SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

 A degeneração macular relacionada à idade afeta mais de 5 milhões de pessoas globalmente, apagando gradualmente a visão central — aquela que usamos para ler, reconhecer rostos e viver com autonomia. Até recentemente, não havia tratamento para reverter esse processo.




O sistema PRIMA revoluciona esse cenário. Um microchip fotovoltaico de apenas 2mm² é implantado cirurgicamente sob a retina em um procedimento de 80 minutos. 
Funcionando como um minúsculo painel solar, o chip converte padrões de luz infravermelha (emitidos por óculos com câmera integrada) em impulsos elétricos que o cérebro interpreta como imagens. É uma prótese neural que substitui os fotorreceptores destruídos pela doença.
Os resultados do ensaio clínico europeu em 17 hospitais impressionam: mais de 80% dos 32 participantes recuperaram visão funcional após 12 meses, conseguindo ler palavras, fazer palavras cruzadas e melhorar a acuidade visual em até 5 linhas na tabela oftalmológica padrão. Pacientes registrados como cegos voltaram a ter autonomia visual.

O que me fascina nessa tecnologia não é apenas a engenharia — é o que ela representa sobre nosso momento histórico. Estamos vivendo a convergência entre neurociência, fotônica e computação em dispositivos do tamanho de um grão de arroz. A interface cérebro-máquina deixou de ser exclusividade de laboratórios como a Neuralink para se tornar realidade clínica acessível.
Mais importante: enquanto discutimos IA generativa e metaversos, há empresas usando semicondutores para devolver dignidade e independência a milhões de pessoas. É um lembrete de que o verdadeiro impacto da tecnologia se mede não pelo “hype”, mas pela capacidade de transformar vidas reais.
A oftalmologia está redesenhando seus próprios limites. E isso é apenas o começo.

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