
A brasileira Bruna Caroline Ferreira foi detida pelo serviço imigratório americano (ICE, na sigla em inglês) no início deste mês, em Revere, Massachusetts, e está sob custódia em uma instalação do ICE na Louisiana, de acordo com a estação de rádio WBUR, primeiro veículo de imprensa a noticiar o caso na terça-feira (25/11).
Esta seria apenas uma entre milhares de prisões de brasileiros, em meio ao endurecimento da política de imigração nos Estados Unidos que tem marcado o segundo mandato do republicano Donald Trump.
Mas o caso ganhou notoriedade porque Bruna tem uma ligação familiar com a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
Ela é mãe do sobrinho de 11 anos da secretária de imprensa de Trump e teve um relacionamento amoroso com Michael Leavitt, irmão da porta-voz americana.
A porta-voz do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Tricia McLaughlin, afirmou em comunicado que Ferreira teria um "antecedente de prisão por agressão", e que a brasileira entrou nos EUA com um visto de turista que a obrigava a deixar o país em 1999.
"Sob o governo do presidente Trump e da secretária [Kristi] Noem, todos os indivíduos em situação irregular nos Estados Unidos estão sujeitos à deportação", declarou McLaughlin, segundo a WBUR.
O advogado da brasileira, Todd Pomerleau, disse desconhecer quaisquer acusações contra sua cliente e classificou a prisão como "ilegal".
"Pelo que sei, ela nunca recebeu nenhum mandado de prisão. Nem sei se eles sabiam quem ela era. Vamos descobrir a verdade."
Pomerleau afirmou ainda que Ferreira não conseguiu legalizar seu status migratório e está atualmente em processo de solicitação de residência permanente nos EUA.
Karoline Leavitt se recusou a comentar a prisão. Um representante do governo Trump confirmou a ligação entre Ferreira, Michael Leavitt e a porta-voz da Casa Branca. Mas disse que "Karoline não teve qualquer envolvimento neste assunto."

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A irmã de Ferreira, Graziela Dos Santos Rodrigues, criou uma campanha de arrecadação no site GoFundMe para ajudar a cobrir as despesas legais relacionadas à prisão da brasileira.
"Bruna chegou aos Estados Unidos com nossos pais em dezembro de 1998, ainda criança, entrando com visto", escreveu Rodrigues, no site.
"Desde então, sempre fez tudo ao seu alcance para construir uma vida honesta, estável e correta. Ela sempre manteve seu status legal por meio do DACA, cumpriu todas as exigências e nunca deixou de fazer o que é certo."
A Ação Diferida para Chegadas na Infância (DACA, na sigla em inglês) é um programa criado em 2012, durante o governo de Barack Obama, para conceder permissão temporária de moradia e trabalho – incluindo um número de seguro social (documento equivalente ao CPF no Brasil) – a imigrantes que entraram nos EUA de maneira ilegal quando crianças.
Apesar dessa proteção legal, milhares de beneficiários do Daca têm sido detidos em operações de imigração sob o governo Trump
A Secretária Adjunta de Segurança Interna, Tricia McLaughlin, declarou à agência de notícias Associated Press que pessoas "que alegam ser beneficiárias do programa Ação Diferida para Chegadas na Infância (DACA) não estão automaticamente protegidas contra deportações. O DACA não confere qualquer tipo de status legal neste país."
O ICE informa ter detido mais de 65 mil imigrantes até 15 de novembro, um aumento em relação ao período anterior à paralisação do governo americano, quando menos de 60 mil pessoas estavam sob custódia, segundo informações da CBS, parceira da BBC nos EUA.

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