Acho que minha vida é sempre ao contrário, uma verdadeira brincadeira com os poderes instituídos pela força e talvez por isso que goste tanto de ironia. Eu antes de chegar as Universidades em vários cursos tinha lido mais livros sobre as disciplinas do que o Professor era obrigado a ensinar pela emenda e pelo currículo. Antes de ocupar cargos em gestão tinha empreendido e liderado mais projetos sem recursos que a estrutura e busca pelo poder nas empresas me parecem engraçadas. Antes de fazer política nos Governos sabia que a essência não está neles muito menos nos partidos e sim nas ruas, comunidades e nas causas. Assim como a fé não depende do tamanho da igreja nem do dízimo, o saber e o verdadeiro poder também não.
Eu pensei escrever uma ficção científica para falar dessa nova civilização como se fosse Jornada nas estrelas ou Duna ou melhor seria voltar no tempo como Senhor dos Anéis ? Mais quem será o Darth Vader e o anel a ser destruído de nossa época que revela a Matrix que mantem Smith em busca de Neo. Porém a maior ficção que vivemos é a nossa realidade e de suas respectivas instituições e podres poderes. Saltimbancos de Chico Buarque ou a Revolução dos bichos de Orwell fala mais de humanos ou de nossa sociedade do que de bichos ao resgatar algumas características de como as crianças olham e brincam buscando se libertar do mundo em que vivem, sorriem, e sofrem. Hoje seria a Revolução dos monstros e saltimbancos refugiados reféns do crime organizado. Uma fábula é uma jornada só que infelizmente cheia de monstros políticos que se alimentam das vidas de crianças e jovens mortos pela pobreza e pelo tráfico.
Por isso diante de tal realidade de horror comecei a brincar nas bibliotecas e livrarias. Elas são parques de diversão que podem nos oferecer milhares de caminhos para enfrentar monstros políticos e podres poderes nos labirintos que nos cercam e buscam aprisionar, como também podem nos ensinar lições maravilhosas em relação a antecipar as brincadeiras que os professores podem fazer conosco na Escola e Universidade; fazendo de conta que educam e nos preparam para enfrentar os horrores que lidamos em nossas vidas e cidades.
Afinal ali eu posso brincar com as ideias e os saberes sem método, naquilo que eles tem de mais humano: a aventura de descobrir, se descobrir e imaginar outros mundos e vidas quebrando as correntes e limites que a sociedade impõe. Sim eu não estou preocupado em escrever uma tese ou um livro apenas em brincar com suas mentes ou podres poderes o que alguns chamam de ironia.
Libertar uma mente multiforme, curiosa, hesitante, dialógica que ama brincar. A Ironia é a linguagem da irrequietude, da mudança. É uma inteligência corrosiva, deslegitimando poderes. É subversão, revolução.. É quase um milagre nesse século de comédias superficiais e descartáveis, buscar ser de verdade e encontrar algo para amar. Assim como Adão e Eva temos amor pelo proibido mas gostamos de transgredir para criar o novo; incluindo novas regras de um novo mundo.
O amor não é vaidade nem paixão assim como política não se reduz a ideologia. O que hoje vejo na política, no amor, na economia e espiritualidade são forças desenfreadas de paixões egoístas. Os dramas terminam na mesma velocidade que as togas da justiça, as máscaras dos corruptos, as mentiras da mídia e os discursos ideológicos viram poeira no ar diante da realidade social e do amor ao humano.
Enfim para alguns políticos apaixonados pelo poder seus discursos ideológicos servem apenas para tentar esconder a fome, a miséria, as violências que sofrem e as mortes de milhares de pessoas que pagam com a vida para manter Stalin, Hitler, Oligarcas e gangues partidárias que se mantém no poder pela força da corrupção, campanhas milionárias e compra de votos.
Uma nova civilização está nascendo enquanto está morto e apodrece os faraós no Egito que fizeram de seus túmulos, suas memórias, visando nunca serem esquecidos. Assim o que sobra além de denunciar é brincar, ironizar, imaginar, apreender que infelizmente muitos não aprendem com a pior tragédia e miséria porque o poder cega mesmo que fale sem parar sobre algo que nunca fez, mas o que importa na sociedade do vazio, espetáculo, superficial é mentir e enganar com pesquisas, falsos líderes e corrupção.
Insisto nas minhas brincadeiras e ironias, é o que há de mais puro na sociedade e que mantém vivo a esperança e os sonhos de vidas melhores com os direitos garantidos de aprender, brincar e lutar por justiça e democracia; essa irmãs siamesas que se foram separadas as duas morrem.
Entre as crianças e os monstros há duas afinidades eletivas quando descobrimos que os monstros são frutos de nossa imaginação, que o medo e o poder evapora quando apreendemos no parto de uma nova civilização, ouvimos gritos de crianças alegres e libertas brincando de viver, e as dores dos que não consegue ver e assistir o novo brilhando sobre seus olhos ; porque o poder cega e enlouquece. Eles morrem do seus delírios que só existem enquanto houver roubo e mortes para lhe sustentar.
E morrem sozinhos sem a coragem de lidar com as atrocidades e violências mas nos mesmos lugares flores e crianças surgem com elas. Novos caminhos de uma nova civilização que terá por principal característica o desprezo pelos poderosos e como armas sua ironia.
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