SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

domingo, 28 de junho de 2020

BANCO AS CUSTAS DAS VIDAS NORDESTINAS !




O nome do Banco podia ser Banco dos políticos nordestinos ou dos burocratas que usam o dinheiro público para gerar lucro as custas das vidas dos nordestinos há décadas. A missão do Banco do Nordeste não é financiar ricos ou empresários políticos e sim reduzir a pobreza com desenvolvimento na região. Nordestinos que por falta de oportunidades migram e geram periferias nas cidades para não morrer de fome, seca, miséria e agora violência; ficam reféns do tráfico, pressionados pela polícia e a pobreza em muitas capitais e regiões brasileiras.



A injeção de recursos do Banco Central assim como dos impostos como o FNE não consegue ter impacto significativo na redução da pobreza, geração de mercado, e cidadania como outros Países, Estados e regiões brasileiras conseguiram. Reféns de políticos na indicação da Diretoria, serviu durante anos para enricar empresas de políticos empresários e amigos do poder, em vários governos como na gestão Byron Queiroz, assim como privilégios, corrupção do PT, e interesses políticos atendidos com micro crédito, ao custo absurdo de um contrato sem licitação de 669 milhões para uma organização privada de funcionários do próprio Banco do Nordeste .  

 



As novas tecnologias e a digitalização da sociedade pegaram o Banco de calças curtas apesar de ter funcionários públicos pagos com dinheiro público e seus respectivos Mestrados e Doutorados que deveriam restituir ao Nordeste melhorias na gestão, produtos e melhor atendimento dos clientes do Banco com respectivo desenvolvimento da região Nordeste. 



O mercado endeusado e desregulado assim como um Estado que controla, dirige a economia e vigia os indivíduos não são as soluções para o Nordeste Brasileiro. O consumo de bugigangas ou bolsa família não mudaram o destino do Nordeste e sim cidadãos ativos assumindo o controle de suas vidas com educação, acesso a crédito e oportunidades.



Exportamos inteligência e força de trabalho enquanto financiamos empresas de políticos há décadas com baixa produtividade ou empresas de outros países, em várias setores de nossa economia temos baixa concorrência e vários editais de financiamento privilegiam os grandes em detrimentos dos pequenos.  A manutenção da pobreza em várias cidades fortalece as oligarquias e os currais eleitorais de esquerda e direita inviabilizando a Democracia no Nordeste .



A terceirização de varias áreas do Banco incluindo a gestão de alguns fundos por outras empresas assim como a inoperância de áreas do Banco que deveriam estar propondo politicas econômicas e sociais para o desenvolvimento nordestino é algo peculiar dessa organização que se organiza em interesses e feudos sem cumprir sua missão. O Banco do Nordeste pode ter um enorme potencial se seus funcionários forem liberados das amarras de uma gestão sem visão e propósitos que tenha impacto real nas vidas dos nordestinos. Assim como deve estimular outros Economistas de outros Estados e Países a dialogar sobre sua estratégia recebendo críticas e criando idéias para superar nossos desafios históricos mas prefere olhar para o umbigo ? Porque ?   

 


A falta de avaliação de impacto de vários programas por instituições renomadas assim como a falta de transparência, diferente do que tem feito o BNDES, sobre os grandes tomadores de empréstimos do Banco é surreal. Desculpe não encontrei termo melhor porque o que o Banco gasta com mídia seria mais eficaz divulgar essas informações ou não ? O Banco é público ou já foi privatizado por burocratas e grupos de poder ?  Assim como os carros pipas, o FNE vive de gastar dinheiro há décadas em projetos e estratégias que comparados a outras regiões os resultados
são ridículos. Porem todo ano esta lá o Banco com pires na mão por mais FNE para cumprir sua missão quando a maioria dos recursos não chegam nem impactam a maioria do povo nordestino há décadas. 30 
bilhões uma única vez foi o investimento  para gerar a Economia de Israel!



Nenhuma região no mundo cresceu sem o jovem trabalhar mas esse não é um problema para o Banco do Nordeste. Fala em inovação, constrói prédios como HUB, faz eventos, mas quantos negócios financia de inovação social ? quantas startups ?  Enquanto isso o desemprego, subemprego, marginalização e criminalidade avança entre os jovens nordestinos. 



A exclusão do mundo do trabalho significa a impossibilidade de construir um projeto de vida e ausência de qualquer horizonte. Uma plutocracia financeira comanda o Banco como se fosse propriedade privada, diferente da Caixa Econômica Federal que presta enormes serviços sociais a sociedade brasileira como estamos vendo na pandemia ou na habitação. O Banco confunde o tamanho de sua rede de agências, funcionários, contrato de 669 milhões e outros com a falta de impacto a menor custo e juros comparados com programas de micro crédito espalhados pelo mundo, incluindo a África e Ásia com soluções digitais que conseguem em escala fazer diferença na Economia e desenvolver a região ou cidades onde atuam como o Grameen Bank e outros. O Ponto de todo debate é ter lucro cumprindo a missão. Hoje no cassino do mercado financeiro é fácil ter lucro com produtos tóxicos as custas de vidas e da própria economia com a financerização globalizada. Diante do cassino financeiro um Banco de Desenvolvimento mantido com recursos públicos depende de sua missão para justificar sua existência.  



Necessitamos reformar nossa infra estrutura, combater a seca com novas tecnologias, apoiar novos modelos de agricultura incluindo estratégias  de comercialização, investir em saúde e Educação para chegar as comunidades mais pobres com modelos de negócios como clinicas populares, pre vestibulares, idiomas, acesso a cultura, habitações e outros negócios que podem ser empreendidos por jovens destas cidades beneficiando também a população.  Sim precisamos investir nas comunidades mais pobres como fizeram os EUA, Europa, Asia e China para gerar trabalho e mercado consumidor. Sim o Nordeste tem o potencial de ser um tigre brasileiro. 



A destruição do tecido econômico e social é resultado da tragédia nordestina que enrica poucos pelo Estado, concentrando renda, poder, mídia e outros em poucas mãos para trocar moedas com outros poderes e render o Governo Federal com votos no Congresso Brasileiro para perpetuar as eternas casas grandes e seus senhores as custas da vidas e miséria do povo nordestino.


sábado, 27 de junho de 2020

Como o amor de um preso pela matemática levou a avanços na teoria dos números. Marta Cerruti The Conversation*

Como o amor de um preso pela matemática levou a avanços na teoria dos números

Marta Cerruti

The Conversation*



Há vários exemplos na História de descobertas matemáticas feitas dentro do sistema carcerário. Talvez o mais famoso seja o do matemático francês André Weil, que traçou importantes conexões entre a geometria algébrica e a teoria dos números enquanto cumpria pena em uma prisão militar em Ruen, na França, durante a Segunda Guerra.


Em sua autobiografia, ele afirma que o isolamento da prisão permitiu que ele tivesse uma clareza maior das ideias. O americano Christopher Havens - que segue pelo mesmo caminho - concorda.


Em 2011, ele foi condenado a 25 anos de prisão por homicídio. Descobriu seu amor pela matemática - e sua aptidão - alguns meses após o início do cumprimento da pena, quando estava em uma solitária.


Havens começou a estudar sozinho e, diante da dificuldade de solucionar alguns problemas, resolveu escrever a uma revista de matemática para pedir ajuda. Uma dessas correspondências acabou chegando nas mãos dos meus pais, ambos matemáticos.


Encaminhada em janeiro de 2013 inicialmente a um amigo meu, Matthew Cargo, que na época era editor da editora Mathematical Sciences Publishers, ela dizia o seguinte:


Primeira carta enviada por Havens, que cumpre pena em Washington


"A quem possa interessar:

Estou interessado em receber mais informações sobre a assinatura dos Anais da Matemática para meu uso pessoal. Neste momento, cumpro pena de 25 anos de prisão no sistema prisional do Estado de Washington e decidi usar esse tempo para me tornar uma pessoa melhor.

Como os números se tornaram uma paixão para mim, estou estudando cálculo e teoria dos números. Poderiam, por favor, me enviar o que tiverem de informação sobre o periódico de matemática? Christopher Havens,

P.S.: Sou autodidata, e com frequência fico empacado em certos problemas. Sabem se há alguém com quem poderia me corresponder, dado que eu pagaria pelas postagens?

Aqui não há professores que possam me ajudar e às vezes gasto centenas de dólares em livros que podem ou não ter as respostas que procuro.

Obrigada."

Foi Cargo que colocou Havens em contato com meus pais.

Em carta, Havens afirmou sua recém-descoberta paixão pelos números


Um período produtivo


No início, meu pai, que foi professor da Universidade de Turim, na Itália, e pesquisador da teoria dos números, aceitou ajudá-lo apenas porque pedimos.

Ele achava que Havens seria uma dessas pessoas que de repente se entusiasmavam com os números e acabavam desenvolvendo teorias cheia de falhas. Para tentar provar isso, enviou-lhe um problema e pediu que ele resolvesse.

Meu pai recebeu como resposta, pelo correio, uma folha de 120 centímetros que continha um fórmula longa e complexa.

Colocou-a no computador e, para sua surpresa, descobriu que os resultados estavam todos corretos.

Na sequência, meu pai convidou Havens a se unir a ele na tentativa de resolver um problema de frações contínuas. Descobertas por Euclides em 300 a.C., as frações contínuas permitem expressar todos os números através de sequências de números inteiros.


Teoria dos números tem muitas aplicações práticas, como atividade financeira e comunicações militares


Por exemplo: o número pi é a relação entre o valor da circunferência de um círculo e seu diâmetro - 3,14159… A sequência de números depois da vírgula é infinita e totalmente caótica. Expressa como uma fração contínua, entretanto, ela se converte em algo mais simples e "agradável".

As frações contínuas exemplificam a pujança da teoria dos números, campo ao qual também pertencem parte das contribuições de Weil e que tem permitido avanços na área de criptologia, que é vital para o funcionamento dos bancos, do mercado financeiro e das comunicações militares.

As contribuições de Havens acabaram sendo publicadas em janeiro deste ano na revista Research in Number Theory. Seu trabalho, que teve lugar de destaque na publicação, demonstrou pela primeira vez a existência de uma série de regularidades na aproximação de uma vasta categoria de números.

É uma descoberta que pode abrir novos campos de pesquisa dentro da teoria dos números.

Aliás, encontrar novas formas de escrever números é uma das questões mais relevantes para um pesquisador dessa área - ainda que os resultados não tenham aplicação prática imediata.

Neste momento, por exemplo, há supercomputadores dedicados exclusivamente a processar bilhões de casas decimais do pi.

No caso de Havens, ele usou como ferramentas apenas lápis e papel - e as cartas que enviava para os companheiros de pesquisa do outro lado do oceano, na Itália.

Para Evans, estudar matemática na prisão era uma maneira de reconsiderar sua vida e ter um futuro


As condições na prisão


Como isso foi possível? Nas palavras do próprio Havens:

"Menos de um ano depois de ser preso, meu comportamento acabou me levando à solitária. E foi exatamente ali que vi minha vida mudar, porque me dei conta de que amava a matemática. Passava umas dez horas por dia estudando (…) E então decidi entrar no Programa de Transição Intensiva (ITP, na sigla em inglês)."

"É um programa de um ano que ajuda as pessoas a acertarem as ideias. Foi pensado para efetivamente ajudar o sujeito a abrir sua cabeça. E essa se tornou minha rotina diária: comer, estudar matemática, escovar os dentes, depois tudo de novo. Foi uma época muito importante da minha vida."

Foi depois de completar o ITP que Havens enviou sua solicitação à revista de matemática e que meus pais se tornaram seus tutores. Eles enviavam um monte de livros para os EUA, mas eles acabavam sendo todos retidos pela administração do presídio porque não vinham de uma editora autorizada.

Havens teve então a ideia de propor aos agentes carcerários um projeto para ensinar matemática aos demais detentos, batizado de Matemática na Prisão.


Havens vê matemática como um modo de pagar sua dívida com a sociedade

Em troca, ele conseguiu autorização para manter uma biblioteca e uma pequena sala, onde poderia receber visitas duas vezes por semana. A partir daí, os livros que chegavam no centro de detenção puderam de fato entrar.

Para escrever este texto, tive três conversas por telefone de 20 minutos com Havens (o tempo máximo permitido pelas regras da prisão), durante as quais a palavra educação foi mencionada várias vezes.


"A educação foi um estorvo pra mim. Fui um mau aluno, estava envolvido com drogas, não conseguia me segurar em um emprego e não parava em casa (…) A educação é muito difícil na prisão (…) Por isso estou buscando algo fora. Tento construir pontes e fortalecer minhas relações com gente de fora, porque, para mim, educação é isso."

"As oportunidades que me aparecem são uma experiência e um aprendizado, especialmente porque elas são raras aqui dentro."

Havens também vê na matemática uma forma de pagar sua dívida com a sociedade.

"Posso dizer com certeza que tracei um plano de vida, de longo prazo, para poder pagar uma dívida que na verdade não tem preço. Sei que é um trabalho permanente (…) e que nunca chegará o dia em que poderei quitar essa dívida completamente."

"Mas isso não é algo ruim, é inspirador. Pode soar bobo, mas, no decorrer do cumprimento da minha pena, também me acompanha a alma da minha vítima, e a ela estou dedicando as minhas maiores conquistas."


A vida depois da cadeia


O certo é que, apesar das evidências de que os detentos que estudam em geral têm menor nível de reincidência quando ganham a liberdade, as oportunidades para se ir além do que se aprende na prisão são reduzidas.

E, sem acesso à internet, a maioria dos cursos à distância está fora do alcance dos presos.

Neste momento, Havens está estudando para obter um diploma de bacharel em matemática pela Adams State University, que conta com a modalidade de ensino pelo correio.

Ele quer continuar estudando quando sair, apesar das dificuldades que se impõem devido à sua ficha criminal.

Ele pretende seguir carreira e quer transformar o projeto Matemática na Prisão em uma organização sem fins lucrativos que possa ajudar detentos que tenham aptidão com os números.


*Marta Cerruti é Professora de Engenharia de Materiais na Universidade McGill, em Montreal, no Canadá.

Este artigo foi publicado originalmente em The Conversation. Clique

aqui para ler a versão original


domingo, 21 de junho de 2020

O COLAPSO OU A RENOVAÇÃO DA POLÍTICA E INSTITUIÇÕES BRASILEIRAS! 1177 dias.





As interações socio políticas ou ausência delas entre vários setores ou interesses da sociedade brasileira, organizadas a nível do Governo Federal, Estaduais ou locais ampliam nossa integração socio cultural ou nos leva ao colapso.  Os fluxos de forças econômicas, políticas, jurídicas, midiáticas, religiosas, trabalhadoras, movimentos sociais e outras como o crime organizado e a corrupção podem destruir o tecido social de uma nação .


O Estado e as nações cometem uma boa quantidade de erros e conflitos e obviamente tem consequências para todos, os jogos vorazes do poder. O Brasil por si só é bastante complexo por buscar unir há tempos culturas distintas dos indígenas, portugueses e seus descendentes, afro descendentes e outras culturas imigrantes como judeus, árabes, japoneses, alemães, espanhóis, franceses, ingleses, holandeses, chineses e outros que de diversas formas em diversas regiões brasileiras impactaram nossa história.  Não temos uma cultura que nos unifique e sim somos frutos dessa diversidade cultural, racial, histórica, frutos de diversos povos que compartilham o mesmo território do tamanho de um continente. O importante  frisar nesse sentido é que culturas interagem e mudam!


O Brasil não chegou a maturidade e se expandiu pouco em comparação com outras nações ; a energia de seu povo sempre foi explorada e escravizada, e pode ser usada para o colapso brasileiro. Porém assim como foi declarado o declínio americano e europeu diante do avanço asiático, qual o lugar brasileiro no Século XXI ? Vamos reagir aos desafios tecnológicos, econômicos, ambientais, políticos e outros ou vamos apenas reagir sem liderança ou propósito de nação ?


Temos água e capacidade de produção alimentícia com capacidade de abastecer o mundo, porém continuamos vendendo commodities sem tecnologia, enquanto exportamos nossos cientistas. Na outra ponta vemos todos os dias o crime organizado dominar nossas periferias e cidades urbanas e rurais, enquanto a corrupção brasileira se impõe como sistema de governo e falsa democracia sem garantir politicas públicas de qualidade aos brasileiros. Debilitamos todos os dias nossas capacidades de gerar e distribuir riquezas , nosso espírito criativo, fruto da diversidade, e a respectiva alienação dos intelectuais em relação as massas.


Porém  não são apenas os desafios externos  que nos ameaçam mas principalmente nossos problemas internos, os bárbaros que criamos como oligarquias, gangues partidárias e elites que enricam roubando o Estado e as vítimas da pobreza e das violências. 


Compartilhar valores culturais, crenças sobre a politica e o papel do Estado numa sociedade são os alicerces de uma nação. E nossos líderes políticos e burocratas tem um papel essencial na difusão desses valores e na adaptação flexível há diversas e novas circunstâncias e desafios.


As ligações entre governo, economia e organizações sociais tem que acontecer de forma sistêmica e complexa dentro de uma visão, estratégia e valores compartilhados numa mesma direção e ritmo. Enquanto no colapso, observamos instituições, líderes e burocratas fracassarem em suas missões, dedicando tempo a politicagem , guerras de grupo e corrupção através dos quais usam o Estado para seus interesses em detrimento do Brasileiro mais simples ou de nossas capacidades econômicas, intelectuais, culturais e outras.


Hoje na ausência de líderes e de um projeto de nação que unifique a todos, necessitamos reestruturar nossas instituições sociais e seus elos e leis para que sirvam a nação e não a grupos que vivem de assaltar o Estado. 



Hoje a relação entre o poder central, estaduais e locais está comprometida pelo nível de segregação , violências e desintegração social que produz em nossa sociedade. As autoridades centrais tem que agregar propósito e criar novas possibilidades para as autoridades locais, justificando a existência do Governo Federal; assim como as autoridades locais não podem tornar as autoridades centrais reféns de seus poderes e corrupção, num Brasil aonde a maioria vive do Estado. 


Algumas autoridades no Brasil se consideram mais importantes que a nação e em seus delírios destroem esta nação em nome de suas famílias, gangues partidárias e interesses econômicos. Eles destroem a flexibilidade de nossas instituições para lidar seletivamente com os acasos e pressões. O fracasso numa parte do sistema como poder executivo ou jurídico afeta todas as outras partes e a respectiva quebra da confiança nos poderes locais onde se produz, estuda, cuida da saúde , arrecada impostos e outros tornam-se refém dos delírios de alguns. 


A hierarquia brasileira esta desmoronando como um castelo de cartas de baralho que perderam seus sentidos e missões. Necessitamos produzir novos equilíbrios diante desses desafios internos e externos. As ordens locais de nossa sociedade tem que avançar em seus graus de autonomia e ser respeitadas sem se render a politico A, B ou C. Necessitamos estabelecer sistemas de metas e valores amplos , ampliando nossas capacidades regulamentadoras de criar ordens mais elevadas. 


Porém o tamanho do Brasil e a diversidade de nossa cultura exige sistemas complexos  e dinâmicos , e não apenas se render a sistemas conectados e especializados em roubar juntos. Hoje infelizmente estamos exaurindo nossos recursos e não distribuindo adequadamente entre quem produz , quem tem impacto ou necessidade para viver com mínimo de dignidade.


Muito mais do que revolta precisamos criar caminhos hoje para população brasileira se organizar e canalizar sua energia para construir e empreender um novo Brasil. Muito mais que abstrações, precisamos de dados e empreender arranjos sociais complexos . As desigualdades e as lutas politicas andam juntas assim como nossas capacidades de superar desafios coletivos com justiça e igualdade de oportunidades.   


Hierarquias executivas, legislativas, judiciárias, militares, religiosas e outras sobrevivem as mudanças na história porém se ajustam em arranjos sociais complexos como outras nações fizeram como Alemanha, Canada, Japão, EUA e outras. A luta politica sempre existira entre os poderes e instituições da mesma forma que alguns consensos não podem ser ultrapassados sem gerar o colapso do sistema. A tensão entre cento e periferia sempre existe, entre controlar a ação politica e a total autonomia entre os atores. Não podemos reduzir uma nação as relações de parentescos ou troca de favores entre amigos, nem ao poder das igrejas, mídias, empresários ou partidos. 


Os recursos de uma nação principalmente os de livre circulação que superam os recursos de subsistência e as atividades socialmente prescritas pelos grupos. Estes recursos devem buscar defender, integrar e expandir nossa sociedade sem brutais exclusões e violências que negam a maioria de nossa população dignidade; enquanto alguns concentram renda e poder para guerrear seus interesses as custas do colapso brasileiro. Os recursos nacionais não podem se transformar em privilégios de alguns e sim beneficiar quem produz e quem sofre as desigualdades para que possa também produzir riquezas com seu trabalho, conquistando sua dignidade com igualdade de oportunidades.


A circulação de bens anda com o Direito e a justiça de mãos dadas, assim como a criação de bens públicos, valores e símbolos que proporcionem o bem estar e a qualidade de vida para todos. Quem produz se preocupa com a destinação dos recursos e claro com a corrupção deles. 


Colapsos surgem quando o centro se recusa a incorporar as necessidades e orientações das lideranças locais na formulação de metas politicas. Muitas elites governamentais em momentos históricos distintos desconsideram essa lógica simples para que o Estado sirva aos seus interesses e delírios políticos. Nesta mesma lógica, lideres políticos tentam reduzir o espaço ou eliminar o acesso de outros grupos a luta politica. 



Acontece assim o colapso, a dissolução das instituições centralizadas que haviam facilitado a transmissão de recursos e informações, a resolução de litígios inter grupais, e a legitima expressão de grupos diferenciados de uma nação e com ela morre a Democracia. Manter a democracia exige uma flexibilidade e elasticidade de reações as pressões continuamente exercidas, quase sempre de maneira contraditória, por parte de vários grupos competitivos de periferias e centro, bem como de ameaças externas e politicas expansionistas de outras nações.


No colapso o desastre econômico, a subversão política e desintegração social são os produtos do colapso, mas são dois lados da mesma moeda da integração ou desintegração social. Necessitamos de instituições que restaurem com eficácia e legitimidade a produção e a distribuição de recursos com igualdade de oportunidades e leis para todos. Enquanto isso no Brasil, apoiadores leais ao reis de plantão ocupam uma hierarquia burocrática nos Governos, na qual a auto perpetuação organizacional é subserviente aos interesses de alguns as custas do colapso da nação brasileira.


Necessitamos refazer a presente realidade por mais corrupta e imperfeita que seja, de acordo com os ditames de uma ordem moral mais elevada. Necessitamos acolher novos tipos de grupos aonde suas existências, recrutamentos e legitimidade não dependem do establishment politico nem dos tradicionais laços de parentescos, mas de qualificações individuais, especialmente da capacidade intelectual e moral. Criando, promulgando e refinando nossas instituições e formas de governar.


quinta-feira, 18 de junho de 2020

700 ARTIGOS POR NOVAS FORMAS DE SER, VIVER E GOVERNAR! 170 mil novos habitantes da Terra da Sabedoria. 1174 dias!



As ditas esquerdas ou direitas esquecem o anjo da história !  Na nona tese do seu ensaio "Sobre o Conceito de História", o filósofo e crítico literário Walter Benjamim nos lembra:


“Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso.”



Os judeus sempre tem uma perspectiva messiânica da história talvez porque para se libertar da escravidão seja necessário ousadia e coragem de pensar e construir outras formas de ser, viver e governar.  A história também nos ensina que vivemos vários tipos de Capitalismo com ou sem Estado de Bem estar social, vivemos vários colapsos de setores da indústria e com eles as cidades que as abrigavam, crises financeiras , e ciclo de inovações que segundo Schumpeter vivemos destruições criadoras que gera desenvolvimento; mas em todas elas as brutais desigualdades, miséria, desemprego, fome, e diversas violências sempre estiveram presentes em toda história da humanidade. 



Estas brutais desigualdades e violências produziram grandes guerras, revoluções, colapso de Estados, epidemias. Walter Scheidel , professor da Universidade de Stanford, depois de estudar a distância que separa ricos e pobres nos últimos 3 mil anos,  chegou à conclusão que, dos romanos até aqui, foram episódios de violência que ajudaram a reduzir a desigualdade de renda de forma significativa.



Infelizmente a humanidade que sempre gerou várias inovações tecnológicas , cientificas, econômicas, artísticas e em áreas como saúde, habitação, alimentação e outras. Sempre colocou de forma tímida a necessidade de superar os desafios das desigualdades e da pobreza. A ação mais consistente foi da ONU com os objetivos do milênio mas considero que faltou a ousadia e coragem colocados no inicio para escrever a História.



Assim como novas tecnologias mudam a historia e a sociedade podemos mostrar também que não foram somente as lutas sociais, revoluções e a politica que mudaram o Estado, as sociedades e as vidas em comunidades, cidades e Nações. Nesta direção gostaríamos de dar uma contribuição a epistemologia das inovações sociais a luz dos impactos que elas provocam de forma transdisciplinar no comportamento, economia, sociedade, educação, arte e claro na politica.


As grandes e profundas transformações que estamos vivendo, diria não apenas mudanças sociais, mas ruptura de civilização, nos exige cada dia mais e de forma urgente propor inovações sociais e com elas novas formas de ser, educar, viver e governar.  Um exemplo é como as mudanças climáticas e epidemia estão valorizando o local, a comunidade e a cidade em que vivemos como abordagem das medidas que estão sendo tomadas para evitar mais mortes. Ao mesmo tempo a vida on line, virtual, o uso das internet e das redes sociais nos coloca numa sociedade global em que as distâncias são superadas por teclas , vozes, imagens e wifi. 



Estes dois caminhos históricos e outros apontam a necessidade de conhecer o lugar da humanidade na teia da vida, assim como queremos colonizar Marte e viajar pelo Universo. Estes caminhos históricos estão exigindo mudanças na economia como renda mínima e grandes investimentos do Estado.  Porém estas mudanças  não tem demonstrado reduzir as desigualdades, pobreza e as mudanças climáticas. Resumindo; não é neste atual modelo que vamos encontrar soluções para estes desafios coletivos,  necessitamos ter ousadia e coragem para inaugurar novos paradigmas com novas formas de ser, viver e governar. Da mesma forma é o mesmo que observamos na educação, não se trata apenas da dicotomia entre aulas presenciais e online, e sim que nossas formas de pensar e educar estão obsoletas para problemas e desafios cada vez mais complexos, exigindo imaginação e uma visão sistêmica e disruptiva; porém que não nos leve a guerras ou mais mortes e miséria que já provocamos.   



A sociedade civil tem caminhado, indo alem da dialética de Hegel e Marx, aonde as forças se opõe como na física newtoniana;  visando construir uma democracia mais complexa baseada na ética de Spinoza com ações que expressam sua potência como auto gestão de comunidades e a busca por segurança alimentar, energética e hidráulica . A liberdade e a vida não deve depender do Estado e dos nobres de direita e esquerda, e seus respectivos projetos de poder transformado em burocracias que praticam ditaduras, biopolítica e necro politica em regimes de esquerda e direita.




A busca pelo Bem Comum nas obras de Antonio Negri apontam novos horizontes que necessitam de inovações sociais que dêem vida a estes caminhos  com tecnologias de democracia direta, renda mínima , HUB social , comunidades de saberes, novas leis, ecossistemas econômicos, sociais, ambientais e digitais integrados a inteligência artificial para objetivos de redução das desigualdades e violências  somadas a outras experiências como na área de educação na Região de Emilia Romana e Finlândia. 



Se seguimos estudos antropológicos sobre Estados arcaicos na Mesopotâmia apreenderemos que não são apenas as guerras que levam a mudança no poder, muitas vezes novos personagens e seus papéis na sociedade alteram os rumos do Estado e dos poderosos. Outras vezes como em Atenas foi a epidemia somadas as guerras que levou ao colapso dessa civilização.



Portanto hoje as mudanças climáticas alteram as comunidades rurais e nossos modelos de urbanização se tornando cada vez mais ecológicos . O recente pacote financeiro europeu e americano de medidas de recuperação econômica pós pandemia, aponta mais uma vez o fortalecimento do Estado e a reindustrialização de países que não querem que setores essenciais de sua economia e saúde fiquem dependendo de outros países e da globalização econômica.



Portanto o anjo da historia continua e continuara a surpreender a todos! Muito mais do que inovações sociais precisamos de ética na economia, politica e educação. Nunca foram tão importantes as lutas contra as brutais desigualdades, contra a fome que vai se alastrar ainda mais na Africa e refugiados, contra as diversas formas de violências contra as mulheres e  racismo, e a histórica luta contra a pobreza. Porem necessitamos na mesma proporção lutar e apresentar caminhos e inovações sociais que torne possível essa ética humanitária, a igualdade de oportunidades e direitos, e temos que apreender a cuidar de si e dos outros nas Escolas e Universidades, a construir juntos o bem comum de forma participativa e deliberativa para que tenhamos paz, prosperidade e qualidade de vida para todos. Hoje vivemos em Estado de sítio permanente e os desafios nos exigem que temos de AGIR AGORA e sermos anjos da História de um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria.   

                    


quarta-feira, 17 de junho de 2020

A FLAUTA DE EPICURO ! Os primeiros andantes tocando a sinfonia educacional para vida! 1173 dias.



Epicuro nasceu em 342 antes de Cristo, seu pai era professor. Epicuro ensina Filosofia e funda uma escola chamada “ O Jardim “. 


As sabedorias na Antiguidade são consideradas “ gêneros de vida” visando estabelecer regras para condutas dos seres humanos. Elas são métodos para alcançar uma existência aprazível. Numa visão materialista consiste em organizar a vida do filósofo de acordo com sua realidade mundana, levando em conta os critérios físicos da felicidade e prometendo a felicidade aqui e agora.


Ao ser eliminada a crença em uma providência divina ou ordem sobre natural das coisas, o que servira de estrutura à natureza e às sociedades humanas, desde a origem ? 

A vida feliz aqui e agora do epicurismo será lançada a execração pública por ser incompatível com os princípios teóricos e práticos do Cristianismo na época. 



Epicurismo é uma doutrina que disputa a verdade com outras escolas como o estoicismo e o ceticismo. Os membros dessas seitas compartilham uma vida comunitária durante a formação. O jardim de Epicuro é um lugar fechado, protegido, afastado do frenesi do mundo porque o sábio epicurista desconfia da politica, mas considera a filosofia e a educação, uma relação de amizade, a philia. 


Uma dimensão essencial do epicurismo é a constituição de uma comunidade universal estruturada pela amizade. Isso porque Epicuro considera a vida pública um flagelo, gerando várias representações que causam a infelicidade do homem, tendo sua origem na emulação nociva, na competição e nos falsos desejos suscitados por certa concepção da sociabilidade. Portanto o Jardim é um refúgio, um lugar que é possível seguir a via da natureza, curar a alma, e desse modo alcançar a felicidade.


O Sábio para Epicuro é o único capaz de praticar de maneira cabal a amizade, ele sofre com os amigos, garante-lhes apoio na adversidade e confere a felicidade deles um valor semelhante a que atribui a sua.



A nossa caminhada para sinfonia educacional em nossas vidas seguindo os passos de Epicuro se dá entre amigos que compartilham afeição e saber. A comunidade de amigos é onde se apreende e compreende a doutrina, em que se educam as almas. A pratica da parêssia entre os amigos ou seja a franqueza exerce um papel essencial onde os amigos se educam mutuamente. Existe a obrigação de repreender um amigo que se engana para lhe dar um ensinamento, ate mesmo uma reprimenda, quando a necessidade se fizer sentir. 


O discurso da amizade é um discurso livre, diferente do discurso politico de persuasão e sedução, que pretende lisonjear em vez de corrigir. Essa palavra livre pode se revelar dolorosa , mas continua sendo a arma da amizade. O verdadeiro amigo é aquele que sabe fazer sofrer no momento propicio para tirar daí , em seguida, um bem mais importante que a dor causada eventualmente por ele. O fato de ser vencido por um raciocínio pode se revela-se doloroso, mas necessário, em vista da obtenção da felicidade. 


“ Mas nada há de mais agradável do que habitar os altos lugares fortificados solidamente pelas doutrinas dos sábios, templos de serenidade donde se pode ver os outros errar sem trégua abaixo, buscando ao acaso o caminho da vida, lutando à força de talento, tendo rivalidades de nobreza, esforçando-se dia e noite mediante um labor intenso por alcançar a opulência e apoderar-se do governo “


Epicuro observa a humanidade incapaz de discernir o verdadeiro do falso, o bem do mal, desorientada e obcecada por seus próprios desejos. A essa confusão generalizada opõe-se a serenidade do sábio que chegou a um estado de ausência de perturbação da alma, igualdade de humor que é idêntico ao estado de felicidade. Esta felicidade é adquirida por um trabalho de desapego, isolamento e distanciamento a ponto de tornar ridículos os fantasmas que assustam a 

humanidade.



A peste que dizimou Atenas em 430 a.C. oferece, de fato, o espetáculo de uma cidade inteira entregue ao terror, e cujos comportamentos criminosos são uma imagem ampliada da doença mental e moral que Epicuro pretende curar. A descrição impactante da Epidemia, ao mesmo tempo que apresenta de forma bastante precisa e documentada as suas causas, o seu desenrolar e sua “clinica”, indica que não é tanto a enfermidade em si, mas as reações psicológicas provocadas por ela que vieram a torna-la, para humanidade, uma catástrofe atemorizante: pessoas se suicidam levadas pelo pavor, jogando os corpos dos familiares pela janela ou fogueira, santuários profanados, casas saqueadas, êxodo em massa.


A maneira irracional consiste em não considerar o acontecimento em si mesmo, dando espaço a ilusão de um sentido meta natural do acontecimento. A busca pela verdade fixa um limite a cobiça e ao temor. É preciso não diagnosticar e sim prognosticar pela identificação de certos sinais confirmados, o desfecho do mal: fatal ou, pelo contrario,  benigno resolvido em alguns dias.


Assim Epicuro pode dissertar longamente sobre a natureza do homem e de sua doença, e propor a cura. Portanto a educação é uma arte que busca curar o homem para uma vida feliz.



Epicuro introduziu uma identidade solida entre mal moral e dor fisica. A distinção entre alma e corpo para Epicuro carece, na realidade de pertinência. A alma é um corpo dentro do corpo, em simpatia com o conjunto do organismo, ou contato mais intimo com ele, designa a união  tanto desses dois corpos quanto das partes da alma entre si. A sensibilidade do corpo é resultado dessa mistura, sendo condicionada pela estreita relação das partes da alma entre si e com o resto do corpo.


As causas do males praticados pelos seres humanos são o ódio, a inveja e o desprezo, sentimentos que, no caso do sábio, são dominados por meio do raciocínio. 


A parrêsia, a liberdade de expressão com a obrigação de dizer a verdade para o bem comum, é uma noção política. Trata-se da franqueza e do rigor necessários do discurso do educador, que deve reformar seu aluno sem poupar.  A parrêsia é inspirada pela virtude, fortalecido moralmente por um ascetismo que suscita admiração e respeito, é bela como a verdade que enuncia, mas igualmente severa para quem a recebe. 



Em nossa sinfonia e caminhada educacional pela vida buscamos o prazer mas podemos nos iludir a respeito do ganho pretendido, esperar mais do que o razoável e ficar decepcionado, pode igualmente negligenciar as consequências, a longo prazo, de um prazer imediato que irá custar um preço bastante elevado; pode, enfim, enganar-se ainda muito mais gravemente perseguir com obstinação quimeras que serão apenas causa de sofrimento. Em cada uma dessas situações, o que faz falta é uma apreensão racional e um domínio dos desejos. A Ética e educação epicurista pretende realizar sobre os desejos um trabalho minucioso de identificação e seleção, e em virtude disso ensina uma educação para vida.


O que acontece comigo se eu atingir aquilo que o desejo persegue e que acontecera se não atingir ?  A felicidade passa, portanto, por um domínio de temporalidade, que se exprime, no sábio, por uma capacidade para se projetar no futuro, mas também pela perspectiva de conectar cada uma de suas projeções no presente. O sábio epicurista não o é por ser virtuoso, mas, antes, é virtuoso por ser sábio.  




Por fim para Epicuro em sua caminhada propõe que as inovações técnicas são o resultado de um movimento espontâneo da natureza. Epicuro toma a convenção (thesis) consequência de uma revolução da natureza (physis). Seguindo o mesmo princípio as concepções epicuristas da virtude, mas também da justiça e, mais amplamente do direito. Estamos longe de uma visão em que o contrato social seria apenas a expressão histórica de uma consciência moral comum a todos os indivíduos. Se justiça se tornou necessária, foi , ao contrário, por falta de senso moral. A virtude é o produto de uma decisão comum, resultado de uma mudança voluntária na organização das sociedades, após terem sido constatadas as violências próprias dos seres humanos e a necessidade dos indivíduos se preservarem mutuamente dessa violência.