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sábado, 25 de outubro de 2025

Trump diz estar aberto a reduzir tarifas do Brasil 'diante das circunstâncias certas'

 

Donald Trump, de terno azul marinho e camisa branca, parado numa porta, conversa com repórteres que apontam microfones e celulares

Crédito,Reuters

Legenda da foto,Trump deve se encontrar com Lula durante cúpula de países do Sudeste Asiático
    • Author,André Biernath*
    • Role,Da BBC News Brasil em Londres

Donald Trump confirmou que deve se encontrar com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante uma rápida conversa que teve com jornalistas na noite de sexta-feira (24/10).

O presidente dos Estados Unidos também mostrou estar aberto a reduzir as tarifas impostas sobre o Brasil nos últimos meses.

A entrevista com repórteres aconteceu no Air Force One, o avião presidencial americano, que estava a caminho da Malásia, onde Trump participará de uma cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).

O presidente do Brasil também estará no evento e algumas informações indicavam que ele poderia aproveitar a ocasião para se encontrar com Trump para uma negociação sobre as tarifas e as sanções.

Questionado por um jornalista se esse encontro estava confirmado, Trump disse acreditar que a reunião com Lula deve acontecer.

"Nós nos encontramos brevemente durante a Assembleia Geral das Nações Unidas", lembrou o presidente americano.

Quando perguntado se estaria aberto a rever e reduzir as tarifas sobre o Brasil, Trump respondeu: "Sim, diante das circunstâncias certas."

Horas depois, Lula afirmou a repórteres em frente ao hotel onde está hospedado que vê a possibilidade da reunião "com otimismo" para "encontrar uma solução".

"Não tem exigência dele e não tem exigência minha ainda, vamos colocar na mesa os problemas e tentar encontrar uma solução", disse o presidente brasileiro

"Então pode ficar certo que vai ter uma solução", complementou ele.

Montagem com foto de Lula e Trump

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Expectativa do governo brasileiro é que o encontro entre Trump e Lula aconteça no domingo (26/10), às margens da cúpula da Asean na Malásia

O que esperar de encontro entre Lula e Trump

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Há uma possibilidade cada vez mais real de que um encontro cara a cara entre Trump e Lula aconteça às margens da cúpula da Asean, em Kuala Lumpur.

Os dois líderes se cruzaram brevemente durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em setembro, e Washington e Brasília vêm mantendo contato próximo desde então.

A reunião na Malásia, porém, deve ser o primeiro encontro presencial formal entre os chefes de Estado desde a implementação de tarifa de 50% sobre a maioria dos produtos exportados pelo Brasil em agosto e a consequente deterioração das relações entre os dois países.

Além das tarifas, o USTR, escritório do representante comercial dos EUA, abriu em julho uma investigação contra o governo brasileiro por supostas práticas desleais de comércio.

A Casa Branca também adotou restrições de vistos a autoridades brasileiras e sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e sua mulher, Viviane Barci de Moraes, em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A reunião bilateral com Trump ainda não foi confirmada oficialmente, mas a expectativa é que o encontro aconteça no domingo (26/10), às margens da cúpula da Asean.

Mesmo com a perspectiva de um encontro para tentar selar a paz, os dois líderes têm dado sinais de que não pretendem recuar de suas posições.

O ministro Mauro Vieira participa de reunião com o Secretário de Estado dos Estados Unidos da América, Marco Rubio

Crédito,Freddie Everett/US. Department of State

Legenda da foto,O ministro Mauro Vieira participa de reunião com o Secretário de Estado dos Estados Unidos da América, Marco Rubio

Na quarta-feira (22/10), Trump afirmou que os pecuaristas americanos "estão indo bem" graças à tarifa imposta sobre o gado de outros países, como o Brasil.

"Os pecuaristas, que eu adoro, não percebem que a única razão pela qual estão indo tão bem — pela primeira vez em décadas — é porque impus tarifas sobre o gado que entra nos Estados Unidos, incluindo uma tarifa de 50% sobre o Brasil", escreveu em sua rede social.

O republicano acrescentou que, se não fosse por ele, os criadores de gado americanos "estariam na mesma situação dos últimos 20 anos", que classificou como "péssima".

Já Lula, na quinta-feira (23/10), voltou a defender alternativas ao dólar no comércio global.

Durante a visita que faz à Indonésia, o presidente afirmou que tanto o Pix quanto o sistema de pagamentos indonésio têm potencial para facilitar o intercâmbio entre os dois países e entre os membros do Brics.

"O século 21 exige que tenhamos a coragem que não tivemos no século 20", disse Lula, ao defender "uma nova forma de agir comercialmente, para não ficarmos dependentes de ninguém", sem citar diretamente os Estados Unidos.

A defesa de moedas alternativas à americana, reforçada pelo Brasil durante a cúpula dos Brics em julho, foi apontada por Trump como um dos motivos para a imposição das tarifas às exportações brasileiras.

Para especialistas, a recente ligação entre Trump e Lula e o primeiro encontro entre os chanceleres do Brasil e dos EUA realizado em Washington na semana passada são indícios de que há espaço para um diálogo pragmático, mesmo com divergências ideológicas.

*Com reportagem de Julia Braun, da BBC News Brasil em Londres, e Mariana Schreiber, da BBC News Brasil em Brasília

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