consequências em rede, e o currículo são desafios que ousamos enfrentar e evoluir de forma sistêmica, complexa e orgânica.  



O local às vezes nos torna reféns de sua cultura e a respectiva ausência de oportunidades dependendo do seu talento e sonhos. Viver em várias cidades e se conectar ao mundo nos proporciona aprender várias formas de ser e viver em ecossistemas e níveis de urbanização distintos. Algumas com gente do mundo todo, interagindo com culturas diferentes da sua e mais importante com valores diferentes . Isso afirma nossa identidade, amplia e desenvolve a tolerância, humanidade e sensibilidade para enxergar o mundo e o lugar que vivemos de forma sistêmica. Essa jornada nos faz enxergar com muita clareza as prioridades e urgências no mundo de grandes transformações, onde temos que assumir outros papéis nesta jornada, mantendo vivo os valores que alicerçam nosso ser.



Vivemos em um mundo em condições precarizadas e obscuras, onde máquinas e algoritmos ensinam mais que seres humanos. Necessitamos despertar caminhos para juntos decidirmos o nosso destino e a nossa civilização. A grande maioria que confiou no sucesso individual está desiludida, expectativas frustradas não levaram a solidariedade, mas ao ódio contra os que considera diferentes e responsáveis pelos seus destinos. Salve-se ou sonhe o que puder!



Qual nosso futuro ? ainda conseguimos imaginá-lo ? Energia utópicas em alta velocidade não foram suficientes para evitar a eleição de Trumps e Bolsonaros. Vivemos entre pandemia, violências , guerras e máquinas de um lado e solidão, pobreza e redes sociais do outro. A máquina virou infomáquina que se entrelaça com nosso sistema nervoso social, a bio máquina que interage com a genética do ser humano produzindo mutações em nossos órgãos e células, prenúncio dos robôs que impactam nosso destino e o futuro. Hoje há muito mais que disciplinamento político, legislativo, violento e repressivo. O controle se dá pela máquina interna, transformando nosso ser e o mundo que vivemos.



As máquinas ou as drogas tornam-se dispositivos miniaturizados, nanotecnologias invisíveis, constituídas por corpúsculos bioquímicos capazes de modificar o estado do organismo e do humor. A máquina nos ensina a falar e reproduzir comportamentos em escala, automatismo lógico e cognitivo, e abole o automóvel na medida que o espaço desaparece em uma temporalidade instantânea e deslocalizada. Hoje a ordem é acelerar, produzir mais por unidade de tempo, a velocidade foi internalizada, transformou-se em automatismo psicocognitivo. 



Uma das melhores formas de nos libertar desta trama é conhecer futuros que ainda não conhecemos e rompem com essa lógica, e que precisamos descobrir, explorar e inventar. Alguns do nosso lado, outros espalhados pelo mundo mas podemos conectá-los, mas para enxergá-los necessitamos de uma visão sistêmica e sensibilidade para decidir e construir o mundo que queremos viver agora. Colonizaram terras mas estamos descolonizando, e descolonizando mentes para aquilo que é prioritário e urgente em gastar nossa atenção, tempo, energia e humanidade. A mente não é feita de fios, ela é orgânica, emocional e cultural. Ela impõe limites ao domínio da máquina através da sensibilidade, empatia e ética.  



A aceleração infinita do info estímulo, a mente reage na forma de pânico e dessensibilização. Necessitamos evitar  a redução de nossa capacidade sensível, emocional, cultural e de compreender os outros; ir contra a educação binária que reproduz seres humanos como máquinas. Nosso futuro depende de nossa percepção, imaginação, esperanças, amor e dos novos lugares que vamos construir para viver, realizando nosso ser de forma plena. 



A modernidade tentou viver sem o conceito de pecado, limites e espiritualidade. O presente era o distanciamento de Deus. O humanismo era acumulação de saber e potência; e o futuro progresso, aperfeiçoamento da técnica, ciência e suas máquinas.  A realidade era a razão, incluindo os sonhos das máquinas e das cidades velozes. Veículos de comunicação e escolarização em massa, somados a partidos, sindicatos e políticos que tratam pessoas como massas, ocuparam o lugar dos intelectuais iluministas. Milhões de homens e mulheres desenvolveram uma consciência histórica que virou patrimônio de grandes massas que podem apontar também para stalinismo e nazismo, a serviço de ditadores e suas burocracias partidárias e governamentais . Porém veio 1968 e começa outra história e outros futuros.  A razão transformada em técnica, mídia, informação, realidades econômicas e sociais, processos geradores dominados por códigos. 



Em nome de sociedades ideais, constituíram-se, no Século XX, estados autoritários e justificou-se o terror. Espíritos dogmáticos acreditam que a utopia seja linguagem instituidora e que a imaginação deva ser fundadora da realidade, mas a imaginação não funda nada, só pode revelar horizontes de possibilidades que precisam, claro, ser construídas com todas as visões de mundos distintos e diversos que habitam a Terra . Aprender uma infinidade de outros sentidos possíveis e realidades distintas da minha, exige sensibilidade para desenvolvermos uma visão sistêmica e decidir juntos com urgência e solidariedade, o que podemos fazer agora com nossas vidas e o mundo que habitamos.  




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