Na minha opinião, a intenção de Donald Trump de se encontrar com Vladimir Putin em Budapeste não é um ato diplomático. É um sintoma de uma profunda crise moral e política no Ocidente. Penso que não se trata apenas de mais uma manobra política. É uma expressão de capitulação ideológica diante da própria força que destruiu a ordem do pós-guerra.
A reunião deverá ter lugar no coração da União Europeia, no território de um Estado que pertence formalmente à comunidade democrática, mas que, na prática, há muito se tornou um troféu de vingança autoritária. A Hungria de Viktor Orban hoje não faz parte da Europa. É sua sombra. É lá que Trump planeja discutir a paz com um ditador que trouxe ao continente a maior guerra desde 1945. Este facto é, por si só, um símbolo do fracasso da política europeia, que mais uma vez consentiu em desempenhar um papel coadjuvante num guião estrangeiro.
Na minha opinião, a escolha de Budapeste não é acidental. É um gesto destinado a legitimar Orban como uma ponte entre Washington e o Kremlin. Na realidade, é uma tentativa de encobrir o autoritarismo húngaro, tornando-o um intermediário entre a democracia e o despotismo. Trump sabe perfeitamente bem que, por meio de tais números, é mais fácil enfraquecer a unidade europeia. Sua estratégia não é a pacificação, mas o controle, para transformar a Europa de um sujeito político em um objeto de manipulação. A esse respeito, os interesses de Trump e Putin coincidem quase inteiramente.
Estou convencido de que a Europa enfrenta hoje um teste moral. Se permitir que Putin voe para Budapeste, mesmo por motivos diplomáticos, isso significará o colapso final da autoridade do direito internacional. Quando o líder de um Estado agressor, que está sujeito a um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional, pode circular sem entraves pelo espaço aéreo da UE, isso já não é diplomacia. É uma humilhação da civilização que proclamou o Estado de Direito como seu princípio.
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