SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

FOTÓGRAFOS QUE RESPIRAM E INSPIRAM O AMANHÃ !



Um simples click transforma o olhar de milhares de pessoas aprendendo com a fotografia a enxergar outro amanhã possível. De pequenas mutações nosso DNA evoluiu por várias espécies até chegar ao ser humano que somos hoje com olhos e capacidades de criar máquinas de fotografar e celulares para registrar, divulgar e criar memórias e histórias. Porém o mesmo olho e câmera que olha para o passado, vive o presente e fotografa o futuro que nasce em pequenas sementes de inovações tecnológicas, econômicas , educacionais , sociais e outras mas todas são feitas de poeira estelar, ideias e sonhos.



O sonho de uma criança brincando pode ter o mesmo potencial de um jovem iluminando uma utopia para adultos descrentes que já perderam a esperança mas esquecem que não são donos do mundo e suas previsões são doentias demais para enxergar as curas. A química que revela a arte é a mesma que gera mutações em pequenos pixels.



Imagine uma foto viajando pelo tempo e espaço, qual o poder dela de nos alertar para os erros do passado ? Qual o poder dela de prever futuros ? Como acupunturistas os fotógrafos escolhem pontos de onde podem curar nossa alma, insensibilidade e a invisibilidade que nos acostumamos a chamar de realidade. Não é porque não consigo enxergar que algo não existe e sim que estou cego para outros ângulos e dimensões que o fotógrafo registra e faz emergir realidades escondidas pela miséria de nossos olhos e vidas. 


Assim como colocamos imagens em movimento que geram o cinema. Depois as imagens viram cultura, influencia ideias e comportamentos que constroem a história como conhecemos. As fotos despertam e colocam ideias em movimento pelas nossas capacidades de enxergar nascimentos de novos mundos. O brilho do sol gerou vida, a luz gera a foto, porém elas escrevem suas próprias mensagens e razões a serem decifradas pelo silêncio de quem olha e impacta seu corpo-mente-alma. O processo de revelação na vida real de nossos múltiplos cotidianos leva tempo para que a imagem comunique sua trajetória da realidade a transformação de seres e lugares. Como espelhos as fotos nos interrogam, julgam e analisam o nosso eu, ao mesmo tempo que demonstra os limites que aprisionam nossos saberes, olhares, cheiros, pele e vivências. 



Os escuros que submetemos nossas dores, vidas, e realidades necessitam de uma organização que respire e inspire imagens que gerem silêncios e revoltas, produzam mil discursos, cantem e despertem as pedras, que fotografem o amanhã. Os poderes se enfraquecem quando são demonstradas suas ilusões, quando são mostrados as cores de suas violências e absurdos, quando suas imagens são reveladas a história muda, se transforma e supera a brutalidade que ela nos reduz. Chega de esperar, necessitamos aprender todos os dias a fotografar o amanhã e ocupar  as vidas e as redes sociais para que essas sementes possam florescer novas colheitas e fotos de outras conquistas. Uma a uma, um filme que revela nossas vidas e os lugares por onde passamos, onde cada um coloca algo na realidade que faltava naquela foto que me fez caminhar, cena por cena, vamos construindo personagens de uma nova história, transformando os lugares que vimos e fotografamos suas mudanças. De um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria.



Necessitamos de uma organização sem fronteiras, sem limites, em redes auto geridas capazes de criar o roteiro e filmar a aurora de novos tempos enquanto há tempo e Terra para fotografar . Vamos registrar seu renascimento por diversas formas de ser, viver e nos governar. Todo poder a arte de revelar no escuro o brilho de possíveis justiças. 




quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

MINHA JORNADA DE VIDA CULMINA AO ENTRAR EM SALA DE AULA COMO PROFESSOR PARA DAR AULA AS CRIANÇAS E JOVENS.

 

  

Eu entrei profissionalmente numa sala quando fundámos a Empresa júnior como Presidente para realizar 20 consultorias, depois como executivo em grandes empresas como Coca Cola, Dupont, Amro Bank e na época Brahma, hoje Ambev. A jornada profissional contínua fui dirigir outras ONGs como Empreendedores de Sonhos, fui eleito Empreendedor de um novo Brasil pela Exame, me torno fellow Ashoka, começo a empreender outras ONGs, agora em rede, a Terra da Sabedoria, e entro no Banco Mundial para atuar como consultor. Outros desafios acontecem passo a entrar nas salas de gestores públicos como profissional para depois me tornar gestor público atuando em governos como no Gabinete do Governador. Nessa caminhada ajudei a captar recursos do BID para os CUCAS. Realizamos a primeira Feira do Conhecimento da ONU no Brasil. Recebi um prêmio pelos diversos projetos e organizações que criei que atuam com jovens do Presidente da UNESCO e da Ministra de Ciência e Tecnologia da Espanha em Bilbao, na ONU em Nova York, Chile e outros e reconhecimentos como Empreendedor Social da Mckinsey. Na área acadêmica estudei Administração, Economia, e Psicologia. A jornada contínua me formou em cinema pela UFC e começo a criar roteiros, realizar filmes e desenvolver games. Durante essa jornada atuo como escritor há 15 anos escrevendo 4 livros e 890 artigos no meu blog, entre eles este. Nunca deixei de empreender e apoiar ONGs em vários processos já são mais de 40, atualmente estou focado em mais três: o Instituto Serviluz, os Fotógrafos do Amanhã e contribuir na criação da EDISCA digital. Desde os 15 anos nunca deixei de atuar em movimentos da juventude, estudantis e sociais, incluindo a luta até hoje pela inovação das políticas públicas e impacto social. Hoje culminando na criação do primeiro Vale de inovação em políticas públicas e impacto social e na seleção da Startup Ecossistema digital para compor o Parque tecnológico da UFC. Há 15 anos atuo como Professor no Programa de inovação social de 16 créditos com um Diretor acadêmico americano, dou aulas e acompanho as pesquisas de acadêmicos de Universidades Americanas como Harvard, Yale, Stanford, Columbia, MIT, Princeton e outras. Agora com acadêmicos de Universidades Europeias. E agora entrei no Mestrado em Ciência de Dados da USP. Bem escrevo esse artigo sobre educação para vida para dizer que continuando a jornada acadêmica estou me formando em pedagogia pela UFC e vou fazer estágio nas escolas. Toda essa jornada culmina para entrar em sala de aula como professor para dar aulas para crianças e 

jovens.  


   

O que é mesmo essa educação que tanto falamos sobre diversos olhares para vida, saberes, setores da sociedade, culturas e países distintos? Estou lendo a biografia de Diderot que criou a Enciclopédia como caminho de um pensamento livre. Enquanto ele estava preso por divulgar suas ideias que culminaram no Iluminismo e Revolução Francesa. Rousseau ia visitá-lo andando a pé por Kms e refletindo como a sociedade corrompia o homem e gerava em seu seio as origens das desigualdades entre os homens, e depois gerou uma pedagogia profana andando pelas florestas escrevendo suas confissões. Ontem eu estava conversando com uma Doutorando em Educação de uma Universidade Finlandesa, ela me falava que a arte é a base da educação finlandesa. Assim como o brilhante resultado recente da Noruega nas Olimpíadas de Inverno na China nos ensina que o esporte não competitivo é a base da educação norueguesa. Poderia citar outros exemplos como Emilia Romana onde a expressão das crianças em cem linguagens e cooperativismo é a base dessa educação italiana. São diversos olhares para vida, saberes, participação ativa dos governos, comunidade e família na educação, que não se reduzem ao PISA, nem entram nos dados de várias análises e avaliação em educação.


 

É exatamente nesse ponto que os livros que lemos, os filmes que assistimos, as artes e esportes que praticamos, as políticas sociais e não apenas as educacionais que lidam com as desigualdades e violências, os valores, os vínculos e a solidariedade entre as pessoas fazem a diferença, somando com a liberdade e a criatividade de expressar seu ser em jornadas que unem espaços educacionais não escolares com escolares numa educação integral para vida, não apenas em tempo integral com novos prédios, currículos e professores. O discurso escolar focado em sala de aula, currículo e professores como nos alertou Vygotsky não é suficiente para lidar com a aprendizagem em zonas de desenvolvimento proximal e sociedades em profundas transformações como a nossa com disrupções tecnológicas , mudanças climáticas e avanços das desigualdades, violências, crime organizado, e Estados corruptos com políticas públicas sem impacto e com baixas capacidades de mudar vidas e cidades. 


 

Explanar um resumo de minha jornada de vida que visa a atuação como pesquisador e professor nas Escolas, Universidades, e outros espaços educacionais não escolares foi o que fiz a vida toda em vários setores da sociedade. A jornada educacional sempre visou autonomia e aprendizagem minha e de outros que compõem um projeto, uma organização, uma pesquisa e outros. Os desafios e os problemas sempre foram a meta que nesse percurso nos fez desenvolver e vivenciar várias práticas pedagógicas que transcendem a sala de aula. Nessa jornada aprendi a importância de um plano de vida, de compreender a trajetória de vida de uma pessoa e seus objetivos e desafios, os processos de metacognição, os limites da tecnologia e da sala de aula, o quanto importante é espaços educacionais não escolares em suas vidas em sua aprendizagem e autonomia, e a necessidade de formar professores nesses espaços quando teorias e práticas científicas se misturam com saberes populares das comunidades, políticas públicas, gestão empresarial de forma interdisciplinar, intersetorial e muitas vezes internacional misturando culturas cada vez mais pela internet.  


    

Educar e cuidar de nossas crianças e jovens, em especial de nossas comunidades pobres, é o maior desafio que temos como brasileiros. A falta disso gera a maioria de nossos problemas e destrói milhões de vidas, nossas cidades, natureza, e famílias. Ousar, inovar e integrar áreas da vida como educação, arte, economia, tecnologia, meio ambiente, saúde, esporte, política e social numa perspectiva científica e sistêmica de médio e longo prazo é a missão que me incentivou a vida toda. De um pequeno grão de terra a Terra da Sabedoria, empreendendo sonhos em ecossistemas sociais e digitais, vivendo e pesquisando uma educação para uma vida boa, bela, justa e economicamente sustentável.        




sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

O que são 'demônios da ciência' e por que são úteis para o conheciment



Dalia Ventura

BBC News Mundo


15 fevereiro 2022


Eles nasceram nas mentes de grandes pensadores e vivem na literatura científica e filosófica.

Eles ajudaram a tornar realidade o que antes era fantasia e continuam a motivar a busca pelo que não foi encontrado até agora.


Alguns até se infiltraram na vida cotidiana e não mostram sinais de quererem sair dali.

Trata-se dos demônios da ciência, criaturas que ocupam o espaço das leis, teorias ou conceitos que ainda não conseguimos entender.


Eles são um tipo muito particular de experimento mental e "parte da linguagem científica", disse à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) a física mexicana-americana Jimena Canales, autora do livro Endemoniados: una historia sombría de los demonios en la ciencia (Endemoniados: Uma história sombria de demônios na ciência, em tradução livre).


"Sou historiadora da ciência e adorei ver como os cientistas usaram essa palavra, porque é paradoxal, já que geralmente pensamos que cientistas são seculares e não supersticiosos."


No entanto, esses demônios são mais parecidos com o demônio ou daimón da Grécia Antiga do que com aquelas entidades malignas que nos vêm à mente quando ouvimos essa palavra.


Como explica a sacerdotisa Diotima ao jovem filósofo Sócrates em O Banquete de Platão, eles habitam aquele lugar intermediário entre deuses e homens, e entre sabedoria e ignorância.


"Na ciência eles são úteis porque sabem contornar as leis da natureza e como conseguir coisas que não podemos fazer", diz Canales.


"Eles geralmente são semelhantes a nós, mas com características exageradas: são um pouco mais habilidosos ou maiores, ou menores ou mais rápidos ou mais sábios. Eles não são necessariamente perversos, mas podem desequilibrar o poder; podem ser úteis, embora às vezes também maliciosos."


"Por isso que são ideais para a ciência e a tecnologia, porque se trata de desenvolver, ir mais além."

E justamente esses demônios motivaram a autora a "ir mais além": eles mostraram que, ao contar a história da ciência, o mundo da imaginação nunca deve ser deixado de lado.


De acordo com Platão, Sócrates contou que tinha um daimonion ("algo divino") que o avisava quando ia cometer um erro, mas nunca lhe dizia o que fazer


"Eu me dei conta que você pode contar a história do desenvolvimento da ciência e da tecnologia nos últimos 400 anos através da busca por essas criaturas, porque elas fazem algumas coisas que nos fascinam e outras que nos preocupam."


Mas do que diabos ela está falando?


O demônio da realidade virtual


O primeiro que Canales descreve é o demônio de Descartes e ela adverte: "Ele nem sempre foi chamado de demônio. No início era um gênio maligno", algo que acontece com várias dessas criaturas. São outros cientistas que lhes dão esse nome.


No século 17, o filósofo, matemático e cientista francês René Descartes lia Dom Quixote — a história do herói que não sabia distinguir a realidade da fantasia — e se perguntava: o que aconteceria se "algum gênio maligno com o mais extremo poder e astúcia usasse todas as suas forças para me enganar?"


Seu demônio tinha a capacidade de criar um mundo artificial completamente ilusório, mas totalmente convincente.

A ideia de que tudo o que ele achava que era real não fosse realidade era aterrorizante.


"Descartes começou a pensar quais seriam as poucas coisas que esse demônio não poderia tocar", diz Canales.

"Coisas como 2+3=5, ou que um círculo é uma circunferência desenhada em torno de um certo ponto, ou que um triângulo é composto de três retas em três ângulos."


"São coisas muito simples, mas que se tornaram a base da ciência moderna, da lógica, e foram inspiradas pelo medo daquele demônio."


Havia também outra fonte de certeza que o poderoso gênio não poderia corroer: por mais enganosa que fosse a alucinação, se era ele quem pensava, ele existia.


Eis então a famosa frase que apareceu em Meditações sobre Filosofia Primeira de 1641.


Cogito ergo sum: "Penso, logo existo"


"As tecnologias de realidade virtual ainda são desenvolvidas em referência ao demônio de Descartes", diz a historiadora da ciência.


"Queremos imitar a realidade, mas também temos medo de nos confundir. Por outro lado, as notícias falsas ("fake news") nos mostraram como outros podem nos enganar, por isso continuamos desenvolvendo métodos de pensamento crítico e racionalidade pura."


"Esse demônio me fascina porque ele aparece no início da ciência moderna e ainda está vivo."


O demônio mais famoso

O demônio de Maxwell parece menos assustador.

No entanto, observa Canales, "ele é mais perigoso que o de Descartes, pois pode agir diretamente sobre o mundo natural e não precisa enganar ninguém".


E, apesar de ser de um tamanho atômico, sua marca no mundo é enorme.


"A maioria dos dispositivos eletrônicos que nos cercam usa a ciência do demônio de Maxwell, e cientistas e laboratórios de todo o mundo continuam investigando e tentando construir versões melhores dele", diz Canales.



Idealizado pelo físico escocês James Clerk Maxwell, o demônio foi — e ainda é — muito importante para a Física.


"As leis estatísticas permitem exceções, então, para dar sentido à natureza estatística das leis da termodinâmica, um demônio foi invocado", explica Canales.


Maxwell inicialmente o descreveu como "um ser muito observador".


Mais tarde, quando o matemático William Thomson já lhe dera o nome pelo qual é conhecido, Maxwell escreveu que eram "seres muito pequenos, mas vivos, incapazes de trabalhar, mas capazes de abrir e fechar válvulas que se movem sem atrito ou inércia".


Ao fazer isso, o pequeno demônio separa as moléculas mais quentes e rápidas das mais frias e lentas... violando nada menos que a segunda lei da termodinâmica.


Para alguns, a ideia levantou a possibilidade de criar uma máquina de movimento perpétuo ou mesmo inverter a direção do tempo.


Na prática, a pesquisa de Maxwell levou a melhorias na eficiência de motores e refrigeradores.

Além disso, seu demônio provou que não importa quão baixas sejam as chances de algo acontecer, sempre há surpresas, pois os eventos mais raros acontecem de tempos em tempos.


O demônio do conhecimento infinito


Em 1773, o matemático francês Pierre-Simon Laplace, que trabalhou durante a Revolução Francesa desenvolveu a ciência estatística, criou seu próprio demônio.


Ele imaginou uma entidade misteriosa "que sabia onde estão todos os átomos do Universo e quais são as leis do movimento", diz Canales.


"Esta inteligência poderia saber qual é o futuro e qual é o passado. Poderia saber tudo."


Para Laplace, o Universo era estável e previsível, portanto, se todos os dados necessários estivessem disponíveis, a análise matemática poderia nos ajudar a entendê-lo.


Essa fé no determinismo científico ajudou a inspirar a criação de máquinas que poderiam realizar os tipos de cálculos que ele atribuiu ao seu demônio.


Charles Babbage citou Laplace quando ele criou um dos primeiros computadores.


E, em 1842, a matemática britânica Ada Lovelace, que trabalhou com Babbage e conhecia o trabalho de Laplace, foi possivelmente a primeira a especular se os programas de computador poderiam ser considerados seres pensantes, debate que continua 180 anos depois.


Mas por que isso seria atribuído a um demônio?


O demônio de Laplace pode rastrear cada partícula existente, pondo fim ao acaso, o caos e a incerteza


"O termo 'demônio de Laplace' foi aplicado na década de 1920 porque, como os outros demônios, era uma ideia que obcecava os cientistas."


"E quando a mecânica quântica começou, o determinismo perfeito foi questionado. Os cientistas declararam: 'Isso não existe realmente, é um demônio.'"


"Ele é uma figura que estamos perseguindo e tentamos construir, construindo computadores cada vez mais poderosos, mas nunca vamos realizar esse sonho de saber tudo e ser capaz de prever o futuro perfeitamente determinado pelas condições iniciais."


Ainda assim, seguimos tentando.


O triunvirato no computador


"Seu computador, por exemplo, em certo sentido foi desenvolvido motivado pela busca desses três demônios", diz Canales, explicando:


O demônio de Laplace, em termos de ser uma máquina para acumular e processar dados

O demônio de Descartes, porque também é uma máquina de entretenimento e realidade virtual

E seus microprocessadores permitem que você faça o trabalho com mais eficiência, como o demônio de Maxwell.


Os de Darwin e Einstein


Antes de escrever A Origem das Espécies, Charles Darwin imaginou "um ser infinitamente mais astuto que o homem" que poderia produzir uma nova raça de humanos, assim como somos capazes de criar ovelhas cuja lã tenha as qualidades que preferimos para nossos suéteres.


"Essa foi uma das questões fascinantes que impulsionaram sua pesquisa", diz Canales.


O ser estranho acabou desaparecendo e na versão final de sua obra o que aparece é a teoria da seleção natural, sem causas milagrosas ou forças sobrenaturais.


No entanto, ele ressuscitou na década de 1960, sob o nome de "demônio darwiniano", quando os biólogos quiseram explorar o que aconteceria se não houvesse restrições biológicas à evolução, estimulando pesquisas para entender melhor a teoria da evolução.


E Albert Einstein tinha algum demônio?


"Cientistas e um biógrafo muito importante de Einstein dizem que seu demônio era a mecânica quântica", responde a física.


"De acordo com a teoria da relatividade de Einstein, nada pode viajar mais rápido que a velocidade da luz. Mas desde que ele introduziu a ideia, outro demônio começou a assombrar os cientistas: qualquer coisa que possa viajar mais rápido que a velocidade da luz."


Isso mudaria completamente nossa maneira de entender o Universo.


"Esses demônios são importantes porque ainda estão vivos e tiveram uma vida tão longa porque nos motivam a realizar uma busca continua."


"Na ciência é muito, muito, muito difícil verificar que algo não existe, porque no futuro esse algo pode aparecer."

E isso implica que qualquer teoria é frágil, como demonstra o famoso caso dos cisnes negros, que até o final do século 17 serviu de expressão para denotar algo impossível, pois se acreditava que eles não existiam, pois os cientistas europeus nunca haviam visto um."


"Conseguimos comprovar que, por exemplo, o Abominável Homem das Neves não existe. Mas existem esses pequenos espinhos que ainda não comprovamos sua inexistência e são tão fascinantes em suas habilidades — o demônio de Maxwell pode gerar lucro sem prejuízo — que continuamos procurando por eles, principalmente porque em certos casos eles são encontrados, e há muitas coisas que nos mostram que estamos prestes a fazê-lo."


"O que é fundamental sobre os demônios da ciência", escreve Canales no seu livro, "é como eles se tornam reais, ou seja, como nossa imaginação impulsiona a descoberta e como podemos usá-los para mudar o mundo."

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

CIDADANIA GLOBAL E ELITES BRASILEIRAS FEUDAIS.

 




“Se você me proibir de escrever sobre religião ou sobre governo, não terei mais nada para dizer.” Diderot, 1748.

 

Assim como a Enciclopédia de Diderot, a internet mudou o jogo e as regras econômicas, políticas e sociais ao mesmo tempo. Se antes os limites de articulação política eram minha rua e cidade, hoje é o mundo, da mesma forma podemos fazer negócios, nos educar, ver filmes, empreender e orar pela internet. A cidadania global é uma conquista da humanidade e um caminho para superarmos desafios pessoais e coletivos, contra as barreiras, ignorâncias, violências e limites que poderes feudais impõe a bilhões de vidas. 



Quando Isaac Newton proclamou a República Universal da Ciência “eu derivo dos fenómenos celestes a força da gravidade através da qual os corpos  são atraídos para o Sol e para diversos planetas. Então destas forças, usando outras proposições matemáticas, deduzo o movimento dos planetas, dos cometas, da lua e do mar” Newton nos deu o poder de pensar matematicamente mas também criticamente e nos libertar da força exercida pela religião e a nobreza. Forças essas ainda bem fortes no Brasil com a presença econômica, social e politica exercida pelas igrejas, oligarquias e elites vivendo do Estado e da miséria do povo brasileiro. 



Quando Henry Ford queria um carro em cada casa e criou a linha de produção , assim como Bill Gates tornou possível um computador em cada casa com softwares. Essa revolução ao mesmo tempo inglesa, francesa, americana e agora chinesa nunca parou. A China tirou 300 milhões de pessoas da pobreza para produzir riquezas, assim como outras nações fizeram antes. No Brasil preferimos matar milhões de jovens pelo crime ao invés de produzirem riqueza, cidadania e mercado consumidor. Isso tudo para manter os privilégios de gangues partidárias, políticos corruptos, Oligarquias e elites que vivem do Estado, e poucos bancos no Brasil sem lei nem justiça.  


      

Os Cidadãos globais brasileiros precisam gritar para o mundo via internet as brutais injustiças, desigualdades, corrupção e violências que sofrem de suas elites econômicas e politicas, assim como fez Mandela contra o apartheid e Gandhi pela liberdade da Índia. Sem a repercussão internacional as elites locais permaneceriam matando, roubando e destruindo a natureza como fazem no Brasil há mais de 500 anos. 



A nossa cidadania global se fortalece pela educação, arte e pelas nossas capacidades de construir caminhos e igualdade de oportunidades, de nos humanizarmos, de aprendermos a gritar e sonhar com a mesma energia e vida. Sim temos hoje milhões de pessoas no Brasil que morreram sem exercer suas cidadanias, produzir riquezas, e estudar para que poucos ocupem espaços em nossa sociedade porque roubaram dinheiro, tem privilégios do Estado e de Bancos públicos, são de famílias politicas que atuam há décadas, trocando moedas entre poderes como máfias, muitas vezes sobre o silêncio e a omissão da justiça, mídia, e dos Poderes executivo e legislativo.  A falta de talento, boas ideias, mérito, e competências levam a baixa produtividade, má gestão, resultados insignificantes, e impactos nulos mas apesar disto continuam nas Empresas, Congresso, Governos e pasmem a Universidade também foi ocupada por Oligarquias e partidos. 



Agora façam as contas se milhões de pessoas produzissem de diversas formas, incluindo projetos de preservação da natureza, melhorando as condições de vida dos lugares onde moram, cuidando de crianças e idosos, qual será o impacto na redução da pobreza, redução do crime e da violência, e cidadania ? Bem ainda não aprendemos, nem como Newton, nem com Gates, porque as ignorâncias, maldades e violências de nossas elites imperam pela força e crueldade sem limites, diante de centenas de tragédias repetidas todos os anos, e da impunidade e omissão dos poderes, enquanto viajam pelo mundo com dinheiro desonesto elogiando outros países. Mais a culpa continua sendo da nobreza, senhores feudais e diversos capatazes distribuídos pelos poderes num pais sem capitalismo nem democracia, a espera de uma revolução para emancipar seu povo numa cidadania ao mesmo tempo local, nacional e global. De um pequeno grão de terra à Terra da Sabedoria.         




quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

A TRAJETÓRIA DO DISCURSO ESCOLAR PARA A ZDP EM ESPAÇOS EDUCACIONAIS NÃO ESCOLARES EM VYGOTSKI.

 


Até 1925 nenhum dos sistemas teóricos construídos tinha considerado a educação como processo decisivo na gênese das capacidades psicológicas que nos caracterizam como seres humanos. A natureza humana é o resultado da interiorização, socialmente guiada, transmitida de geração para geração para Vygotski. A sua vida foi seu maior experimento onde buscou construir uma nova sociedade, nova cultura, nova ciência e um novo homem.


Ele necessitava de uma teoria científica da natureza humana e sua mudança que nasce da análise materialista das funções psicológicas humanas e das produções artísticas e culturais. Através do método genético experimental e analisando a atividade instrumental e interação para o estudo científico da psicologia, a origem sócio histórica das funções psicológicas superiores, as relações entre aprendizagem e desenvolvimento, organização semiótica do pensamento e outras. 


A escola de psicologia soviética e sua teoria sócio cultural mudou o mundo apesar de ser publicada nos EUA só em 1962. A psicologia para ele tem como objetivo prático a melhoria da sociedade através do aperfeiçoamento da educação. As relações dialéticas entre a natureza e a conduta humana e suas diversas interações geram o desenvolvimento. Estudar o processo de mudança é o caminho em busca das origens e não reduzi-los a fósseis momentâneos. Focar no processo e não nos produtos nos permitem uma explicação.


Saltos revolucionários que mudam a própria natureza do desenvolvimento é o que busca pesquisar Vygotski e não meros incrementos quantitativos e acumulativos momentâneos das capacidades humanas. Em determinados momentos novas forças biológicas e sociais, e novos princípios educacionais entram em campo para a transformação humana. Novas formas de mediação como a escrita e internet se integra com outros, gerando novos caminhos de aprendizagem e desenvolvimento.


Em relação a fase filogenética, Vygotski aceita a teoria darwiniana de adaptação incluindo o uso de ferramentas para que de símios nos tornamos humanos. No sócio genético observamos o ser humano como participante de um grupo sócio cultural. O funcionamento intelectual muda de acordo com períodos históricos e estruturas sócio econômicas. O ontogenético refere -se ao desenvolvimento pessoal , a evolução histórico cultural da espécie cria e redefine outros processos psicológicos que supõe um salto qualitativo em relação aos processos psicológicos inferiores. A linguagem, pensamento e outros sistemas simbólicos traduzem na aquisição de funções psicológicas superiores. A gênese de um ato mental singular mesmo numa escala de tempo pequena é um outro caminho de pesquisa para Vygotski. 


A vida social e a interação com outras pessoas e a participação em atividades na sociedade são fundamentais para teoria socio cultural. Mas como ocorre essa aprendizagem do social para o individual ? Os conceitos de interiorização, zona proximal de desenvolvimento e apropriação. Uma atividade externa social se torna interna psicológica. Apropriação vem do contato com seus semelhantes e cultura se apropriando de faculdades e modos de comportamentos desenvolvidos historicamente como ferramentas psicológicas para uso pessoal. Cada um se apropria de acordo com suas características pessoais, ideias, experiências, interesses e outros.


Memória colectiva e recordação compartilhada é a interação entre vários indivíduos que são apropriadas por grupos. Já a distância entre o desenvolvimento real e o potencial de uma pessoa forma uma zona de desenvolvimento proximal onde um indivíduo pode apoiar outro nessa passagem de aprendizagem. Os processos de ensino e aprendizagem criam o desenvolvimento proximal. A ZDP é dinâmica e funciona por degraus até que a criança tenha autonomia de realizar a atividade sozinha. A atuação das meninas e meninos nas atividades é fundamental para dar novos rumos à aprendizagem não construída apenas pelos professores. 


O processo evolutivo vai a reboque do processo de aprendizagem. A participação guiada nos leva dos níveis mais simples aos mais complexos. Eles transformam os conhecimentos e objetos que interagem ampliando sua autonomia sobre eles. A ajuda constante do professor ao aluno considera o ambiente da ZPD um meio para aprendizagem. A mediação semiótica envolve o conhecimento compartilhado e a interação entre subjetividades visando uma aprendizagem comum. A valorização do contexto e a linguagem são essenciais nesse processo de aprendizagem.


A análise do discurso nas interações sociais e o significado das palavras são essenciais na relação entre linguagem e pensamento para Vygotsky. A análise dos discursos educacionais nos contextos formais da escola é um principal interesse de Vygotsky no fim da vida. Os processos psicológicos por meio das atividades práticas. O conjunto de saberes e capacidades postas em práticas numa interação social são capacidades que se relacionam com contextos práticos de ação. Nesse sentido a escola como funciona precisa ser criticada e transformada.


O discurso escolar tem se transformado a partir da perspectiva histórico cultural que entende a aprendizagem como um processo distribuído, interativo e contextual que é resultado da participação e autonomia de vários atores em comunidades de saberes e práticas não necessariamente dentro da escola, do currículo, com auxílio do professor ou na sala de aula. Coordenação ou colaboração conjunta através da expressão e reconhecimentos de pontos de vistas diferentes, criação e resolução de conflitos entre outros. Afirmação das diferenças, é por meio dos discursos que as versões sobre o conhecimento se constroem e é por meio dele que podemos analisar como se constroem. 

 


 


terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

OS CONTADORES DE HISTÓRIAS, ARTE E EDUCAÇÃO!




Quem inicia a aula ? Que aula ? Não é aula, é espetáculo! Professora ? não atrapalhe a artista ! A contadora de história vai começar a contar…Despertar os encantos que habitam esses mundos desconhecidos de nossa imaginação. Por favor ! Razão me dê licença, a literatura infantil vai falar de outras razões que não cabem no método científico, porém ele é um personagem importante de nossa narrativa ! Uma disciplina deve ser sempre maior que os autores e conceitos sobre ela. Ela faz escolhas como poder ser vivida visando renascer outras teorias e praticas. 



Minha história poderia ser a defesa de uma tese de Doutorado em educação. Ele é um educador social que aprende com mente corpo, antes da razão, sobre os diversos movimentos da comunidade pobre onde nasceu e outras onde atua como educador. Outros personagens querem saber se ele citou todos os autores que escrevem sobre educação popular, e outro sobre uma abordagem de pesquisa, mas talvez isso o Google consiga pesquisar mais rápido. Se citasse um único autor ou nenhum como Paulo Freire em muitos livros, o que fica é a coerência de seu discurso, razões, ou melhor a história. 



Claro que prefiro esquecer quem me conta a história, que dentro dela carrega o discurso, os gestos, a vida do contador de histórias que ser seja uma professora, uma artista, ou mesmo um Doutor. A história é arte, educação, ou pode ser o percurso de uma jornada científica em busca de descobertas ? Esses foram os limites que brincamos com eles durante toda a disciplina, em busca de elos, portas escondidas que me levam às outras dimensões da aprendizagem. Mas afinal de que infância, criança e pedagogia estamos contando suas histórias ?  



Uma história aqui, outra acolá , mas resolvemos parar para escutar a platéia e os bastidores do espetáculo. O que pensam os contadores de história sobre o impacto de sua magia nas crianças, jovens e adultos ? Que teorias carregam para atribuir a arte, um conjunto de razões científicas que extrapolam os bastidores do espetáculo ? Sim, elas estão todas lá, bem que gostariam de entrar no palco com os personagens da história. Porém se na disciplina de Literatura infantil na Universidade podemos fazer essa pausa e refletir sobre os encantos. Na arte negaríamos os dons da imaginação e a capacidade do contador de histórias em desbravar os caminhos da aprendizagem por múltiplos meios. 



Educar por histórias é o que fazemos desde que a humanidade nasceu mas nem sempre faladas, ora pintadas nas cavernas, ora vividas em múltiplas brincadeiras, inclusive de brigar. O oral foi dando lugar a escrita, e depois imagens, e agora cada vez a interatividade dos games nos faz contar uma história com nossas ações. Nossas lembranças revividas em nossas memórias, é o caminho curto para entender a importância delas em nossas vidas. Porém, no lugar de educadores, as práticas pedagógicas integram aquela história num contexto mais amplo de uma disciplina ou no momento em que ela é em si uma prática pedagógica. Porém uma não se reduz a outra. 



Esse universo amplo explorado pela disciplina em aulas, webinário, conferências, e encontros não visam gerar sínteses, nem  conclusões, mas muitas vezes levam por labirintos que temos que encontrar a saída escutando outras histórias. No mundo dos contadores de histórias, as dialéticas são complexas, eles têm seus ritos, quase como membros de uma mesma tribo mas composta de pajés, guerreiros e bruxas. Quando começam a contar histórias despertam infinitos e ao mesmo tempo singulares mundos, pois cada um aprende e interage à sua maneira com aquela história, cena, ou um personagem.  



Sim, agora é a hora de contar a minha história, como educador e artista, tenho que escolher por onde começar ? Essa é a melhor lição da disciplina nos ensinar ou melhor encantar para sermos contadores de história. Porém algumas histórias buscam ser proibidas em nosso mundo de fascismos e pandemias, histórias que educam e libertam, nos fazem rir e chorar, nos convidam a contar e viver histórias juntos, afinal é no outro que ouvi falar ou que paro para escutar que me torno gente, me humanizo e sonho dentro de um sonho que considero real. É num mundo de contadores de histórias que ensinam e aprendem, um a história do outro, que nos educamos com arte e ciência. Sim, as histórias dão vida à Terra do Nunca e da Sabedoria que nos transformam, e as realidades que vivemos.  



Porém para mim a melhor história é aquela que ainda não escutei ! Aquela que ainda não contei nem imaginei ! Ou aquelas histórias que gestam em seu seio por séculos outras histórias. Elas necessitam de bons contadores de histórias, educadores, artistas e claro pessoas dispostas a escutar de forma profunda seus significados e de como elas continuam a mudar a história dos mundos que vivemos. 


"E no lar de sua mãe, Hermes, meteu-se obliquamente pelo buraco da fechadura, como a névoa em uma brisa de outono."


"Eu te proibi de comer esse fruto para evitar sua ruína. Que desculpas tens tu para ser desobediente ?"


Somos assim como você meu Deus, contadores de boas histórias.