SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

DIÁRIO 11, Carta aos Seres e a Terra de nossos pequenos príncipes.

 


“Apesar de tudo eu ainda acredito na bondade humana” (Anne Frank) mesmo no holocausto continuou a regar o mundo e seu ser .



“Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade” (Neil Armstrong). Na lua nos lembra que fazemos parte da humanidade e da Terra apesar dos delírios e egos de alguns que vivem em ilhas. 



“Eu tenho um sonho, de que meus quatro filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter” (Martin Luther King) Essas palavras continuam vivas em movimentos como vidas negras importam.



“Não se nasce mulher, torna-se mulher” (Simone de Beauvoir) Essas palavras continuam vivas nas lutas das mulheres.



“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos” (Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos) essa é a nossa luta coletiva.



“Ser ou não ser, eis a questão” (em Hamlet, escrito por William Shakespeare)

“Penso, logo existo” (René Descartes)

“Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros” (Evangelho de João)


  

Esses são nossos desafios e jornadas pessoais como seres humanos.


Sim vivemos no mundo em que as Universidades, Empresas e Governos estão perdidos diante da pandemia, inovações tecnológicas, mudanças climáticas e brutais desigualdades, violências, fome e miséria. As Universidades, Empresas e instituições de forma geral não estão preocupadas em formar e desenvolver seres, e tem feito pouco em relação aos desafios globais que enfrentamos apesar da urgência e insurgência de alguns deles.



Esse abandono e insensibilidade, abre múltiplos espaços para que cada pessoa ou organização possa fazer sua parte por novos caminhos e horizontes para uma humanidade. Sim, ao invés de gastar energia esperando que o macro, a política ou as instituições mudem podemos gastar essa energia em nossa família, amigos, casa, comunidade e cidade mude. É hora de cultivar nossos jardins, rosas, seres, terra, sonhos.



“Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção. Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. O verdadeiro homem mede a sua força quando se defronta com o obstáculo.”


“Ela é sozinha, porém, mais importante que todas vós, pois foi ela que eu reguei. Foi ela que pus sob a redoma. Foi ela que abriguei com o pára-vento. Foi por ela que matei as larvas (exceto duas ou três, por causa das borboletas). Foi ela que eu escutei se queixar ou se gabar, ou mesmo calar-se algumas vezes, já que ela é a minha rosa.”



Alguns falam de amor mas não querem abrigar, escutar, proteger; outros falam de mudar o mundo, mas nunca passaram pelas dores, desafios, sofrimentos inerentes a transformar a si e o mundo que vivemos. 



Em momentos como holocaustos, guerras e pandemias é que podemos conhecer melhor os seres que convivem conosco, presencialmente ou virtualmente via redes sociais. Algumas pessoas mesmo em cargos públicos e instituições oficiais revelam ser genocidas que riem, brincam e falam das tragédias dos outros sem nenhum compromisso real com nada e com ninguém, apenas com seu poder, loucura e ego. Isso não se dá apenas agora em momentos de pandemia com Bolsonaro, mas também em outros governos como do PT ou das Oligarquias como Ferreira Gomes que se calaram diante das mortes de milhares de jovens, avanço do crime organizado e corrupção. O número de mortes por homicídios e miséria no Brasil, assim como na pandemia são absurdos. Vejo pessoas com milhões de formas e recursos apenas reclamando do que vivemos, enquanto outros sem recursos lutando. 



Que professores, empresários, políticos, médicos …queremos para nossa sociedade, escolas, empresas e outros. Médicos que colocam em risco sua vida para salvar outras ? ou políticos com recursos públicos que nos abandonam ? Empresas que lucram destruindo a economia e vidas como o mercado financeiro em 2008 ? Políticos como Trump incitam as pessoas a invadirem o Congresso ? Esses exemplos são iguais ou piores que o crime organizado que todos sabermos ser ilegal, agora dentro das instituições, usando elas como armas de corrupção e violência é semelhante ao Nazismo, pois são Ditaduras e Máfias sem democracia, leis e Constituição. 


 

Porém haverá gente ou a devida educação do ser para ocupar esses espaços nas Escolas, Empresas, Governos, Justiça, Universidades, Arte e outros ? Que muito mais que conhecimento e razão, tenham coragem, fé, ética, causas, sonhos, habilidades, competências , liderança, e outros para lidar com esses desafios ? A responsabilidade, busca pela verdade, o respeito à diversidade cultural e social, não são questões secundárias, tornaram-se urgentes. A inovação e a tecnologia tem estar conectada a isso, e não superior ao seres e ao planeta que habitamos. Educar profissionais éticos é nossa missão como humanidade.  




Hoje é o aniversário do meu filho, costumamos trocar textos como presente de aniversário, e o melhor presente que podemos dar aos nossos filhos é educá-los a amar, cuidar de si e dos outros como nossos próprios filhos. Aprender a misturar a linguagens da vida, falar de amor, ao mesmo tempo que falamos de causas, economia, educação, arte, espiritualidade, natureza e outros para educar seres cada vez mais orgânicos, complexos, sistêmicos que expressam seu ser e a terra que amamos num diálogo poético e ético. Unir o verdadeiro, o bem , o belo e o justo. Compreender que dentro de minha casa, tenho outra casa, na escola, outra escola, no trabalho, outro trabalho, que como células expressam o emergir de outro ser e de outras casas, escolas, empresas, governos.Do micro para o macro, de baixo para cima, de um pequeno grão de terra à Terra da Sabedoria podemos educar nossos pequenos príncipes. 





terça-feira, 12 de janeiro de 2021

DIÁRIO 10, O DESENVOLVIMENTO DO SER TERRA TECNOLÓGICO ESPIRITUAL EM CORPOS COMUNIDADES CIDADES SEGURAS, JUSTAS, IMUNES E SINTRÓPICAS

 Por João Victor Martins Oliveira Guerra e Egidio Guerra.


Vamos brincar de Lego? Só que as peças não se acoplam mecanicamente e sim organicamente. Muito mais que montar um desenho que conhecemos, gera um desenho que não conhecemos, mas que expande o ser terra tecnologia-espírito ao se integrar com o corpo comunidades-cidades que habitamos. Como casca de cebola, o micro e o macro juntos, hologramas, seu desenvolvimento depende mais de nossas consciências e inteligências do que da política, cultura e moral de uma época.  




Primeiro, vamos dialogar sobre conceitos transversais que são necessários no diálogo entre tecnologia, meio ambiente e espiritualidade. Conceitos como imunidade, sintropia, sustentabilidade e justiça interligam esses espaços que tratamos de forma distinta, e coloca o tempo não linear na perspectiva da trajetória do ser humano e do lugar onde vive.



“A história da humanidade é a história do ser. O sistema imune, tal como o cérebro, cria, grava e protege nossa individualidade”.  - Irun R. Chohen no livro “Cuidando do Jardim de Adão”.



Essa história da humanidade e do ser acontece em ecossistemas ambientais, sociais e mentais. No decorrer do tempo histórico, nós geramos e denominamos esses tipos de corpos, comunidades e cidades que ganharam forma de acordo com as concepções de imunidade, justiça, segurança e sintropia de uma época.



No momento de uma transição civilizacional que vivemos, queremos dialogar sobre as formas e regras dos elementos e materiais que montaram nossas vidas e cidades que habitamos, e assim discutir sobre essas regras que ligaram os componentes que nos tornam quem somos e onde vivemos. Brincar de fazer Ciência, Economia, Política e Direitos é o melhor caminho antropológico e experiências para libertarmos nossas vidas e imaginações dos modelos que nos aprisionam. Ciência das vidas. Vidas como fluxos que tecem umas às outras numa grande malha. E a ciência como brincar de experimentar e experienciar. Os instrumentos musicais limitam as músicas que é capaz de gerar. Da mesma forma, que os tipos de tecnologia que criamos limitam nossas vidas e lugares onde vivemos. 



Nós podemos continuar a tocar essa música em nossas vidas e cidades com poucos instrumentos; que tocam de forma linear indefinidamente e de forma repetitiva, continuando a gerar cânceres sociais, ambientais e pessoais. Melhor será expandir nossa espiritualidade e energia , assim como faz os ecossistemas, onde componentes diversos com regras diferentes, tocam músicas como orquestras, dialogando de forma mais ampla com nossos corpos e a Terra. Essa jornada em nossas vidas e cidades tem o poder de transcender a necessidade de regras e métodos fixos para gerar segurança, justiça, imunidade e sintropia como consequência do diálogo e da capacidade de integrar de forma orgânica a diversidade do qual somos um.  




No desenvolvimento do Lego do nosso ser e das nossas cidades. Até o robô tem se libertado criando novas formas de dançar, mas a linguagem têm nos aprisionado a reduzir nosso pensamento, as palavras que nos tornam reféns de uma lógica de ser e viver, por isso é necessário criar novas palavras e metáforas para imaginar e criar novas formas de ser, viver e governar. É necessário ter regras de como seres e coisas vivem e se conectam, o passado impõe algumas delas mas é preciso evoluir e criar novas regras, assim como acasos e novas atitudes podem fazer emergir novos mundos e vidas .




Um estágio definido de evolução contém em si estruturas e esquemas dinâmicos que estão no princípio da evolução das formas. O ser evolui por convergência e por adaptação a si mesmo; unifica-se internamente segundo um princípio de ressonância interna.  As regras geram compatibilidade ou incompatibilidade entre seres e coisas. O desenvolvimento de uma estrutura única ou um ser singular é fruto de uma convergência que gera determinadas formas de segurança e justiça para aqueles que detém o poder e a técnica de moldar estruturas de produção e instituições. Numa época determinada não há uma pluralidade infinita de sistemas funcionais possíveis. As espécies técnicas existem em número muito mais restrito que os usos a que se destinam objetos técnicos. As necessidades humanas se diversificam ao infinito, mas as direções de convergência das espécies técnicas e os lugares que vivemos são em números finitos.



Do modo abstrato ao concreto nossas vozes se difundiram nos rádios e telefones, acopladas aos olhares se transformaram em televisão, fotografia e cinema, depois inserimos a linguagem, os dedos e os teclados ao som e as telas, nasceu o computador e a internet , e com consoles nossa capacidade de interagir e gerar realidade virtual nos Games. Agora imagina tudo isso se unindo aos robôs e nossos corpos robotizados com inteligência artificial, Big Data, internet das coisas e viagens pelo espaço ? Quais transformações acontecerão em nossos seres e cidades ? além das quais já ocorreram graças ao rádio, telefone, TV, computador, internet e games? sem esquecer os navios, trens, carros, aviões e suas diversas formas de energia. 



O mundo caminha para novas possibilidades de inovação do ser e da Terra, mas essas possibilidades, assim como a evolução e genética, são manifestações externas de contingências internas de nossos seres. Entre a coerência do trabalho técnico e a coerência do sistema de necessidades, prevalece essa última. As normas e regras vêm de fora para seres que ainda não realizaram sua coerência interna, mas depois emerge a respectiva autocriação e autonomia dos seres. Porém, hoje objetos técnicos têm o poder de moldar civilizações. 



Incluímos nos objetos técnicos detalhes decorativos ou acessórios, aspectos inessenciais feitos sob medida, por serem contingentes e superficiais. De uma ordem analítica para uma ordem sintética, do artesanato à indústria, os seres foram moldados pelos "Legos" de sua época. Sistemas complexos têm surgido da acoplação de vários sistemas completos mas que jogaram o ser num vazio existencial. Aumentamos a complexidade de nossos objetos técnicos e sociedades visando aumentar a segurança e reduzir riscos, mas os efeitos e consequências sistêmicas por imposições econômicas e políticas, ampliam incertezas e riscos. Objetos e cidades que vivemos são carregados de inferências psíquicas e sociais, de forma continua e descontinua, devemos buscar inovar agregando componentes e dimensões humanas que transformam nosso ser e a terra que vivemos; ampliando nossa convergência interna e externa de um pequeno grão de terra á Terra da Sabedoria. 



O mundo e a vida é feita por jornadas como essa que estamos vivendo no Século XXI, e outras que vivemos no passado do nosso DNA. Sim VALE a pena continuar caminhando em busca da vida, inovando o ser e a Terra.   




Por que tantos jovens concluem estudos sem desenvolver verdadeiro espírito crítico




Por Francisco Esteban Bara do The Conversation*

                Em 9 janeiro 2021


Custou muito caro para Sócrates fazer certas pessoas pensarem


A história conta que Sócrates era conhecido entre seus concidadãos como "a mosca de Atenas". Diz-se também que ficou encantado com o apelido porque o descrevia muito bem: sua missão era provocar as pessoas por meio de perguntas e explicações que incomodavam e, sobretudo, faziam despertar.


Custou muito caro ao grande filósofo grego fazer pensarem certas pessoas que, na verdade, preferiam continuar dormindo. E decidiram que essa "mosca" que não parava quieta deveria tomar cicuta.

No entanto, seu espírito crítico resultou em uma das maiores revoluções da história.


Esse convite a pensar com critério — nos perguntar por que é que as coisas são assim e não de outro jeito, tentar descobrir verdades e desmantelar falsidades, e não deixar de dizer, como ele mesmo fazia, "só sei que nada sei" — não tem igual.


Basicamente porque o espírito crítico nos liberta da ignorância, ou seja, de qualquer pessoa ou coisa que queira pensar por nós; e já sabemos que estamos rodeados de pessoas e dispositivos tecnológicos dispostos a isso.


Certamente não há como conversar com pessoas imbuídas desse espírito, eles nos ensinam tudo o que foi dito e nos mostram que há pessoas com quem é muito agradável conversar.


Nosso pensamento atual e majoritário sobre a educação, essa voz indeterminada e envolvente que marca nosso caminho, aposta no espírito crítico.


Espírito de 'bijuteria'


As novas gerações, dizem, devem melhorar o mundo, e precisamos de muitos Sócrates em escritórios, hospitais, escolas, partidos políticos, ruas e praças.


Os alunos são ensinados que devem ter suas próprias opiniões, mas, para isso, devem estar bem informados antes.

No entanto, a realidade mostra que, com esse discurso, não só se forma um espírito crítico, mas também, e cada vez mais, versões malsucedidas dele.


Não são poucos os jovens que, depois de passarem pelas diferentes etapas educacionais, incluindo a universidade, se apresentam na sociedade com um espírito crítico de "bijuteria", bem distante do de Sócrates.


Ou repensamos a educação e suas políticas, e a comunidade passa a valorizar mais os espíritos críticos do que jogadores de futebol e celebridades, ou o corpo docente e as famílias que buscam cultivá-los no dia a dia verão sua alegria ir pelo ralo.


A seguir, vamos analisar três dessas "imitações" e, quem sabe, algumas soluções.


Algumas imitações


1. O espírito crítico é o conjunto de opiniões que alguém defende


O famoso lema que diz que o aluno é o protagonista da educação pode ser a principal causa desta curiosa imitação. Isso é o que queremos que aconteça, claro, mas deveríamos reconhecer que não pode ser logo de cara, pelo menos não em relação ao espírito crítico.


E não porque não se queira, mas porque o aluno não está em condições de assumir tal papel. Quem pensa que o evento educativo consiste, precisamente, em conduzir o aluno à conquista do seu protagonismo, isto é, da sua autonomia intelectual e moral, se surpreende ao ouvir que tal coisa "já vem da fábrica" e que o que você precisa fazer é fortalecê-la ao máximo.


Assim sendo, se educa o "opinador", indivíduo convicto de que sua opinião é tão válida quanto a de qualquer pessoa, também na qualidade de quem mais sabe; e encorajado a se manifestar em qualquer conversa dando palestras.


Não há espírito crítico quando passamos por cima do princípio que diz que, para opinar, devemos primeiro conhecer, quando deixamos de valorizar que a autonomia intelectual e moral consiste em percorrer um longo e duro trecho de verdades.


'Um livro ou um filme é um clássico porque nunca acaba de dizer o que está dizendo, porque sempre nos desafia'


2. O espírito crítico é o domínio e o conhecimento do que está acontecendo hoje e agora


E é isso que estamos fazendo há anos: educar em respostas úteis, rentáveis e eficazes.


Porém, se há algo que mantém vivo o espírito crítico, são as grandes questões que afetam a todos e nunca saem de moda, e deveríamos pensar por que há tantos jovens que terminam a jornada educacional quase sem ter nada sério que perguntar sobre si mesmos e o mundo em que habitam.


Essas grandes questões costumam ser encontradas nos clássicos do pensamento, sim, naquelas obras que, como dizia Ítalo Calvino, tendem a relegar as atualidades à categoria de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não podem prescindir dele.

Por isso um clássico, seja há séculos ou dez anos, um livro ou um filme, é um clássico porque nunca acaba de dizer o que está dizendo, porque sempre nos desafia.


Por mais que seja difícil de acreditar, um espírito crítico sem clássicos tropeça, se é que realmente anda, e nos surpreende que os universitários, estudem a carreira que for, não tenham primeiro um curso de artes liberais, grandes ideias, humanidades, cultura geral ou como você quiser chamar.


3. O espírito crítico se manifesta de várias maneiras, de acordo com a natureza de cada um


Talvez os meios de comunicação e as redes sociais sejam a melhor vitrine do que está sendo dito aqui. No entanto, algo nos diz que a coisa vai na direção oposta, que esse espírito se conquista, que é você que deve se adaptar a ele.


Isso é demonstrado por aquelas pessoas que aprenderam a filosofar com delicadeza, humildade, prudência e boas palavras, que fogem do fervor, da grosseria, do rancor e vingança.


O espírito crítico também tem sua estética, algo que, devo dizer, não costuma constar na lista de competências de nossos currículos escolares e universitários.


Essa estética é aprendida muito bem pelos exemplos. Seria bom selecionar alguns deles e analisá-los semanalmente com nossos alunos.


Por fim, não disporemos de jovens com espírito crítico apenas com a intenção, muito menos ao reforçar imitações que não fazem mais nada do que obscurecer e desperdiçar o convite de Sócrates e de tantos outros que seguiram o seu caminho.


* Francisco Esteban Bara é professor associado do Departamento de Teoria e História da Educação da Faculdade de Educação da Universidade de Barcelona, na Espanha.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em espanhol).

sábado, 9 de janeiro de 2021

DIÁRIO 9, CARTA AOS FABRICANTES DE VACINA PARA RESOLVER A PANDEMIA! Em busca de imunidade espiritual. 1380 dias



A razão desse diário ? Basta abrir os olhos. Os que relutarem se acharam no que eu disse. As sociedades impõem limites políticos e culturais para que novas ideias e a história não mude, o poder dos dominantes de uma época. Como escreveu o autor do romance  Leopardo “ Se queremos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude.“



Visando continuar no poder, os poderosos participam das mudanças históricas como atores teatrais , exercendo novos papéis para manter e negociar suas posições. Esquecem que suas práticas de poder e ideias é que precisam ser removidas da história escrita por novos atores sociais. Os judeus sempre passaram por isso em nações onde residiam há décadas, mas que os proibiam de serem do exército, funcionários públicos, professores universitários e outros. Restando a eles empreender negócios, liderarem movimentos políticos contra essas regras ou se tornarem escritores como na Alemanha antes da segunda guerra mundial. 



Cercada por barreiras oligárquicas no Brasil que concentram poder em poucas mãos, muitos brasileiros seguem os caminhos lineares e tradicionais para sobreviver sem construir espaços para que novas ideias e práticas mude a história. Eu também fui atuar como executivo e empreender até descobrir que o acesso a crédito no Brasil para novas ideias é raro. Tive que caminhar pela política e social onde aprendi que o Nordeste é dominado por poucos e suas barreiras oligárquicas, onde as regras os beneficiam e protegem seus feudos econômicos e políticos. Essas carreiras tradicionais levam a becos sem saída, como professores que se tornam reféns de Escolas e Universidades dominadas por políticos e burocratas, artistas que tem que viver de arte no país que não valoriza cultura, atletas sem apoio e estrutura adequada para treinar e se superar, profissionais de saúde massacrados por carreiras extenuantes sem condições básicas, enfim becos sem saída. A mudança depende da união desses profissionais, mundos, suas formas de pensar e agir para reescrever nossa história e instituições principalmente a jurídica, política e econômica que mantém essas lógicas perversas de poder.



O que a vacina e pandemia tem haver com isso ? Simples, todo planeta Terra passa hoje pelos desafios da pandemia, mas o Brasil é um caso único. Israel já está avançado com as vacinações, países da América Latina e África com economia menor têm muitos menos casos de morte que o Brasil, o Lockdown e outras medidas protetivas funcionaram em países europeus e asiáticos, e outras lições. 



No Brasil os problemas econômicos se somam as brutais desigualdades e violências de nossa sociedade, professores sem estrutura física e digital em suas Escolas e Universidades, tem que fazer milagres para continuar o ensino, profissionais de saúde tem que lutar contra o Governo para não ser atropelados por políticos e burocratas, artistas e atletas passam fome, enfim não é a vacina que vai resolver nossos problemas a não ser que ela nos dê capacidade de sonhar, lutar e imunidade espiritual para não ser convencido que nada muda neste Brasil há séculos com as Oligarquias no poder.




Todo empresário e político tem que aprender a lidar com nossas questões sociais, políticas, ambientais, e tecnológicas ao mesmo tempo, num pensar sistêmico capaz de inovar seu ser para construir outra História. Todo líder precisa desenvolver sua espiritualidade e manter sua saúde para ampliar sua capacidade educacional, crítica e criativa, visando empreender novos caminhos juntos. Unir saberes e vivências distintas é tão importante quanto o currículo. Apreender que as casas onde vivemos se conectam com as organizações, bairros e cidades que fazemos parte, e que desafios como essa pandemia, ambientais, sociais e violências explodem essas paredes que nos separam e dividem. 



Segurança e imunidade, assim como resultados e impactos, dependem do diálogo entre diferentes e a integração sistêmica desses processos. Pessoas formadas em caminhos lineares, pensam e agem de forma linear, incluindo sua solidão e infelicidades, elas necessitam de sonhos mais sistêmicos e imunidade espiritual mais do que vacina. Chega de mentiras precisamos lidar e enfrentar as verdades mais profundas em nosso Brasil. 




A busca por purismo racial e social , a concentração de renda, desigualdades, gentrificação, e outras formas de violências; visando eliminar o contato e a interação com a diversidade é o pior mal que provocamos a nossa sociedade. O antônimo da purificação é a imunidade que só é alcançada no contato com aquilo que consideramos impuro, diferente, feio e doença. Não é antibióticos e a higienização que nos fortalecem, mas as trocas necessárias e naturais com os ecossistemas que habitamos e aprendemos a conviver e compartilhar destinos. 



Não existe uma segurança isolada distante do convívio com a cidade e com o outros. Na modernidade separamos o ser humano da natureza, o urbano do rural e a ciência da politica. É hora de uni-los e aprender com os erros que cometemos e não intensifica-los ou viver de fugas. É hora de desenhar a transição para a civilização que é o próximo passo de nossa humanidade na Terra e em outros planetas. É hora de reduzir e desacelerar a entropia do caos que vivemos, e canalizar nossa energia para sintropia, desenvolvendo uma imunidade coletiva contra o mal que cometemos a nós mesmos. Uma imunidade e sintropia espiritual de um pequeno grão de terra à Terra da Sabedoria.




quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Em busca de um método para educação no mundo em profundas transformações sociais, ambientais e tecnológicas.

 



A arte encontra seus caminhos assim como a Ciência, a Economia , a Política, a Espiritualidade e outras dimensões humanas  formando quem somos e como vivemos, mas qual o melhor caminho e método para nos educar ? Um método que nos ensina outros métodos, incluindo o científico. Eu fui procurar ler o livro “ a lógica da pesquisa científica de Karl Popper mas tem outros como “ A Estrutura das Revoluções científicas “ de Thomas Kuhn que nos revelam que além do método, existe padrões que numa determinada época se considera Ciência, ou seja, o método se transforma e está se transformando agora que escrevo esse artigo de opinião. No mundo cada vez mais complexo em profundas transformações sociais, ambientais e tecnológicas, nos exige visão sistêmica e interdisciplinar. Sim precisamos pesquisar e aprofundar o diálogo sobre o método da educação que vamos usar para educar, muito mais que ensinar, transformar vidas e o mundo que vivemos é nossa missão como Educadores. Necessitamos que a humanidade supere os desafios sociais, ambientais, tecnológicos e econômicos da sociedade em que vivemos.



Portanto a pesquisa, e sua devida sistematização das ideias, visando a difusão, formação, mudanças de práticas em nossa sociedade e respectiva avaliação é um ciclo que em sua totalidade e vivências de forma orgânica representa um método de pesquisa para educadores, mas também a clareza de que estas ideias ganham vida e somos responsáveis por ela. Existem vários métodos de educadores que durante décadas e alguns séculos apontaram caminhos para humanidade e divergiram entre si como Epicuro, Piaget, Vygotsky, Dewey, Adorno, Foucault, Freire e Morin mas que contribuem por diversos caminhos e métodos para nossas pesquisas como educadores. É válido ressaltar que é recente a pesquisa qualitativa na pedagogia e de difícil mensuração os impactos, incluindo qualitativos, desses métodos de educação na vida das pessoas. Se mede os resultados por notas, o que não significa aprendizagem, muito menos emancipação, capacidades críticas e criativas, mas vários estudos que avaliam Escolas, Universidades e sistemas de ensino público e privados se reduzem as análises quantitativas sobre notas ou avaliações físicas, sobre os espaços onde a educação acontece, às condições socioeconômicas dos alunos e professores, e agora os meios digitais. Quando na realidade essas avaliações respondem muito mais às necessidades econômicas da sociedade que vivemos do que o desenvolvimento dos seres humanos e suas liberdades e capacidades críticas e criativas. 


 

O acesso à informação e ao conhecimento através da internet, assim como outros espaços na vida onde os alunos “ aprendem “ como meios culturais, lutas sociais e políticas, trabalho, igreja, e outros também deveriam ser parte dessa reflexão de pesquisa sobre métodos da educação. Por exemplo, a Pandemia tem ensinado muito a todos, incluindo governos e grandes empresas poderosas  sobre os limites de nossa vida assim como nossas ignorâncias. Educadores como Edgar Morin escreveu seis livros sobre o seu método de educar que revelam uma jornada pela natureza, vida, conhecimento, ideias, humanidade e Ética. Resolvi passear por esses caminhos mas com um olhar de pesquisador e educador, assim como pelas biografias de educadores como Epicuro, Piaget, Vygotsky, Dewey, Adorno, Foucault, Freire e o próprio Morin. Suas vidas revelam muito sobre os caminhos que percorreram e viveram para encontrar suas ideias como pérolas pelo caminho que depois nomearam como métodos.



Essa minha jornada de pesquisa vai durar todo o curso ou melhor toda vida de forma teórica e prática. Necessito aprender o método científico e dialogar com a professora como escrever e sistematizar melhor essas ideias, porque necessito compartilhar e difundi-las para dialogar e aprender com outras pessoas. Necessito transformá-las em método para educar e formar pessoas que desejam viver essa jornada, mas preciso transformar essas ideias em práticas pedagógicas e seus respectivos instrumentos tendo capacidade para avaliar seus impactos nas vidas das pessoas e da sociedade que vivemos. Essa é minha missão como pesquisador e educador, dar vida a essas ideias, criar vínculos com as pessoas, compromissos com causas e o saber, compreendendo que somos parte da natureza e que o amor e a espiritualidade educam e transbordam nosso ser . Sim somos capazes de aprender e unir a natureza, a tecnologia e a espiritualidade com a economia, a política, a sociedade, a arte, a saúde e as cidades que vivemos em meios educacionais de uma educação para vida é o método que estou buscando construir. Ampliando nossas capacidades de cuidar de si, dos outros e nos governar.  



A COMUNA DE TRUMP OU DAS OLIGARQUIAS !

 


“Dona de tudo, como não o tinha sido e não o será talvez jamais nenhuma aristocracia, a classe média, que precisa ser chamada de classe governamental, tendo-se aquartelado no poder e logo depois em seu egoísmo, adquiriu um ar de indústria privada, onde cada um de seus membros quase só pensava em assuntos públicos para canalizá-los em benefício de seus interesses privados, esquecendo facilmente em seu pequeno bem-estar as pessoas do povo.”



Esse texto escrito por Alexis Tocqueville sobre suas lembranças de 1848, refletem sobre como a classe política foi indigna e perdeu o poder porque foi incapaz de mantê-lo. Não possuía qualquer virtude política para representar o povo. Ele previu novas revoluções, caso os cidadãos continuassem a corromper a vida pública.



Claro que Trump não representa a classe média e sim as piores elites do mundo pelo racismo, ignorâncias e uso do Estado para proteger os amigos com privilégios como fazem as oligarquias brasileiras; e atacar os inimigos que compartilham uma visão da humanidade e do planeta como um todo, onde não existe uma terra plana, mas um círculo que representa liberdade, fraternidade, e igualdade para todos.



É importante lembrar eventos que antecederam a Comuna de Paris tinha de um lado movimentos e barricadas como “ Vidas negras importam “ e do outro a associação entre a polícia e militares com o Governo, na época chamada guarda nacional, que como previu Tocqueville seria derrubado por outras revoluções e guerra civil. Quando “meninos ricos” resolvem fazer o que chamam de política, as consequências para todos e a Economia são desastrosas, pois consensos não se constroem em torno de privilégios e corrupção, e sim de causas e leis. 



As semelhanças entre brutais desigualdades, exclusão e miséria em 1848 e hoje são reveladoras para compreender o que a História nos ensina como Chile em 2019, e o que a História nos surpreende como a pandemia do Covid19 . A Burguesia na época, assim como as Oligarquias hoje usam o dinheiro público para enriquecer e garantir a infra estrutura para expansão do capitalismo, as custas da miséria, mortes dos pobres, destruição da natureza e suas consequências como a pandemia. 



Hoje o mercado financeiro manda, enquanto as empresas quebram, restando aos funcionários transformar esse patrimônio em cooperativas de produção, consumo e crédito, o que na época francesa eram chamadas de oficinas sociais. Em 2008, na quebra do sistema financeiro americano, o que se manteve em pé foram as cooperativas de crédito que detém quase 40 % da economia americana, enquanto no Brasil representam menos de 20 %. Não podemos separar  o surgimento da irresponsabilidade social e autoritarismo de Trump em 2021, do salve-se quem puder na selva dos mais fortes e armados, do que ocorreu nos EUA em 2008. Não há diplomacia diante de armas e fome.



O Governo francês antes de 1848 criou a Oficina nacional que na verdade era oficinas de caridade para evitar que milhares de pessoas continuassem a ir às ruas contra o Governo, ou simplesmente não morrer de fome. Algo que envolvia trabalho sem qualificação em obras públicas, semelhantes ao Bolsa família e Renda Brasil, o objetivo não era fortalecer o trabalho, cidadania, economia e a respectiva criação de riquezas e mercado. Esta Oficina nacional não ameaçava a concorrência, ou seja as fábricas privadas da burguesia financiadas pelo Estado e dinheiro público. Antes da Comuna na França, vigilantes como milícias eram recrutados pelo Governo com objetivo de proteger seus interesses contra o povo. E os filhos dos burgueses ou de políticos para coordenar essas milícias. Na Carta constitucional de 1830, os guardas nacionais passaram a eleger seus oficiais de comando.



Os guardas nacionais gritavam pelas ruas “ abaixo os comunistas” quando na verdade o que existia nas ruas era um povo sem trabalho, dignidade, direitos, passando fome e sofrendo brutais violências e desigualdades, como hoje nos EUA as vidas negras, hispânicas e mesmo brancas sem um sistema de saúde, trabalho, sem casa, com dívidas vendo seus filhos terem vidas piores que as suas e maiores desigualdades, diante da riqueza concentrada em 1 % da população, que se reproduz e aumenta pelo mercado financeiro, convivendo ao mesmo tempo com os delírios, racismo e ignorâncias de Trump. De um lado a Comuna de Trump e de uma minoria mas do outro se forma a comuna da maioria que é convidada todos os dias pelo Presidente Trump a uma guerra civil sem dar nenhum valor a Democracia, Constituição ou Estado como na Russia e China.



Diante de tantas instabilidades e loucuras, Trump busca armar as pessoas e joga o povo contra o povo, enquanto ele assiste o seu espetáculo das mansões Trump ou da Casa Branca digitando mensagens pelo Twitter. As milícias rompem os laços com suas origens de garotos pobres e fazem guerra pelo mundo, sendo financiadas pela indústria da morte contra os pobres. Entre Direitas como EUA e Hungria, e esquerdas como China e Rússia, ambas ditatoriais, vive-se guerras civis silenciadas com medos de militares, milícias, crime organizado e drones assassinos; enquanto o mundo precisa de moderação, aprofundar a democracia e gerar riquezas que circulam, pois não temos outro Planeta. Mais do que soldados precisamos de inteligência, valores, qualificações técnicas, solidariedade, causas e profissionais de saúde, biólogos, ambientalistas… e todos que puderem humanizar as pessoas e as tecnologias que criamos. Menos Trump, mais Joe Biden, Harris, Obamas, Ossoff, precisamos fortalecer a educação, arte, saúde, questões sociais como enfrentarmos o poder das drogas e do crime organizado, salvar o planeta, habitação, cidades saudáveis, novas tecnologias e outros. Sim, temos que gastar nossas energias nisso, e não nossas riquezas em viagens pelo espaço enquanto a maioria sofre, os suicídios aumentam e os ricos sonham com uma vida e guerra nas estrelas para fugir da realidade.



Em 15 de maio de 1848 em Paris, o Presidente francês Philippe Buchez foi apanhado de surpresa, durante os primeiros minutos de ocupação das galerias pelos populares, a Guarda Nacional conseguiu dominar a situação e o espaço interno da assembleia foi evacuado. Em 6 de janeiro de 2021, o Congresso Nacional americano é invadido por apoiadores de Trump, estimulados por ele, durante uma sessão que oficializa a eleição do novo Presidente Joe Biden que derrotou Trump. Um garoto rico e mimado como Trump que nunca estudou História nem política, nem serviu ao seu povo antes de ser Presidente, não sabe, nem viveu, as consequências de uma guerra civil, acha que o Estado é uma empresa onde ele manda, mas quem manda no Estado não é a vontade de um, de uma Máfia ou Oligarquias corruptas mas algo que denominamos Leis e Constituição.  Na época da Comuna de Paris, o mundo passou pelo que foi denominado Primavera dos Povos, mas as consequências de nossas últimas primaveras árabes e outras , infelizmente foram mais Ditaduras, Trumps, Bolsonaros e outros.



Os problemas sociais ou melhor milhões de vidas não têm conseguido solução no Estado ou nas atuais políticas públicas, sobra superficialidade e debilidade, falta consistência, visão integrada e sistêmica, sensibilidade, sustentabilidade e impacto social. Em épocas de testes e validação de vacinas contra Covid19, talvez possamos entender o que significa impacto. Ninguém quer tomar uma vacina que não prove sua eficácia e resultados, mas temos tomados todos os dias e horas, os efeitos de trilhões gastos em políticas públicas que pioram as vidas, a pobreza e o mundo que vivemos. Acho que 1% da população não vai conseguir salvar o mundo sozinha mesmo com todo dinheiro do mundo e não deve matar bilhões de pessoas em nome de seus egos e medos. 



As oficinas nacionais na França foram fechadas no dia 21 de junho de 1848, e a História continuou a ser inscrita pela autonomia das pessoas construírem seus destinos independentes de Trump, Hitler, Stalin, Mao e outros que não tem vergonha de seus delírios e como chegam ao poder com brutais violências, corrupção e mentiras. Mais educação, trabalho, natureza, arte, tecnologia, saúde, espiritualidade, amor, é o que precisamos sem politicagem e ditadores.     

  



Talvez , o maior problema que temos é se a Historia tiver sendo escrita por um roteirista de ficção como Simpsons. Outro cenário provável é que Ditadores ao ver seu reino ruir, tornam-se suicidas políticos como Hitler e outros, ao descobrir que o ódio não é o mesmo que sacrifício e que amor vence as guerras.