SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

'As melhores soluções para o Brasil saem das periferias', diz professor da USP

 

'As melhores soluções para o Brasil saem das periferias', diz professor da USP

  • Leandro Machado
  • Da BBC News Brasil em São Paulo
Tiaraju Pablo D'andrea

CRÉDITO, DIVULGAÇÃO

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Tiaraju Pablo D'andrea é professor da USP e Unifesp

Para o cientista social e pesquisador Tiaraju Pablo D'andrea, melhorias nas condições de vida e um maior acesso de moradores das periferias das grandes cidades à educação proporcionaram o surgimento de uma geração de jovens com um consciência de pertencimento e de ação política: o sujeito periférico.

Em entrevista à BBC News Brasil, D'andrea explicou que a atuação política desses jovens acontece em vários setores da sociedade, como a academia, cultura, imprensa e mercado de trabalho. Eles atuam para visibilizar, reivindicar e reconhecer as periferias como local de origem e de potência criativa, e não apenas de precariedades, diz. 

"As melhores soluções para a consolidação da democracia no Brasil saem das periferias", afirma D'andrea, de 42 anos.

Ele formulou o conceito de "sujeito periférico" em seu doutorado na Universidade de São Paulo (USP), em 2013, a partir de uma análise da atuação de coletivos sociais e culturais de bairros populares da capital paulista.

No final do ano passado, o estudo foi atualizado e relançado no livro A Formação das Sujeitas e dos Sujeitos Periféricos (Editora Dandara).

D'andrea explica que a "sujeita e o sujeito periférico são aqueles que se deram conta dessa condição e compreendem que a vivência no território os constituem como seres humanos. Essa consciência de pertencimento leva a uma ação política de reivindicação e afirmação da periferia."

O cientista social aponta que o "sujeito periférico" emergiu na década de 1990 durante uma onda de assassinatos que vitimou milhares de jovens negros e pobres, mas também após o fortalecimento de coletivos culturais que tentavam mostrar outras características desses locais para além do estigma da violência e da pobreza.

Nascido na Vila União, periferia da zona leste de São Paulo, Tiaraju Pablo D'andrea hoje dá aulas na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, e também é professor na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde coordena o Centro de Estudos Periféricos.

Na entrevista à BBC, ele também falou sobre o papel do homem branco e pobre na luta antirracista, a participação da periferia nas eleições de 2022 e como o "sujeito periférico" ainda encontra barreiras e resistências para ocupar posições de liderança nas universidade e no mercado de trabalho.

Confira a entrevista abaixo. 

BBC News Brasil - Quem são os 'sujeitos periféricos'?

capa do livro

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D'andrea lançou seu livro sobre os sujeitos periféricos no final de 2022

Podcast
Logo: Brasil Partido

Fim do Podcast

Tiaraju Pablo D'andrea - Antes, é preciso explicar o conceito das subjetividades periféricas. São formas simbólicas de caráter e de enxergar o mundo que se dão a partir de relações sociais nas periferias, diferentes de outras experiências urbanas e de classe.

Uma pessoa que nasce e cresce em Guaianases (extremo leste de SP) vive em um território com precariedades: a educação é de menor qualidade, o transporte público é ruim, a polícia age de determinada maneira.

Por outro lado, Guaianases é um local heterogêneo: tem uma presença negra e nordestina muito expressiva, inúmeras igrejas evangélicas, terreiros de candomblé, rodas de samba, bailes funk, futebol de várzea… Todas essas relações múltiplas formam o que chamo de subjetividade periférica. No limite, todo morador da periferia tem essas subjetividades, e elas não são exatamente iguais. 

Já a sujeita e o sujeito periférico são aqueles que se deram conta dessa condição e compreendem que as vivências no território os constituem como seres humanos. Essa consciência de pertencimento leva a uma ação política de reivindicação e afirmação da periferia. Essa pessoa pensa: 'sou nascido e criado em um bairro popular e isso potencializa minha vida, mas também me traz limitações. Por isso, vou agir politicamente a partir da minha visão de mundo'.

BBC News Brasil - E onde acontece essa ação política?

D'andrea - Na universidade, no Estado, empresas, meios de comunicação, coletivos feministas, movimento negro, nos coletivos de arte, na cultura, partidos… É bom pontuar que há uma questão temporal.

A periferia sempre reivindicou melhorias das condições de vida. Nos anos 1970 e 1980, havia movimentos populares que lutavam por moradia, saneamento, saúde pública e creches. Eram movimentos da classe trabalhadora. 

Mas essa nova forma de agir politicamente e de se enxergar como periférico começou nos anos 1990 por uma série de características e movimentos, como o fortalecimento dos coletivos de cultura e um maior acesso da população pobre ao ensino superior. 

BBC News Brasil - Qual a diferença para a geração anterior?

D'andrea - Antes dos anos 1990, a classe trabalhadora não reivindicava os termos 'periferia' e 'favela' de maneira política. Eram movimentos populares e de trabalhadores que lutavam por melhorias das condições de vida. 

Já a geração dos anos 1990 foi marcada por um genocídio nos bairros pobres, principalmente da população negra. Nessa época, ocorreu um movimento de pacificação, que vai encontrar na arte e na cultura, fundamentalmente no rap, sua melhor maneira de fazer política.

Os Racionais MCs são o maior expoente desse período, denunciando para a sociedade o massacre que estava acontecendo, mas também reivindicando o território e suas características.

A partir daí acontece uma 'primavera cultural periférica', com a proliferação de coletivos que vão atuar no hip-hop, no audiovisual, universidades, teatro, jornalismo, música e outras linguagens. A gente vive esse momento até hoje. 

BBC News Brasil - Nesses ambientes, o que esse 'sujeito periférico' pode fazer para não se ver na posição em que só consegue falar sobre periferia?

Crianças andando com motos de brinquedo em rua de lama na ocupação Terra de Deus

CRÉDITO, LEANDRO MACHADO

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Ocupação Terra de Deus, na zona sul de São Paulo, surgiu durante a pandemia de covid-19

D'andrea - Essa é uma armadilha criada por nós mesmos, quase uma armadilha da identidade. 

Faço parte de uma geração que reafirma a periferia. E é fundamental reafirmar, visibilizar, colocar na pauta pública quais são os dilemas de se morar em um bairro periférico com precariedades. 

Mas é fundamental que isso leve a uma luta concreta de reivindicações, como melhorias na saúde, na educação, no transporte público. 

Isso não exclui que possamos falar sobre outros temas universais a partir desse lugar de sujeito periférico. Não é negar as origens, as marcas e os traumas. E, sim, como essas experiências nos constituem e nos dão a possibilidade de falar de qualquer coisa. 

BBC News Brasil - Como fazer isso?

D'andrea - No final do livro eu proponho formar uma tríade. Uma parte é nossa vivência e experiências acumuladas. O que só a gente sabe sobre o território e sobre andar pela cidade? Qual é a nossa leitura do mundo? 

Mas é preciso formar uma teoria que explique essa vivência. O que quero dizer com isso?

Por exemplo, moro em um bairro popular, e tenho de entender como ele foi formado, por que a distância entre minha casa e o centro me traz tantos problemas no trabalho, por que meu bairro tem esgoto a céu aberto, por que existe maior precariedade em relação a outros locais.

A partir dessa teoria, o terceiro ponto é formar um projeto político de reivindicação da periferia, com uma proposta de sociedade e de transformações, superando os traumas e ressentimentos, senão a gente só fica escorregando e caindo.

BBC News Brasil - Você acredita que essa geração conseguiu ocupar postos de poder? 

D'andrea - Sim, parte dessa geração começou a ter acesso à universidade e a pleitear postos de poder. Mas é importante fazer uma ressalva: a maior parte dos moradores das periferias continua vivendo em situações precárias e subordinadas economicamente. Não podemos tratar de maneira binária. 

A gente tem que assumir que uma parcela de jovens periféricos melhoraram de vida e estão na universidade, nas empresas, nos meios de comunicação colocando sua pauta, mas não podemos cair em falácias como a frase 'a favela venceu'.

BBC News Brasil - Por que você não concorda com essa frase?

Terra de Deus

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Ocupação Terra de Deus

D'andrea - Na verdade, a favela perdeu. Essa frase mistifica alguns casos de pessoas bem-sucedidas, usa um discurso triunfalista. 

Mas a verdade é que a maioria ainda vive de maneira precária. Temos 33 milhões de brasileiros passando fome. Todos os dados mostram que as condições de vida dos mais pobres pioraram muito nos últimos anos.

BBC News Brasil - Você acredita que o jovem periférico, mesmo inserido nas empresas e na academia, tem mais dificuldades de crescer profissionalmente e assumir essas posições de poder? 

D'andrea - Com certeza. Em minha própria trajetória acadêmica encontrei muitas barreiras e boicotes. Tenho plena consciência que minha condição de homem branco me facilitou alguns acessos. Mas a condição de classe fechou outras portas. A burguesia brasileira estipula um teto, como se dissesse: 'daqui você não pode passar'.

O Brasil é um país com mentalidade escravocrata. A elite econômica é muito pequena, mas é organizada e tem estruturas para manter o poder e beneficiar ela própria, formando 'panelinhas'. Poucas pessoas negras e de origem pobre conseguem furar essa estrutura. Quando conseguem, causam um terremoto. 

Embora o acesso à universidade tenha aumentado, ele é muito pequeno em relação ao tamanho da população negra e periférica do Brasil.

BBC News Brasil - Como você disse, a periferia é heterogênea e, em grande parte, formada pela população negra. Mas há uma parcela importante de pessoas brancas e pobres, também. Qual é a reflexão que o branco e periférico pode fazer sobre sua condição e o lugar onde vive?

D'andrea - O Brasil é um país racista. Então, o homem branco e periférico já tem privilégios em comparação ao homem negro, e principalmente à mulher negra. Ele tem mais facilidade de circular pela cidade e acessar determinados espaços, porque a sociedade se estrutura por raça e classe.

Isso não quer dizer que a vida dele está resolvida. Ele não pode acreditar na ilusão de que sua condição racial vai salvá-lo. Ele não será incorporado pela burguesia branca, porque as amarras de classe são muito bem estruturadas. 

Acho que ele precisa ter consciência dessa opressão e de que a periferia é o local ideal para uma aliança interracial e de luta antirracista. Também existe racismo na periferia, mas nos bairros populares, até pela conformação urbanísticas e geográfica, existe uma convivência maior entre brancos e negros do que em em regiões mais ricas.

Ocupação no Grajaú

CRÉDITO, LEANDRO MACHADO

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Grajaú é o distrito mais populoso de São Paulo, com 360 mil pessoas

BBC News Brasil - Qual a contribuição das periferias urbanas para o Brasil?

D'andrea - As melhores soluções para a consolidação da democracia no Brasil saem e saíram das periferias, como a formação do Partido dos Trabalhadores (PT).

O próprio Sistema Único de Saúde (SUS) surgiu depois de uma mobilização de mulheres trabalhadoras do Jardim Nordeste (zona leste de SP) e que se espalhou pela cidade e acabou entrando na Constituição de 1988. 

Da periferia vêm os Racionais MCs e todo o movimento hip-hop, as rodas de samba, o funk, a literatura, coletivos de arte. Temos que ter muito orgulho desse legado. Muito disso depois é incorporado pela intelectualidade, às vezes com outro nome. 

BBC News Brasil - No livro, você explica que o recepção ao termo 'periferia' mudou ao longo do tempo. Como isso aconteceu?

Barraco de madeira em comunidade na zona sul de São Paulo

CRÉDITO, LEANDRO MACHADO

D'andrea - Ela era usada em debates econômicos nas décadas de 50 e 60 sobre a inserção do Brasil no capitalismo do mundo. O Brasil era um país da 'periferia do capitalismo', conforme estudos de Caio Prado Jr. e do próprio Fernando Henrique Cardoso. 

A partir da década de 60, grandes cidades latino-americanas incharam muito, com a industrialização e a migração da zona rural. Essas pessoas passaram a viver em áreas muito empobrecidas.

O termo periferia começou a ser usado por pesquisadores para designar esses locais. A própria Igreja Católica tinha um projeto de atuação nos bairros chamado 'Operação Periferia'. Mas, naquela época, a palavra ainda tinha um caráter de estigmatização.

Depois, já nos anos 80 e 90, a periferia foi tratada nos grandes jornais e na televisão como o lugar da pobreza e da violência, o local onde os criminosos moravam. Em minha pesquisa, entrevistei moradores dessa época, que disseram que não usavam a palavra periferia, porque era um termo que carregava um estigma e as pessoas tinham vergonha de falar.

Mas a partir da violência dos anos 90, houve uma reversão desse discurso e outros sentidos foram criados para a periferia. É aí que o termo ganha potência e um significado de orgulho e de valorização do território. Embora ainda existam muitas mazelas, as pessoas começam a se sentir pertencentes, a ver beleza no lugar onde elas nasceram e cresceram. E dizem: 'a periferia não é isso que vocês falam, a periferia é isso aqui que estou dizendo.'

BBC News Brasil - Como você enxerga a migração do jovem da periferia para regiões mais centrais? Como ele lida com o estranhamento dentro da própria cidade? 

D'andrea - Existe sensação de desterro, de limbo permanente. Esse jovem tem uma infância pobre em um bairro da periferia e, por circunstâncias da vida, consegue acessar espaços da classe média, como a universidade ou ambientes de trabalho.

Nesses locais, ele vive outros tipos de relações profissionais, sociais e de amizade. Mas São Paulo é uma cidade muito segregada e muito marcada por divisões sociais e raciais. Essas questões têm um peso muito grande.

Para chegar na Pompeia e em Perdizes (zona oeste de SP), não é apenas um deslocamento geográfico, mas também simbólico. A paisagem e as pessoas mudam. Chega uma hora em que ele pode não se sentir como parte de nada, porque o círculo de classe média não tem as referências de sociabilidade da periferia… O futebol de várzea, a roda de samba, a conversa no boteco e na calçada. 

Mas também há um momento em que a própria relação com as pessoas da quebrada e da infância não se completa mais, porque nossa cabeça também muda. No fim das contas, fica a dúvida sobre a qual mundo ele realmente pertence. A quais as relações e círculos sociais ele pertence? Muita gente passa por esse dilema. 

Ocupação no Grajaú

CRÉDITO, LEANDRO MACHADO

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Ocupação no Grajaú, zona sul de São Paulo, é uma das áreas que podem passar por reintegração de posse

BBC News Brasil - Como você avalia a participação da periferia de São Paulo nas eleições do ano passado?

D'andrea - Normalmente, a análise que se faz é pintar os distritos da cidade de uma cor e dizer: 'esse distrito aqui deu vitória a Bolsonaro, logo, é um bairro bolsonarista'. 

É mais complexo que isso: se um candidato teve 51% e outro 49%, não significa que aquele distrito é azul ou vermelho, mas que há divisões internas e diferentes maneiras de pensar. Em São Paulo, há bairros mais periféricos, principalmente nos extremos da zona leste e zona sul, onde normalmente a esquerda tem uma votação maior. 

Nessas regiões o PT teve uma atuação importante, com políticas que melhoraram a vida dos pobres, como mutirões de moradia popular, Bilhete Único, Bolsa Família, os CEUs (Centro Educacional Unificado)... Mas esses locais também votaram em Bolsonaro em 2018, como a maior parte da sociedade. 

A grande questão são os bairros tradicionais que ficam no meio, como Penha, Sapopemba, Freguesia do Ó, Mandaqui… Nesses locais há uma pequena burguesia que reverbera o discurso do medo, principalmente o medo do pobre que está ascendendo. 

Então as pessoas podem votar na direita, mas isso vai depender se existe um discurso mais conservador na sociedade. Por outro lado, essas regiões também podem votar na esquerda. Depende muito das circunstâncias. 

Já em outros bairros, como Anália Franco, Mooca e Tatuapé (todos na zona leste), formados principalmente por uma população que ascendeu economicamente, há uma tendência de incorporar o discurso conservador de maneira mais radical. O Tatuapé foi o distrito onde Bolsonaro teve sua maior votação percentual em São Paulo.

Reportagem originalmente publicada em - https://www.bbc.com/portuguese/brasil-64418432

sábado, 28 de janeiro de 2023

O MINISTRO DA EDUCAÇÃO CAMILO ESTÁ NU! EDUCAÇÃO, POBREZA E POLÍTICA!


 

523 anos de pobreza do povo cearense.  Há 37 anos desde que Eudoro Santana, Pai do atual Ministro da Educação Camilo Santana, foi Secretário do Governador Tasso e depois outros Governadores como Ciro Gomes, Cid Gomes, o próprio Camilo Santana e Izolda Cela, esses representantes das Oligarquias, elites cearenses e suas famílias estão há décadas no poder sendo responsáveis diretos pela pobreza da maioria da população, aumento da criminalidade e violências, desigualdades, e absurdos ambientais em seus governos. A mesma Oligarquia continua com suas famílias no poder no atual Governo Elmano produzindo bilionários que não pagam bilhões de impostos há décadas, mais bilhões de dólares da Cooperação internacional; eles falam de educação mas se calam sobre a pobreza e violências geradas em seus Governos durante décadas. Why ? Perguntaria Lemann ou a gestão do sonho e divida grande das Lojas Americanas? Se as notas tiverem boas durante anos não importa quanto a contabilidade escondeu de pobreza e violências da maioria da população para gerar essas notas de uma minoria que não representa o que de fato significa educar uma pessoa! 


 

A Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire revela que estes são novos tempos de opressão. As opressões aumentam, com requintes políticos. Agora a educação focada em notas exclui 60 % da população cearense do acesso à educação, vivendo na pobreza e na violência são os novos requintes políticos da opressão. Os oprimidos repõem outro paradigma de formação humana, outro paradigma de humano-inumano, de desumanização-humanização. O aumento da pobreza extrema e do desemprego faz crescer o número de oprimidos desumanizados. Os oprimidos se sabem roubados em sua humanidade e se sentem ameaçados da violência do Estado. Há violência do Estado e de seus órgãos de justiça e segurança contra jovens e adolescentes exterminados nas periferias urbanas, o Ceará com Camilo e Izolda no Governo durante 8 anos mata quatro vezes mais jovens que São Paulo. Mas os oprimidos, em seus movimentos sociais, resistem, afirmam-se humanos e apontam para outro paradigma pedagógico. Esse é um resumo do Artigo escrito pelo Professor titular Miguel G. Arroyo da UFMG, Doutor em Educação pela Stanford University. O Ministro Camilo está nu!



Ideias e debates como esses escutando e implantando teorias e práticas pedagógicas de Freire e outros pensadores da educação de verdade, pouco foram feitos pelo Governo do Ceará durante a gestão de Camilo e Izolda, pouco democráticos na educação, os professores foram pouco escutados e o modelo de notas foi empurrado de cima para baixo numa visão Lemann de resultados baseados em notas. Talvez por essa obediência aos Coronéis na política e elites sejam os tecnocratas que representam um modelo educacional sem direitos a questionamentos, assim eles exigiram os principais cargos para o grupo da Oligarquia cearense que hoje controla o Ministério da Educação.



Quando esquecemos que trabalhar com Educação é essencial atuar de verdade de forma democrática e não entregar cargos do MEC para a visão de mundo da Lemann, Itaú ou Todos pela Educação. Eles não representam nem nunca representaram os professores nem os estudantes.  “Quando esquecemos que trabalhamos com seres humanos, também esquecemos da nossa própria condição de docentes humanos. Precisamos reinventar a humana docência ou não reinventaremos a formação humana integral”, disse Miguel Arroyo, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), durante o 1º Seminário Nacional de Educação Integral.

 

Para ele, o ponto de partida está em compreender o contexto histórico, social e político em que a educação integral se dá. “Nunca entenderemos a educação integral se não entendermos os processos brutais de desumanização integral com que tantas crianças, adolescentes, jovens e adultos são ensinados”, disse.



Tampouco adianta ampliar o tempo de escola, explicou Miguel Arroyo, se for para fazer mais do mesmo, apenas estendendo o tempo de exposição dos estudantes a uma educação bancária. “Isso é reduzir o processo de formação do ser humano a processos regulares de escolarização”.

 

Nessa empreitada, também é fundamental, em cada tempo humano, olhar para suas diversidades. Isso porque não existe uma única infância, adolescência, juventude ou vida adulta, dada a variedade humana e de contextos e culturas no território brasileiro, bem como os diferentes períodos de desenvolvimento e desafios que cada etapa apresenta.

 



“Como dar conta da especificidade de cada tempo humano? A formação social, cultural, ética, identitária é muito diferente em cada tempo e a nossa tradição pedagógica, que se orienta pelos tempos escolares, não respeita os tempos humanos”, pontuou o especialista. 

 

Educação integral: o que ela significa? 

 

Formar sujeitos sociais. “Para garantir o letramento, matamos a socialização, silenciamos as crianças, mas a nossa formação humana integral se dá na relação social com o outro”.

 

Formar sujeitos políticos. “Somos membros da pólis e é preciso formar cidadãos aptos a viver e agir em sociedade”.

 

Formar sujeitos culturais. “Os currículos têm que ser pensados como sínteses da cultura, que os governos temem mais do que a própria Educação por sua potência”.

 

Formar sujeitos éticos. “É uma das formações mais fundamentais. Não se trata de olhar o outro como alguém sem valores ou como um trabalho de moralização. Temos que pensar como formar infâncias e adolescências reconhecendo sua moral, sua ética e fortalecer sua condição humana”. 

 

Formar sujeitos identitários. “Mais de 80% das crianças, adolescentes, jovens e adultos das escolas são negros. Para resistir ao racismo estrutural, temos que formar os estudantes em suas identidades de raça, gênero e classe”.




Que tal os teóricos da educação da Fundação Lemann, Itaú e Todos pela Educação seguidos durante décadas pelos Coronéis Ferreira Gomes , Camilo Santana e Izolda Cela realizarem uma pesquisa sobre Educação e pobreza à luz de Paulo Freire, Vigotsky, Malaguzzi, Wallon, Morin e pensadores da educação brasileiros como Miguel Arroyo e outros ; somando a estudos sobre como países que se destacam no PISA como Finlândia, Canadá, Japão, a região de Emilia Romana na Itália e outros construíram seus sistemas educacionais, suas Histórias e os passos que foram dados para integrar política educacional com social e econômica.



Talvez possamos aprender como povo brasileiro que não podemos nos render as ignorâncias, delírios, violências e interesses dessas organizações que seus financiadores são responsáveis pelo Brasil ser uma das maiores concentrações de renda, injustiças, pobreza, desigualdades e violências do mundo durante décadas regadas pela não taxação de impostos dos ricos, incentivos fiscais, um dos mais altos juros do mundo, baixa concorrência bancária, títulos da dívida pública e os salários mais baixos da América Latina segundo matéria hoje da CNN.  

 


https://www.cnnbrasil.com.br/business/cesta-basica-e-38-do-salario-minimo-no-brasil-7-na-irlanda-e-160-na-nigeria/


Enquanto as Oligarquias cearenses representadas por Camilo Santana, Izolda e Ferreira Gomes gastaram trilhões durante décadas do povo cearense e da Cooperação internacional com outras prioridades das elites e das oligarquias, incluindo campanhas milionárias que inviabilizam a democracia para se manter no poder sempre, fazendo silêncio e não investigando na Assembleia Legislativa a corrupção de bilhões, que não reduzem a pobreza, e não muda de verdade a educação e a inclusão econômica e social do povo cearense.  Talvez possamos aprender com regiões pobres como Emília Romana e o Pedagogo Malaguzzi, o que eles fizeram para mudar de verdade a educação.  


 

Em abril de 1945, o Pedagogo Malaguzzi se juntou ao projeto ambicioso de um grupo de pessoas comuns de origem rural de trabalho e que, em uma pequena aldeia perto de Reggio Emília, decide construir e operar uma escola para crianças. Desta faísca vai nascer mais tarde outras escolas nos subúrbios e nos bairros mais pobres da cidade, todos autogestão.


 

Malaguzzi acredita firmemente que não é o que as crianças aprendem a seguir automaticamente, a partir de uma relação linear de causa e efeito entre os processos de ensino e os resultados como notas e sistemas avaliativos como SPAECE, mas é em grande parte o trabalho das mesmas crianças, suas atividades e do uso dos recursos que têm.

 

A escola é comparada a um canteiro de obras, em um laboratório permanente onde os processos de crianças e adultos de investigação estão interligados tão forte, viva e em evolução diária.


 

Emilia Romana, cuja capital é Bolonha, é uma região do Norte da Itália com quatro milhões de habitantes, composta por 109 províncias; uma delas é Reggio Emilia. Não é uma cidade grande, no entanto está em plena expansão, tendo sido definida como “cidade mundo”.  Em 1946, logo após a Segunda Guerra Mundial, no Vilarejo de Vila Cella, trabalhadores e comerciantes que perderam tudo se uniram aos novos moradores que lá se estabeleceram a fim de construir uma escola para crianças pequenas. A escola foi erguida com a venda de um tanque de guerra, seis cavalos e três caminhões, deixados pelos alemães. Esse movimento inicial envolveu toda a comunidade, mas de modo especial os pais, pois nasceu do desejo de reconstrução da própria história e da possibilidade de uma vida melhor para seus filhos. Então, desde sua origem, Reggio Emilia é uma escola diferente, enraizada na vontade das famílias de construir um mundo melhor por meio da educação.


 

Portanto a nossa luta pelo PISO dos professores e pela PISA das notas deve ser ainda maior para tirar nossas crianças e jovens da pobreza através  de uma educação que mude suas vidas e dos lugares que vivemos construindo um mundo melhor para todos . O Brasil esta cometendo os mesmos erros que levou a juventude chilena a lutar contra Educação que produz desigualdades e pobreza em seus país. Elegeu Gabriel no Chile para mudar isso e aqui foi Lula, não foi Temer nem Lemann que aproveitaram o Golpe de Dilma para atropelar o MEC e a Democracia Brasileira. Camilo e Izolda se calam sobre isso ! 


Os caminhos da oligarquia na história brasileira levaram a pobreza, escravidão e ditaduras para manter os privilégios das famílias isso é que o acontece hoje no Ceara no Século XXI em seus números de pobreza e violências, incluindo violências politicas! As prioridades sempre foram manter as elites e as famílias politicas no poder. Camilo deixa sua esposa na Secretaria de Ação social do Ceará assim como Izolda a filha como Secretaria de Cultura, enquanto outros membros das famílias ocupam feudos para manter os acordos intactos há décadas. Os discursos são farsas da oligarquia cearense enquanto as mentiras, as mortes, a pobreza e as violências suas praticas de poder. As famílias se tornam Partidos e usam o Estado para seus interesses e acordos com as elites. É necessário não ter vergonha , moral, ética nem educação e civilidade para se sentar na corrupção, indicadores de pobreza e acordos com outros que vivem e enricam pelo Estado. Na visão deles é sua profissão viver do jogo da politicagem. Enquanto isso uma educação critica a tudo isso é massacrada por um modelo que visa agora se expandir pelo Brasil.