No universo complexo da psicologia, poucos temas são tão intrigantes e essenciais quanto a individuação e o narcisismo. Mario Jacoby mergulha profundamente nesses conceitos fundamentais, oferecendo uma valiosa compreensão sobre a psique humana.
Com clareza e profundidade, explora os caminhos da individuação, o processo de desenvolvimento da personalidade única e integral.
Convida-nos a compreender os mecanismos do narcisismo, desvendando suas manifestações saudáveis e patológicas, e os desafios enfrentados por aqueles que buscam uma relação saudável com o self.
CONHEÇA O SUMÁRIO
Prefácio à edição clássica
Prefácio
Introdução
1 O mito de Narciso
O conto de Ovídio
Outras versões do mito de Narciso na Antiguidade
Evolução do material de Narciso nos períodos medieval e moderno
Interpretação do mito segundo a perspectiva junguiana
2 Sobre o narcisismo: uma introdução
Observações a respeito da reformulação freudiana da teoria dos instintos
A controvérsia entre Freud e Jung
Diferenças acerca da teoria dos instintos
Distinção entre “introversão” e “investimento libidinal narcísico”
Narcisismo primário versus amor objetal primário
3 O eu e o si-mesmo na psicologia analítica e na psicanálise
As opiniões de C. G. Jung
O conceito de Erich Neumann do eixo eu-simesmo
O si-mesmo primário (Michael Fordham)
O conceito psicanalítico do si-mesmo como autorrepresentação
Constância do objeto
O eu
A propósito da psicologia do si-mesmo nas obras de Heinz Kohut
Comparação entre os vários conceitos do si- -mesmo
4 Aspectos do conceito de narcisismo
Narcisismo como estágio de desenvolvimento
Narcisismo como forma de relação objetal
Narcisismo como sinônimo de autoestima
5 Processo de individuação e maturação da libido narcísica
As ideias de C. G. Jung sobre o processo de individuação
Autorrealização à luz das opiniões de Kohut sobre o narcisismo
A questão do sentido para Jung e Kohut
Crítica da psicanálise à posição de Kohut
6 Algumas metas da maturação narcísica e seu significado para o processo de individuação
Empatia
Criatividade
Humor
Sabedoria
Individuação e o relacionamento-tu – si-mesmo e “objeto”
7 Formas de transtornos narcisísticos
A questão do diagnóstico
A experiência subjetiva do ferimento narcisístico
Depressão, ostentação e vulnerabilidade
Influências do si-mesmo ostentoso
Transtornos no campo da empatia
O si-mesmo ostentoso e a criatividade
Raiva narcisística e a “sombra” (em sentido junguiano)
Visões etiológicas e psicodinâmicas dos transtornos narcisísticos
8 Tratamento psicoterapêutico de transtornos narcisísticos da personalidade
Observações gerais a respeito da abordagem analítica da psicoterapia
Transferência especular
Transferência idealizadora e fantasia arquetípica
Empatia, contratransferências e problemas narcíseos no analista
O “procedimento dialético” de Jung e a análise da infância
Conclusão
Referências
Índice de nomes e de assuntos
CONHEÇA O AUTOR
Mario Jacoby
Teve formação formal como analista, foi professor acadêmico e membro do Curatorium do C. G. Jung Institute Zurich e do ISAPZURICH, fundado em 2004. Seus demais livros, entre outros, são A vergonha e as origens da autoestima – Abordagem junguiana e Jungian Psychotherapy and Contemporary Infant Research. Faleceu em 2011.
A psiquiatria junguiana, também conhecida como psicologia analítica, é uma abordagem terapêutica baseada nas teorias e conceitos de Carl Gustav Jung, que se concentra na exploração do inconsciente para promover a integ ração de aspectos conscientes e inconscientes da personalidade. Ao contrário da psicanálise freudiana, que enfatiza a sexualidade e a repressão, a psiquiatria junguiana busca o autoconhecimento e o equilíbrio interno através do processo de individuação.
Elaboração:
Inconsciente Coletivo:
Jung introduziu o conceito de inconsciente coletivo, um reservatório de padrões de comportamento e imagens arquetípicas compartilhados por toda a humanidade.
Processo de Individuação:
A terapia junguiana tem como objetivo o processo de individuação, que envolve a integração das diferentes facetas da personalidade, incluindo o inconsciente, para se tornar uma pessoa mais autêntica e completa.
Exploração do Inconsciente:
A terapia junguiana utiliza diversas ferramentas, como a análise dos sonhos, a imaginação ativa e a exploração dos arquétipos, para acessar e integrar conteúdos inconscientes.
Relação Terapêutica:
A relação entre terapeuta e paciente é fundamental na terapia junguiana, com o terapeuta atuando como um guia para o paciente em seu processo de individuação.
Simbolismo:
Jung dava grande importância ao simbolismo, acreditando que os símbolos podem revelar informações sobre o inconsciente e ajudar o indivíduo a compreender seus conflitos e necessidades.
Relação com a Psiquiatria:
A psiquiatria junguiana também considera os aspectos clínicos, como psicopatologias, que são compreendidos como parte do processo de individuação e podem ter um significado simbólico.
Em resumo: A psiquiatria junguiana é uma abordagem que busca o autoconhecimento e o equilíbrio interno através da exploração do inconsciente, da integração das diferentes partes da personalidade e da compreensão do significado simbólico dos fenômenos psíquicos.
A experiência do autor como terapeuta e supervisor fazem deste livro uma preciosidade. pois restitui à psicopatologia seu lugar no contexto geral e no processo de individuação. Aqui são apresentadas observações psiquiátrico-analíticas repletas de preciosas intuições de um junguiano respeitado e raro terapeuta, que assim como Jung, trabalhou em psiquiatria.
Joseph Seligman aportou nos Estados Unidos, em 1837, com apenas uma nota de cem dólares costurada no forro da calça. Depois vieram os irmãos Lehman, que abriram uma loja de artigos gerais em Montgomery, Alabama. Em seguida, chegaram Solomon Loeb e Marcus Goldman, fugindo de uma Alemanha que relegava os judeus a uma subclasse.
Esses imigrantes sonhavam com a prosperidade econômica, mas viajaram para a América espremidos em navios de terceira classe. Começaram a galgar seu espaço na sociedade como mascates, vendendo bugigangas e atravessando o país em carroças de madeira. Acabariam por construir alguns dos maiores bancos de investimentos de mundo, moldando o destino não só da economia americana, mas também das finanças mundiais. Narrativa envolvente, Os reis do dinheiro conta, a um só tempo, a história de famílias que costuraram impérios; de imigrantes que ajudaram a criar a economia moderna enquanto navegavam em suas identidades como judeus, banqueiros e americanos; e das dinastias que formaram Wall Street e financiaram empresas icônicas do capitalismo.
Aion é um dos livros centrais de Jung e foca no conceito de Self. Outros temas junguianos, como ego, sombra e anima/animus, também são mencionados. Abordei um pouco o próprio Jung e sua filosofia em minha resenha de "Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo", então vou poupá-lo aqui.
Após uma introdução geral aos arquétipos, o livro começa discutindo a noção de mal, particularmente no cristianismo. A tradição afirma que o mal é simplesmente a ausência do bem, mas não uma coisa em si. Ele argumenta contra isso de um ponto de vista lógico, mas, mais importante, ilustra como esse tipo de pensamento prejudicou a noção de mal da sociedade e, portanto, a sombra de cada indivíduo. Isso é crucial porque desempenha um papel fundamental no processo de individuação — tornando-se o self.
Ele apresenta o arquétipo do self através das lentes de Cristo, e ele é o "mito vivo da nossa cultura", como Jung coloca. Ele representa a totalidade da personalidade e a personificação do divino. Para atingir essa totalidade, no entanto, é preciso também abraçar nosso lado sombrio inconsciente, o que Jung chama de sombra. Este é frequentemente representado com simbolismo animalesco. É comumente ilustrado por uma cobra ou um réptil. Em mitos e contos de fadas, frequentemente por um dragão. Este lado sombrio, no entanto, não é puramente negativo. É também uma fonte de percepção, poder, criatividade e muito mais. Embora isso fosse reconhecido no Gnosticismo, o Cristianismo rejeitou esse aspecto "inferior" da personalidade e o externalizou no Anticristo. Daí a insistência de Jung, desde o início, na realidade do mal e no erro de descartá-lo apenas em relação ao bem.
Há uma forte influência da alquimia, onde o "lápis-filósofo", e todas as suas inúmeras variações, apontam para o "Anthropos". O lápis-filósofo é a pedra filosofal, que permite a transformação de metais básicos em ouro. Também está associado à imortalidade e à iluminação. O Anthropos é o primeiro ser humano no sistema gnóstico. Para Jung, este é o homem perfeito e completo, no qual os processos conscientes e inconscientes estão unidos. Este eu é a antítese do ego-psique subjetivo.
Aion — Pesquisas sobre a Fenomenologia do Eu, publicado por Carl Jung em 1969
Os escritos de Jung sobre alquimia são bastante complexos. Pelo que entendi, trata-se do simbolismo entre matéria e psique. É obcecado pela transformação, mas é bem diferente da química (mesmo além da protoquímica) porque leva em conta o ego realizando as transformações. A transformação da matéria depende da transformação do espírito; eles a viam como a mesma coisa. A obra alquímica (o processo de fabricação da pedra filosofal) é o processo de individuação. A transformação do espírito não estava dentro de você (o ego) em si. Estava fora de você (o inconsciente), que foi lançado sobre a matéria.
Um grande capítulo é dedicado ao simbolismo do peixe no eu, no qual um peixe pode ser capturado no fundo do mar e incorporado ao corpo humano. O mar representa o inconsciente e o desconhecido, e a pesca é o símbolo do eu e foi por muito tempo um símbolo de Cristo. Também representa uma tradição de "integrar" Cristo à experiência interior — o "Cristo interior".
Há muitos outros assuntos abordados neste livro, embora geralmente se concentrem no tema do eu e seu simbolismo, descrevi apenas uma pequena parte dele — talvez cerca de 5 a 10%. É possivelmente o livro mais difícil que já li. São inúmeras as vezes em que não tenho ideia do que ele está falando por páginas e páginas. Às vezes, a coisa faz sentido depois que ele a aborda de outra perspectiva. Às vezes, não. Seus escritos sobre astrologia, em particular, me pareceram quase impenetráveis. Na maioria das vezes, reconheço que ele está tentando fazer uma "engenharia reversa" do que levou à astrologia em primeiro lugar e ao seu simbolismo. No entanto, a maneira como ele faz isso muitas vezes parece tão desconectada da nossa visão de mundo atual que é muito difícil de acompanhar. Além disso, às vezes senti que estava misturado com crenças metafísicas, o que só torna o tópico infinitamente mais confuso.
Se você quiser se aprofundar no conceito de Self, certamente encontrará muito material aqui. No entanto, se você quiser apenas uma concepção geral do assunto, ou se aprofundar na teoria junguiana em geral, esta provavelmente é uma má escolha. É complexo, demorado e difícil de acompanhar. Mesmo assim, como em qualquer livro de Jung, há inúmeros insights valiosos sobre a psique, o que para alguns pode justificar a leitura. Certamente justificaram para mim.
A Bolívia é o país com o sistema de escolha do Judiciário mais semelhante, mas o voto popular só é permitido para os cargos dos tribunais superiores. Outros países, como os Estados Unidos, limitam a votação a alguns juízes estaduais.
No México, a eleição por voto popular de todos os membros do Judiciário se tornou uma das bandeiras políticas mais importantes do movimento político Quarta Transformação (4T), liderado pelo ex-presidente Andrés Manuel López Obrador.
Durante seu governo (2018-2024), López Obrador defendeu a ideia de "democratizar" o Judiciário, permitindo que os próprios cidadãos escolhessem diretamente os integrantes desse poder.
Na época, contudo, ele não tinha votos suficientes no Congresso para levar a proposta adiante.
Isso mudou após a vitória avassaladora da coalizão da 4T em 2024, que elegeu a presidente Claudia Sheinbaum, e uma nova composição no Congresso, com votos suficientes para promover uma reforma constitucional no Judiciário.
Os que apoiam a medida a veem como um modelo pioneiro, que submete ao escrutínio popular as decisões e a atuação dos juízes em todos os níveis, dando aos cidadãos o poder de destituí-los se não fizerem bem o seu trabalho.
Já para os críticos, é uma ameaça ao contrapeso que o Poder Judiciário exerce frente ao Executivo e ao Legislativo, com potencial de abrir as portas para a atuação de juízes vinculados a poderes paralelos, incluindo o crime organizado.
Crédito,Getty Images
Legenda da foto,López Obrador foi um dos grandes defensores da reforma no Judiciário, que foi retomada por Sheinbaum ao assumir a presidência em 2024
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"Para mim, tem sido um grande desafio intelectual tentar entender a reforma sem preconceitos", disse à BBC Mundo — serviço em espanhol da BBC — a analista mexicana Viri Ríos, doutora pela Universidade de Harvard e especialista em políticas públicas e governo.
"Estamos vivendo um momento marcante na história do México. E é um momento para questionarmos muitos dos dogmas sobre os quais se sustenta a democracia liberal", acrescenta.
"É o início de um momento muito complexo para a coalizão governista, porque, antes, o Judiciário não funcionava bem, mas ninguém atribuía o problema a uma coalizão política, e sim ao próprio Poder Judiciário", alerta.
"Mas, a partir do 1º de junho, essa responsabilidade cairá em cima da coalizão governista. Porque foram eles que criaram essa fórmula e promoveram a ideia de que a impunidade seria reduzida."
Para o analista político Héctor Alejandro Quintanar, a nova fase do Poder Judiciário mexicano vai além da disputa política atual no país.
"Acredito que o que está em jogo vai além da Quarta Transformação. É a ideia de que vivemos uma nova fase no México, mais politizada, em que o voto popular toma outra dimensão e assume um novo papel", afirma Quintanar, que é professor da Universidade Nacional Autônoma do México.
"É verdade que o Judiciário é um contrapeso ao Executivo e ao Legislativo, mas parece que o Judiciário, por si só, não tem contrapesos. E é aí que entra a variável do voto popular, que pode se tornar esse contrapeso e representar um passo rumo à eliminação de suas elites", pontua.
O que estará em votação?
Ainda que o objetivo da reforma judicial seja a renovação total do Poder Judiciário através do voto popular, o Congresso estabeleceu que a votação seria realizada de forma escalonada.
Por isso, a nível federal, serão eleitos apenas 386 juízes e a metade dos magistrados do circuito (464) neste domingo (01/06),.
A Suprema Corte de Justiça da Nação também, será renovada por completo, mas passará a ter 9 integrantes em vez dos atuais 11.
Serão eleitos ainda dois magistrados da Sala Superior do Tribunal Eleitoral, que conta com outros quatro membros. Além disso, serão renovadas todas as 15 cadeiras de magistrados das salas regionais desse tribunal.
E os eleitores escolherão os cinco magistrados do Tribunal de Disciplina Judicial, órgão criado para fiscalizar o desempenho dos juízes, magistrados e ministros.
Em 19 dos 32 estados do México, haverá ainda eleição para juízes locais (quase 1.700), além de votações para prefeituras e outros cargos regionais. Desta forma, alguns eleitores receberão até 13 cédulas diferentes para preencher.
Os cargos para os quais os mexicanos votarão no dia 01 de junho:
9 ministros da Suprema Corte de Justiça da Nação
2 magistrados da Sala Superior do Tribunal Eleitoral
15 magistrados regionais do Tribunal Eleitoral
386 juízes de distrito
464 magistrados de circuito
5 magistrados do Tribunal de Disciplina Judicial
Crédito,Bloomberg via Getty Images
Legenda da foto,México se prepara para sua primeira votação popular para escolher juízes
Com regras bastante rígidas para as campanhas, conhecer os perfis dos centenas de candidatos que concorrem às eleições tem sido um desafio.
O Instituto Nacional Eleitoral (INE), que organiza a eleição dos juízes federais, estima que os eleitores vão levar cerca de 9 minutos para escolher seus candidatos.
No México, o voto não é obrigatório, o que se reflete nas altas taxas de abstenção registradas nas eleições anteriores como a presidencial (38%) e ainda mais nas intermediárias (47%) e nas consultas populares (82%).
Por isso, a expectativa é de baixa participação nas eleições de 1º de junho. O INE prevê que entre 8% e 15% dos eleitores comparecerão às urnas.
A autoridade eleitoral também determinou a suspensão da distribuição dos chamados "acordeones" — uma espécie de santinho, como é conhecido no Brasil —, entregue por partidos políticos com instruções sobre em quais candidatos votar.
A rejeição e o dilema do voto
A reforma judicial foi um dos temas principais das eleições de 2024 no México, com a coalizão governista da 4T fazendo uma defesa firme de seus benefícios, frente às críticas dos partidos de oposição e de um amplo setor formado pelos atuais ministros, juízes e funcionários do Poder Judiciário.
Esse último grupo tem insistido que o objetivo final da reforma de López Obrador é "se apoderar" da Supreme Corte e de outros tribunais que, durante seu governo, declararam inválidas diversas leis e iniciativas, desde a nacionalização do setor energético até mudanças no sistema eleitoral.
Houve protestos e intensos debates no Congresso, nos quais os opositores da reforma alertaram que os cargos de magistrado exigem especialização da carreira judicial, e que uma votação popular permitiria a entrada de juízes que respondem a interesses de partidos políticos, grupos econômicos e do crime organizado.
A organização Defensorxs, que analisou o perfil dos candidatos que disputam as eleições neste domingo, identificou 19 aspirantes de "alto risco", por possíveis vínculos com narcotraficantes ou por denúncias de violência e corrupção.
A oposição também criticou o fato de que a maioria absoluta da coalizão da 4T garantiria o controle sobre a aprovação das candidaturas que, embora tenham se originado a partir de indicações do Executivo, Legislativo e Judiciário, passaram por um filtro final no Congresso.
Também alertaram que o país poderia passar uma imagem ruim para o exterior, especialmente diante de agências que avaliam negativamente o risco de investimento em países sem independência judicial.
Crédito,Getty Images
Legenda da foto,Muitos partidos políticos e grupos da sociedade civil rejeitam a votação popular para escolha de juízes
"Para mim, a população está sendo enganada. Não vão escolher seus juízes e magistrados. Isso é falso", disse nesta semana o ministro da Suprema Corte Javier Laynez, um dos principais críticos da reforma.
"Desde o início, apontei que existe um risco de cooptação da justiça federal e local. Eles não gostam que alguém lhes diga 'isso está mal feito', 'isso é ilegal', 'isso é inconstitucional'", declarou em entrevista à Rádio Fórmula.
Entre os que rejeitam a reforma, ganhou força nos últimos dias o debate sobre comparecer ou não às urnas. O ministro Laynez afirmou que não há garantias sobre a contagem correta dos votos e, por isso, ele não pretende votar.
Outros, no entanto, argumentam que a abstenção não vai ajudar em nada no objetivo de reverter a reforma do Judiciário, nem vai garantir a eleição de ministros e juízes que fazem contrapeso às decisões dos outros poderes.
Um teste para a 4T e a cidadania
López Obrador argumentou durante muito tempo que o Poder Judiciário era "alheio" aos interesses do povo e que submetê-lo à votação permitiria que ele se "limpasse, purificasse".
Ao sucedê-lo, a presidente Sheinbaum continuou a defender as mudanças, argumentando que o modelo anterior lhe permitia indicar os juízes da Suprema Corte, e que a coalizão da 4T tinha a maioria para aprová-los, mas que seu objetivo não era controlar o Poder Judiciário.
"As pessoas que forem votar vão decidir quem vai estar no Poder Judiciário. E aqueles que saírem vitoriosos dessa eleição, eleitos pelo povo, vão responder ao povo. Essa é a grande diferença", disse a presidente mexicana na quarta-feira.
Segundo membros da 4T, a criação de um tribunal para fiscalizar a atuação de juízes permitirá identificar casos de corrupção e punir os magistrados como nunca antes.
Crédito,Getty Images
Legenda da foto,Sheinbaum defende que os ministros da Suprema Corte sejam escolhidos pela população e não por indicações do Executivo
Para uma parte dos analistas do país, a eleição do Poder Judiciário já superou a fase de discussão de prós e contras, uma vez que, para reverter a reforma, a oposição teria que conseguir maioria de votos no parlamento.
Assim, o país caminha para um cenário inédito.
Viri Ríos afirma que a coalizão 4T já promoveu essa mudança constitucional com a promessa de "reduzir a impunidade" no país e, caso isso não aconteça, os resultados não serão atribuídos apenas ao Poder Judiciário. "Vai cair em cima da coalizão governista. Porque foram eles que criaram essa reforma", sustenta.
Na opinião da analista, o novo Poder Judiciário será um reflexo do país, como são os outros poderes. "Vamos ter narcotraficantes sendo juízes? Façamos um exercício de honestidade intelectual: temos prefeitos no México que respondem ao narcotráfico? Claro que sim, não há dúvidas."
"Quando me dizem que vão destruir o Poder Judiciário puro e profissional que tínhamos, eu penso: em que país vive essa gente?", questiona.
Já Quintanar argumenta que a baixa participação prevista para as eleições deste domingo não será um reflexo da rejeição dos cidadãos à reforma judicial, já que, na avaliação dele, esta foi legitimada pela votação expressiva em 2024 a favor da coalizão governista.
Para ele, está se abrindo um novo espaço de escrutínio popular sobre o Poder Judiciário, que tradicionalmente esteve fechado.
"Claro que a reforma judicial e a votação de domingo são amplamente passíveis de críticas. Vai ser difícil para o cidadão, pelas cédulas e pela quantidade de candidatos para escolher. É um processo que tem muito a melhorar. Mas a democracia é assim", avalia.
"Vivemos uma nova fase no México, mais politizada, em que o voto popular toma outra dimensão e assume um novo papel", opinou.