No alvorecer de cada dia, em salas de aula muitas vezes desprovidas de recursos, mas nunca de sonhos, ergue-se uma figura fundamental: a professora, o professor. Hoje, celebramos não apenas uma profissão, mas uma missão consagrada à mais nobre das tarefas humanas: a transformação. Educar, como nos ensinou o grande Paulo Freire, não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. É um ato de amor e coragem, um diálogo constante em que educador e educando se reinventam.
Esta missão de formar cidadãos críticos e conscientes nunca se restringiu aos muros da escola. Ela ecoa e se alimenta dos gritos de justiça que ressoam nas praças e avenidas do mundo. A luta é uma extensão da aula. Foi nas ruas do Chile, com os estudantes secundaristas à frente em 2011, que um movimento nasceu, pavimentando o caminho para a presidência de Gabriel Boric, mostrando o poder da juventude educada e mobilizada. Em 1968, em Paris, Praga e no mundo, estudantes e trabalhadores clamavam por liberdade e por uma nova sociedade, tendo a educação como bandeira.
A luta continua hoje, de forma incansável, para que os ricos paguem impostos justos e que essa verba se reverta em um orçamento digno para a educação. Continua contra a escala 6x1 desumana que esgota nossos mestres. Continua sem anuência para a retirada de direitos. A sala de aula é o primeiro território de resistência, mas a batalha é travada também no orçamento federal, nos plenários das câmaras e nas manifestações populares.
O cinema e a literatura eternizaram a beleza e os desafios desta missão. Em "Sociedade dos Poetas Mortos", o professor John Keating (Robin Williams) inspira seus alunos a "aproveitarem o dia" (carpe diem), despertando neles o pensamento livre. Em "Escritores da Liberdade", a professora Erin Gruwell (Hilary Swank) transforma a realidade de jovens marginalizados através da escrita e do reconhecimento de suas histórias. E em "Ao Mestre, com Carinho", Mark Thackeray (Sidney Poitier) conquista uma turma rebelde com respeito e dignidade, mostrando que a educação vai muito além do currículo.
Ser educador é, portanto, um ato político e poético. É acreditar, contra todas as evidências, no potencial de cada criança, de cada jovem. É ser artesão da curiosidade, arquiteto da esperança e soldado da paz. É ensinar a ler o mundo nas letras de um livro, na equação de um quadro, mas também na realidade crua das ruas e na história de luta dos povos.
Neste Dia dos Professores, nosso reconhecimento deve vir acompanhado de ação e apoio. Que a sociedade entenda que investir na educação e valorizar seus mestres não é uma despesa, mas o único investimento capaz de erguer
uma nação verdadeiramente justa, soberana e feliz.
Aos professores e professoras, nosso eterno obrigado. Que continuemos, juntos, a transformar vidas – na escola, nas ruas e no mundo. Porque, como bem disse Freire, "a educação não muda o mundo, a educação muda as pessoas. As pessoas mudam o mundo".
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