POR QUE NINGUÉM QUER DAR AULA?
A questão é: o que fizemos para que ser professor se tornasse uma jornada tão desgastante?
Se a gente for sincero, a resposta é quase óbvia.
Não é que faltam pessoas, mas faltam condições e, principalmente, respeito que façam valer a pena ficar.
A receita para esse vazio tem ingredientes amargos que têm a ver com a forma como a sociedade enxerga o educador:
No Brasil, o alarme já toca: a projeção é de 235 mil profissionais a menos até 2040.
Por quê?
Porque o salário do professor, muitas vezes, não honra a responsabilidade da função.
Quando a recompensa não corresponde à importância do trabalho, o desincentivo é imediato.
- Condições de guerra:
Infraestrutura caindo aos pedaços, falta de material básico, burocracia sem fim...
Tudo isso gera uma sobrecarga que destrói a saúde física e mental.
Não à toa, a taxa global de abandono da profissão no ensino fundamental dobrou em apenas sete anos (2015-2022).
O educador está esgotado.
- O voto de não-confiança da juventude:
Os jovens viram as costas para as licenciaturas.
A carreira perdeu o apelo, e o resultado é o envelhecimento dos professores.
E se a gente não tiver quem queira pegar o giz, ou melhor, o tablet, o futuro da sala de aula é só um borrão.
Quando uma criança ou um adolescente fica sem professor, o prejuízo vai muito além de uma matéria não ensinada.
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 (ODS 4), aquele que promete educação de qualidade para todos, vira uma meta inalcançável.
A escassez de docentes é o motor da desigualdade.
É o aluno mais vulnerável, na escola mais precária, quem sente primeiro o peso dessa falta, limitando de vez suas oportunidades.
Para sair desse buraco, não podemos apenas tapar o sol com a peneira.
A Unesco calcula que precisaremos de US$ 120 bilhões anuais em salários até 2030 para suprir a demanda global.
Mas o resgate é muito mais do que dinheiro, é sobre dignidade
Aumentar a remuneração para que a profissão não seja vista como um "bico" ou a última opção, mas como uma carreira de alto impacto.
Investir na escola de verdade.
Dar suporte à saúde mental e garantir que o professor tenha as ferramentas, a autonomia e, acima de tudo, o respeito para fazer o seu melhor.
O professor precisa de apoio constante para se desenvolver e para aprender a usar tecnologias, como a Inteligência Artificial, de forma que ela seja uma aliada, não uma ameaça.
O futuro não se constrói sem quem ensina.
É hora de parar de tratar a educação como custo e começar a enxergá-la como o investimento principal que ela realmente é.
O que nos fará agir: o medo de um futuro sem professores ou a vontade de ver a educação, finalmente, valorizada?
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