SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Quando as Piores Práticas Imperam: A Oligarquia e a Ditadura do Roubo

 


Quando as piores práticas se erguem como bandeiras de um sistema podre, a oligarquia se alimenta do Estado, roubando impunemente, trocando moedas de poder entre setores, enquanto o povo sangra. É a ditadura da corrupção, disfarçada de democracia, onde o jogo sujo das gangues partidárias domina, e o Estado se torna um feudo privado, um banquete para os famintos de poder. 



A ditadura militar calou vozes com a força das armas, sufocou ideias, assassinou sonhos e pessoas. A ditadura da corrupção faz o mesmo, mas com métodos mais insidiosos: usa o orçamento público como arma, compra votos, distribui cargos como moedas de troca, e mantém-se no poder décadas, impune, intocável. É uma ditadura sem fardas, mas com o mesmo veneno: o silêncio dos que deveriam falar, a omissão dos que deveriam agir. 


Enquanto em outros setores da sociedade — empresas, universidades, cooperações internacionais — há quem lute por inovação, produtividade e conhecimento, na política oligárquica cearense o que reina é o pior do ser humano: a mentira, o roubo, a privatização do Estado. Partidos são invadidos, cidades são divididas como feudos, votos são comprados, e o poder é perpetuado nas mãos de poucos. Fortaleza, cidade de lutas e resistências, viu sua periferia erguer-se nas urnas, mas, após a vitória, foi traída pelos acordos de bastidores, onde a oligarquia repartiu o butim, assim como no Governo do Estado, e no MEC a serviço de famílias.

Políticos como Cid Ferreira Gomes , derrotados em suas próprias cidades, ainda insistem em ditar as regras do jogo. Usam nomeações como moedas de barganha, recompondo forças, mantendo práticas que já causaram décadas de corrupção, incompetência, violência e morte. E o pior: tudo sob o manto da impunidade. A Assembleia Legislativa, em seu silêncio cúmplice, compactua com esse sistema, enquanto a Justiça, a mídia, as universidades e o setor empresarial negociam suas fatias do bolo, calando-se diante da miséria, da criminalidade e da desigualdade. 


A corrupção se esconde em prédios públicos, em ONGs, em organizações sociais, em cooperativas que servem de fachada para o roubo. O Estado é privatizado, a máquina pública é sequestrada, e o dinheiro que deveria servir ao povo é desviado para manter o espetáculo da oligarquia. Durante as eleições, o poder é usado sem pudor: cargos são trocados, orçamentos são manipulados, dívidas bilionárias são criadas, e o dinheiro da cooperação internacional é desviado. É um mundo sem lei, sem democracia, onde a força do roubo e da mentira impera. 

O sofrimento causado por essa máquina de morte e miséria é imensurável. Cada vida perdida, cada família destruída, cada sonho esmagado pela pobreza e pela injustiça social é uma página trágica dessa história. Victor Hugo, em Os Miseráveis, retratou a luta dos oprimidos contra a opressão. No Ceará, essa história se repete, mas com um elenco de bilionários que não pagam impostos, de tecnocratas que aparelham instituições, e de uma oligarquia que vive às custas do sangue do povo. 



Essa é a história que precisa ser contada: a história dos que perderam familiares, dos operários, dos trabalhadores do campo, pescadores, das mulheres, negros, gays e crianças pobres que carregam o fardo da injustiça social. É uma história de dor, mas também de resistência. Porque, enquanto houver coragem para denunciar, para lutar, para sonhar com um mundo melhor, a esperança não morrerá. E a oligarquia, por mais forte que pareça, não será eterna. 

A poesia está na luta, na voz que se levanta, na coragem de enfrentar o sistema. E a política, quando feita com ética e justiça, é a arte de transformar o sofrimento em esperança, miséria em dignidade, silêncio em grito. Que esse grito ecoe, até que a oligarquia caia, e o povo, finalmente, respire livre. 




quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

A criação a conceituação do mundo está entrelaçada uma na outra. Mas há tempos, nem os santos, têm ao certo, a medida da maldade criando monstros digitais.



A gente poderia continuar cantando E há tempos, são os jovens que adoecem, E há tempos, o encanto está ausente, E há ferrugem nos sorrisos, E só o acaso estende os braços, A quem procura abrigo e proteção. 


Mas em épocas de redes sociais e fake News, o algoritmo é diferente. Agora somos versões virtuais de nós mesmos que nos representam para os outros. Uma cultura na qual muitos passam a pensar em si mesmos como marcas pessoais, forjando uma identidade cindida que a um só tempo somos nós e não somos nós, uma duplicata que encenamos incessantemente no éter digital como se o preço a se pagar para obtermos acesso a uma voraz economia da atenção. E, o tempo todo as corporações tecnológicas utilizam esses dados para treinar máquinas incumbidas de criar simulacros artificiais de inteligências humanas, e das funções humanas, duplos assemelhados à vida real que tem as suas próprias pautas de interesses, as suas próprias lógicas e suas próprias ameaças. Assim nos descreve Naomi Klein um novo Frankestein, um santo da maldade e da ignorância sem medida, no seu novo livro Doppelganger. 

Como pensar a educação, a política, a espiritualidade e o amor quando monstros são construídos de fora para dentro do ser, quando “a sociedade se rachou em duas, cada lado se definindo-se em contraposição ao outro - toda vez que um lado afirma algo e acredita em algo, seja lá o que for, o outro lado parece ter a obrigação de afirmar o contrário e acreditar exatamente no oposto. Quanto mais eu me aprofundava, mais notava esse fenômeno ao meu redor: indivíduos que não eram norteados por princípios nítidos ou crenças e convicções decifráveis, mas em vez disso agiam como um grupo empenhado em jogar o yin contra o yang do outro- potente versus fraco; lúcido versus ingênuo; virtuosos versus depravado. Oposições binárias onde outrora vigorava o pensamento.  

Enquanto isso no começo do fim do mundo que vivemos, nas ruínas das mudanças climáticas, tecnológicas, no domínio dos crimes organizados, incluindo o tráfico e a corrupção política, as brutais desigualdades e violências que destroem evidências de nossa humanidade, observamos vários Territórios, pessoas, animais, plantas...de forma complexa, nos deparamos com uma multiplicidade de entes que se relacionam, mas não se somam, mas podem gerar coalizões, eventos que não ocorrem em um tempo linear,  fenômenos que compartilham um espaço, que brotam em ruínas como forma de fertilizar nossa imaginação para conceber revoluções no adestramento digital e no pensamento educacional. 

Escutas criativas de futuros possíveis que não culminam em resoluções únicas, mas próximos passos diversos e complexos, uma universidade na diversidade, sem grades curriculares, o começo de outras histórias e personagens de outras civilizações futuras.  De um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria.    

Hoje a invisibilização das relações sociais na produção de mercadorias se alinha as redes sociais tentando apagar as texturas locais dos Territórios que se conectam e dão forma ao que designamos global. Enquanto a educação, a política e a produção começam no território, de onde devemos garantir segurança alimentar, hídrica, energética, trabalho, renda, arte, saúde, habitação, autonomia política e digital por outras redes sociais de comércio justo, cidadania e sabedoria.  

Tratamos, portanto de uma postura epistêmica nos territórios diante de uma possibilidade de pensar, descrever e produzir conhecimentos que incidem sobre o mundo na educação e no fazer político de ação cósmica.  Como nos revela Anna Tsing, a criação a conceituação do mundo está entrelaçada uma na outra- pelo menos para aqueles com o privilégio de transformar seus sonhos em ação, destruindo os santos da maldade, os monstros digitais. Novos projetos nos territórios inspiram novas formas de ser, pensar, viver e nos autogovernar. 


A possibilidade de fabular mundos, de unir natureza, tecnologia, cultura, e espiritualidade descobrindo que a espécie humana não é excepcional, a inteligência está distribuída em toda natureza, outras formas de vidas e relações entre elas, nos ensina cada vez mais a sermos gaia. Nem tudo cabe em conceito, e a história é evolutiva, múltipla e cooperativa, assim como a vida, a simbiogênese reina, uma mente mundo, no qual conhecimento e matéria operam de forma similar, mais do que espécies as relações vitais nos contam quem nós somos e o mundo em que vivemos de um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria. 

sábado, 1 de fevereiro de 2025

O cogumelo no fim do mundo: Sobre a possibilidade de vida nas ruínas do capitalismo.




Neste livro proliferam estórias maravilhosas de outros mundos possíveis, e em meio as quais se manifesta o projeto da antropóloga estadunidense Anna Tsing: examinar como emergem refúgios de coabitação em meio à perturbação. Seguindo as pistas lançadas pelo cogumelo matsutake, Tsing nos leva em uma viagem que, ao final, aponta para as possibilidades de construção de refúgios para a vida em meio às ruínas do capitalismo. Contando as estórias do matsutake, ela nos convida a perceber que é possível aprender a ocupar as ruínas, dançando em meio a paisagens arruinadas de um antropoceno fragmentado. Neste livro, as descrições etnográficas de mundos que emergem de “designs não intencionais” se entrelaçam com a ficção científica e a fabulação especulativa, compondo uma escrita antropológica animada pela dança multitiespécie de paisagens arruinadas em regeneração. Um impressionante relato do capitalismo contemporâneo descrito a partir das aventuras do cogumelo matsutake, o livro é, também, um testemunho das lutas multitiespécie pela sobrevivência coletiva e pela continuidade da vida em meio à destruição. Zoy Anastassakis