Há décadas, o estado do Ceará é governado por uma oligarquia familiar encarnada pela família Ferreira Gomes e suas alianças. Irmãos como o Coronel Ciro Ferreira e Cid Gomes, entre outros, têm usufruído de um sistema perpetuado à base de cargos, orçamentos públicos, privilégios, indicações e acordos com outras famílias poderosas, como os Benevides, Zezinho, Bismarck, Aguiar e Santana. Essa rede de poder transcende governos, desde Tasso Jereissati, passando por Ciro Gomes, Lúcio Alcântara, Cid Gomes, Camilo Santana, e agora se reinscreve no governo de Elmano de Freitas.
Esse grupo atua de forma coordenada, com uma série de escândalos de corrupção que permanecem impunes, como os casos dos Aquários, Tatuzões e dos Consignados, que, somados, desviam bilhões de reais dos cofres públicos. Todas essas denúncias, vocalizadas pelo Deputado Heitor Ferrer, são abafadas pelo silêncio cúmplice da Assembleia Legislativa, comandada por figuras como Roberto Cláudio. Este modus operandi assemelha-se perigosamente ao pacto de impunidade que vigorou na Assembleia do Rio de Janeiro durante o governo de Sérgio Cabral.
A impunidade não é um fenômeno do passado. Ela se renova no presente, como evidenciado pelo caso das emendas parlamentares e compra de votos envolvendo o Deputado Junior Mano, supostamente sob a proteção de Cid Ferreira Gomes. O Coronel Ciro Gomes, por sua vez, beneficiou-se de todos esses governos e mantém sua influência no atual governo Elmano, com o filho de sua secretária, Danilo Serpa, ocupando a presidência da ADECE. A gestão do governador Elmano de Freitas aparece, assim, amplamente
dominada pelos quadros dessa mesma oligarquia.
Esse grupo não tem lealdade partidária, tendo transitado e, segundo os fatos descritos, traindo figuras como Lula, Eduardo Campos e Roberto Freire. Seu partido real não tem sigla: é o partido da Oligarquia, da corrupção e da compra de votos. As consequências para o povo cearense são devastadoras: um rastro de 128 mil mortos em meio a desgovernos que precarizaram a saúde, a exclusão de 60% da população de políticas públicas de educação e outras áreas essenciais, e a mentira sistêmica ao Brasil.
Este modelo de governo opera uma dupla violência: enquanto desvia bilhões via corrupção, direciona outros bilhões para bilionários através de incentivos fiscais generosos, consolidando uma concentração de renda assassina. O resultado é um genocídio silencioso do povo cearense, condenado à pobreza sem possibilidade de ascensão social.
A pergunta que se impõe é: o problema se resume a uma briga entre os irmãos Ciro e Cid Gomes? O Brasil e o Ceará não são ingênuos para se contentar com a política provinciana a que essas oligarquias estão acostumadas, marcada por falsas intrigas, mentiras e práticas ditatoriais, como fizeram ao invadir e cooptar partidos como o PT, entre outros. Ciro, Cid e Camilo Santana usufruíram do mesmo sistema de governos, corrupção e impunidade, mantendo suas famílias no poder pela força, sem democracia real.
Enquanto outras dinastias nordestinas, como ACM (BA), Sarney (MA) e Mão Santa (PI), viram seu poder se esfacelar, a oligarquia cearense se mantém inabalável. Sua permanência é sustentada por uma verdadeira Ditadura da Corrupção, um poder que há 40 anos implanta no Ceará um projeto neoliberal que serve a uns poucos, uma versão moderna do espírito da Casa Grande, onde uns mandam e a maioria obedece. As ex-esposa de Ciro Gomes, Patricia Saboya, indicada no Governo do irmão Cid Gomes, ocupa o TCE junto com a esposa de Camilo Santana, Onélia Santana.
Esse cenário é a materialização do "privado" descrito por Raymundo Faoro em "Os Donos do Poder": o estado é tratado como propriedade de um grupo, que usa instituições públicas – do TCE à Assembleia Legislativa, do Executivo, Midia e outros – para benefício próprio, torcendo e retorcendo as moedas do poder entre si.
Enquanto isso, a luta das esquerdas de fato mostra-se vitoriosa em outras partes do globo, com a eleição de prefeitos em Nova York, governos na Irlanda, México e Colômbia, que representam um verdadeiro combate a políticos corruptos e palhaços que trocam de partido, mas mantêm as práticas de poder oligárquico.
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