Um Senhor Estagiário”: o filme que previu o etarismo corporativo
Lançado em 2015, “Um Senhor Estagiário” (The Intern), dirigido por Nancy Meyers, parecia apenas uma comédia leve sobre choque de gerações. Mas, sob a superfície, antecipava um dos dilemas mais urgentes do mercado atual: o etarismo e o desperdício do potencial dos profissionais 50+.
O protagonista Ben Whittaker (Robert De Niro), um viúvo de 70 anos, decide voltar à ativa e se torna estagiário em uma startup de moda digital liderada por Jules Ostin (Anne Hathaway), uma CEO jovem, brilhante e sobrecarregada. À primeira vista, Ben é visto com estranhamento. Um senhor entre jovens apressados, em um ambiente que idolatra inovação, velocidade e juventude. Mas, aos poucos, ele revela o poder silencioso da experiência: sabedoria emocional, empatia, coerência e visão de longo prazo.
O que parecia ficção se transformou em retrato do presente. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o etarismo é hoje o terceiro maior preconceito do mundo, atrás apenas do racismo e do sexismo. No Brasil, 7 em cada 10 profissionais acima dos 50 anos afirmam ter sofrido discriminação por idade em processos seletivos (InfoJobs, 2023). Paradoxalmente, estudos da Deloitte e da Harvard Business Review comprovam que equipes com diversidade etária são até 19% mais produtivas e têm 21% mais capacidade de inovação.
Em tempos de transformação digital, o mercado insiste em confundir juventude com competência, esquecendo que consistência, previsibilidade e legado de conhecimento são pilares da sustentabilidade organizacional. O filme de Meyers ilustra isso com delicadeza: Ben não compete com os jovens, ele os completa. Ele mostra que a experiência não é uma âncora do passado, mas uma bússola para o futuro.
Se fosse lançado hoje, “Um Senhor Estagiário” seria um manifesto pela reinvenção geracional. Com a longevidade em alta e a expectativa de vida acima dos 76 anos, a presença ativa dos profissionais maduros não é uma gentileza social, é uma necessidade estratégica. Em um mundo repleto de dados, mas carente de sabedoria, o talento 50+ é o elo que conecta a técnica à maturidade emocional.
A verdadeira inovação nasce quando gerações coexistem.
Quando a energia do novo encontra a sabedoria do vivido.
Quando empresas entendem que o futuro não se constrói apenas com velocidade, mas com consistência e propósito.
“Um Senhor Estagiário” continua sendo uma metáfora poderosa: a experiência não é o passado do mercado, é o diferencial que o torna sustentável.
Ative para ver a imagem maior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário