SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

domingo, 25 de setembro de 2022

Uma pintura vale mil livros! O que a história apaga a arte reconstrói ! George Washington negro cruzando el Delaware



 

5783 FELIZ ANO NOVO JUDAICO !



 

Rosh Hashaná
História Judaica

Em 1º de Tishrei – o sexto dia da Criação – "D'us disse: 'Façamos o homem à Nossa imagem, à nossa semelhança; e que ele tenha domínio sobre os peixes do mar, as aves do ar, e sobre o rebanho, e sobre toda a terra…'" (Bereshit 1:26). "D'us formou o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o sopro da vida; e o homem se tornou uma alma vivente" (ibid. 2:7). 

"E D'us pegou o homem e colocou-o no Jardim do Éden, para cuidar dele e mantê-lo" (2:15). "E D'us disse: 'Não é bom que o homem esteja sozinho; farei para ele uma companheira oposta a ele'… D'us fez o homem cair num profundo sono, e ele dormiu; e Ele tirou um dos seus lados, e fechou a carne no lugar. E D'us transformou o lado que Ele tinha tirado do homem em uma mulher, e a levou ao homem. E o homem disse: 'Esta é agora osso dos meus ossos, carne da minha carne; ela será chamada Mulher, porque foi tirada do homem.' Portanto, um homem deixa seu pai e sua mãe, e se apega à sua mulher; e eles se tornam uma só carne" (2:18-24).

No mesmo dia em que foi criado, o homem cometeu o primeiro pecado da História, transgredindo o mandamento Divino de não comer da "Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal". Adam e Eva foram banidos do Jardim, e a humanidade ficou sujeita à morte, trabalho e confusão moral. Porém naquele dia o primeiro homem e a primeira mulher também se arrependeram do pecado, introduzindo o conceito e a oportunidade de teshuvá ("retorno') na experiência humana.

No 1º dia de Tishrei, no 307º dia do Dilúvio, Nôach despachou uma pomba da arca pela terceira vez. Quando a pomba não voltou, Nôach soube que as águas do Dilúvio tinham baixado completamente. Naquele dia, Nôach retirou o teto da arca; porém Nôach e sua família, e todos os animais, permaneceram na arca por mais 57 dias – até 27 de Cheshvan – quando a superfície da terra estava completamente seca e D'us ordenou a eles que deixassem a arca e se restabelecessem, para repovoar a terra.

Supremo teste de fé para Avraham – a amarração de Yitschac em preparação ao sacrifício que D'us tinha ordenado – ocorreu em 1º de Tishrei do ano 2084 (1677 AEC), e é recordado em todo Rosh Hashaná com o toque do shofar (chifre de carneiro – um carneiro foi sacrificado no lugar de Yitschac quando um anjo revelou que a ordem de sacrificar Yitschac era apenas um teste Divino); a narrativa do evento na Torá é lida publicamente na sinagoga no 2º dia de Rosh Hashaná. No dia da amarração de Yitschac, sua mãe, Sarah, faleceu aos 127 anos, e foi enterrada na Gruta de Machpelá em Hebron.

Numa carta ao seu cunhado, Rabi Gershon Kitover, o Báal Shem Tov relata: "EM Rosh Hashaná de 5507 eu fiz uma 'subida da alma' da maneira que você conhece… Subi nível após nível até que cheguei à câmara de Mashiach… E perguntei a Mashiach: "Quando o Mestre virá?" E ele respondeu: "Quando teus ensinamentos forem disseminados e revelados ao mundo, e teus mananciais brotarem…" (Keter Shem Tov 1:1).

"Daf Yomi", regime de estudo diário do Talmud (no qual o participante estuda uma folha ao dia para completar todo o Talmud em sete anos), iniciado por Rabi Meir Shapiro de Lublin, foi lançado em Rosh Hashaná em 1923.

Leis e Costumes

Na primeira noite de Rosh Hashaná, desejamos uns aos outros ”Leshana Tovah Tekatev Vitechatem" – "Que você seja inscrito e selado para um ano bom."

Na refeição da noite, comemos maçã mergulhada em mel, a cabeça de um peixe, romãs, tzimmes (cenouras doces) e outros alimentos que significam um ano doce e bem-sucedido.

No decorrer da manhã e do serviço Mussaf, o shofar é tocado cem vezes, em varisa combinações de tekiah (um toque longo), shevarim (um trio de soluços interrompidos) e teruah (um stacatto de notas curtas), em cumprimento da mitsvá fundamental de Rosh Hashaná. O shofar serve para trombetear nossa coroação de D'us como Rei do Universo, como um chamado ao arrependimento e para evocar a lembrança da Amarração de Yitschac.

Durante a tarde, o serviço de prece Tashlich, no qual pedimos a D'us para “jogar os nossos pecados nas profundezas do mar” é recitado à beira de um corpo de água (mar, rio, lago, etc.) contendo peixes.

O período de dez dias começando em Rosh Hashaná e terminando em Yom Kipur é conhecido como "Os Dez Dias de Arrependimento"; este é o período, dizem os sábios do Talmud, sobre o qual o profeta fala quando proclama (Yeshayáhu 55:6): "Busca a D'us quando Ele deve ser encontrado; chama-O quando Ele está próximo." O Salmo 130, Avinu Malkeinu e outras inserções e adições especiais são incluídas em nossas preces diárias durante estes dias.

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

A INTELIGÊNCIA DA VIDA CONTRA A EDUCAÇÃO DA MENTIRA E DA MORTE. ImagiNAÇÃO. 1630 dias.



Eu tenho vergonha de comer com tantas crianças passando fome, todos nós ficamos tristes e indignados com tantos políticos corruptos financiados com dinheiro público pedindo votos para roubar mais uma vez, milhões de pessoas desempregadas ou com trabalhos precários no Brasil que concentra renda nas mãos de poucos há séculos, nem gera ascensão social e cidadania para grande parte de sua população. A ignorância, mentira, criminalidade e morte avançam mais rápido que educação, saúde e segurança. As campanhas eleitorais privilegiam as gangues partidárias e ricos em detrimento da festa da democracia ser um lugar de participação e voz de todos. Destruímos nossa natureza mais rápido que as mudanças climáticas avançam. Abandonamos a ciência enquanto a inovação tecnológica gera riqueza e aumenta a produtividade no mundo e em algumas áreas melhora a qualidade de vida. Retiramos recursos e destruímos culturas ancestrais brasileiras, tornando nossa diversidade de povos como elementos de uma guerra insana com fascismos de todas as ordens contra as mulheres, LGBT, e quem pensa diferente ou afirma sua diferença política, cultural, gênero e outras. Esse é o atual projeto de nação em curso no Brasil!  


 

A inteligência ética, estética e afetiva são o maior desafio para uma sociedade onde as violências, brutalidades e ignorâncias são processos que estão presentes em todos os setores de nossa sociedade, e dimensões pessoais e coletivas de nossas vidas. Mas não aprendemos o que é certo, bom e belo apenas em salas de aulas e sem conflitos. A inteligência política e social nos desafia a criar pontes e colisões para tratar de desafios coletivos e de pautas comuns; isso também não se aprende apenas em sala de aula. É preciso viver e em muitos casos é preciso sofrer as dores de um parto de uma mudança cultural pelas guerras ou podemos caminhar pela solidariedade com a dor, a fome, desemprego, e doença do outro. A saúde e a segurança tratam muito mais da atuação sobre as causas com prevenção do que lidar com as consequências. E essa jornada começa pelas comunidades mais pobres onde o tecido social foi rasgado pela selva do salve-se quem puder. A natureza sangra com a destruição de ecossistemas ecológicos porque nos falta inteligência ambiental. A inteligência intercultural para lidar com a diversidade de nosso povo é urgente pois infelizmente negamos a cultura do outro e afirmamos a superioridade branca e escravocrata com nazistas muitas vezes com ensino superior que perderam ou nunca tiveram capacidades críticas e reflexivas necessárias a qualquer tipo de inteligência. A inteligência criativa necessária para o desenvolvimento tecnológico é negada pela submissão que nos submetemos às forças, delírios, violências e opressões de diversos tipos de casas grandes e feudos que dominam o Brasil no Estado, sistema financeiro, mídia, justiça, Universidades e outros.



 

Os diversos espaços e setores que deveriam estar promovendo o desenvolvimento de inteligências múltiplas contribuindo de diversas formas com nossa economia, democracia, educação, saúde, meio ambiente e outros atuam como prisões ou são aparelhadas por grupos políticos que os usam para enriquecimento ilícito as custas das vidas e da nação. Enxergar o micro e o macro ao mesmo tempo de forma sistêmica e complexa é o desafio de ampliar nossa inteligência e pensarmos a médio e o longo prazo nossas vidas e o Brasil. Isso não poderá ser feito em Harvard ou Oxford mas através de nossa capacidade de imaginar um Brasil para todos como qualquer nação desenvolvida no mundo. Como pensar a educação baseada em falsos cases quando falta o básico na maioria das escolas?  Simples quais são nossas prioridades? Educação, juros altos ou estradas? O Japão e a Finlândia priorizaram educação e com isso construíram fábricas, estradas e pouparam. As prioridades revelam nossas inteligências éticas, estéticas, politicas e expressam nossas visões sobre justiça social. Ao priorizar a diversidade de nossa natureza e de nosso povo revela nossa inteligência de reconhecer nossas riquezas e dons. Entre as diversas vergonhas, mentiras, submissões, violências, ignorâncias e mortes que praticamos e sofremos devemos priorizar o amor, a solidariedade com outro, a sabedoria espiritual, a coragem de lutar, a busca pelo conhecimento, as capacidades de inovar e produzir uma economia sustentável, a preservação da natureza, a fé, a imagiNAÇÃO de uma inteligência para vida. Em nome de Deus, da humanidade e do planeta Terra. Isso depende de nossa capacidade de enxergar os invisíveis de nosso Brasil que sustentam o iceberg antes que derreta em diversos tipos de guerras, mudanças climáticas, mentiras e mortes.                 




segunda-feira, 12 de setembro de 2022

A INTELIGÊNCIA DE EDUCAR O POVO COMO A RAINHA DA INGLATERRA!

 

 

“Quando a paz chegar, lembre-se que será para nós, as crianças de hoje, (a tarefa de) tornar o mundo de amanhã um lugar melhor e mais feliz. Minha irmã está ao meu lado e nós duas vamos dizer boa noite. Vamos, Margaret. Boa noite, crianças. Boa noite e boa sorte a todos.”



O que é ser inteligente nos dias de hoje ? Afinal esse conceito muda com a história e as descobertas da ciência. Cuidar do povo e da natureza são desafios complexos e os mais importantes da humanidade. É necessário entender de economia, política, tecnologia, meio ambiente, saúde, cultura, história, e outras ciências de forma interdisciplinar e o nome disso é educação, para isso é preciso ter inteligência. Mas como explicar isso para elites como a brasileira que apoia Bolsonaro que desprezam a situação econômica e social vivida pelo próprio povo brasileiro, uma das mais injustas, desiguais e miseráveis do mundo. Elites que acham normal a fome, violências, incluindo as políticas contra democracia que cometem, como por exemplo incentivando as pessoas a se armarem para uma guerra civil. E se Lula pedisse ao povo para se armar e o povo ir à guerra? O nome disso não é inteligência nem educação! Apenas brutalidades que nem os animais nem Deuses são capazes.



Alguns homens acham que são Deuses e foram educados assim em sociedades escravocratas e desiguais como a brasileira. Essas pessoas amam a Rainha da Inglaterra ao mesmo tempo que Trump ou Bolsonaro. Eles não entendem as diferenças e não conseguem pensar simples assim. Respeitam apenas seus egos, vaidades e privilégios e acham que estão acima do Estado, da Lei, Democracia, Ciência, e História. Em várias falas da Rainha da Inglaterra Elizabeth não ouvimos ela cometer tamanhos absurdos, nem delírios, como Bolsonaro ou Empresários brasileiros que acham que a Presidência da República é uma empresa organizadora de eventos de 7 de setembro que visa lotar eventos usando dinheiro público e privado. Isso é sinônimo de vitória nas urnas? Simples, a maioria do povo brasileiro na atual condição econômica e social não tem tempo nem dinheiro para comício, pelo contrário está sendo e foi morta pela pandemia, miséria, corrupção e violências. Enquanto a Rainha Elizabeth cuida de seu povo, os nossos Reis e nobres auto proclamados continuam mandando matar seu povo e destruir a natureza brasileira há 522 anos. 


   

Mas o que é mesmo inteligência e educação que deveriam formar nosso povo e elites ? Se olharmos o que “ensina”? Porque na verdade elas deixam o potencial das crianças se expressar nas principais escolas para crianças no mundo como Emília Romana e Finlândia; isso é bem diferente do que a Fundação Lemann está buscando fazer em termos de métricas educacionais em Sobral com a Oligarquia Ferreira Gomes na Educação infantil. Acho que Harvard devia estudar que ainda bem o mundo não é uma fábrica de cerveja e seus métodos de gerencialismo que destroem a educação e com ela o mundo que precisamos construir. Se Lemann pudesse estudar como incentivos fiscais beneficiam empresas as custas da exclusão da maioria do povo cearense e brasileiro da educação será um bom começo. Será um belo estudo sobre equidade nas origens. As elites brasileiras, incluindo os bancos, deviam estudar como nosso sistema bancário com baixa concorrência e alto juros os deixam ricos inviabilizando a capacidade de investimento brasileiro às custas das vidas e mortes de milhões de brasileiros.  Esses dois casos nos daria o Prêmio Nobel de maldade, violência e ignorância no mundo que deveria ser criado para mostrar como elites inviabilizam a educação e a ciência no Brasil, além de buscar apagar a história com balas, mortes e mentiras como faz Bolsonaro.       

 



domingo, 4 de setembro de 2022

Blob': a extraordinária criatura que nos obriga a questionar se somos a espécie mais inteligente

 


'Blob': a extraordinária criatura que nos obriga a questionar se somos a espécie mais inteligente

•          Becky Ripley e Emily Knight 

•          BBC, série NatureBang *

31 agosto 2022

CRÉDITO, RONALD GRANT

 

Uma criatura amarela que mora na floresta e não tem cérebro, mas é capaz de pensar

Que tal começarmos com um teste rápido.

Você está perdido em uma enorme loja que parece um labirinto e não sabe como sair dela. A quem você pede ajuda?

Pergunta 2: Você está redigindo um documento de política para assessorar o governo dos Estados Unidos sobre como governar suas fronteiras nacionais. Onde você procura conselhos?

Última pergunta: Você precisa desenhar um mapa da teia cósmica, como você faz isso?

Existem, é claro, várias respostas para essas perguntas, mas em todos os casos você poderia ser inspirado por um organismo: o bolor limoso, que também pode ser conhecido por muitos nomes diferentes.

 

Sendo cientificamente preciso ele não é exatamente um bolor... 

 

"O bolor é uma divisão do mundo dos fungos, mas o bolor limoso é na verdade um protista (não é um animal, planta ou fungo) - é essencialmente uma célula gigante", diz o biólogo Merlin Sheldrake, autor do livro Entangled Life, que aborda o tema.

O bolor limoso é um plasmódio, ou seja, uma célula que contém muitos núcleos. Então, ao contrário da maioria dos organismos unicelulares, você não precisa de um microscópio para vê-lo.

E essa única célula é capaz de tecer vastas redes exploratórias feitas de tentáculos semelhantes a veias que podem se estender até um metro.

A estrela entre todos

Existem cerca de 900 espécies de bolor limoso, mas vamos nos concentrar no Physarum Polycephalum, que literalmente quer dizer "bolor de várias cabeças". Ele também é conhecido como "blob" (referindo-se ao clássico filme de 1958 The Blob).

 

Clássico filme The Blob serviu de inspiração para nomear popularmente o bolor limoso

Por que os cientistas do mundo estão tão empolgados com essa espécie em particular?

"Ele se tornou um organismo emblemático de resolução de problemas. É fácil de cultivar e cresce rápido, o que é uma das razões pelas quais tem sido tão bem estudado", explica Sheldrake.

"Mas acima de tudo, seus comportamentos são extraordinários."

Ele pode fazer todos os tipos de coisas.

"Explorar, resolver problemas, adaptar-se a novas situações, tomar decisões entre cursos alternativos de ação - e tudo sem cérebro!"

Como ele faz isso?

"O Physarum é sensível ao gradiente químico, então pode crescer em direção a sinais químicos ou ficar longe dos pouco atraentes".

"Primeiro, ele tende a crescer em todas as direções ao mesmo tempo. E então, quando encontra comida, ele se retrai e forma as conexões entre suas fontes de alimento."

É um pouco como se você estivesse no deserto e precisasse procurar água. Você tem que escolher apenas uma direção para caminhar.

O Physarum Polycephalum pode "andar" em todas as direções ao mesmo tempo até encontrar alimentos; depois encolhe os ramos que não encontraram nada e fortalece os que encontraram, através de uma série de contrações químicas.

 

Em um experimento memorável, "blob" aprendeu a "ignorar" os químicos colocados para bloquear seu caminho para a comida. Esse comportamento sugere uma forma primitiva de memória, e ninguém sabe como ela realiza essa façanha

"Nunca deixa de me surpreender que eles possam usar essas contrações para fazer esse tipo de cálculo analógico, para integrar informações sem precisar de um cérebro. Que sua coordenação ocorra em todos os lugares ao mesmo tempo e em nenhum lugar em particular."

 

Uma rede ferroviária no Japão

 

Tudo isso significa que o "blob" é capaz, em termos humanos, de resolver problemas, fazer redes, navegar em sistemas e labirintos com uma eficiência incrível.

Há um estudo japonês icônico de 2010, quando o Physarum traçou a rede ferroviária da Grande Tóquio, e para isso precisou somente de uma pequena placa de Petri e um punhado de aveia.

Segundo os estudos, o Physarum adora aveia, é a sua comida preferida.

"Então, eles modelaram a área da Grande Tóquio colocando copos de aveia nos centros urbanos e depois o lançaram. Ao longo de algumas horas, havia formado uma rede eficiente que conectava os copos de aveia, e essa rede parecia muito com a rede de metrô existente na área da Grande Tóquio", detalha o estudo.

O Physarum havia estabelecido, em questão de horas, uma rede eficaz que levou décadas para ser feita na vida real.

 

Após o estudo de Tóquio, experimentos com Physarum Polycephalum decolaram em todo o mundo, para projetar novas redes de transporte urbano ou encontrar rotas eficazes de evacuação de incêndio, até mesmo mapear a teia cósmica... o que parece estranho, mas ocorreu.

Uma equipe de cientistas fez uma simulação digital traçando as localizações das 37.000 galáxias conhecidas.

Então, um algoritmo inspirado no "blob", adaptado da placa de Petri para trabalhar em três dimensões, foi liberado em um banquete virtual onde as galáxias estavam representadas por pilhas de copos de aveia digital, por assim dizer.

A partir daí, o algoritmo produziu um mapa digital em 3D da teia cósmica subjacente, visualizando os fios em grande parte invisíveis de matéria que os astrofísicos acreditam que unem as galáxias do universo.

Eles compararam com dados do Telescópio Espacial Hubble, que detecta traços da teia cósmica, e descobriram que tudo combinava em grande parte.

Portanto, parece haver uma estranha semelhança entre as duas redes, a rede de "blob" formada pela evolução biológica e as de estruturas no cosmos criadas pela força primordial da gravidade.

 

Os astronômos apelaram à criatividade ao tentar rastrear a indescrítivel teia cósmica, a coluna vertebral do cosmos. As imagens mostram algumas das galáxias das quais o "blob" se "alimentou" (representadas em amarelo) e os fios de conexão da rede cósmica (roxo) sobrepostos

 

Os "blobs" acadêmicos

 

Vamos voltar para a dura realidade daquele pequeno ponto azul no espaço que é o nosso mundo.

O Physarum também pode nos ajudar com problemas que vão além do mapeamento e da criação de redes, como para coisas humanas mais complexas, como formulação de políticas e governança.

"De certa forma, os Physarum são economistas, em termos de alcançar um ótimo universo", diz o filósofo experimental Jonathon Keats.

Em 2018, ele foi ao Hampshire College, em Massachusetts, EUA, com uma ideia.

"Propus que os "blobs" fossem nomeados como professores visitantes, com a ideia de ter um grupo desses especialistas no campus para refletir sobre alguns dos problemas mais desafiadores do mundo."

Foi o primeiro programa acadêmico do mundo para uma espécie não humana e foi chamado de Consórcio Plasmodium.

 

Os polycephalies de Physarum se tornaram estudiosos, com direito a escritório.

"Não tem janelas, mas os "blobs" não gostam muito de luz, então do ponto de vista deles foi bom, e logo que eles se instalaram lá, pudemos começar."

Eles modelaram os problemas humanos de maneira que os blobs pudessem "entendê-los" para obter sua perspectiva imparcial.

"Os Physarum são superorganismos: eles são um apesar de serem muitos. Portanto, eles são mais objetivos do que nós quando se trata de assuntos humanos."

Eles começaram com as questões usuais de rede e mapeamento, distribuição e transporte, antes de passar para algumas preocupações políticas maiores, "desde políticas de drogas até questões de nosso uso de recursos", observa Keats.

 

O muro de Trump

 

Talvez os experimentos mais polêmicos tenham sido aqueles que exploraram a política de fronteira internacional.

"Criamos um mundo simplificado, que é realmente o que qualquer um faz quando está criando qualquer tipo de modelo (os economistas fazem isso o tempo todo)."

"O que fizemos foi pegar uma das condições mais fundamentais: um lugar tem alguma coisa, outro lugar tem outra coisa, e cada lugar quer proteger o que tem contra o outro.

 

O "blob" com seu prato preferido: aveia

Eles usaram dois recursos essenciais para os "blobs", proteína e açúcar, e os espalharam em uma placa de Petri, cada um em um lado oposto, e tentaram com uma parede entre eles e também sem ela, deixando Physarum descobrir o que fazer com esses recursos.

"Eles não apenas sobreviveram, mas prosperaram no caso de não haver muro e floresceram mais na área de fronteira", explica o pesquisador.

"Então escrevemos uma carta para Kirstjen Nielsen, que era a Secretária de Segurança Nacional nos EUA na época, e também enviamos para as Nações Unidas e muitos outros órgãos governamentais, dizendo a eles que as fronteiras não são uma boa ideia e que devemos superar o medo para reconhecer como ter fronteiras abertas beneficia a todos."

 

Absurdo?

 

É claro que esses problemas internacionais multifacetados não podem ser reduzidos a algumas poucas placas de Petri.

Mas o ponto é que esses experimentos são deliberadamente exagerados para nos desafiar a pensar de novas maneiras.

"O consórcio Plasmodium é, em certo sentido, absurdo. As pessoas riem quando ouvem que os "blobs" montaram um grupo de especialistas em colaboração com humanos em uma universidade nos Estados Unidos porque simplesmente não é assim que as coisas são feitas."

Mas acho que também há algo muito sério por trás disso. O Physarum têm uma inteligência excepcional, então precisamos incorporar algumas das ideias que obtemos ao observar como eles se comportam, pensando em nós mesmos de maneiras que não tínhamos feito antes", declara o pesquisador.

Esse é o aspecto mais atraente de tudo isso. Que um organismo sem cérebro pode nos ensinar a ser mais objetivos, a pensar mais a longo prazo, e que pode abordar um problema de uma maneira que simplesmente não pensaríamos.

E no caso de alguns enigmas, como mapear o cosmos, pode ser mais rápido do que a gente.

Tudo isso põe em dúvida nossas definições humanas de inteligência.

 

Do fundo de nossas hierarquias, Physarum é considerado um desafio que tem sido cada vez mais estudado

"Nossa visão hierárquica da inteligência com humanos no topo da Grande Pirâmide revela o narcisismo de nossa espécie", afirma Sheldrake.

"Pensar sobre o mundo sem usar a nós mesmos como o padrão pelo qual todos os outros seres vivos devem ser julgados pode ajudar a amortecer algumas das hierarquias que sustentam o pensamento moderno", completa.

Essas hierarquias significam que nós, Homo sapiens, temos uma opinião incrivelmente alta de nós mesmos, e isso tem nos ajudado a chegar longe. 

Mas talvez isso já tenha cumprido o seu propósito.

"Acho que nós, humanos, temos a necessidade de acreditar em um tipo de superioridade. Essa alta autoestima tem sido o motor da dominação. Temos sido capazes de fazer mais e isso é um resultado de acreditar que podemos mais", aponta Keats. .

"Mas estamos chegando a um limite, ao ponto em que essa forma de pensar está piorando o mundo para nós e para outras espécies. Então é hora de repensar."

E um catalisador para esse repensar é o Physarum Polycephalum, um protista de uma única célula sem cérebro que fica na parte inferior dessa hierarquia, de onde pode abalar todo o sistema.

 

Este artigo é baseado no episódio "Slime mould and Problem solving" da série NatureBang da BBC. Se quiser escutá-lo, clique aqui.

- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62703311