EDUCAÇÃO SOB ATAQUE
O que faz um professor ter que gastar o equivalente a uma hora a cada cinco de aula para conseguir silêncio e atenção?
Os dados da OCDE são um espelho cruel: 21% do tempo de ensino perdido com indisciplina.
Isso não é apenas um número, é um atestado de que a educação brasileira está em crise, onde o ato de ensinar virou uma batalha constante pela ordem.
Eu não posso deixar de ver nisso o sintoma de algo muito mais profundo.
Quando um professor precisa interromper a aula quase duas vezes mais que a média internacional (44% no Brasil contra 18% na OCDE), a gente percebe que o problema não está só no aluno "bagunceiro".
Está na forma como a sociedade e a escola encaram o papel do educador.
A falta de tempo dedicado ao aprendizado, que é o cerne da questão, tem um custo humano gigantesco.
Sabe qual é a ironia?
Pedimos excelência, mas exaurimos quem deveria entregá-la.
Você já parou para pensar no que essa luta diária faz com o professor?
A pesquisa aponta que 16% dos docentes sentem o impacto negativo na saúde mental, um índice muito superior à média de 10% da OCDE.
É o estresse de uma profissão que exige o máximo, mas oferece suporte mínimo.
- Desvalorização Crônica: se a sociedade não valoriza, como podemos esperar que os estudantes o façam?
Apenas 14% dos professores brasileiros se sentem valorizados, o que coloca o país bem abaixo da média internacional.
Quando a profissão perde prestígio, o poder da autoridade em sala de aula se esvai junto.
Essa perda de 21% do tempo de aula com a disciplina não é só tempo de conteúdo jogado fora.
É a energia que poderia ser usada para inspirar, para aprofundar um tema, para criar aquela conexão emocional que realmente transforma o aprendizado.
Em vez de focar na didática, o professor precisa se tornar um fiscal do silêncio.
Onde está a solução?
Não está em punir, mas em construir pontes.
A indisciplina, muitas vezes, é a manifestação de um desinteresse profundo ou de problemas que vêm de fora dos muros da escola.
O professor precisa de apoio multidisciplinar, de equipes que ajudem a gerir o comportamento e de um ambiente que valorize o ensino como a prioridade máxima.
O mais triste de tudo é pensar em quanto talento e conhecimento estão sendo desperdiçados.
Os alunos perdem, os professores se esgotam, e o futuro do país fica comprometido.
Será que não é hora de tirarmos o fardo da disciplina de forma integral dos ombros do professor e encará-lo como um desafio de toda a comunidade escolar?
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