SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quinta-feira, 29 de março de 2012

SOBRE A DIGNIDADE DOS POBRES E A COVARDIA DOS LÍDERES DE FORTALEZA!

SOBRE A DIGNIDADE DOS POBRES E A COVARDIA DOS LÍDERES POLITICOS!

É incrível como políticos que se dizem líderes se sujeitam e são subjugados por seus grupos.
O silêncio da maioria da população é a forma mais ousada de protesto diante de um circo político que antes até servia para nos impressionar sobre as acrobacias delirantes para se manter no poder ; mesmo que a vergonha do absurdo , cada dia mais , caía no ridículo de sua indigestão pública. Nós não devemos perdoar. Tudo isto está errado.

Visitei algumas escolas e hospitais em Fortaleza, procurando olhar para as pessoas. A tristeza e a desesperança fazia com que eles andassem em grande parte de cabeças baixas. Talvez esperando o dia que sua mãe ou avô recebe o bolsa família, para conforme os nossos líderes da “esquerda” receberem a dignidade que tem direito. Já que nas escolas e nos hospitais eles não tem este direito! Há 500 anos na direita e também vamos ficar assim nesses dez anos da esquerda brasileira?

Quando tomamos uma Coca-Cola num bar , se eles nos cobrarem 4 reais , e ela estiver aberta e sem gás? Os nossos líderes de Fortaleza não vão querer pagar , vão ficar indignados que estão sendo assaltados , vão culpar o capitalismo, o Tasso …. Mas quando esses líderes de Fortaleza vão entregar as Cocas – Colas que eles venderam nas eleições passadas com toda a publicidade do mundo ? Tipo Oligarquias toda eleição.

Senhores acordem, despertem, vejam os olhos das pessoas ! As suas Coca colas estão quebradas , foram vendidas a 500 mil reais a garrafa, e a dona do bar não quer que eu reclame ? Se na democracia socialista estes direitos não existem, mesmo no Capitalismo, senhora, estes direitos ainda podem ser reclamados. 

Quando se fala das praticas da democracia que governa cidades com empreguismo, clientelismo, da política em detrimento da educação e da saúde do povo, do governo dos amigos, com a continuidade do loteamento das escolas e unidades de saúde entre os políticos, da continuidade do uso de Organização Social para distribuição de empregos aos milhares, da continuidade de gasto de dinheiro público em hospital privado, só porque pertence a políticos? Realmente é o fim da picada !

Bem espero que fique como lição a dignidade de quem ganha 1 ou 2 salários mínimos por mês, anda de ônibus pelos terminais , tem seus filhos nas escolas municipais , e seus parentes atendidos pelo IJF ou Postos de saúde. Por um motivo politico estas pessoas tem sido chamada da nova classe média brasileira, ela trabalha três turnos num emprego instável ou numa pequena empresa em sua grande maioria, servindo a rentabilidade dos Bancos que governos brasileiros servem com dignidade. Porem esta classe de trabalhadores financia o circo do que vocês chamam de politica. Eles não querem saber se os Ferreira Gomes são irmãos e dividem a cidades com as famílias no poder como no interior durante a ditadura. Eles querem saber se assim como eles são exigidos quando vão trabalhar, que cada um , mesmo os políticos, tenham as habilidades e as responsabilidades para cumprir seu papel em seu local de trabalho, que juntos com outras pessoas entregue aos seus clientes o serviço que eles pagaram. Eles não querem saber se é marxista ou capitalista, se a sua conversa fiada realiza a esperança ou o medo que prometem em seus olhos para seus filhos e comunidades com boas escolas, hospitais e no trabalho que compartilham com outras pessoas .

Porque se isto não é feito ! Fica transparente a covardia e a submissão dos líderes e dos grupos que negam dar as respostas mínimas; inclusive apurar as denuncias que foram feitas. É melhor arrumar outro trabalho porque as cidades não aguentam mais pagar a incompetência e a politicagem de grupos, muito menos seus falsos discursos, e suas posturas de Feudos mesmo entre os lideres de esquerda de fato deste país, negam espaços entre seus companheiros de lutas e estradas.


segunda-feira, 19 de março de 2012

Experiência e pobreza

Escola de Frankfurt - Walter Benjamin
Experiência e pobreza
1933

Walter Benjamin

Em nossos livros de leitura havia a parábola de um velho que no momento da morte revela a seus filhos a existência de um tesouro enterrado em seus vinhedos. Os filhos cavam, mas não descobrem qualquer vestígio do tesouro. Com a chegada do outono, as vinhas produzem mais que qualquer outra na região. Só então compreenderam que o pai lhes havia transmitido uma certa experiência: a felicidade não está no ouro, mas no trabalho. Tais experiências nos foram transmitidas, de modo benevolente ou ameaçador, à medida que crescíamos: "Ele é muito jovem, em breve poderá compreender". Ou: "Um dia ainda compreenderá". Sabia-se exatamente o significado da experiência: ela sempre fora comunicada aos jovens. De forma concisa, com a autoridade da velhice, em provérbios; de forma prolixa, com a sua loquacidade, em histórias; muitas vezes como narrativas de países longínquos, diante da lareira, contadas a pais e netos. Que foi feito de tudo isso? Quem encontra ainda pessoas que saibam contar histórias como elas devem ser contadas? Que moribundos dizem hoje palavras tão duráveis que possam ser transmitidas como um anel, de geração em geração? Quem é ajudado, hoje, por um provérbio oportuno? Quem tentará, sequer, lidar com a juventude invocando sua experiência?

Não, está claro que as ações da experiência estão em baixa, e isso numa geração que entre 1914 e 1918 viveu uma das mais terríveis experiências da história. Talvez isso não seja tão estranho como parece. Na época, já se podia notar que os combatentes tinham voltado silenciosos do campo de batalha. Mais pobres em experiências comunicáveis, e não mais ricos. Os livros de guerra que inundaram o mercado literário nos dez anos seguintes não continham experiências transmissíveis de boca em boca. Não, o fenômeno não é estranho. Porque nunca houve experiências mais radicalmente desmoralizadas que a experiência estratégica pela guerra de trincheiras, a experiência econômica pela inflação, a experiência do corpo pela fome, a experiência moral pelos governantes. Uma geração que ainda fora à escola num bonde puxado por cavalos viu-se abandonada, sem teto, numa paisagem diferente em tudo, exceto nas nuvens, e em cujo centro, num campo de forças de correntes e explosões destruidoras, estava o frágil e minúsculo corpo humano.

Uma nova forma de miséria surgiu com esse monstruoso desenvolvimento da técnica, sobrepondo-se ao homem. A angustiante riqueza de idéias que se difundiu entre, ou melhor, sobre as pessoas, com a renovação da astrologia e da ioga, da Christian Science e da quiromancia, do vegetarismo e da gnose, da escolástica e do espiritualismo, é o reverso dessa miséria. Porque não é uma renovação autêntica que está em jogo, e sim uma galvanização. Pensemos nos esplêndidos quadros de Ensor, nos quais uma grande fantasmagoria enche as ruas das metrópoles: pequeno-burgueses com fantasias canavalescas, máscaras disformes brancas de farinha, coroas de folha de estanho, rodopiam imprevisivelmente ao longo das ruas. Esses quadros são talvez a cópia da Renascença terrível e caótica na qual tantos depositam suas esperanças. Aqui se revela, com toda clareza, que nossa pobreza de experiências é apenas uma parte da grande pobreza que recebeu novamente um rosto, nítido e preciso como o do mendigo medieval. Pois qual o valor de todo o nosso patrimônio cultural, se a experiência não mais o vincula a nós? A horrível mixórdia de estilos e concepções do mundo do século passado mostrou-nos com tanta clareza aonde esses valores culturais podem nos conduzir, quando a experiência nos é subtraída, hipócrita ou sorrateiramente, que é hoje em dia uma prova de honradez confessar nossa pobreza. Sim, é preferível confessar que essa pobreza de experiência não é mais privada, mas de toda a humanidade. Surge assim uma nova barbárie.

Barbárie? Sim. Respondemos afirmativamente para introduzir um conceito novo e positivo de barbárie. Pois o que resulta para o bárbaro dessa pobreza de experiência? Ela o impele a partir para a frente, a começar de novo, a contentar-se com pouco, a construir com pouco, sem olhar nem para a direita nem para a esquerda. Entre os grandes criadores sempre existiram homens implacáveis que operaram a partir de uma tábula rasa. Queriam uma prancheta: foram construtores. A essa estirpe de construtores pertenceu Descartes, que baseou sua filosofia numa única certeza — penso, logo existo — e dela partiu. Também Einstein foi um construtor assim, que subitamente perdeu o interesse por todo o universo da física, exceto por um único problema — uma pequena discrepância entre as equações de Newton e as observações astronômicas. Os artistas tinham em mente essa mesma preocupação de começar do principio quando se inspiravam na matemática e reconstruíam o mundo, como os cubistas, a partir de formas estereométricas, ou quando, como Klee, se inspiravam nos engenheiros. Pois as figuras de Klee são por assim dizer desenhadas na prancheta, e, assim como num bom automóvel a própria carroceria obedece à necessidade interna do motor, a expressão fisionômica dessas figuras obedece ao que está dentro. Ao que está dentro, e não à interioridade: é por isso que elas são bárbaras.

Algumas das melhores cabeças já começaram a ajustar-se a essas coisas. Sua característica é uma desilusão radical com o século e ao mesmo tempo uma total fidelidade a esse século. Pouco importa se é o poeta Bert Brecht afirmando que o comunismo não é a repartição mais justa da riqueza, mas da pobreza, ou se é o precursor da moderna arquitetura, Adolf Loos, afirmando: "Só escrevo para pessoas dotadas de uma sensibilidade moderna.. Não escrevo para os nostálgicos da Renascença ou do Rococó". Tanto um pintor complexo como Paul Klee quanto um arquiteto programático como Loos rejeitam a imagem do homem tradicional, solene, nobre, adornado com todas as oferendas do passado, para dirigir-se ao contemporâneo nu, deitado como um recém-nascido nas fraldas sujas de nossa época. Ninguém o saudou tão alegre e risonhamente como Paul Scheerbart. Ele escreveu romances que de longe se parecem com os de Júlio Verne, mas ao contrário de Verne, que se limita a catapultar interminavelmente no espaço, nos veículos mais fantásticos, pequenos rentiers ingleses ou franceses, Scheerbart se interessa pela questão de como nossos telescópios, aviões e foguetes transformam os homens antigos em criaturas inteiramente novas, dignas de serem vistas e amadas. De resto, essas criaturas também falam uma língua inteiramente nova. Decisiva, nessa linguagem, é a dimensão arbitrária e construtiva, em contraste com a dimensão orgânica. É esse o aspecto inconfundível na linguagem dos homens de Scheerbart, ou melhor, da sua "gente"; pois tal linguagem recusa qualquer semelhança com o humano, princípio fundamental do humanismo. Mesmo em seus nomes próprios: os personagens do seu livro, intitulado Lesabéndio, segundo o nome do seu herói, chamam-se Peka, Labu, Sofanti e outros do mesmo gênero. Também os russos dão aos seus filhos nomes "desumanizados": são nomes como Outubro, aludindo à Revolução, ou Pjatiletka, aludindo ao Plano Qüinqüenal, ou Aviachim, aludindo a uma companhia de aviação. Nenhuma renovação técnica da língua, mas sua mobilização a serviço da luta ou do trabalho e, em todo caso, a serviço da transformação da realidade, e não da sua descrição.

Mas, para voltarmos a Scheerbart: ele atribui a maior importância à tarefa de hospedar sua "gente", e os co-cidadãos, modelados à sua imagem, em acomodações adequadas à sua condição social, em casas de vidro, ajustáveis e móveis, tais como as construídas, no meio tempo, por Loos e Le Corbusier. Não é por acaso que o vidro é um material tão duro e tão liso, no qual nada se fixa. É também um material frio e sóbrio. As coisas de vidro não têm nenhuma aura. O vidro é em geral o inimigo do mistério. E também o inimigo da propriedade. O grande romancista André Gide disse certa vez: cada coisa que possuo se torna opaca para mim. Será que homens como Scheerbart sonham com edifícios de vidro, porque professam uma nova pobreza? Mas uma comparação talvez seja aqui mais útil que qualquer teoria. Se entrarmos num quarto burguês dos anos oitenta, apesar de todo o "aconchego" que ele irradia, talvez a impressão mais forte que ele produz se exprima na frase: "Não tens nada a fazer aqui". Não temos nada a fazer ali porque não há nesse espaço um único ponto em que seu habitante não tivesse deixado seus vestígios. Esses vestígios são os bibelôs sobre as prateleiras, as franjas ao pé das poltronas, as cortinas transparentes atrás das janelas, o guarda-fogo diante da lareira. Uma bela frase de Brecht pode ajudar-nos a compreender o que está em jogo: "Apaguem os rastros!", diz o estribilho do primeiro poema da Cartilha para os citadinos. Essa atitude é a oposta da que é determinada pelo hábito, num salão burguês. Nele, o "interior" obriga o habitante a adquirir o máximo possível de hábitos, que se ajustam melhor a esse interior que a ele próprio. Isso pode ser compreendido por qualquer pessoa que se lembra ainda da indignação grotesca que acometia o ocupante desses espaços de pelúcia quando algum objeto da sua casa se quebrava. Mesmo seu modo de encolerizar-se — e essa emoção, que começa a extinguir-se, era manipulada com grande virtuosismo — era antes de mais nada a reação de um homem cujos "vestígios sobre a terra" estavam sendo abolidos. Tudo isso foi eliminado por Scheerbart com seu vidro e pelo Bauhaus com seu aço: eles criaram espaços em que é difícil deixar rastros. "Pelo que foi dito", explicou Scheerbart há vinte anos, "podemos falar de uma cultura de vidro. O novo ambiente de vidro mudará completamente os homens. Deve-se apenas esperar que a nova cultura de vidro não encontre muitos adversários."

Pobreza de experiência: não se deve imaginar que os homens aspirem a novas experiências. Não, eles aspiram a libertar-se de toda experiência, aspiram a um mundo em que possam ostentar tão pura e tão claramente sua pobreza externa e interna, que algo de decente possa resultar disso. Nem sempre eles são ignorantes ou inexperientes. Muitas vezes, podemos afirmar o oposto: eles "devoraram" tudo, a "cultura" e os "homens", e ficaram saciados e exaustos. "Vocês estão todos tão cansados — e tudo porque não concentraram todos os seus pensamentos num plano totalmente simples mas absolutamente grandioso." Ao cansaço segue-se o sonho, e não é raro que o sonho compense a tristeza e o desânimo do dia, realizando a existência inteiramente simples e absolutamente grandiosa que não pode ser realizada durante o dia, por falta de forças. A existência do camundongo Mickey é um desses sonhos do homem contemporâneo. É uma existência cheia de milagres, que não somente superam os milagres técnicos como zombam deles. Pois o mais extraordinário neles é que todos, sem qualquer improvisadamente, saem do corpo do camundongo Mickey, dos seus aliados e perseguidores, dos móveis mais cotidianos, das árvores, nuvens e lagos. A natureza e a técnica, o primitivismo e o conforto se unificam completamente, e aos olhos das pessoas, fatigadas com as complicações infinitas da vida diária e que vêem o objetivo da vida apenas como o mais remoto ponto de fuga numa interminável perspectiva de meios, surge uma existência que se basta a si mesma, em cada episódio, do modo mais simples e mais cômodo, e na qual um automóvel não pesa mais que um chapéu de palha, e uma fruta na árvore se arredonda como a gôndola de um balão.

Podemos agora tomar distância para avaliar o conjunto. Ficamos pobres. Abandonamos uma depois da outra todas as peças do patrimônio humano, tivemos que empenhá-las muitas vezes a um centésimo do seu valor para recebermos em troca a moeda miúda do "atual". A crise econômica está diante da porta, atrás dela está uma sombra, a próxima guerra. A tenacidade é hoje privilégio de um pequeno grupo dos poderosos, que sabe Deus não são mais humanos que os outros; na maioria bárbaros, mas não no bom sentido. Porém os outros precisam instalar-se, de novo e com poucos meios. São solidários dos homens que fizeram do novo uma coisa essencialmente sua, com lucidez e capacidade de renúncia. Em seus edifícios, quadros e narrativas a humanidade se prepara, se necessário, para sobreviver à cultura. E o que é mais importante: ela o faz rindo. Talvez esse riso tenha aqui e ali um som bárbaro. Perfeito. No meio tempo, possa o indivíduo dar um pouco de humanidade àquela massa, que um dia talvez retribua com juros e com os juros dos juros.

Tradução de Sérgio Paulo Rouanet
Ensaio obtido em Walter Benjamin – Obras escolhidas. Vol. 1. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. Prefácio de Jeanne Marie Gagnebin. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 114-119.

Das Vantagens de ser Bobo - Clarice Lispector

Das Vantagens de ser Bobo - Clarice Lispector

O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir, tocar no mundo.
O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas.
Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo, estou pensando”.

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas.

O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver.

O bobo parece nunca ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente.Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona.

Chamado um técnico, a opinião deste era que o aparelho estava tão estragado que o concerto seria caríssimo: mais vale comprar outro.

Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e, portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu. Aviso: não confundir bobos com burros.

Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?" Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

Os bobos, com todas as suas pa lhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação, os bobos ganham a vida.

Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás,não se importam que saibam que eles sabem. Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro,com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas.É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca.
É que só o bobo é capaz de excesso de amor.
E só o amor faz o bobo.

FORTALEZA COMO TEATRO ! OS BASTIDORES DAS ELEIÇÕES !

FORTALEZA COMO TEATRO ! OS BASTIDORES DAS ELEIÇÕES !

Contrata-se animadores de festa ! Paga-se bem com cargos públicos. A festa é a eleição!

Esta peça tem um personagem comportado, uma rebelde , um profeta socialista e talvez alguém que queira ser maestro de uma cidade.

O primeiro ato vai ser sobre ética e moralidade mas o aluno comportado será questionado pela plateia pelo seu silencio diante das denuncias de corrupção na sua companhia e pelos acordos entre agua e óleo que se misturam para lavar a sujeira de seus membros. Apenas nos bastidores talvez converse com ex- governadores, e todos os seus dirigentes relembrem tempos que não voltam mais, ou talvez não , um bloco carnavalesco pode subir ao palco e resolvam terminar as estradas que dão acesso a sede do teatro ou a sua juventude militante de negócios fale sobre os escândalos no ministério, ou como abandonaram o aluno comportado na hora que ele mais precisava e agora o amam, como resolveram amar rapidamente o novo governador, e antes o “diabo” e depois a presidente. O aluno comportado defendera a meritocracia, mas não terá como explicar que o critério de sua companhia é entregar aos seus membros repartições publicas como primeiro emprego. Por um teatro eleitoral fiscaliza os recursos públicos, de quem se vende como oposição, mas quando deveria ter a mesma postura na sua companhia e com aliados silencia. Não se preocupem se ganhar a eleição, para seu partido e aliados , a pratica silencia o discurso. Quem vai financiar a sua atuação tem muito a apreender sobre a plateia e não apagar a luz de jovens no mercado de trabalho real. Não dá para representar a ética quando em sua casa silencia sobre os interesses dos seus novos amigos que destinavam os recursos públicos para suas bases eleitorais , independente das demandas. Sendo responsáveis portanto por vários jovens entregues ao crime e a pobreza por não conseguirem se inserir dignamente no mercado de trabalho.

Esta peça teria mais público , mas o aluno comportado escolhe os textos que vai falar , apesar de confundir o seu papel com a verdade.

De repente o povo será conclamado pela rebelde para subir no palco do lado dos japoneses, a companhia de lixo, e os que recebem a bolsa vereador de indicações, a bolsa escola e outras, para representar juntos a tragédia da educação, dos transportes e da saúde de uma parte da plateia submissa a uma nova casa grande. Cada dia que passa sobrará imobiliárias , não haverá terrenos, nem palco para todos mas haverá muitas festas. Ela que abandonou os profetas e a democracia deveria encenar pela ultima vez a paixão e os ideais que a movia. Não implorar pelo um acordo que mata a democracia, por uma nova forma de ditadura que celebra o Stalin, o poder politico e financeiro central , que tenha coragem de ir as urnas defender o teatro que constrói, e que deixe a plateia bater palmas, silenciar ou virar as costas.

Os profetas socialistas estarão atentos para iluminar o debate com velhos personagens ou novas histórias a contar, mas a plateia sangra, a vida é real, as demandas também. A profecia fala sobre o futuro em nome de outras pessoas que já morreram , a plateia esta cada vez mais inquieta de tanta injustiça ,de tanta desigualdade...Eles começam a meditar em plena guerra “O Socialista vê o futuro mais belo dos nossos filhos e netos , no fato que todos agem como se fossem anjos, todos possuem tanto como se fossem ricos, e todos vivem como se fossem livres. Não há nenhum vestígio real , bem entendido, de anjos, de riqueza, e de liberdade. Apenas imagens . " Apenas o teatro.

Sempre haverá um bobo da corte nas peças de Shakespeare para animar a plateia, sempre haverá um Danton para ser crucificado em nome de uma revolução. Quem dera os artistas pudesse subir ao palco e assumir o comando de suas próprias vidas, ser maestros dos destinos de sua cidade, calar o poder com atitude, juntar a disciplina, a rebeldia e a profecia em nome de politicas de estado e não de grupos. Ter a humildade de dizer que todos são atores , mas fazemos a opção de representar incluindo nossos defeitos e nossas virtudes. E deixar a plateia subir no palco da vida com dignidade e com orgulho de ser Cearense! Talvez, possamos ir além de um teatro onde o bem e o mal é vendido como mercadoria , quando dogmas , palavras repetidas , venceram o prazo de validade , necessitamos de atitudes , de voltar a sonhar e lutar!

sábado, 10 de março de 2012

A política da esquerda evolui?

No inicio era o verbo, os protestos, a luta...Veio o paraíso , a chegada ao poder, e com ele a cobra, os pecados originais da sedução pelo poder a qualquer preço! A política na Grécia antiga , também teve outro problema de decadência, os efésios exilaram Hermodoro porque era mais sábio e melhor que eles. E teriam dito: “ queremos que não haja ninguém entre nós, que seja melhor do que nós”. Os efésios não suportam precisamente a coragem daquele que diz a verdade! Eles perseguem! E como a Democracia pode sobreviver sem a verdade ? Sem o verbo, sem os protestos, sem a luta ?

O circo evolui! Mendigos de rua se organizam a partir de suas vidas de artistas e empreendem o que hoje chamamos de Cirque du Soleil. Graças à politica canadense que abriu caminhos para que a política pública, não reduzida a visão de Estado dos marxistas, mas em sintonia com Gramsci, dialogasse e interagisse com a vida real das pessoas. E não com os dogmas que inibem o pensar! Foi o Estado capitalista ou socialista que tornou isto possível? Bem é um estado que assim como Noruega, Dinamarca, Finlândia, tributa os ricos, que para além de um programa de renda mínima, garante o acesso de todos ao direito de politicas de educação e saúde de qualidade.

Diante de inúmeras injustiças e desigualdades tornadas “naturais”, em nosso cotidiano , o que a esquerda pode fazer ? Tenho dito que as prostitutas que vendem o corpo para criar sua família, são mais dignas dos que prostituem no capitalismo, o discurso, as praticas, a ética, em nome de partidos ditos de esquerda. Porque ao invés de fazer política com P maiúsculo, fazem politicagem de grupos. Nós devemos olhar de frente para as injustiças , desigualdades e as diversas formas que tem sido gasto o dinheiro publico! Porem ao invés disto, gastam sua energia, em perseguir os que pensam diferente, em acordos que tentam inviabilizar a democracia, em interesses que não tem nenhuma diferença com a Direita e a nova casa grande que sobrevive a custa da “senzala”!

A Política de esquerda evolui ? Bem nada evolui sem criticas, sem novas ideias, sem sonhos!
Estas politicas não viram com certeza do Serra que tenta ressucitar, nem dos setores da direita que na verdade deveriam estar presos pelos crimes que cometeram neste país. Porem quando as politicas de aliança são costuradas com esta direita e se sufoca as esquerdas. Vivemos uma “ditadura” que quer se constituir a partir da força e da submissão , trocando por dinheiro e cargos , a ausência descarada de um projeto de nação, por negociações de feudos.

A Política de esquerda evolui ?

Sim desde que trate de como tributar os ricos, o que vamos fazer com nossas matérias primas além de vender como banana, como priorizar de fato a construção de políticas públicas de qualidade na educação e saúde, como fortalecer o controle social e a participação de baixo pra cima, reduzir a taxa de juros, incentivar as cooperativas e pequenas empresas, realizar a reforma agrária para brasileiro ver e não os “ingleses” na Amazônia, e evoluir para além da discursão ideológica de uma sociedade ideal, que nem os grandes pensadores chegaram num consenso, para lidar com as injustiças e desigualdades brutais agora com um Brasil possível.

É absurdo que temos que nos desumanizar para fazer política e nos auto iludir com os fetiches do capitalismo e com adoção de comportamentos neoliberais na defesa de interesses feudais e burocracias partidárias na luta pelo poder. Devemos criar uma Escola de Fortaleza que a exemplo da Escola de Frankfurt nos devolva uma Teoria crítica brasileira para que não tenhamos que viver os espetáculos de Reis e Rainhas, Stalin e seus bajuladores , Mussolinis com associações com novas máfias e igrejas; porque por tudo isto já passamos e precisamos evoluir de forma orgânica e como sociedade fortalecendo nossas instituições, leis, economia, educação, com a vida que emerge de baixo para cima e aprofunda de fato e com coragem para além dos cartórios , verdadeiras democracias socialistas brasileiras!