SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

AOS NOVOS MESTRES COM CARINHO! SALVE A ESCOLA, A UNIVERSIDADE E A VIDA DE MILHÕES DE CRIANÇAS E JOVENS!

 


*Egidio Guerra. 

 

INTRODUÇÃO 

 

Carpe diem !  Hora de a sociedade dos poetas mortos ressuscitar. A ideia da escola como disciplinas, grade curricular, avaliação e sala de aula bancária precisa ser superada. Essas palavras revelam uma sociedade disciplinar feita por grades de pensamento para vigiar e punir, tendo o professor como capataz dessa instituição, o qual tem a função de examinar, punir e premiar formando o sujeito, como detalha Foucault: 

 

“O exame combina as técnicas da hierarquia que vigia e as da sanção que normaliza. É um controle normalizante, uma vigilância que permite qualificar, classificar e punir. Estabelece sobre os indivíduos uma visibilidade através da qual eles são diferenciados e sancionados. É por isso que em todos os dispositivos de disciplina o exame é altamente ritualizado. Nele vêm-se reunir a cerimônia do poder e a forma da experiência, a demonstração da força e o estabelecimento da verdade. No coração dos processos de disciplina, ele manifesta a sujeição dos que são percebidos como objetos e a objetivação dos que se sujeitam. A superposição das relações de poder e das de saber assume no exame todo o seu brilho visível.” (Foucault, 1977, p. 164-165) 

 

As palavras são duras, mas revelam a verdade de milhares de escolas e a vida de milhões de estudantes que há tempos não aprendem, reféns de uma educação bancária, e não se educam para uma vida, a qual o verdadeiro, o bom, o belo e justo ampliam suas existências e realizam seus potenciais. O verdadeiro como o conhecimento científico que deve se conciliar com os saberes comunitários, como bem escreve Boaventura Sousa Santos, ao falar sobre a necessidade de torná-lo um senso comum emancipatória. Já por bom, deve ser entendido a necessidade de melhor convívio escola-comunidade e comunidade-escola, pois a civilidade é a base da educação. A busca do belo, qualifica nossa existência e vida como uma obra de arte, e do justo, que caracteriza a educação como caminho social para não reprodução de diversas violências que geram desigualdades. 

 

POR UMA RENOVAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR 

 

A Escola precisa mudar, ajudando os professores a se compreenderem como educadores e estes, com autonomia, produzirem “sua salvação”, e para isso precisa aprender, ou seja, nós precisamos aprender e ser críticos e criativos diante de modelos que sacrificam vidas. Não chegamos a essa situação apenas por questões econômicas, mas também políticas. Isso ocorre, pois a escola atende a vários interesses, mas poucos deles são relacionados às pessoas que nela estudam ou a cidade em que vivem.  

 

A forma como se organiza nossa sociedade separando os lugares para rezar como a igreja, trabalhar nas empresas, e aprender nas escolas, e outros apesar de vivermos numa sociedade em rede. Sim, vivemos uma transição civilizatória, o limiar do antropoceno com as mudanças climáticas, inovações tecnológicas, sociedades sem leis, avanço do crime organizado, e aumento de brutais desigualdades e violências (STENGERS, 2015; DANOWSKI; VIVEIROS DE CASTRO, 2014).  

 

Tudo isso impacta a escola além das várias concorrências pedagógicas como os celulares, redes sociais, games e outros que disputam a atenção dos estudantes, além de “ensinar” várias outras lições que divergem da escola, porém ao mesmo tempo disponibilizam pela internet conteúdo ou as mesmas disciplinas da escola.  

Antes a escola era o meio de acesso a esses conteúdos e o professor a ensina-las.  

 

Sim, o maior desafio que temos é aprender a pensar de forma crítica, sistêmica e complexa para que possamos ler a realidade que vivemos e construímos outros caminhos de educar e outros mundos possíveis (MORIN, 2000). Aprender a identificar uma “Fake News” como nos alertou Umberto eco (2015), aprender a compreender nossa trajetória de vida de como chegamos até aqui e para onde vamos, aprender que várias escolas estão mudando como ocorreu em Reggio Emília (1999) e podemos criar o nosso modelo, aprender outras práticas pedagógicas e integrá-las para além da sala de aula, quebrar as grades curriculares e unir espaços educacionais não escolares que interage com a vida dos estudantes e permitem uma cidade educadora, tornar as disciplinas libertadoras, e os professores maestros dessa jornada de aprender e ensinar. 

 

Claro que podemos fazer uma jornada pedagógica de como a razão foi se transformando ao longo dos séculos para se tornar instrumental sem crítica, reduzida a conceitos sem nos conectar a dança da vida dos desafios pessoais e coletivos que enfrentamos como humanidade (ADORNO; HORKHEIMER, 1985) A razão repetida de uma educação bancária e sem reflexão dialoga pouco com os contextos que vivemos e suas certezas não dão conta das incertezas e ignorâncias que nos ensinam de diversas formas a mágica da vida e do mundo (FREIRE, 1970). A razão desconectada de tudo e letrada, produziu um pensamento único feitos de vários fragmentos que nos torna prisioneiros de ilhas, cada um no seu quadrado pensando de forma linear (CAPRA; LUISI, 2014). 

 

Aprendemos pouco sobre nossos sentimentos, imaginação, amor, coragem, dignidade que somados a nossa autobiografia podem ser uma bússola no mundo de incertezas e desafios para escola, professores(as) e a sociedade que vivemos. Sim podemos ensinar com autonomia o que aprendemos na vida e compartilhar na escola contribuindo com a orquestra de saberes que precisa aprender a dialogar com o outro, o diferente, a família, a comunidade, e a cidade, produzindo vínculos e laços sociais e comunitários de um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria.  

  

 

TRAJETÓRIA DE VIDA DE UM EDUCADOR SOCIAL: UMA AUTOBIOGRAFIA SOBRE O SENTIDO DE SER EMPREENDEDOR SOCIAL JUNTO AOS DESAFIOS DO MUNDO SOCIAL E EDUCACIONAL 

 

Minha jornada pessoal como aprendiz me levou por múltiplos caminhos em busca de uma terra da sabedoria. A primeira compreensão nos embates que tive na vida é que apenas conhecimentos técnicos científicos não preenchem o ser e a existência e precisamos de arte. Assisti todos os filmes que pude, li todos os livros de todas áreas que foi possível, incluindo a literatura, sou graduado em Cinema pela UFC e escrevi 825 artigos em meu blog.  

 

Escrevi 5 livros e me aventurei pelo mundo da música, indo a shows, teatros, dança e outros. Ao mesmo tempo, formando um currículo paralelo e fractal em várias dimensões humanas, fui lutar nas ruas nos movimentos estudantis e sociais, depois nos partidos, governos e cooperação internacional por políticas públicas e inovação social. 

 

ATUAÇÃO COMO EDUCADOR EM VÁRIOS SETORES DA SOCIEDADE! 

 

Aprendi que não adianta apenas saber, é preciso lutar e essas lições críticas tem que ser vividas e não apenas lidas. Aprendi a criar e empreender vários projetos econômicos, sociais, educacionais e artísticos começando no bairro, Escola e na Universidade, e depois em várias cidades e países onde as ideias ganham vida nos transformam e transformam o mundo que vivemos.  

 

Trabalhei em empresas como executivo e aprendi a imensa importância da utilidade e da economia para o dia a dia do mundo como vivemos, mas que a vida não se reduz a ela. Aprendi a ensinar nas Escolas, ONGs e Universidades, incluindo acadêmicos das principais Universidades do mundo onde acompanhava os estudantes em pesquisas. Trabalhei no Banco Mundial e na ONU, e ganhei vários prêmios no Brasil e pelo mundo, incluindo do Presidente da UNESCO, o prêmio Novia Salcedo em 209 pelos projetos que criamos.  

 

https://www.virgula.com.br/home/legado/economista-brasileiro-e-premiado-na-espanha-por-trabalho-com-jovens/ 

 

INTEGRANDO APRENDIZAGENS EM VARIOS SETORES NA VIDA E ORGANIZAÇÕES.  

 

Aprendi o valor da prática em projetos de extensão e como o ensino deve se tornar pesquisa, esses saberes me proporcionaram ao mesmo tempo viver várias dimensões do meu ser como educador, palestrante, pesquisador, empreendedor, executivo, consultor, gestor público, cineasta, escritor, e líder estudantil, social, empresarial, tecnológico e ambiental. Transformei educação em causas e lutei no Grêmio na escola, CA, DCE e UNE; transformei educação em projetos como as Empresas juniores e várias ONGS que empreendemos como Empreendedores de sonhos, EDISCA, PRECE, IEP, Agencia Mandala, Aliança Empreendedora e outras.     

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 

O importante dessas lições, onde múltiplas lições e saberes se cruzaram na teia da vida, produziram minha educação, contribuindo com a economia, mantive minha saúde praticando esportes, e dialogando com a natureza, novas tecnologias e espiritualidade judaica, assim pude cuidar de minha família e filho, e construir meus lares em várias cidades de um pequeno grão de terra à Terra da Sabedoria. Concluindo, compreendendo que da dimensão particular e cotidiana do exercício da cidadania e vida profissional é possível colaborar com a tessitura em rede de uma nova sociedade cuja as sementes da equidade, liberdade e fraternidade devem ser plantadas na escola e na interação dela com a comunidade.  

 

Referências 


ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. 

 

CAPRA, Fritjof; LUISI, Pier. A visão sistêmica da vida: uma concepção unificada e 

suas implicações filosóficas, políticas, sociais e econômicas. São Paulo: Cutrix, 

2014. 

 

DANOWSKI, Déborah; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Há um mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins. Florianópolis: Cultura e Barbárie: Instituto Socioambiental, 2014. 

 

ECO, Umberto. Número Zero. Rio de Janeiro: Record, 2015. 

 

EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Leila ; FORMAN, Georg. As cem linguagens da criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. 

 

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1977. 

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970. 

 

MORIN, Edgar. Os setes saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000. 

 

STENGERS, Isabelle.  No tempo das catástrofes: resistir a barbárie que se aproxima. São Paulo: Cosac Naify, 2015.  

 

Egidio Guerra é formado em Cinema pela UFC, Administração pela UECE, Mestrando em Educação pela PUCPR e acadêmico de Pedagogia pela UFC. Fellow Ashoka, Consultor do Banco Mundial e ONU. Fundador das Empresas juniores, eleito pela Revista Exame Empreendedor de um novo Brasil, recebeu do Presidente da UNESCO em Bilbao na Espanha uma comenda por seus projetos educacionais e impactos na juventude global. CEO da Ecossistema digital e Diretor executivo do Vale de inovação global em Políticas públicas e impacto social.  

 



Por novas autobiografias, caminhos de aprendizagem e currículos: como me tornei um educador 

 


Por *Egidio Guerra 

INTRODUÇÃO.  

Eu cursei Administração de Empresas na UECE na época era a melhor Faculdade de Administração de Empresas no Ceará nos anos 90. Fui fundador e primeiro presidente da primeira Empresa júnior do Ceará em 1993, onde realizamos dezenas de consultorias. Atuei como Executivo de Empresas como Coca- Cola, Brahma, Du Pont e Amro Bank.  Hoje depois de estudar Economia, Psicologia e Cinema estudo Educação e como educador, pesquisador e palestrante tenho compartilhado o universo e desafios das escolas e universidades (públicas e privadas) brasileiras e americanas; onde convivi entre 2000 e 2020 com Professores e acadêmicos de Harvard, Duke, Yale, Columbia, MIT, Princeton e outras, orientando pesquisas dos estudantes sobre inovações econômicas, educacionais e sociais que cursaram 16 créditos no Brasil.  

 

Hoje escutando diretores e professores de escolas falando da importância da gestão na Escola, me pergunto de que práticas de gestão estão falando. Organizações que aprendem, liderança como monges executivos, células de qualidade, ou várias práticas que estimulam a criatividade e o desenvolvimento pessoal? Ou as antigas práticas de gestão de controle, cobrança de metas individuais ou por setor onde trabalha, técnicas de planejamento, mapeamento de processos e projetos, reengenharia, e outras que destruíram  milhares de empresas e suas culturas feitas para durar, e foram abandonadas por empresas que fabricavam coisas? É sobre essas questões que quero discutir ao longo do texto.  

 

GESTÃO ESTRATÉGICA EM ORGANIZAÇÕES QUE APRENDEM! 

 

As questões ora enunciadas na Introdução serão referência para discussões aqui. A resposta inicial que trago, a partir de minhas experiências vividas, é de que essas práticas não são suficientes mesmo em Empresas para inovação e competitividade sistêmica em clusters que são monitorados por planejamentos em portais on-line, as quais podem mudar os rumos das empresas e setores da economia todos os dias, diante de um mundo cada vez mais digital, disruptivo e tecnológico que abala inclusive as formas que educamos com os impactos da inteligência artificial, big data e robótica. Agora querem fazer isso com as escolas, gerando educadores tecnocratas que confundem gente com produtos feitos em escala e gestão industrial, tipo taylorismo, fordismo ou Toyotismo (LAVAL, 2004). 

    

Sim senhores!  As escolas vivem no mundo atual e não no mundo passado da gestão e suas burocracias, isso sem contar as mudanças climáticas, avanço de brutais desigualdades e violências, e para muitos marxistas, o muro de Berlim não caiu apesar de ocorrido há mais de 30 anos. Digo isso aos educadores porque as teorias e práticas, pedagógicas e de gestão tem que mudar. Muito mais que isso, temos que mudar como formamos os educadores, indo além dos limites da educação, temos que aprender novas práticas de gestão para lidar com pessoas que necessitam ampliar seu potencial e criatividade. 


Esses educadores necessitam compreender os contextos econômicos, sociais e ambientais que apesar do capitalismo e suas desigualdades podem impactar a educação e seus resultados como tem feito Emília romana, Canadá e Finlândia. O avanço da criminalidade e as violências fazem parte do dia a dia das escolas, mas também a urgência das questões ecológicas, tecnológicas, sociais e do mundo do trabalho que já impactam o presente e futuro de nossos alunos, necessitando de outros caminhos em suas vidas para viver e se educarem (MORIN; MOIGNE, 2000). 

 

Essas questões tratam dos contextos e desafios que vivemos exigindo novas formas de educar, visando ultrapassar os limites do currículo como entendemos, e gerar novas autobiografias de educadores nos relatando suas aprendizagens e de seus alunos nessa jornada. Claro que isso vale também para secretários de educação, diretores de escolas, universidades e professores que devem ser maestros dessa mudança, práticas pedagógicas e cultura organizacional. 

 

Integrar práticas pedagógicas com o contexto do mundo que vivemos e, outros mundos que necessitamos criar é necessário, interagindo essas práticas com nossas vidas e dos alunos e alunas para criar outras razões, diálogos e currículos  que dançam  com as disciplinas e territórios onde as escolas e universidades atuam. Muito mais que salas de aulas, precisamos transformar o mundo e a vida em sala de aula,  aprendendo a pesquisar cientificamente (Demo, 2002), gerar conhecimento e transformar em atitudes éticas capazes de impactar nossas vidas, as cidades e a Terra. Inspirado em Pedro Demo, temos o tópico seguinte, visando adentrar na questão da cientificidade no fazer escolar.  

 

A IMPORTÂNCIA DE PESQUISAR NA ESCOLA E UNIVERSIDADE. 

 

A pesquisa científica desperta o conhecimento da realidade complexa e nos desafia, somando a autobiografia que resgata razões e memórias que dão sentido às nossas vidas e o que fazemos no mundo, essas práticas pedagógicas da pesquisa cientifica e  autobiográfica interagem conosco nas escolas, universidades e espaços educacionais não escolares (LORIGA, 2011; DOSSE, 2015)  

 

Compreender essa jornada é essencial, inclusive usando tecnologia para entender como nos tornamos ao longo da vida em alunos e educadores, em tempos limitados ou integral, para tirar notas boas e ter uma vida boa, e outros. Compreender porque determinados assuntos nos fez estudar algo, buscar e ler livros, escolher um saber como curso universitário, uma área como profissão..., mas poderíamos ter escolhido outras? Mais de duas? Somos polímatas? (BURKE, 2020) 

 

Nessa jornada vamos compreender como nos tornamos, quem somos, os lugares que vivemos, suas regras, métodos e desafios, onde estamos e para onde vamos. Principalmente se for um educador  ou político, pois suas decisões, métodos e  objetivos impactam bilhões de vidas e são mais poderosos que armas e dinheiro, porque podem ajudar a construir sociedades mais pacíficas e éticas sem violências e brutais desigualdades. Como escreveu Alexis de Tocqueville (2005) precisamos realizar a quarta  educação do mundo, na qual ocorre a conscientização dos indivíduos, promovendo a democracia na vida cotidiana através da cidadania prática. 

 

Eu citei que já  atuei em empresas como Coca- Cola, Du Pont, e Ambev; escolas e universidades como Colégio Batista e SIT, mas poderia ter dito que já joguei bola, lia as leituras na missa, era muito brincalhão e tinha uma empresa que organizava festas e baile funks. A WAR SOM, meu socio e primo hoje é o dono da SKYLER.  

 

Cada um desses ingredientes se misturou na minha vida pelos lugares que passei, aprendendo e ensinando, com os livros que escolhi ler, querendo aprender algo que a realidade me desafiava a pesquisar cientificamente, e que muitas vezes assistia filmes com esse objetivo de aprender. Esse processo me levou a lutar nas ruas, movimentos estudantis e sociais, em períodos que aprendemos que os  desafios são também coletivos. O conhecimento ganhou vidas em novas palavras e linguagens que ao invés de me reduzir ao mundo das empresas, política, social ou educacional foi ampliando meu ser, minhas razões e vivências, causas, sonhos e amores baseados e nutridos por diversos valores.  

 

Foi nessa jornada também tecnológica que aprendi a usar novas tecnologias. Cursei informática no ensino médio. Na jornada da vida a me relacionar  com a natureza e espiritualidade, estudei ecologia e judaísmo. São dimensões de minha vida que buscava apreender e expressar meu ser neste mundo,  comecei  a criar e empreender novas ideias, projetos, organizações e redes com nas empresas os Agentes de Responsabilidade social na CNI, nos Governos como o Programa Sinergia Social, no terceiro setor a Rede de ONGs Terra da Sabedoria, nas escolas com os Grêmios, nas Universidades com as Empresas juniores , na cooperação internacional com a REDE NÓS, mercado  financeiro, comunidades pobres, e cidades educadoras, mas também nas artes escrevendo meus textos em um blog “habitante de uma Terra da Sabedoria”,  livros como Quando amar é Proibido e Sociedade da Paixão e fazendo meus filmes como 68 HIGH TECH. Por isso fui fazer 5 anos de faculdade de cinema, mas com um olhar econômico por ter estudado economia e atuado na cooperação internacional como Banco Mundial e ONU.  

 

Eu sempre busquei entender de forma sistêmica, complexa, transdisciplinar, intersetorial e internacional o mundo que vivemos e seus desafios críticos, visando criar inovações em projetos e políticas públicas. Foi essa jornada que me levou à educação  e me tornou um educador em busca de novas formas de  ser, viver, educar, nos autogovernar com currículos que transformassem nossas autobiografias em jornadas educacionais. 

   

Nunca perdi de vista os fios educacionais que me trouxeram até aqui, incluindo as redes que fazemos parte, nesta grande rede que é a educação para uma vida integral, atuando em todas as dimensões que podemos expressar nosso ser e nossas capacidades de superar os desafios coletivos que compartilhamos. Esse foi o fio que me fez estudar psicologia e educação, mas também de ler várias biografias e escrever minha autobiografia.  

 

Amo compreender como vários seres humanos em seus contextos e desafios distintos em épocas diferentes, fizeram escolhas, tomaram decisões, pensaram e agiram para escrever com suas vidas e palavras o mundo que vivemos. Essas razões produziram novas ciências, tecnologias, economia, as formas como vivemos a política, entre elas o Estado e a democracia, diversas artes, espiritualidades e caminhos para nos educar, nos relacionar com a natureza, vivermos em casas e cidades, e termos pessoas que consideramos família, amigos ou interagimos pelas redes sociais. Assim sendo, compreendo que especificamente, no contexto deste estudo, a pesquisa autobiográfica se torna uma abordagem essencial para refletir sobre essa trajetória de vida pessoal, profissional e político-social, pois nos leva a refletir sobre nossa aprendizagem ao mesmo tempo nos desafia a pesquisar os desafios que encontramos na jornada e seguir em frente.    

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 

Essa prática pedagógica e didática de aprender com a vida, a Escola, Universidade e outros espaços educacionais não escolares que compartilhamos nos desafia todos dias a aprender, gerar conhecimento, reescrever nossas biografias, expandindo nossos seres, superando desafios coletivos, e gestando nessa jornada novos currículos, caminhos de aprendizagem e educadores. 

 

Eu acredito em uma educação que gere várias oportunidades, escolhas e desafios para pessoas em movimentos  presenciais  e virtuais, em  lógicas complexas, incertas e singulares, aprendendo a descobrir e criar o mundo, a ter  visões  sistêmicas, não  fragmentadas e lineares, expressarem seus seres de diversas formas em todos ambientes e espaços que vive, incluindo as redes sociais e as nuvens que devem interagir e produzir singularidades (MORIN, 2005) 

 

Necessitamos de bússolas para nos guiar diante de incertezas, e labirintos para nos achar e perder em busca de inovações e novos horizontes. Na tessitura da rede educacional, ajudando a compor novas conexões de sentido sobre o que será uma nova educação, e que transforme ou inspire o planejamento e implementação de novas políticas públicas. O meu cérebro e vida também desenvolve “minha big data” e produz inteligência ao longo da vida, muito melhor que as capacidades dos computadores atuais, pesquisamos e aprendemos muito melhor que o Google ou a Alexia, fazemos isso por bilhões de meios e neurônios, caminhos diversos e múltiplos que nos educam ao mesmo tempo nos tornam quem somos, ampliando nossas capacidades de transformar o mundo que vivemos. 

 

 

Referências  

 

BURKE, Peter. O polímata: Uma história cultural de Leonardo da Vinci a Susan Sontag. São Paulo: Editora Unesp, 2020. 

 

 

DEMO, Pedro. Educar pela Pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2002. 

 

DOSSE, François. O Desafio Biográfico: escrever uma vida. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015. 

 

LAVAL, Christian. A Escola Não É uma Empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. Londrina: Editora Planta, 2004. 

 

LORIGA, Sabina. O Pequeno X: da biografia à história. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011. 

 

MORIN, Edgar. Introdução ao Pensamento Complexo. Porto Alegre: Sulina, 2005. 

 

MORIN, Edgar; MOIGNE, Jean-Louis Le. A Inteligência da Complexidade. São Paulo: Peirópolis, 2000. 

 

*Egidio Guerra é formado em Cinema pela UFC, Administração pela UECE, Mestrando em Educação pela PUCPR e acadêmico de Pedagogia pela UFC. Fellow Ashoka, Consultor do Banco Mundial e ONU. Fundador das Empresas juniores, eleito pela Revista Exame Empreendedor de um novo Brasil, recebeu do Presidente da UNESCO em Bilbao na Espanha uma comenda por seus projetos educacionais e impactos na juventude global. CEO da Ecossistema digital e Diretor executivo do Vale de inovação global em Políticas públicas e impacto social.  

 

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

UM NOVO CAPÍTULO PARA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DO CEARÁ.

 


Na disciplina História da Educação no Ceará da Faculdade de Educação da UFC estudamos a politica pública “Todos com educação de qualidade para todos “ implantada nas últimas 3 décadas e tivemos o depoimento de educadoras históricas da Secretaria de Educação do Ceará que participaram no começo da implantação dessa política pública dialogando com alunos. No debate foi falado  “ o que o Governo do Ceará faz hoje não é educação ! E por isso resolvi escrever esse artigo.





No mundo em profundas e velozes transformações, o que significa educar? Recentemente o Governador do Paraná, Ratinho Junior, foi criticado porque seu filho estuda numa escola inglesa no Paraná que tem no seu programa estudos de filosofia, política, artes, liderança e outros. Enquanto os jovens paranaenses nas escolas profissionalizantes lhe é negada essa formação humanista que amplia sua autonomia, criatividade, capacidade de entender e liderar o mundo que vivemos. No Governo do Ceará podemos dizer o mesmo em relação ao ensino médio ou pior sobre a educação pública pois nas últimas 3 décadas o Governo do Ceará das oligarquias abandonou 60 % da população que não concluiu o ensino médio, além de ser o quinto pior Estado em alfabetização. O Governo do Ceará foca nas notas de português e matemática para 311 mil pessoas que cursam o ensino médio gastando bastante dinheiro com eles, principalmente prédios, e abandona os demais. Gostaria de lembrar que nenhum país que alcançou as melhores notas do PISA separou sua política educacional da social, e priorizaram de verdade a educação. Não é o caso do Governo do Ceará que prioriza incentivos fiscais, turismo, estradas, silencia sobre corrupção, mantém brutais desigualdades e violências há décadas, é um dos estados que mata mais jovens, e gastos extraordinários com mídia e marketing. O pior disso é querer transformar Educadores em técnicos e gerentes pedagogos, mas o ensino superior tem como fundamento a crítica e a criatividade, muitos dos problemas gerados é o próprio sistema que cria e limita o potencial dos estudantes, escolas e Professores. Adestrando-os por um sistema de gestão, assim como os alunos cópias das cópias. 


 

O mundo mudou rápido e nossa educação não resolveu o básico, quando outros modelos, métodos e estratégias educacionais pelo mundo tiveram mais impacto mesmo em economias mais pobres que as nossas. O que é a habilidade de educar hoje ? Entender, aprender, ensinar, mudar as coisas que tenho na cabeça, transformar algo, ver adiante, a  habilidade de continuar aprendendo sempre. Esse desafio contemporâneo de ser protagonista, nos convida a inaugurar outros capítulos na história da Educação do Ceará porque eles estão presentes há pelo menos dez anos. Nascemos numa sociedade em que o melhor aluno era o que tinha o maior número de conteúdo fixo, e educar era transmitir, as regras, os conteúdos, os exemplos, o maior número de saber acumulado como se ele fosse fixo, e por isso se você reproduzir bem tira 10, não respondeu tira zero. Quanto mais conteúdo, mais eu podia responder as perguntas e ocupava um lugar de acordo com mais informação que acumulasse.  A informação continua fundamental e o conhecimento envolve dados, porém a sociedade mudou . 




Vivemos no mundo líquido em redes que mudou as regras e, o saber não tem mais forma definida, um saber que se transforma a todo instante, não apenas na quantidade. Nesse mundo é preciso saber em rede, compartilhar informações num mundo cada vez mais complexo, volátil, incerto, afinal o mundo aumentou muito a capacidade de produzir conhecimentos. Vivemos num mundo frágil, não linear, incompreensível, não há ninguém que domine todas as variáveis. Como se mostrou quando um vírus fez o mundo fechar, já não existe mais aquele sistema ou teorias que explicam tudo, nem professores com todas as respostas, houve uma aceleração da tecnologia, e quase todos os produtos que hoje nós utilizamos tem no máximo 15 anos. Porem Governos gastam bilhões para " educar " crianças e jovens para um mundo que não existe mais. Tudo acelerou e tudo está se integrando em celulares, Big data, IA, e nas nuvens. Hoje cada pessoa tendo celular, bateria e rede tem acesso ao conhecimento, conexão com o saber humano acumulado, isso é uma revolução quanto a recepção do conhecimento, ao uso do conhecimento, e a produção do conhecimento .



Como descreve o Historiador Leandro Karnal vivemos um momento histórico como em outras épocas foi a queda da Bastilha, a queda de Constantinopla, ou a Reforma protestante que foram marcos de novas eras. Hoje o surgimento do smartphone e a pandemia são marcos do mundo em que vivemos. Hoje fazemos reuniões virtuais, nos educamos pela internet e passamos a viver e pensar abertamente de forma natural que vivemos no mundo virtual. Tecnologia é mais barato que construir prédios. As novas gerações se desafiam a entender o que é o real presencial e o virtual, o espaço e o tempo se separaram, não importa mais o lugar e a distância, independente de onde você esteja, você pode ter acesso num presente contínuo a conteúdos contemporâneos, independente do lugar que vive, mas que infelizmente esse mesmo presente contínuo tem como uma das consequências às vezes tentar eliminar o passado. Alguns olham matérias na internet e descobrem depois que elas têm mais de 5 anos, e a pesquisa pela internet nos obriga a registrar, checar, e atualizar o conhecimento e a memória sempre. Eliminamos o espaço como obstáculo, e geramos novos problemas, erros e desafios como fake news. O que existe na internet muitas vezes fica registrado sempre. Emergem desse processo as contradições históricas e a história nos desafia a analisar o currículo de todos e o conhecimento sempre. 



Mudamos assim um paradigma, o centro do conhecimento não é mais a memória ou saber de cor, a inteligência não é o conteúdo que define, nem a quantidade de informações devido ao acesso pelo celular conectado, pois podemos acessar e verificar uma enorme quantidade de informações. A memória perdeu o lugar para estarmos pensando mecanismos de elaboração autônoma de conteúdo, de senso crítico, mudou o paradigma para criação, autonomia, nossas capacidades e capilarização das redes e conexões que fazemos parte. A nossa capacidade de transmitir mensagens e impactar o mundo, com quem nos conectamos, favorecendo um dinamismo que quem tem menos conteúdo pode ter mais capacidade de interagir de forma rápida. E a Escola não pode fazer de conta que isso não esta acontecendo... 



A fama nas redes sociais e os podres poderes têm trabalhado para anular o verdadeiro saber que se transforma de forma lenta e rápida. Um paradigma veloz busca se estabelecer como capacidade de se conectar em rede e adquirir fama com seus conteúdos conservadores ou progressistas. O mundo sempre tentou voltar o tempo com reacionários e alguns casos podem ser modas de até 2 anos atrás que reaparecem como novidades. Por isso, necessitamos aprender a perguntar porque responder Siri e Alexa fazem. Os humanos formulam perguntas ou ideias claras e corretas que nos levam a buscar respostas, se soubermos onde encontrá-las vamos nos tornar seres humanos melhores. O processo formativo visa manter a curiosidade, a perguntar sem cessar, a questionar, a fazer da dúvida metódica um exercício produtivo de conhecimento. As respostas vão variar muito mas qual a validade daquela pergunta? porque perguntar ? Esse é o novo mundo da educação devido a velocidade dos comportamentos sociais, tecnologia e de tudo que se move, perde rapidamente a validade das respostas. Por isso o protagonista da educação não está mais no professor ou um livro mas em que estiver aprendendo e sua jornada. Cabe aos professores estimular a curiosidade e o papel do conhecimento é dos alunos.



Educar para o futuro é pensar além da escola ou de uma determinada técnica. Fortalecer o protagonismo da busca contínua pela nossa capacidade permanente de pensar por problemas e indicar soluções possíveis, e caminhos a seguir com criatividade, ousadia, coragem e método. Por aquilo que me indica uma nova questão, um ceticismo metódico, derrubar dogmas, se adaptar às novas circunstâncias e desafios. O acesso aos dados e informações não dependem mais do professor e da escola, nem anotar ou aguardar as apresentações, porque tenho que concentrar meu tempo em aprender e desafiar minhas capacidades. As aulas não devem ser contínuas, podem ter interrupções por vários motivos, mas tenho que manter o ritmo do aprendizado. O aluno adapta a informação ao seu ritmo mas é um defeito se pula de um texto ou vídeo a outro, sem de fato esgotar aquela ideia, é um defeito se você não formalizar um processo de início, meio e fim daquela ideia. A aquisição de linguagens exige aprender o português, inglês, matemática, fazer uma planilha no excel, editar vídeos, mas significa se abrir para novos universos e novas posturas, que inclui um software, uma nova língua, mas que inclui uma experiência que me afaste daquele imediato concreto e me torne cada vez mais alguém capaz de ser produtor de pensamento, e que vou me servir dessa floresta de conhecimento que o mundo contemporâneo nos oferta. Temos que manter o coração do estudante VIVO, o amor ao saber. 




Aprender sempre e produzir conhecimento permanente, indo muito além do diploma, um curso, profissões, misturar saberes, experiências e sonhos. Gerando novos caminhos e novas áreas para aprender que podem ser usadas inclusive nas redes sociais, enquanto durar nossa criatividade até morrer, podemos expandir nosso ser e mudar o mundo que vivemos. Novas tecnologias, reflexões sobre questões políticas, gênero e racismo indo além de como olhamos o mundo lá trás e suas polarizações ou modismos, com grande capacidade e curiosidade, indo além das repetições automáticas, do conhecimento que não precisa de senso crítico e estético pois está nas mãos dos algoritmos, da inteligência artificial e robôs. A capacidade de pensar, a capacidade de produzir algo novo, a capacidade de questionar se tem sentido ético, se tem sentido prático, se melhora as pessoas, a quem serve esse novo programa, a quem serve essa nova capacidade, essa capacidade por enquanto é exclusiva de nós humanos. Tudo mudou em relação a todas as coisas, mas a capacidade de aprender permanece, inclusive como critério de uma saúde plena.



E se eu decido parar, o mundo continua avançando em alta velocidade. O que exige aprendermos sempre! A tecnologia é uma delas. Não se trata de uma nova técnica, mas de aprender que uma nova técnica e máquina é superada por novas técnicas e máquinas, nós temos que lidar com essas tecnologias. O segundo imperativo é que mudou a economia e para onde vai a riqueza ? não vai para produtores de petróleo, carros, soja, diamantes, indústrias e outros mas para produtores de ideias. A maior riqueza que temos hoje é o conhecimento, a ideia. Nós estamos falando da capacidade de gerar ideias, de novas formas de fazer as coisas, de não apenas aumentar a produção, mas de ser diferente, de agregar valor, de ter compromisso com causas, e as empresas também são ideias. Navegar nas redes virou consumo crescente, o comércio foi para as nuvens, e a globalização acelerou com a Índia programando para o mundo. Os empregos migram, os nômades digitais atuam pela internet sem escritório, incluindo saúde e educação online. O acesso pode ser de qualquer lugar e entro num fluxo de uma vida internacional. O trabalho ficou mais inteligente, em rede, e veloz. As sementes dessa mudança brotaram e aceleraram. Moramos e trabalhamos em casa, evitamos a insegurança social das ruas, as casas viraram escola, isso mudou a perspectiva de integração trabalho, escola e família, as doenças psíquicas aumentaram como depressão, e nossa estrutura mental esta mudando para sabermos o que é essencial em nossas vidas .



Necessitamos organizar a nossa educação, pensar nosso currículo em diálogo com a vida, melhorando nossas deficiências como por exemplo em línguas, informática, artes, habilidades sociais e outras. Porém também posso apreender a me vestir e falar melhor, sendo protagonista do meu conhecimento, terei assim uma vela em direção aos destinos que busco. Buscar caminhos e instituições sérias, os currículos das pessoas, autores novos e clássicos. Ler livros, ver filmes, dialogar com pessoas presencialmente e virtualmente sobre ideias. Necessitamos sair da caixinha, expandir nossos seres em outras áreas, criar novos caminhos. Aprender constantemente, saindo da zona de conforto, buscando inovações disruptivas que ampliaram nossos horizontes e caminhos. Há 30 anos eu leio livros de todas as áreas como Bill Gates, mas também precisamos fazer coisas novas. Viajar sem fotografar, aprender um instrumento musical, fazer uma música, escrever textos como esse, um passo atrás para saltar à frente, aprender e seguir em frente.



Mas tudo precisa de método e ousadia. Nada mais errático que semear sem objetivos claros. Não podemos viver de forma aleatória, temos que ser focados, tem um ponto a seguir por maior que o desafio seja. Ler um livro todo, seja lento, caminhando ou cozinhando, sem perder a agilidade quando precisamos dela. Nós precisamos melhorar sempre, nossa mente ou forma física, viver existências boas, belas e justas compartilhando desafios e objetivos. Desenvolver habilidades também na vida pessoal, conhece a ti mesmo, sendo fiel a si mesmo, sem ser falso com ninguém, aprendendo a se observar, aprendo sobre os outros, aprenda aquilo que vai lhe tornar mais hábil com outras pessoas, aprenda aquilo que pode revolucionar sua vida, aprenda aquilo que pode produzir uma atitude nova, aprenda aquilo que pode renovar o que você já faz, criar uma nova habilidade, criar uma nova ideia pessoal e profissional, considere-se uma obra de arte em construção numa mudança de era. 



Muitos se viram em mudanças de era, muda-se os tempos, muda se as vontades e tudo é mudança . "Aquilo lá fora é uma revolta ?" Não é uma revolução, tudo precisa ser mudado, não é mais do mesmo, e sim uma mudança de paradigma. Por isso precisamos aprender agora, aprendendo modelos de conhecimentos. O analfabeto do século XXI não será aquele que não sabe ler e escrever segundo Alvin Toffler mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender. Eu preciso desconstruir meu ser e entender como a sociedade me construiu, preciso aprender algo novo sempre. As empresas não precisam ter carros, hotéis, ou aeronaves, mas elas precisam ter informações, conectar pessoas e ser inteligentes on-line. É preciso aprender as diferenças, a diversidade da humanidade e da natureza do qual somos parte, temos que desaprender comportamentos e hábitos, formas de reproduzir coisas, não apenas por serem antigas mas por serem erradas. A lei pune racismo, machismo e outros. 



O futuro pertence às pessoas neuroplásticas, capazes de adaptar áreas do cérebro às novas habilidades e novas questões. É preciso aprender a criticar, discordar, aprofundar, superando teorias, ciências, leis, comportamentos, o que exige ampliar, contextualizar e ressignificar, porque não existe uma coisa pronta e perfeita mas existem apenas adaptações, mutações e transformações desse conhecimento. Supere seus desafios e evolua passo a passo..até o fim de 2022, 50 % das habilidades profissionais que existe hoje serão transformadas, 1 bilhão de empregos no mundo todo serão completamente transformados, em 2022, 133 milhões de empregos serão criados pela digitalização, até 2025 mais da metade dos trabalhos do mundo serão realizados por algoritmos ou máquinas, e os trabalhadores precisaram aprender mais habilidades socio emocionais e habilidades tecnológicas.   



Óbvio que nessa jornada nossos estudantes continuaram tendo que aprender e ensinar português, matemática e outras matérias, mas por quais caminhos, mais dos mesmos erros, será que podemos aprender com outros alunos ou pela internet? Quanto tempo se gasta na Universidade para citar referências em textos acadêmicos, quando cada vez mais programas automatizados fazem isso, e poderíamos gastar esse tempo para ler mais ou dar vida ao conhecimento. Isso me lembra o livro Polímata do Historiador Peter Burke quando as pessoas podiam estudar e ter experiências em várias áreas, proporcionando um conhecimento mais sistêmico sobre si e a realidade, menos fragmentado, linear e instrumental. Hoje podemos ter aulas com pesquisas em campo, projetos interdisciplinares, autobiografia, pesquisa ação e outras práticas pedagógicas, mas os professores em escolas públicas têm tempo para preparar essas aulas? Existe formação de professores com didáticas e práticas pedagógicas ou estão gastando seu tempo para que alunos copiem e decorem para os exames sem aprender a pensar? Nós sabemos a resposta e mudamos o que ? Porque interessa ao Governo as notas para seu marketing independente de como as pessoas aprendem e vivem ! Sei que os educadores usam Pink floyd em suas palestras e vidas mas cantam de verdade ? Another Brick In The Wall ou querem enganar os alunos quando não enganam a si mesmos. Nós somos apenas mais um tijolo em suas paredes das Escolas e Universidades.




A criança e o jovem precisam aprender na escola e expressar seu ser e isso é tão importante quanto conteúdos. Pensar as incertezas e dinâmicas da sociedade que vivemos, assim como a história e lógico também o pensamento de vários autores para compreender suas ideias e misturar com as nossas, essas são lições que carregam dentro delas múltiplas lições entre elas o verdadeiro amor ao saber. Por exemplo os pensadores que amo, tiveram existências incríveis na luta para que o saber libertasse outras pessoas, eles não foram reféns de uma disciplina, nem de governos, e talvez pela soma de tudo isso produziram e criaram conhecimentos incríveis que ajudaram a escrever a história e construir a humanidade. Necessitamos motivar nossos alunos para compreender que o saber pode impactar suas vidas e os lugares onde moram é tão importante quanto o currículo. Pessoas não são biscoitos a serem empacotados e recebem notas nem professores são diretores de fábricas . 



Como podemos pensar os educadores, as escolas e os alunos nesse mundo em transição e podemos ajudar a mudar as Escolas e Universidades para mudarem nosso Brasil com cidades educadoras. Temos hoje vários Doutores e Professores de Universidades que não mudam nada, nem mesmo suas existências, o repensar do saber e agir pode mudar a sociedade que vivemos e milhões de vidas ao mesmo tempo a partir das Escolas e Universidades e das cidades onde moramos.  



Às vezes escrevo textos como esses que penso rápido, cito mais de 10 livros que li e numa frase cito 3 pensadores de áreas diferentes como Bruno Latour, Foucault e Umberto Eco, faço isso porque em minha casa tenho 2 mil livros riscados da primeira página a última, eles foram escolhidos não porque fazia uma Faculdade A ou B, ou por estar escrevendo um texto acadêmico mas porque os desafios e angústias da vida me levaram a buscar esses autores. Eu aprendi com Vygotsky sobre minha região proximal e buscava mais complexidade com Morin visando ter uma vida plena e um mundo melhor, desconstruindo a sociedade e seus podres poderes que buscam anular e destruir pessoas com Foucault.





Hoje o crime, políticos, empresários e burocratas tomaram conta da escola e destruíram o amor ao saber para virar empacotadores de diplomas. A escola pode conscientizar mais sobre o saber e nossos desafios, compreender melhor como aprendemos e ousar por novos capítulos na história da educação. Eu me formei em cinema porque quero contar essa história, incluindo a minha história como aluno e educador. O meu objetivo com essas lutas e contribuições não é a graduação ou o Doutorado, mas mudar a educação. Eu sempre busquei expandir meu ser de forma integrada e sistêmica pelas diversas áreas educacionais e profissionais que passei. Por menor que seja quero dar minha contribuição a educação, é uma missão e essa mudança virá de diversos caminhos. Eu criei uma rede na minha vida atuando em vários setores e sendo ponte entre Empresas, Universidades, Movimentos estudantis e sociais, ONGs, Cooperação internacional, Governos e Comunidades, cada um me vê com sua identidade pois fui executivo, militante, artista, gestor público, educador e outros. Nessas identidades fazemos pontes para conectar mundos diferentes, ao invés de atuamos sozinhos transformamos o mundo em rede. Esse é o meu discurso na Espanha quando ganhei o prêmio do Presidente da UNESCO em como devemos aprender a escrever a música juntos que muda nossas vidas e sociedade, e como podemos tocá-las em orquestras as sinfonias educacionais. 





Não sou do projeto de poder do PT, nem de Bolsonaro, nem das Oligarquias mas da sociedade civil. Essa missão educadora e inspiradora nos engaja nesses desafios educacionais. Minha relação com o saber não é acadêmica ou profissional mas existencial e social, o que o saber me transforma como ser para que eu transforme os lugares onde vivo. O meu amor ao conhecimento é esse, assim como meu amor a Escola e Universidade como espaços onde compartilhamos saberes, por isso a internet vira espaço de aprendizagem. Ser Professor, Doutor ou publicar livros são causas, não produtos, que geraram belas, boas e justas existências que nos constituem como seres capazes de realizar sonhos de algo que nos transcende pelo amor aos saberes. 





quarta-feira, 25 de agosto de 2021

EDUCAÇÃO AMBIENTAL, ECONOMIA E SAÚDE NA TEIA DA VIDA. página 4.

 


Educação ambiental é um saber sistêmico e transversal pois nosso ser faz parte da natureza que impacta nossa saúde, ao mesmo tempo que nossa educação impacta a natureza, é transdisciplinar.  Nós precisamos aprender novas formas de ser, viver, educar e governar devido às mudanças climáticas, integrando tecnologias, meio ambiente e espiritualidade, pois a educação ambiental nos desafia a nos relacionar com outros seres vivos incluindo as condições de vida de toda a humanidade.



Essa jornada vivemos na disciplina da Professora Raquel Crossara da UFC e fiquei muito feliz quando ela disse que fui a primeira pessoa a trazer a temática das mudanças climáticas. Porém apenas discutir esse tema não é suficiente, e agora com o último relatório da  ONU temos um ultimato de 30 anos para o Planeta Terra acabar como o conhecemos. Necessitamos urgente estudá-lo para compreender a sala de aula Terra. Algumas práticas pedagógicas usadas pela Professora Raquel ao longo da disciplina podem nos ajudar na jornada de nos educar ambientalmente e mudar nossas atitudes, consumo, as diversas formas que nos relacionamos com a natureza para cumprir nossa missão ambiental e inspirar em rede outras pessoas fazer o mesmo. Porém além da teoria é bom dar vida a esse saber em nossas casas, escolas, bairros, no trabalho, universidades e cidades. 



Em outras disciplinas eu fiz o mesmo: na História da educação observamos que o referencial era ocidental e europeu, inseri referências judaicas, africanas e indígenas para ampliar nossa compreensão da História da Educação. Na disciplina de História da Educação do Ceará focada em uma política pública intitulada “ Todos com educação de qualidade para todos” e rodas sobre as desigualdades; busquei inserir outros elementos como o Ceará é o quinto pior estado em analfabetismo, 60 % da população não concluíram o estimo médio, inserindo nesse debate também pude contribuir com a disciplina como um professor, graças a oportunidade que os professores nos dão de pesquisar e falar. Nós como educadores temos essa missão de contribuir em sala de aula e dar vida ao saber. Na disciplina de Pesquisa educacional do Professor Dieb minha pesquisa é como Professores da FACED da UFC usam pesquisas em sala de aula e o impacto na aprendizagem dos alunos. Eu fiz o mesmo na disciplina de autobiografia como já escrevi a minha nos últimos 14 anos, comecei a aprender a didática que o professor dava a disciplina e trazendo outros atores para fundamentação teórica da disciplina. Em espaços educacionais não escolares e dialogicidade e formação humana em Paulo Freire começamos a desenvolver um projeto num bairro de Fortaleza, o Serviluz, e numa cidade Paraipaba em como podemos pensar a prática da interação entre escola, espaços educacionais não escolares e comunidades para contribuir em educação especial, ambiental, alfabetização, ensino remoto e a distância, melhoria do português e matemática envolvendo outros estudantes e professores da Faculdade de Educação nesse desafio. 



Na educação ambiental da professora Raquel o desafio é o mesmo mas como disse por ser uma disciplina transversal as reflexões e práticas geradas nela devem ocupar toda a nossa formação e ter outros instrumentos para apreender sempre essa área e suas conexões com a educação, novas tecnologias, economia, saúde e outras. Desta forma esse relato é o primeiro de muitos que vamos dar continuidade ao longo do curso mas que as sementes foram plantadas na disciplina como por exemplo desenvolver com meu filho, projeto pensado por ele, os Hubs sociais educacionais ambientais para que comunidades pobres e escolas produzam seu próprio alimento e tenham segurança alimentar, hídrica e energética tão necessárias em um mundo que passa por brutais mudanças climáticas e todas as consequências . 



A professora Raquel Crossara da UFC nos ensinou nessa jornada da disciplina várias didáticas úteis que nos ajudam a estimular nossos sentidos e pensar. Sabemos que podemos decorar uma teoria mas podemos literalmente senti-la na pele e passar dos dias observando a natureza e pesquisando. Um simples abrir a janela nos ensina como a natureza mudou ao redor de nossa casa nos últimos anos, plantar e cuidar de uma horta ou mesmo um pequena planta nos ensina assim como um bebe suas necessidades e como ela se desenvolve, ler matérias nos jornais sobre o meio ambiente e ter capacidade de compreender as questões ecológicas e seus impactos em nossas vidas é muito importante. Como cuidar e compreender a vida das bactérias e dos  animais ( essa é a lição número 1 das origens da Pandemia ), e como eles se relacionam com as plantas e seres humanos, vivemos todos em ecossistemas feitos de recursos naturais que alimentam toda essa cadeia , incluindo é claro a energia solar que pode estar quente demais e faltar água. Isso impacta nossa comida, o lixo, e como disse a educação, economia e saúde na teia da vida. 


  

Pensar ecologicamente é relacionar as diversas variáveis e fluxos vivos que interagem entre si é a maior forma de aprender educação ambiental. Existem territórios ou lugares mais complexos que os outros para pesquisar os desafios ambientais e temos que ter muito cuidado, como interferimos na natureza pois em apenas 300 anos conseguimos destruir o planeta, extinguir milhares de espécies, matar milhões de pessoas por fome ou problemas relacionados a saúde ambiental, aquecer o planeta e outras consequências em rede que ainda não conseguimos prever.  Por exemplo a pandemia é uma delas, mais por exemplo tentar eliminar o excesso de ratos em uma determinada região do planeta é algo que não podemos prever o que acontecerá às outras espécies, a engenharia genética hoje também faz parte dos nossos sonhos e pesadelos e não sabemos o impacto dessas ações em nossa vida. 




Nos projetos que estamos desenvolvendo agroecologia e hortas temos duas realidades, ambas moram 35 mil pessoas, um bairro em Fortaleza chamando Serviluz, onde o solo tem gás da Petrobras e outras indústrias, pobreza, criminalidade, em frente ao mar e do lado da Beira mar, o lugar mais rico da cidade. Pensar em educação ambiental lá é diferente de uma cidade a maior produtora de coco, também no litoral e com o tamanho do território do tamanho de Fortaleza mas também com 35 mil habitantes. Assim como o ecossistema do bairro onde moramos, ou da escola ou universidade. 



Outras questões emergiram na disciplina e pesquisa quando estudamos os alimentos, a energia e a água porque dependemos da segurança alimentar, energética e hídrica para viver, muito mais que do Estado e do mercado. Necessitamos desses três fatores para vivermos nos lugares onde moramos e que estratégias pensando ecologicamente podemos ter para sobreviver ao colapso anunciado pela ONU. Além dos carros que andamos, as carnes que comemos, e outros pouco sabemos de suas dependências dos fósseis e da água para serem produzidas, assim como da vida em grandes cidades, poucas coisas fazemos nos compreendendo como parte da natureza de verdade, e continuamos tratando ela como inimiga a ser dominada e controlada. São estas questões e a busca por estas respostas e atitudes que a jornada em educação ambiental inicia mas deve seguir durante toda nossa vida. Essa é a minha sugestão de como devemos lidar com essa disciplina na Escola e Universidade sendo cada uma de nós educadores dessa jornada de um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria. 




Eu sempre peço meus pais de 88 anos a fazer perguntas a Alexa sobre receitas, jogos, anotar tarefas e outros mas quando pergunto a Alexa o que acontecera conosco em 5 anos em relação as mudanças climáticas ? ela silencia mas talvez a melhor resposta fosse estudem educação ambiental e atuem em rede e rápido para salvar o planeta porque a maior tecnologia que existe é a natureza.