DESPERTAR DA SALA DE AULA
Sinceramente?
Quem, em sã consciência, consegue se concentrar por quatro horas seguidas ouvindo alguém falar?
Ainda mais hoje, quando o mundo cabe na palma da nossa mão, vibrando em telas com a promessa de informação instantânea e infinita.
É por isso que a fala de uma das candidatas à reitoria da USP acerta em cheio: “É cruel deixar aluno 4 horas em aula expositiva no mundo de hoje.”
Pode parecer uma crítica simples, mas ela revela uma fratura profunda no coração da academia, especialmente nas grandes universidades.
O modelo que herdamos, o do professor no palco, o aluno passivo na plateia, é um luxo que simplesmente não podemos mais nos dar.
Ele é um fardo, não uma forma de educar.
Não estamos falando de desvalorizar o conteúdo, nem o mestre.
A questão é a experiência.
Quando o formato engessa, ele sufoca a curiosidade.
Ele transforma o aprendizado em um exercício de resistência, não de descoberta.
Nossos alunos, que em minutos conseguem pesquisar, debater e se conectar com especialistas do mundo todo, são forçados a uma imobilidade que beira o castigo.
Precisamos virar a chave.
A universidade precisa ser o laboratório da vida, um espaço de colisão de ideias, onde o aluno é o protagonista que testa, erra e constrói o conhecimento.
O papel do professor evoluiu: não somos mais guardiões da informação, mas sim curadores e provocadores de debates que importam de verdade.
A mudança não é apenas pedagógica, é humana.
É sobre reconhecer que a atenção é um recurso finito e valioso.
É sobre entender que o ensino superior deve preparar mentes críticas e adaptáveis, não apenas armazenadores de dados.
Se queremos formar a próxima geração de líderes e inovadores, temos que ter a coragem de quebrar as paredes da sala de aula expositiva.
A rigidez é inimiga da relevância.
E a hora de humanizar a academia, tornando-a viva e pulsante, é agora.
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