SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

DIÁRIO 6.A TRAMA COMPLEXA DA INOVAÇÃO ENTRE O SER, A HISTÓRIA E A TERRA.



As tramas são os caminhos que se escreve a nossa história e da terra que vivemos assim como os romances têm um paradigma que carrega as formas como concorremos ou cooperamos com os outros, o impacto das incertezas e acasos em nossas vidas, a disponibilidade e independência de nosso ser, os sonhos, os desafios, a economia e política de uma época que juntos impõe limites às nossas vidas mas a história e a Terra nos convida sempre a inovar o ser e a Terra que vivemos.



Os interesses não mentem e muitas vezes eles conduzem a trama e fazem parte de qualquer projeto de sociedade ou história. Porém as ideias, a inovação, o amor, às liberdades, a justiça e injustiças, e outras são forças que tramam ou enfrentam os interesses de uma época construindo novas formas de ser, viver e governar. As violências, as emoções, e as razões duelam para construir um novo ethos de onde emergem novas histórias.



Essa configuração paradigmática constrói uma trama sintagmática. Entre processos grandiosos e impiedosos, um pequeno e mágico ser humano busca criar caminhos para desmascarar ou velar ideologias sociais; mas infelizmente a grande maioria não quer mais o lugar de herói em nossa sociedade ou romances. Já as circunstâncias extremas servem para colocar um diante dos outros, princípios inconciliáveis que levam a alteridades dos seres e da história que vivemos e construímos em nossa Terra. 



Alguns paradigmas drásticos impõe realismos onde não existem princípios, apenas circunstâncias negando as possibilidades de caminhos opostos. Muitas histórias identificam a derrota, desilusão e corrupção dos heróis que a experiência impõe ao idealismo, de que não vale a pena lutar, nem ser, nem sonhar. Porém de uma desilusão a uma nova ilusão, da crítica a criação, pode emergir das derrotas as vitórias, daí a fascinação que temos por tramas complexas e sintagmas. Enfraquecer e perturbar universos narrativos que querem normalizar e dominar seres é o grande desafio de nossa época, libertá-los para inovar seus seres e a Terra que vivemos. Ao invés de tramas que apostam em mais perigos, monstros e crueldades que tal sermos esclarecedores do que esses perigos, monstros e crueldades carregamos em nossos seres e sociedades e nas formas que escolhemos viver nossas vidas e histórias. 



É possível planejar dois cenários um realista e outro idealista e da respectiva tensão entre eles desenvolver estratégias de acordo com seu plano, objetivos e metas de vidas. Diante de tensões podemos dar saltos na historia ocupando espaços que passam a não depender de podres poderes e nos dar liberdade e ousadia para conectar outros seres, expandindo nosso ser e comunidades de forma orgânica, complexa e sistêmica, frutos de tramas que misturam os fios de nosso ser com os fios das instituições que tem o poder de mudar suas sociedades.  



 

Infelizmente em ambientes que pessoas querem fazer do próximo seu próprio instrumento é inevitável que alguém esteja tramando o mesmo destino para ele. Em um labirinto de perspectivas em conflito as violências e as carnificinas são consequências. A nossa missão é que nada disso passe despercebido ou omisso sem ressonâncias que busque encontrar nesses labirintos várias belezas e inteligências perdidas. Afinal um pequeno estímulo pode mudar o jogo e as regras encerrando dramas de sucessos alcançados sem mérito e devidamente interrompidos onde os motivos servem de tramas para novos seres e histórias.



A vida é movediça, indecifrável e complexa, mas um vez despertados podemos lidar com os demônios da narrativa de nossas vidas. Cada evento pode se transformar em aprendizado, conhecimento e percepção de formas capazes de reduzir e amarrar  as tensões e desequilíbrios que caracterizam a experiência cotidiana.



As histórias nos ensinam a conviver com presenças perturbadoras, ora mediando, ora firmando compromissos que evita nos render a verdade social, o tal princípio da realidade que nega e aprisiona seres. Uma dessas presenças perturbadoras é a opinião de outras pessoas que muitas vezes funcionam como terremotos que nos levam a cegar por elas ou ao pânico.  É preciso dialogar com essas verdades sociais e opiniões. Hoje se julga seres antes de conhecer e aprofundar suas histórias. Da mesma forma que muitas histórias não tem mais nada de memoráveis se resumem a crimes, corrupção e violências onde o pior vence.




Não necessitamos também de tramas simples onde não necessitamos parar para pensar. A vingança ou o suspense torna-se mais importante que a ética, cada pedrinha de absurdos se torna uma avalanche de intrigas, medos e brutalidades sem fim. Somos obrigados a seguir sempre em frente mas sem direção, sem ritmo, sem esperanças, sem promessas, somos obrigados a viver no passado presente sem futuro, sem tréguas, sem novos horizontes, sem criticar ou inovar. A livre escolha se torna imperativo objetivo a qual nos tornamos reféns. 



Porém a história avança a passos gigantes, cegamente e sem meta, nos fascina, mas nos cansamos de esperar o momento em que progresso social e desenvolvimento individual caminharam juntos. O orgulho de uma sociedade aberta e infinita é que nossa vida individual suporte a coletiva sem uma matar a outra. Vivemos com forças indiferentes e desumanas que nos provocam várias feridas e muitos morrem sem a respectiva autópsia delas, sem ter tido a educação necessária para mudar a trama de suas vidas.



O individualismo possessivo nos expõe às ameaças mais cruéis que nos coloca em posições de estar fartos da vida sem capacidades de mudar seu rumo. E onde podemos buscar uma nova legitimação ? Uma nova ordem social quando o trabalho e a política fecham as portas ? na arte ? na espiritualidade ? na cidade que vivemos ? as vezes é melhor não ter nada e lutar pelo que quiser juntando todas as nossas forças e capacidades para inovar nosso ser e a terra que vivemos; ou seja mudar o jogo e as regras. Não é hora de chorar e sim falar de amor, causas, sonhos…novos campos de possibilidades.


A capital do mundo não era Londres “ a fábrica do mundo “ como hoje não é a China mas será sempre Paris e Nova York onde amor, alegria, diversidade se unem em novas tramas, arte, inovações e múltiplas histórias. As vitrines continuam movendo os desejos e o dinheiro, mas não são mais suficientes queremos algo mais ? sim vidas realizadas e boas histórias para contar de forma personalizada. 



Não se vender e conhecer o justo preço das coisas são as maiores lições para ser e inovar. Não viver de sonhos medíocres e encantos, sem necessitar de surpresas e imprevistos que nos levam a trocar por mercadorias o filme de nossa vida única. Soprar a ação, é do diabo a oratória como diz Mefistófeles . O pensar e a imaginação pessoal e coletiva é mais importante antes que escolher e agir. Qual o próximo capítulo de sua vida ? Muito mais que dinheiro, juntar a dor, o delírio, o prazer ao meu próprio ser ampliando o ser e as infinitas possibilidades de novas histórias. 



“O que existe para mim por intermédio do dinheiro, aquilo por que eu posso pagar (i. é, que o dinheiro pode comprar), tudo isso sou eu, o possuidor de meu dinheiro. Meu próprio poder é tão grande quanto o dele. As propriedades do dinheiro são as minhas próprias (do possuidor) propriedades e faculdades. O que eu sou e posso fazer, portanto, não depende absolutamente de minha individualidade. Sou feio, mas posso comprar a mais bela mulher para mim. Consequentemente, não sou feio, pois o efeito da feiúra, seu poder de repulsa, é anulado pelo dinheiro. Como indivíduo sou coxo, mas o dinheiro proporciona-me vinte e quatro pernas; logo, não sou coxo. Sou um homem detestável, sem princípios, sem escrúpulos e estúpido, mas o dinheiro é acatado e assim também o seu possuidor. O dinheiro é o bem supremo, e por isso seu possuidor é bom. Além do mais, o dinheiro poupa-me do trabalho de ser desonesto; por conseguinte, sou presumivelmente honesto. Sou estúpido, mas como o dinheiro é o verdadeiro cérebro de tudo, como poderá seu possuidor ser estúpido? Outrossim, ele pode comprar pessoas talentosas para seu serviço e não é mais talentoso que os talentosos que pode mandar neles? Eu, que posso ter, mediante o poder do dinheiro, tudo que o coração humano deseja, não possuo então todas as habilidades humanas? Não transforma meu dinheiro, então, todas as minhas incapacidades em seus contrários?” Marx. 



Porém para Goethe não é porque você tem cavalos que detém a força deles ou beleza de outra pessoa é apenas o espírito da época, e nunca o ter substituirá o ser apesar de suas histórias tristes, ignorantes e mentirosas. Ampliar o ser transformando a pluralidade desenvolvida em singularidade integrada, complexa e sistêmica em lindas histórias de vida. Aprender a ter e ser sem entregar ou vender o teu destino. O dinheiro não compra ser mas o não ser e não ter significa a morte. Importante também não confundir nosso ser auto-suficiente deixando claro a impossibilidade de se tornar o cosmos real. A realidade limita, a fantasia expande, é preciso frear a trama de nossas vidas ao invés de acelerá-la, esse é o caminho necessário para compreendê-la e sair dos labirintos da sociedade. 



Desenvolver o imaginário, a soma de todos os possíveis, verdadeiro leme do comportamento espiritual e prático. Correr o risco de desintegração física e espiritual ao ampliar o leque de possibilidades de nossa vida, necessitamos individualizar esse caminho. Ironia e estética juntas produzem imaginários que potencializam além da medida, todas as promessas do mundo a sua volta, reformulada a bel prazer evita armaduras de identidades massificadas. O dinheiro mais do que realizar os desejos serve para concebê-los e libertar nossa interioridade das amarras sociais. 



A juventude é um campo de infinitas possibilidades, ela não é uma preparação , um valor em si, é a aspiração máxima de prolongá-la até a velhice, ampliando nosso ser, sem concluir nosso aprendizado, sendo o horizonte de novas formas de ser, viver e governar.  A sociedade busca impor uma felicidade mas não tem mais casa e dinheiro para todo mundo. As liberdades têm sido pagas com submissão sem retornos, podemos gastar nosso tempo em inovar nosso ser e terra que vivemos, mudando as leis da realidades que tem nos matado e anulado bilhões de histórias possíveis tecidas por tramas complexas e conscientes de suas escolhas, poderes e sonhos. O silêncio e o grito escrevem a trama de nossa vida. Antes do silencio final lute por varias vidas não apenas pela sua! O medo é o assassino da mente. Onde o medo não mais estiver estarei eu.





Nenhum comentário:

Postar um comentário