Poucas vezes nos perguntamos: por que tudo que vem, principalmente, do Norte, Nordeste é tido como regional enquanto o que é produzido no Sudeste é cultura brasileira?

 

O sudeste aceitou João Gomes.

Quando João lotava shows cantando piseiro e valorizando a vaquejada ele era um artista local, mas algo mudou. Há menos de 6 meses nos presenteou com “Dominguinho”, depois lançou “Pé de Serrita” e ontem estrelou o primeiro vídeo do Tony Desk no Brasil e, de repente, parece que o piseiro e a vaquejada ganharam visto permanente na república da MPB.

O que mudou foi a roupagem e o contexto. O artista passou a comunicar melhor o que o sudeste valoriza como arte.

João Gomes não é um fenômeno novo. Ele é o Brasil que sempre existiu mas que agora tropeçamos como quem se depara com uma preciosidade escondida.

Talvez o encanto com João Gomes diga menos sobre ele e mais sobre nós:
sobre o quanto demoramos pra perceber que música popular brasileira é isso mesmo: popular. Feita a partir da observação do povo e para gerar identificação com o povo.

E se você acha que música de verdade se restringe a ouvir Villa-Lobos na Sala São Paulo, eu sinto muito por ti.

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