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terça-feira, 7 de outubro de 2025

Queremos ver muitos estudantes com deficiência nas escolas e no ensino superior, como o Gabriel, o Thúlio, a Evani, o Igor... todos incluídos, protagonistas



 Meu filho está no 1% de pessoas com deficiência matriculadas no ensino superior no Brasil. Isso é privilégio enorme que, se traz alívio pessoal, deixa sabor amargo de inconformismo pela falta de acesso da maioria.


A pesquisadora Sueli Yngaunis, especialista em inclusão, compartilhou dados do Censo realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep, mostrando que em 2024 havia 95.572 matrículas de pessoas com deficiência entre um total de 10.227.266 estudantes, o que representa 0,93% do universo (quase 1%).

Para mim, é tremendo choque! Claro, já esperaria algo parecido. Nos torneios universitários de bocha paralímpica dos quais participamos (vencemos ano passado a etapa nacional e por hora, conquistamos a fase estadual de 2025), há pouquíssimos atletas inscritos. Mas menos de 1%?

O lado cheio do copo é que o número de universitários com deficiência dobrou na última década. Em 2014, eram apenas 33.377 matrículas entre 7.828.013 no total, representando menos de 0,5%. Dobrar a meta? Que tal quintuplicar?

Nos meus tempos universitários, no início dos anos 1990, nas duas faculdades que cursei, uma pública e outra particular, nunca vi alguém com deficiência. Hoje, ao levar meu guri para a Universidade de São Paulo, vejo pelo menos outros 2 cadeirantes no mesmo prédio e sempre observo o serviço gratuito da cidade de São Paulo Atende+ transportando os alunos. É um começo para alcançarmos uma representatividade proporcional, diante do universo de 14,4 milhões de pessoas com deficiência, segundo Censo de 2022.

Sabemos que há muito que fazer. Como diz a pesquisadora, o problema tem inúmeras variáveis que requerem trabalho consistente e persistente, envolvendo políticas públicas, atuação das instituições de ensino, questões de acessibilidade, entre tantas.

Queremos ver muitos estudantes com deficiência nas escolas e no ensino superior, como o Gabriel, o Thúlio, a Evani, o Igor... todos incluídos, protagonistas, construindo suas vidas com dignidade e cultivando seus sonhos.

Filho, feliz que seja um desses poucos privilegiados por seu esforço e batalha diária, mas a meta dessa luta é para você ter muitos outros colegas ao seu lado, sem ser o único cadeirante da turma.
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