SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

domingo, 29 de abril de 2012

CHEGOU A HORA DE PARAR! Entre o invisível e o visível destas palavras. por Egidio Guerra.

o olho divino



















Depois de vários anos lutando nas pastorais, grêmio, UNE, empresa júnior, ONGS, Empresas, Partidos, Banco Mundial, Projetos, Governo, ONU...Chegou a hora de parar. Nesses caminhos busquei encontrar algo, e de uma certa forma encontrei uma parte de mim em cada lugar desse, em cada sonho realizado, em cada desafio, conhecimento e valores compartilhados, porém o preço pago pela vida pessoal é muito alto e as formas de diálogo e relação entre as pessoas nas instituições estão se tornando cada vez mais troca entre mercadorias. De fato depois de lutar por ser e seres, chegou a hora de parar para não correr o risco, de transformar-me em mercadoria. Porém como sempre disse, daqui para frente é tudo bônus, digo que posso morrer a qualquer momento, morro super feliz, realizei quase tudo que sonhei, e esses sonhos nunca couberam nas instituições, muito menos em mercadorias ou relação de trocas entre pessoas. Fazer política nos partidos é pouco; achar que a Universidade representa o saber, menos ainda; que as empresas desenvolvem as capacidades das pessoas, pelo contrário; que as igrejas têm espiritualidade; há tempos é dizimo. Enfim, a questão ética e estética estão cada vez mais distantes da arte, mas graças a Deus tudo isso continua pulsando de outras formas para além das instituições; se organizando por outros meios, inclusive pela internet; e outros seres já não cabem mais nos lugares e tarefas que querem que eles ocupem. Depois que cada ser se expande e encontra seu ritmo, a música, a vida, caminham para mudar a história e os múltiplos sentidos que iluminam novos horizontes e lutas. É para lá que estou indo, você quer caminhar junto? Sozinho não dá mais! É hora de parar entre o vermelho e a sensibilidade da chuva. A razão dos bastidores castra e não ilumina mais...Por isso que o parar é sem recomeço . Quero que os lugares sangrem, não se pode sangrar sem buscar a cura das dores que crescem, gritar em seu lugar, aonde os sentidos desaparecem, já que até hoje a razão silencia em acordos e os encontros entre os seres comecem para encontrarem a si mesmos. Muitos hoje se escondem de si mesmo, se entregando aos vazios da cachaça quando pobres ou dos poderes vazios quando ricos. Sem luz, consomem a si mesmos, quando poderiam despertar para vida com novas ideias e horizontes. Nesses casos o fogo congela ao invés de aquecer, as virtudes são silenciadas. A sensibilidade da beleza que desperta nosso olhar busca conquistar a estética e a ética de nossa vida, mas muitos não querem ver nem pensar, apenas esquecer, apenas brincar, quer limpar a sujeira, mais um novo dia, mais mortes na TV e mensagens no facebook, as mesmas preocupações, dinheiro,.... É hora de parar entre o azul e o terror do cotidiano. O que cada um quer mais? Mais pimenta na comida, um carro a mais nas ruas, uma noite de sexo com mais novidades, mais uma cerveja, menos prazer, menos amor, menos fé?... Bem que poderíamos navegar, brincar de forma alegre e livre, deixar as palavras, os lugares, fluírem com seu próprio encanto, enquanto perdemos o medo de amar, de ter fé, pois é hora de parar! Você acha que consegue? Sem continuar a ler este texto, sem lutar, sem se divertir, parar de olhar para o sol, trocar de roupa, visitar novos lugares, novos amores, novas resistências, entre o branco e a vontade de morrer lutando? Entre a melancolia dos ricos e doença dos pobres, entre uma escola que adestra, uma igreja que repete palavras e perdões, o trabalho que você paga com a vida mais batata frita e cerveja, entre a arte idiota de monstros e seres fantásticos, cada vez mais velozes e destruidores? Olho para meu filho. Enquanto pinguins, soldados, cruzes, melancias, fumaças, dançam uma música sem ritmo, sem sentido nas propagandas. Todos querem o real, as mercadorias para se vestir, moldar seus corpos, ir a festas. Entre o preto e o idiota que vive sem pensar, é melhor parar! As nuvens carregam ácido, os olhos também, vamos comer etanol ao invés de trigo, vamos vender o sabor como sabonete para limpar tudo que se envergonha dos delírios, vamos queimar o fim de tudo e lançar uma nova moda. Porém enquanto várias destruições acontecem ao nosso redor, um novo vulcão explode, multidões se movem, gente nova nasce. Enquanto o amarelo não virar ouro, a luz não deixa que eu pare, os ventos, as máscaras caem, a neblina, o nevoeiro desaparece, os escombros desta sociedade vira poeira. Os pássaros voltam a voar, o declínio do capitalismo europeu e americano, abre espaços para novas hegemonias. Não preciso mais dos jornais e das velhas mídias. Posso andar de bicicleta e não comer carne; posso amar sem sexo e fazer sexo sem amor; posso lutar contra a corrupção e denunciar empresas e políticos pela internet, independente dos falsos juízes; posso respeitar a sabedoria da terceira idade e proteger o que é sagrado pra mim; posso escrever estas palavras entre o cinza e o desequilíbrio das cores e das dores; despertar uma nova consciência. Uma barbárie que ao mesmo tempo em que nega, afirma uma paz violenta em cada ser e na sociedade, capaz de despertar a dignidade de novas ideias, valores, imagens, atitudes e sonhos. Não posso parar! O balé de pássaros e pessoas, os fogos de artifício, a música, os ecos da natureza, despertam o olhar e a curiosidade das crianças. Novas explosões, o silêncio absoluto, cartazes de dores que não voltam mais, nascer de novo, de novo, de novo entre o verde e as certezas tecnológicas. Porque afinal quem somos nós? Que mesmo querendo não podemos parar, que mesmo chegando às conclusões entre poesias e razões não paramos de pensar e sentir, que mesmo sofrendo, não deixamos de amar, que mesmo que mintam, roubem, traiam, não destroem nossa fé, que potência é esta que carregamos? Assim como a natureza, essas dores e desesperanças, no silêncio emergem como furações. Destruindo e criando novas paisagens, complexidades, tecnologias, que como linhas se entrecruzam a milhares de outras formas, para tecer novas realidades, seres, cores, imagens, poesias, que afirmam a vida entre o invisível e o visível destas palavras e cores que não paro de ser escolhido por elas.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

GASTA 4 GANHA 150. O MELHOR NEGÓCIO DO MUNDO.


No Crato falei que a juventude sem a rebeldia, indignação e sonho será mais um adulto entregue ao celular, cachaça e forro mesmo na decima Economia do mundo. Bem , se um politico comprar o voto de todos os eleitores do Crato , ou seja 65 mil eleitores , nas eleições a 50 reais o voto, ele vai gastar 4 milhões. Porem o orçamento da cidade é 120 milhões por ano ou seja 480 milhões em 4 anos. Se eles roubarem 30 % , dá 150 milhões , OU SEJA GASTA 4 GANHA 150. O MELHOR NEGÓCIO DO MUNDO. Uns dizem e se dividir os 150 milhões por todos os habitantes dá 3 mil para cada. Ai ele compra uma Tela plasma ou uma moto, pode ser roubado, ou um parente ficar sem médico, o filho sem escola, a moto se acabar nos buracos e faltar lazer e esporte de verdade na sua comunidade. Por isso dividimos a cidade em territórios para as comunidade dizer quais são as prioridades, quanto custa , e ela saber de onde vem o dinheiro. Cada proposta dessa vira um projeto e temos um plano de governo que vai virar uma placa de artesanato e colocado em um monumento da democracia em algum lugar da cidade. O teatro e o cinema vão ajudar a divulgar estas propostas com personagens históricos da cidade!

Quais as diferenças entre um Educador e um Capataz ?

Quais as diferenças entre um Educador e um Capataz ? A Educação não pode se dissociar dos desafios de sua época , da vida em comunidade que a escola acha que pode separar pelos muros; mas ela entra através das vidas de cada aluno e professor que para alem de fardas e cargos são gente que pensa e quer autonomia sobre sua realidade . Todos sabem que as questões sociais, das drogas, do desemprego, da família , do forro, da cachaça, do consumo, dos desafios de entrar na Universidade e outras afetam o desempenho escolar mas quantos buscam inserir isso nas disciplinas para melhor compreender a vida e a realidade que vivemos, em projetos , em debater e transformar estes problemas na comunidade escolar em cursinhos Pré-Vestibular, Festivais de musica , grupos de aconselhamento , cine clube e outros ? Quantos permitem que os alunos e as escolas se organizem adequando as regras aos seus contextos e desafios locais ? Ou melhor quantos preferem ser meros capatazes mesmo falando do lugar do Educador , mesmo citando Paulo Freire sem vivê-lo , pois para vários outras prioridades a flexibilidade existe , mas infelizmente as vaidades , as pequenas guerra de poder , imperam também nas escolas e afetam a vida de muita gente. Ser Diretora de Escola em um mundo aonde o neoliberalismo avança transformando tudo e a todos em mercadorias é bem mais que cumprir as regras negando as circunstâncias locais. É ter sensibilidade, compromisso e ética para enxergar para além da razão vendida como organização. Pois esta suposta organização é desmontada todo dia pela vida dos alunos, suas famílias , comunidade, e as diversas relações com a escola. Este “ecossistema social “ que a escola mesmo sem querer se tornou , as regras tem de entrar em sintonia com estes desafios e problemas , que como já disse afetam o desempenho escolar independente da estrutura, direção e professores. É importante o Governo , a direção , os professores , e cada um de nós apreender estas lições para que tenhamos as condições para ensinar para além das disciplinas , a empoderar as escolas e permitir que a autoestima se revele nos projetos e atitudes das pessoas. Quando a 20 anos fundei as empresas juniores no Brasil , a ideia era que o aluno na Universidade deveria viver seu sabor, experimentando praticas que interagem com a realidade ao mesmo tempo que desenvolve capacidades , que a sala de aula por si só não consegue. Quando há aproximadamente há 10 anos conheci o Professor Manoel Andrade do PRECE e passamos a lutar juntos por sede , recursos, e politicas públicas. A ideia é que o potencial do aluno e entre eles se ajudando a estudar, como foi demonstrado nas aprovações na UFC, é bem maior que sua relação com os professores e capatazes que como já disse falam em Paulo Freire mas reduzem eles a mero decoradores de palavras ,a funcionários doceis para o neo liberalismo sugar sua alma , em troca de celular, cachaça e forro. Quando há três anos fundamos o Instituto IEP a ideia era que Governo , empresas, jovens, comunidade, podem construir pontes entre seus mundos para integrar a formação dos alunos em ambientes e contextos diversos , ampliando os mundos aonde estes jovem podem potencializar seu ser, otimizando recursos e ampliando impacto de ações isoladas de cada setor. Quando ano passado fundamos a UNISERES visando educar seres sustentáveis para atuarem juntos em organizações, comunidades e Redes Sustentáveis. O objetivo é que Ecossistemas sociais formados pela relações entre Escola, Famílias, Comunidade, Governo, Empresas, Universidades, e outros possam compartilhar desafios e energias misturando saberes e setores para através da sinergia em projetos alavancarem metas comuns e compartilhadas. Temos feitos isto inclusive com estudantes americanos em ONGS e Comunidades que vivem a interação sócio educacional . Enfim quando há 2 meses conheci a Escola Polivalente do Crato , conversando com os jovens do pré-vestibular e seus respectivos professores , apreendi que dão aula cantando a moda cariri , mostrando as belas melodias da vida e da Ciência. Bem isto ocorre no Bairro mais pobre do Crato , Seminário, numa cidade que há 500 anos , transforma a Prefeitura em troca de favores e fofocas entre famílias. Bem várias demandas emergem nesta comunidade independente da Escola e do Governo . Elas pulsam e entram em sala de aula para alem das regras pedindo que os Educadores não se transforme em capatazes e tenham atitudes. Por tudo que escrevemos aqui defendemos que o Pré-vestibular do Polivalente tem o direito de se adequar as circunstâncias locais de sua cidade e comunidade , a liberdade de selecionar professores que encantem e transforme saberes em vida , sonhos em realizações e aprovações como eles tem alcançado nos últimos anos por mérito. A comunidade do pré-vestibular deve ter autonomia de definir as disciplinas que se adequem ao vestibular de cada semestre. E não estas questões de disciplinas, professores e outras serem empurradas de cima pra bairro , sem dialogo , sem pedagogia. Porque não é as burocracias que estão no cotidiano da escola , nem compartilham os desafios de construir os resultados, e de interagir com a comunidade. Assim como foi feito com o PRECE , o Pré-vestibular devem ter autonomia de definir seus caminhos e novos horizontes. O Cariri precisa de um Educação em Comunidade e o Polivalente é o caminho !

domingo, 8 de abril de 2012

Como se fabrica a opinião pública - Pierre Bourdieu

Como se fabrica a opinião pública

por Pierre Bourdieu

Um homem oficial é um ventríloquo que fala em nome do Estado: assume uma atitude oficial – seria preciso descrever a encenação do personagem oficial -, fala a favor e em lugar do grupo ao qual se dirige, fala para e em lugar de todos, fala enquanto represent ante do universal.

Oficialidade, a má-fé coletiva
Uma das dimensões muito importantes da teatralização é a teatralização do interesse pelo interesse geral; é a teatralização da convicção do interesse pelo universal, do desinteresse do homem político – teatralização da fé no padre, da convição do homem político, de sua confiança naquilo que faz. Se a teatralização da convicção faz parte das condições tácitas do exercício da profissão de clérigo – se um professor de filosofia deve parecer acreditar na filosofia -, é porque é a homenagem fundamental do personagem oficial para com a autoridade; é aquilo que precisa conceder à autoridade para ser uma autoridade, para ser um verdadeiro personagem oficial. O desinteresse não é uma virtude secundária: é a virtude política de todos os mandatários. As escapadelas dos padres, os escândalos políticos são o colapso dessa espécie de fé política na qual todos estão de má-fé, a fé sendo uma espécie de má-fé coletiva, no sentido sartriano: um jogo no qual todos mentem a si mesmos e aos outros, sabendo que os outros também mentem a si mesmos. É essa a autoridade…

E nesse ponto chega-se à moderna noção de opinião pública. O que é essa opinião pública, invocada pelos criadores de direito das sociedades modernas, das sociedades nas quais o direito existe? É tacitamente a opinião de todos, da maioria ou daqueles que contam, daqueles que são dignos de ter uma opinião. Penso que a definição explícita, numa sociedade que se pretende democrática, ou seja, de que a opinião oficial é a opinião de todos, esconda uma definição latente, ou seja, que a opinião pública é a opinião daqueles que são dignos de ter uma opinião. Há uma espécie de definição censuária da opinião pública como opinião iluminada, opinião digna desse nome.

A lógica das comissões oficiais é aquela de criar um grupo capaz de dar todos os sinais externos, socialmente reconhecidos e reconhecíveis, de sua capacidade de expressar a opinião digna de ser expressada, e nas formas convenientes. Um dos critérios tácitos mais importantes na seleção dos membros de uma comissão, em particular de seu presidente, é a intuição, por parte de quem esteja encarregado da composição da comissão, de que a pessoa em questão conheça as regras tácitas do universo burocrático e as reconheça: em outras palavras, alguém que saiba jogar o jogo da comissão de maneira apropriada, aquela maneira que vai além das regras do jogo, que o legitima: nunca se está tanto dentro do jogo como quando se vai além. Em cada jogo, há regras e fair-play. A propósito do homem cabilo (N. do T.: berbere da Argélia), ou do mundo intelectual, eu tinha utilizado esta fórmula: a excelência, na maior parte das sociedades, é a arte de jogar com a regra do jogo, fazendo desse jogo com a regra do jogo uma homenagem suprema ao jogo. O transgressor controlado é a verdadeira antítese do herético.

O grupo dominante coopta os seus membros com base em indícios mínimos de comportamento, que são a arte de respeitar a regra do jogo até mesmo nas transgressões reguladas pela regra do jogo: as boas maneiras, o comportamento. É a célebre frase de Chamfort: “O ‘grande vigário’ pode sorrir de uma piadinha contra a religião, o bispo pode rir dela abertamente, o cardeal pode acrescentar-lhe algo de seu (1).” Mais subimos na hierarquia das excelências, mais podemos jogar com a regra do jogo, mas ‘ex officio’, a partir de uma posição tal que seja eliminada qualquer dúvida. O humor anticlerical de um cardeal é requintadamente clerical. A opinião pública é sempre uma espécie de realidade dupla. É aquilo que não se pode não invocar quando se quer legiferar em campos não organizados. Quando se diz: “Há um vazio jurídico” (expressão extraordinária), a propósito da eutanásia ou dos bebês-proveta, são convocadas pessoas que se colocarão a trabalhar com toda a sua autoridade. Dominique Memmi (2) descreve uma comissão de ética [sobre a procriação artificial], a sua composição com pessoas disparates – psicólogos, sociólogos, mulheres, feministas, arcebispos, rabinos, cientistas, etc. – que têm a tarefa de transformar uma soma de idioletos (3) éticos num discurso universal que preencherá um vazio jurídico, ou seja, – legalizar as mães portadoras, por exemplo. Quando se trabalha nesse tipo de situação, é necessário invocar uma opinião pública. Nesse contexto, compreende-se muito bem a função atribuída às sondagens. Dizer “as sondagens estão do nosso lado” é como dizer “Deus está conosco” em um outro contexto.

Mas a questão das sondagens é irritante, porque às vezes a opinião iluminada é contra a pena de morte, ao passo que as sondagens são predominantemente a favor. O que fazer? Faz-se uma comissão. A comissão constitui uma opinião pública iluminada que traduzirá a opinião iluminada em opinião legítima em nome da opinião pública – que, possivelmente, diz o contrário ou não tem nenhuma opinião formada a respeito (como acontece com muitos assuntos). Um das propriedades das sondagens consiste em colocar às pessoas problemas que elas mesmas não se põem, em sugerir respostas a problemas que elas mesmas não se colocam, portanto, em impor respostas. Não é questão de procurar caminhos transversos na constituição das amostras, é o fato de se impor a todos problemas que são sentidos pela opinião iluminada e, por essa via, de propor respostas gerais a problemas sentidos somente por alguns, portanto, de dar respostas iluminadas enquanto tiverem sido geradas com a pergunta: deu-se vida a problemas que não existiam para as pessoas, enquanto a pergunta era qual fosse o problema delas.

Vou lhes traduzir um texto de Alexander Mackinnon, de 1828, extraído de um livro de Peel sobre Herbert Spencer (4). Mackinnon define a opinião pública, dá a definição que seria oficial, se não fosse inconfessável numa sociedade democrática. Quando se fala de opinião pública, joga-se sempre um duplo jogo entre a definição confessável (a opinião de todos) e a opinião autorizada e eficiente que se obtém como subconjunto restrito da opinião pública democraticamente definida: “É a opinião, a propósito de um qualquer argumento de que se fale, expressa pelas pessoas mais informadas, mais inteligentes e mais morais da comunidade. Ela é gradualmente difundida e adotada por todas as pessoas dotadas de uma certa instrução e de um sentir adequado a um Estado civilizado”. A verdade dos dominantes se torna aquela de todos.

Colocar em cena a autoridade que autoriza a falar
Nos anos 1880, dizia-se abertamente à Assembleia Nacional aquilo que a sociologia precisou redescobrir, isto é, que o sistema educacional precisava expulsar os filhos das classes mais desfavorecidas. No início, a questão era colocada mas depois foi plenamente resolvida, à medida que o sistema escolar começou a fazer, sem solicitação explícita, aquilo que se esperava dele. Portanto, nenhuma necessidade de se falar a respeito. O interesse pela volta à gênese é muito importante porque, na fase inicial, podem ser recuperados debates em que são expressas com letras claras coisas que, em seguida, podem parecer provocações dos sociólogos.

O reprodutor da autoridade sabe produzir – no sentido etimológico do termo: produzir significa “trazer à luz”-, teatralizando-o, algo que não existe (no sentido de sensível, de visível), e no nome do qual se fala. Deve produzir em nome de quem tem o direito de produzir. Não pode não teatralizar, não dar forma, não fazer milagres. O milagre mais comum, para um criador verbal, é o milagre verbal, o sucesso retórico; deve produzir a encenação daquilo que autoriza o seu dizer, em outras palavras, da autoridade em nome da qual é autorizado a falar.

Reencontro a definição da prosopopeia que eu procurava antes: “Figura retórica pela qual se faz falar ou agir uma pessoa que é evocada, um ausente, um morto, um animal, uma coisa personificada”. E no dicionário, que é sempre um instrumento formidável, encontra-se esta frase de Baudelaire a respeito da poesia: “Manejar sapientemente uma língua, quer dizer praticar uma espécie de bruxaria evocadora”. Os clérigos, aqueles que manipulam uma língua sapiente como os juristas e os poetas, devem encenar o referente imaginário em nome do qual falam, e que falando produzem nas formas; devem fazer existir aquilo que exprimem e isso em nome do que se exprimem. Devem juntos produzir um discurso e produzir a confiança na universalidade do seu discurso através da produção sensível (no sentido de evocação dos espíritos, dos fantasmas – o Estado é um fantasma…) dessa coisa que será garante daquilo que fazem: “a nação”, “os trabalhadores”, “o povo”, “o segredo de Estado”, “a segurança nacional”, “a demanda social”, etc…

Percy Schramm mostrou como as cerimônias de consagração fossem a transferência, na ordem política, das cerimônias religiosas (5). Se o cerimonial religioso pode ser transferido assim facilmente para as cerimônias políticas, através das cerimônias da consagração, é porque se trata, em ambos os casos, de fazer acreditar que há um fundamento no discurso, o qual aparece auto-fundante, legítimo, universal só enquanto existir a teatralização – no sentido de evocação mágica, de bruxaria – do grupo unido e consonante com o discurso que o une. Daí o cerimonial jurídico. O historiador inglês E. P. Thompson insistiu no papel da teatralização jurídica no século XVIII inglês – as perucas, etc.-, que não pode ser compreendido completamente se não se vê que não se trata de um simples aparato, no sentido de Pascal, que viria a ser acrescentado: é parte constitutiva do ato jurídico (6). O falar forense em paletó e gravata é arriscado: arrisca-se perder a pompa do discurso. Fala-se sempre em reformar a linguagem jurídica, sem jamais fazê-lo, porque é o último indumento: os reis nus deixam de ser carismáticos

sábado, 7 de abril de 2012

A Complexidade e a Ação

A Complexidade e a Ação

Edgar Morin

A ação é também uma aposta

Temos, às vezes, a impressão de que a ação simplifica porque, diante de alternativas, decidimos, optamos. O exemplo de ação que simplifica tudo lembra a espada de Alexandre que corta o nó górdio que ninguém soubera desatar com suas mãos. Certamente, a ação é uma decisão, uma escolha, porém, é também uma aposta.

Porém, na noção de aposta está a consciência do risco e da incerteza. Toda estratégia, em qualquer domínio que seja, tem consciência da aposta, e o pensamento moderno tem entendido que nossas crenças mais fundamentais são objeto de uma aposta. Isso é o que n os havia dito, no século XVII,Blaise Pascal acerca da fé religiosa. Nós também devemos nos conscientizar de nossas apostas filosóficas ou políticas.

A ação é estratégia.

A palavra estratégia não designa um programa predeterminado que baste para aplicar, sem variação no tempo. A estratégia permite, a partir de uma decisão inicial, imaginar um certo número de cenários para a ação, cenários que poderão ser modificados segundo as informações que nos cheguem no curso da ação e segundo os elementos aleatórios que sobrevirão e perturbarão a ação.
A estratégia luta contra o azar e busca a informação. Um exército envia exploradores, espiões, para informar-se, quer dizer, para eliminar a incerteza ao máximo. Mais ainda, a estratégia não se limita a lutar contra o azar, trata também de utilizá-lo. Assim foi que a genialidade de Napoleão em Austerlitz foi a de utilizar o azar meteorológico, que fez surgir uma camada de brumas sobre os pântanos, considerados impossíveis para o avanço dos soldados. Ele construiu sua estratégia em função dessa bruma e tomou, de surpresa, por seu flanco mais desguarnecido, o exército dos impérios. A estratégia tira vantagem do azar e, quando se trata de estratégia com respeito a outro jogador, a boa estratégia utiliza os erros do adversário. No futebol, a estratégia consiste em utilizar as bolas que a equipe adversária entrega involuntariamente. A construção do jogo se faz mediante a desconstrução do jogo do adversário e, finalmente, a melhor estratégia – se se beneficia com alguma sorte – ganha. O azar não é somente o fator negativo a reduzir no domínio da estratégia. É também a sorte a ser aproveitada.

O problema da ação deve também fazer-nos conscientes dos desvios e das bifurcações: situações iniciais muito próximas podem conduzir a desvios irremediáveis. Assim foi que, quando Martin Lutero iniciou seu movimento, pensava estar de acordo com a Igreja, e que queria simplesmente reformar os abusos cometidos pelo papado na Alemanha. Logo, a partir do momento em que deve seja renunciar, seja continuar, franqueia um umbral e, de reformador, se torna contestador. Um desvio implacável o leva – isto é o que acontece em todo desvio – e leva à declaração de guerra às teses de Wittemberg (1517).

O domínio da ação é muito aleatório, muito incerto. Impõe-nos uma consciência muito aguda dos elementos aleatórios, dos desvios, das bifurcações, e nos impõe a reflexão sobre a própria complexidade.

A ação escapa a nossas intenções.

Aqui intervém a noção de ecologia da ação. No momento em que um indivíduo empreende uma ação, qualquer que seja, esta começa a escapar a suas intenções. Essa ação entra em um universo de interações e é finalmente o ambiente o que toma posse, num sentido que pode tornar-se contrário à intenção inicial. Aos poucos, a ação se tornará como um bumerangue sobre nossas cabeças. Isto nos obriga a seguir a ação , a tratar de corrigi-la - se ainda há tempo - e talvez a torpedeá-la ,como fazem os responsáveis da NASA que, se um foguete se desvia de sua trajetória, enviam outro foguete para explodi-lo.

A ação supõe complexidade, quer dizer, elementos aleatórios, azar, iniciativa, decisão, consciência dos desvios e das transformações. A palavra estratégia se opõe à palavra programa. Para as seqüências que se situam em um ambiente estável, convém utilizar programas. O programa não obriga estar vigilante. Não obriga inovar. Assim, quando nós nos estamos ao volante de nosso carro, uma parte de nossa conduta está programada. Se surge um engarrafamento inesperado, faz falta decidir se temos que mudar o itinerário ou não, se temos que violar o código: faz falta fazer uso de estratégias.

É por isso que temos que utilizar múltiplos fragmentos de ação programada para podermos concentrar-nos sobre o que é importante, a estratégia com os elementos aleatórios.
Não há um domínio da complexidade que inclua o pensamento, a reflexão, por uma parte, e o domínio das coisas simples que incluiria a ação, por outra. A ação é o reino do concreto e, talvez,parcial da complexidade.
A ação pode, certamente, bastar-se com a estratégia imediata que depende das intuições, dos dotes pessoais do estrategista. Ser-lhe-ia também útil beneficiar-se de um pensamento da complexidade.

Porém o pensamento da complexidade é, desde o começo, um desafio.

Uma visão simplificada linear torna-se facilmente mutilante. Por exemplo, a política do petróleo cru levava em conta unicamente o fator preço, sem considerar o esgotamento dos recursos, a tendência à independência dos países possuidores desses recursos, os inconvenientes políticos. Os políticos haviam descartado de suas análises a Historia, a Geografia, a Sociologia, a política, a religião, a mitologia. Essas disciplinas vingaram-se.

A “máquina” não trivial

Os seres humanos, a sociedade, a empresa, são “máquinas” não triviais: é trivial una máquina que, quando conhecemos todos seus inputs e todos seus outputs; podemos predizer seu comportamento desde o momento que sabemos tudo o que entra na máquina. De certo modo, nós somos também “máquinas” triviais, das quais se pode, com amplitude, predizer os comportamentos.

De fato, a vida social exige que nos comportemos como “máquinas” triviais. É certo que nós não atuamos como puros autômatos, buscamos meios não triviais desde o momento que constatamos que não podemos chegar a nossas metas. O importante é o que sucede em momentos de crise, em momentos de decisão, nos quais a “máquina” se torna não trivial: atua de uma maneira que não podemos predizer. Tudo o que concerne ao surgimento do novo é não trivial e não pode ser predito por antecipação. Assim é que, quando os estudantes chineses estão na rua aos milhares, a China se torna uma “máquina” não trivial... Em 1987-89, na União Soviética, Gorbachov se comportou como uma “máquina” não trivial! Tudo o que sucedeu na história, em especial em situações de crise, são acontecimentos não triviais que não podem ser preditos por antecipação. Juana d´Arc, que ouve vozes e decide ir buscar o rei da França, tem um comportamento não trivial. Tudo o que vai suceder de importante na política francesa ou mundial surgirá do inesperado.

Nossas sociedades são “máquinas” não triviais no sentido, também, de que conhecem, sem cessar, crises políticas, econômicas e sociais. Toda crise é um incremento das incertezas. A preditibilidade diminui. As desordens se tornam ameaçadoras. Os antagonismos inibem as complementaridades, os conflitos virtuais se atualizam. As regulações falham ou se desarticulam. É necessário abandonar os programas, temos que inventar estratégias para sair da crise. É necessário, aos poucos, abandonar as soluções que solucionavam as velhas crises e elaborar novas soluções.

Preparar-se para o inesperado

A complexidade não é uma receita para conhecer o inesperado. Porém, nos torna prudentes, atentos,não nos deixa dormir na mecânica aparente e na trivialidade aparente dos determinismos. Ela nos mostra que não devemos nos encerrar no contemporaneismo, quer dizer, na crença de que o que acontece agora vai continuar indefinidamente. Devemos saber que tudo de importante que acontece na história mundial ou na nossa vida é totalmente inesperado, porque continuamos atuando como se nada inesperado nunca devesse acontecer. Sacudir essa preguiça mental é uma lição que nos dá o pensamento complexo.

O pensamento complexo não rechaça, de maneira nenhuma, a clareza, a ordem, o determinismo.
Porém os sabe insuficientes, sabe que não podemos programar o descobrimento, o conhecimento,nem a ação.

A complexidade necessita uma estratégia. É certo que, os segmentos programados em sequencias nas quais não intervém o aleatório, são úteis ou necessários. Em situações normais, a condução automática é possível, porém a estratégia se impõe sempre que sobrevém o inesperado ou o incerto,quer dizer, desde que aparece um problema importante.

O pensamento simples resolve os problemas simples sem problemas de pensamento. O pensamento complexo não resolve, em si mesmo, os problemas, porém constitui uma ajuda para a estratégia que pode resolvê-los. Ele nos diz: «Ajuda-te, o pensamento complexo te ajudará».
O que o pensamento complexo pode fazer, é dar, a cada um, um sinal, uma ajuda à memória, que lhe lembre: «Não esqueças que a realidade é mutante, não esqueças que o novo pode surgir e, de qualquer maneira, vai surgir».

A complexidade se situa em um ponto de partida para uma ação mais rica, menos mutilante. Eu creio profundamente que quanto menos mutilante for um pensamento, menos mutilará os humanos.
Temos que recordar as ruínas que as visões simplificantes têm produzido, não somente no mundo intelectual, mas também na vida. Suficientes sofrimentos atingiram milhões de seres como resultado dos efeitos do pensamento parcial e unidimensional.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

PORQUE O PODER DA PREFEITA TRAIU ELA MESMA!

PORQUE O PODER DA PREFEITA TRAIU ELA MESMA!

Roseno tem razão foi uma autocritica que a prefeita fez em seu artigo sobre o poder.

Mas afinal porque a gestão da prefeita traiu ela mesma ? Os rebeldes, após derrubarem o poder de Lula e Zé Dirceu , sentem -se culpados. Porque entre eles tinham uma relação ambígua de amor e ódio, parafraseando Freud. A prefeita se identifica com eles e buscar instituir um poder tão opressivo quanto de Dirceu no PT. Assim como Lula escolhe Dilma , Luzianne escolhe Elmano e podemos falar em democracia ?

A suposta liberdade politica em nosso país tem sido usada com fins opressivos. É preciso contestar isto. Como diria Marcuse “ Nã o se trata apenas de mudar as instituições, mas ainda – e isso é o mais importante - de mudar totalmente os homens, suas atitudes, seus instintos, seus objetivos, seus valores etc.” Principalmente dos nossos líderes daqueles que almejam e chegam ao poder com seus métodos cada vez mais violentos.

O Direito inalienável da resistência garantiu a candidatura da prefeita pela primeira vez ; agora ela luta para impor uma aliança de cima para baixo usando os acordos entre os senhores feudais dos partidos. Enquanto isso a rigidez destas organizações partidárias , petrificadas por seus grupos de poder , buscam extinguir o impeto revolucionário, para se perpetuar no poder trocando figurinhas entre si.

Felizmente a revolta espontânea virá de baixo em Fortaleza , como sempre , porem desorganizada? ou a oligarquia ocupara com o falso novo ?

Neste sentido se faz necessário potencializar cada vez mais organizações políticas flexíveis , que não imponham chefes nem dogmas rigorosos , e seja permeável ao movimento e as iniciativas. Estimulando novos líderes e não os líderes de hoje que são frutos da propaganda e máquinas governamentais, porem sem expressão. E quanto dinheiro tem sido gasto na incompetência destes líderes e na busca de viabilizá-los a custa do Estado público ? Gerindo recursos que eles não sabem onde estão ?

Principalmente numa cidade brutalmente desigual como Fortaleza onde o luxo convive lado a lado com a Miséria, o desperdício e o conforto para os privilegiados. É necessário também acabar com o desperdício que a gestão que a gestão pública gera em várias áreas como o Governo Cid. Deixando nítido a ausência de um projeto de cidade dialogado, que poderia ter sido construído de baixo para cima , aprofundando a democracia e fortalecendo novas lideranças. Por isso a prefeita teve que dizer que elege ate "um poste sem luz" e vai ter que fabricar um candidato? A consequência é que a maior parte da população não acredita mais no processo democrático e despreza esta politica.

É urgente novos porta-vozes que não traiam mais uma vez a democracia e a cidade!

Vivemos um projeto de país e de cidade que fortaleceu a compra de carros e não o transporte público. Um projeto que fortaleceu as Universidades e escolas privadas e não a educação publica. Um projeto que fortaleceu a corrupção e não a saúde publica. Estamos renunciando a esperança por atos e não por palavras. Fortalecendo cada dia mais a violência institucionalizada nos partidos políticos, na polícia, nas empresas, na defesa do dinheiro e não na construção dos direitos das politicas públicas. Por isso a maior parte dos nossos jovens que são massacrados nas escolas , em suas comunidades por falta de lazer, no trabalho mal pago, vem exercer a violência sobre o ditame da propaganda e das drogas.

Nossos líderes deveriam criar as condições para a tomada de consciência no exercício do poder , porem o que fazem ?

Por isso a urgência de novos lideres , uma vanguarda , que não tenham esta “experiência” do que hoje se chama politica , um jogo marcado e violento. Assim eles poderam caminhar por outros horizontes. Como diria Marcuse “ todo poder aos estudantes e a imaginação “ Unir a politica com a arte , a imaginação no poder!
“ Tentar traduzir na realidade as ideias e os valores mais avançados da imaginação. Isso prova que aprendemos alguma coisa de importante ; que a verdade não esta somente no racional ,mas também, e talvez mais, no imaginário”

Precisamos transformar a politica numa ética e numa estética .Criando caminhos para o que maior numero de pessoas possam se auto-organizar e tomar consciência da realidade e de seus desafios , que possam exercer todos os seus direitos e deveres. Estimular o espirito desta aventura é ultrapassar os limites de uma dura realidade. Resgatar os conselhos comunitários , aonde a igualdade e a confiança é restabelecida na politica. Não entre os chefes partidários mas entre os vizinhos. Desta forma podemos controlar os representantes, a classe politica, a burocracia e a corrupção. Sendo também uma forma de educar politicamente as comunidades. Fortalecendo seres autônomos, críticos ..Assim a democracia pode se enraizar dando vida a prefeitura , aos vereadores , a politica, as comunidades..

Porque sem isso , infelizmente , a cada “vitória da esquerda “. A manutenção dela no poder , torna o resultado cada vez pior , assim como foi na URSS e outros países.
Porem como mudar o caráter consumista , submisso e hedonista das pessoas que se rendem a estes projetos de poder ? Como seria possível potencializar uma subjetividade rebelde ? “Segundo Marcuse “ o lado subjetivo da transformação não tem a ver apenas com a consciência e com a ação guiada da inteligência, mas também com as emoções, com a estrutura pulsional”

Infelizmente nossas lideranças não tem tempo para debater estas questões . Eles buscam cada vez mais associar os esquemas de poder econômico e politico em nosso país e em nossa cidade. Agora a violência para se manter no poder é brutal, “despida de todas as falsas aparências de verdade e justiça” E muita propaganda e mentiras da Oligarquia que exigem o silêncio a qualquer preço

Valores como o bem e mal se transformaram em mercadorias e homens e coisas são definidas pelo seu valor mercantil. Um politico também é vendido como um produto e não impota o projeto para a cidade e nem fortalecer a organização politica das comunidades e das pessoas.

O nosso desafio é criar as condições para que as pessoas possam se educar e se organizar à luz dos desafios e prioridades de suas vidas e comunidades. Criar as condições para que elas possam exercer os vários papeis e potências do seu ser para erguer de baixo para cima novas atitudes políticas, culturais, econômicas, educacionais, sociais, ambientais...Criando novas formas de resistências a este tipo de sociedade e políticos que buscam enquadrar a tudo e a todos.

Deve-se buscar trabalhar a partir do que existe e não de projetos desenvolvidos do decimo andar sem contato direto com os problemas postos pela realidade dos oprimidos . Buscar avançar no sentido de mostrar as ligações existentes entre as questões reformistas e a necessária transformação do todo. Esta ação coletiva de homens e mulheres transcende a politica entendida como atividade de profissionais e militantes nos limites das instituições existentes.

Porem o que os políticos fazem com seu poder ? Quais os marcos da gestão que de fato mudou a vida das pessoas pobres ? Festas, material gratuito nas escolas, vereadores dominando hospitais isso não muda a realidade nem aprofunda a democracia.

Diante de uma sociedade opressora comandada pelo capitalismo neoliberal o que esta gestão deixa de legados ?

Poderíamos ter potencializado a capacidade critica e criativa das comunidades , incentivado a emancipação política, cultural, econômica e social destas populações apoiando caminhos e novas formas de viver em sociedade.

Porem o que vivenciamos foi a entrega desta gestão aos esquemas de poder tradicionais , o caminho mais fácil, unir-se aos lideres de Juracir, dividir a cidade , entregar-se aos interesses das construtoras e companhias de lixo, como os capitais e capitais imperam sobre as comunidades, não conversa com as pessoas, os aliados e com a equipe. E no ultimo minuto do jogo pedir socorro ao Governo Federal e ao PT para tentar recuperar o estrago que fez , e pedir à todos que esqueçam?

A esses tipos de lideranças não lhe foi ensinado a amar de verdade sua população por isso a traição em torno de mais um projeto de poder ; para que esta cidade pudesse antes de ser bela , ser cuidada e protegida. Quando os delírios se misturam com o ego e as vaidades é melhor desobedecer estes líderes.

Alguns anos atras ela negava o apoio e os feitos de Lula, hoje implora. Porem estes feitos são herdados , assim como Lenim entrega ao Stalin , um Império para governar da sua forma, e não de um dialogo com o povo.

Não podemos esquecer que Lideres como Mandela e Gandhi tiveram que dividir o pão com os inimigos porem nunca abriram mão das causas e da luta que os movia desde o inicio. Quando abrimos a mão, somos nós que nos traímos, e a todos que acreditaram que era possível dar espaço para que cada um aprenda a governar a si e a aos outros.
Por isso que precisamos que venha a tona as verdades , do que os gregos chamavam de ética!