PAULO FREIRE
Uma das histórias mais potentes e inspiradoras da educação brasileira: a experiência de Paulo Freire em Angicos, no Rio Grande do Norte, em 1963.
E o jornalista André Gravatá mergulha justamente nesse marco, que provou que a mudança profunda pode ser mais rápida e humana do que se imagina.
A essência daquele projeto não estava só em ensinar a ler, mas em acender uma nova consciência no coração do Nordeste.
Foi um divisor de águas que, em apenas 40 horas, abriu as portas de um "mundo novo" para centenas de pessoas.
Em 1963, na pequena cidade de Angicos, 300 homens e mulheres que nunca tinham ido à escola foram alfabetizados em um tempo recorde.
Esse feito extraordinário não era apenas sobre o número de pessoas, mas sobre a metodologia e o impacto político por trás dele:
- Alfabetização e conscientização: o método de Paulo Freire ia muito além do b-a-bá.
Ele usava as "palavras geradoras", termos do cotidiano dos alunos, como "tijolo", "roçado" ou "voto".
Ao aprender a escrever essas palavras, os alunos eram estimulados a refletir e a debater sobre sua realidade, sua condição e seus direitos.
Era um despertar para a cidadania crítica.
- O "ser mais": Freire acreditava que, ao ter clareza para ler o mundo, as pessoas abriam portas para a intervenção política e social.
O objetivo fundamental era "alfabetizar e politizar", transformando a "consciência ingênua" e fatalista em uma "consciência crítica" capaz de lutar por uma vida melhor.
- Apoio institucional e reconhecimento: a experiência ganhou notoriedade mundial e foi um projeto-piloto para o Programa Nacional de Alfabetização (PNA), do governo de João Goulart.
A formatura da primeira turma foi um evento de grande prestígio, inclusive com a presença do então presidente da República, Jango.
Imagine a força de um método que, em poucas semanas, tirou 300 pessoas do silêncio do analfabetismo.
Isso não agradou a todos.
O projeto de alfabetização em larga escala, que visava se expandir por todo o país, foi brutalmente sufocado pelo Golpe Militar de 1964.
Paulo Freire foi preso e exilado, e as iniciativas de educação popular foram extintas.
O medo da emancipação e da mobilização social foi maior para a ditadura do que o desejo de acabar com o analfabetismo.
Apesar da interrupção, o legado de Angicos é imortal.
A semente foi plantada, mostrando ao Brasil e ao mundo que a educação pode, sim, ser um ato de liberdade e de transformação social profunda.
É essa força, essa utopia de um "mundo novo em 40 horas", que André Gravatá revisita ao conversar com os ex-alunos, mantendo viva a memória de um mestre que nos ensinou a "ler" muito além das letras.
O que mais te instiga sobre essa história?
A rapidez do método, o componente político ou a memória dos ex-alunos?
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