O caso da confusão entre uma professora e um aluno de 5 anos em uma escola da rede pública no Paranoá, Distrito Federal, que escalou de um "rodo" para mordida e cuspe, terminando na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), é um sintoma alarmante de uma falência que transcende o ato isolado de agressão.
O episódio, ocorrido na tarde da última terça-feira (23/9), conforme noticiado, não é apenas um boletim de ocorrência; é um espelho.
Ele reflete a imensa pressão, o desgaste emocional e a desassistência que sobrecarregam muitos profissionais da educação, somados à complexidade crescente de lidar com a primeira infância, que muitas vezes chega à escola com suas próprias carências emocionais e sociais.
Não há justificativa para a violência, e a investigação da polícia é para a responsabilização da professora, que teve uma conduta incompatível com a docência.
Contudo, é imperativo que a análise crítica vá além do linchamento midiático e do repúdio fácil.
É preciso questionar: Qual é o nível de suporte psicológico oferecido aos professores que lidam diariamente com classes superlotadas e com as múltiplas faces da vulnerabilidade social?
O que leva uma educadora a perder o controle de forma tão extrema, recorrendo a atos tão primitivos quanto morder e cuspir em uma criança de 5 anos?
O ambiente de trabalho na escola pública é de fato um lugar seguro e saudável, ou se transformou em um campo de batalha invisível onde o esgotamento é a regra?
Este caso, com a sua descrição chocante, obriga-nos a encarar a necessidade urgente de uma política educacional que não se concentre apenas em números e currículos, mas que invista maciçamente na saúde mental e na formação continuada dos educadores, fornecendo-lhes as ferramentas socioemocionais necessárias para gerir conflitos e lidar com o estresse crônico.
A criança, vítima de agressão, tem o direito inalienável à proteção e a um ambiente de aprendizado acolhedor.
O professor, por sua vez, deve ter condições de trabalho que o permitam ser, de fato, um agente de transformação, e não mais uma vítima silenciosa do colapso do sistema que, por vezes, explode em violência.
O rodo, a mordida e o cuspe não são apenas detalhes de uma confusão; são o clamor por socorro de uma escola que precisa urgentemente ser reumanizada e repensada em sua estrutura de apoio.
A PCDF tratará o caso criminal, mas a crise pedagógica e social exige uma resposta muito mais profunda e estrutural.
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