SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

AS ORIGENS DOS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO E ECONOMIA BRASILEIRA EM REESCREVER NOSSAS HISTÓRIAS E GOVERNOS POR OUTROS CAMINHOS. 1415 dias.

Carta a Deputada Federal Tábata Amaral sobre novas formas de governar e legislar para os pobres. 



Desde a colônia, império, primeira, segunda repúblicas...Escrevemos nossa História, incluindo a da Educação brasileira, negando nossas origens e servindo a agenda dos poderosos de cada época, sem respeitar nossa diversidade étnica, cultural, social, geográfica, e os desafios históricos, econômicos, políticos e sociais do mundo em cada época, assim como o direito de cada cidadão do acesso a uma educação gratuita e de qualidade. EUA, França e Brasil tem pouco mais de 200 anos de República mas talvez a maior diferença seja como tratamos nossas desigualdades, injustiças e direitos.



Os primeiros a construir escolas no Brasil foram os jesuítas. Eles tinham suas formas de ver o mundo, expressa no Ratio Studiorum e católicos como professores que chegaram ao Brasil para cumprir essa missão, ao mesmo tempo religiosa, política e econômica. Impor uma religião, escravizar e educar eram sinônimos de uma forma de colonizar e destruir imaginários, vidas e saberes diversos em nome do Rei e do Papa. É preciso atualizar a história para ver como suas raízes são profundas, pois ainda hoje os católicos tem muitas Escolas e Universidades no Brasil que começaram naquela época, assim como evangélicos e protestantes que ocupam agora o Ministério da Educação. Nós continuamos ensinando português para comunidades indígenas e desrespeitando seus direitos, enquanto outras nações como Canadá, tão nova quanto o Brasil, garantem aos primeiros povos sua autonomia. Alguns pesquisadores como Foucault usam a história como instrumento de luta, visando resgatar documentos que mostram a barbárie e as violências sobre as quais foram criadas nossas instituições e leis que muitas vezes permanecem intactas suas práticas de poder e exclusão, legitimados muitas vezes por saberes acadêmicos . 



Devemos resgatar a história da educação brasileira para mostrar que religiosos, militares, elites e sindicatos em vários momentos de nossa História estiveram nos Governos mas o que fizeram ? Quais as diferenças entre suas práticas, apesar dos discursos ? Qual o impacto na vida das pessoas e da pobreza em nome dos quais gastaram trilhões ? Os colégios militares nasceram no início de nossa história educacional e continuam até hoje a pautar com escolas militares o atual governo. De Marquês de Pombal até hoje continuamos a importar pedagogias ora humanistas, moralizantes, e profissionalizantes incluindo o diálogo da Escola nova com John Dewey no nascimento da República, que também deixou várias instituições modelos como referência até hoje, mas com pouca ou nenhuma participação dos educadores, alunos e da sociedade brasileira como foi a nova lei do Ensino médio. Desde a fuga do Rei de Portugal para o Brasil vários cortes se mudaram para o Brasil como Inglaterra, EUA, e agora Comunidade Econômica Europeia e China continuam mandando em nossas políticas econômicas, educacionais, ambientais e outras; ou Governos, Burocracias e elites brasileiras a serviço delas que não valorizam e priorizam a nossa educação, economia, ciência e cultura. Isso não quer dizer que os Governos dos Trabalhadores e sindicatos desde Getúlio Vargas foi diferente obedecendo a burocracias partidárias, ditadura e outros interesses por exemplo nos Governos Lula e Dilma, foi um dos períodos que mais matou jovens no Brasil, que os Bancos tiveram lucros altíssimos e que a corrupção dominou o Governo assim como outros Governos em todos as épocas brasileiras, claro as custas da educação, saúde, trabalho ou seja milhões de vidas que nunca importaram .



É difícil no Brasil construir uma agenda de curto, médio e longo prazo sem torná-la refém, palco de disputa e espetáculo dos diversos setores que continuam monopolizando a agenda como militares, religiosos, elites, partidos, milícias e outros. É difícil unir ideias, lutas, desafios coletivos, desigualdades, economia, saberes, pedagogias e construir prioridades educacionais, sociais e econômicas que não se separam como observamos no Japão, Finlândia, Canadá e outros. Não conseguimos institucionalizar ao longo de nossa história os avanços em educação, que nunca chegaram com a mesma qualidade e direitos a maioria, criamos ilhas de excelência para poucos como as Universidades Federais e Estaduais, e negamos os diversos acessos as várias educações de vários Brasis com suas várias histórias negadas e silenciadas muitas vezes sem memória ou mortas. No Brasil sem justiça aonde corruptos permanecem soltos, enquanto milhares de jovens estão na cadeia sem antecedentes criminais, sendo formados pelo trafico há décadas, sem trabalho, oportunidades de vida e ressocialização.



A ciência esteve presente no início de nossa história e agora com a mesma falta de recursos, projetos para inglês ver, o humanismo ensinado nas escolas e universidades não foi suficiente para vencer as barbáries, corrupções e criminalidades que ainda nos domina, a pior delas dos poderosos corruptos de esquerda e direita. As escolas profissionalizantes nasceram nas primeiras repúblicas e se tornaram hoje Institutos federais, Universidades e Escolas mantidas pelo Sistema S mas que diferente da Alemanha gera pouca sinergia com as empresas e inovação em nosso Brasil. Os exames de avaliação surgiram também no início da República talvez para justificar a ausência do Estado em garantir educação para todos, pois entre os vários modelos de escolas públicas, privadas, militares e religiosas, temos vários tipos de contratação de professores com ou sem qualificações com baixos salários comparados com outras economias, estruturas e equipamentos de ensino absurdamente distintos dependendo da cidade, estado ou mesmo do bairro, escolas que são feitas para cumprir assistência social como desde a época de Lourenço filho em Fortaleza, Escolas e Universidades que viram currais eleitorais de políticos ou ideológicos para partidos trocarem moedas entre militantes que até Paulo Freire foi contra em uma entrevista  no livro "Medo e ousadia" quando foi perguntado se era para Professores levar ideologias para sala de aula ? Ele respondeu que não! E perguntou: O que estes professores acham ? que foram escolhidos por Deus para esta missão ? Sim acho como o Senador Cristovam Buarque defendeu no movimento Educacionismo temos que federalizar a educação e não a polícia como quer Bolsonaro. Enfim a ética, moral e lei que antes de ser cobrado dos estudantes deveria ser praticada por nossos militares, elites, religiosos, partidos, educadores, políticos e burocratas.  



Muitos movimentos se formaram no Brasil para mudar a educação envolvendo vários setores da sociedade. Porém esses mesmos setores têm que se unir para acabar com a pobreza, desigualdades, homicídios, e violências que dominam muitas comunidades e as escolas ao redor. Como mudar vidas quando elas são reféns do tráfico, tiroteios, passam fome e miséria ? Ah salvar alguns escolhidos em nome e ao custo das vidas da maioria ? Na história os países que melhoraram sua educação, primeiro deram condições das pessoas viverem, comerem, terem casas, cuidarem de sua saúde e família, e claro escolas. 



O Ceará melhorou as notas de português e matemática, enquanto milhares de jovens morrem pela violência, estão desempregados, e herdam as mesmas desigualdades e miséria de seus antepassados. No mesmo Ceara poucas famílias se tornam bilionárias com incentivos fiscais e financiamentos públicos, Oligarquias dominam há séculos com as famílias no poder como outros estados nordestinos, todos se calam para corrupção, incluindo a mídia financiada com dinheiro público, enquanto as notas da garotada servem para o marketing e projeto presidencial do Coronel Ciro e Tasso. 


Enquanto as oligarquias enriquecem às custas do Estado há décadas, nordestinos fogem da seca, miséria e violência para morar em outros Estados, cidades e periferias. Décadas atrás passamos por períodos históricos de industrialização, nordestinos e imigrantes se uniram para construir uma das maiores economias e desigualdades do mundo, mas na última década o crime organizado avança e transforma jovens e comunidades em reféns do tráfico e das milícias. 




A educação e a juventude são geradoras de cidadania, riqueza, trabalho, saber e mercado em vários países e economias no mundo há séculos. No Brasil entregamos nossa juventude ao poderio do crime , enquanto empresários se servem de incentivos fiscais e financiamentos públicos, sobre o silêncio dos Governos e políticos nordestinos como o exemplo do Banco do Nordeste ou Banco estaduais fechados pelos Governos como o BEC no Ceara, onde durante vários governos de FHC, Lula, Dilma e agora Bolsonaro não há transparência sobre as privatizações ou financiamentos para empresas de políticos ou próximos aos governos como foi o caso do BNDES com Eike Batista, JBS, Odebrecht e outras que o Brasil pelo menos veio conhecer. Como os denunciados pelos livros Dinheiro, Poder e eleições e Capitalismo de laços. 




Umas das várias consequências disso como os tristes e absurdos indicadores de nossa educação, economia, desemprego, pobreza, criminalidade, e avanço das grandes cidades e periferias. Hoje as regiões Sudeste e Sul têm o dobro da população do Nordeste, uma bancada de 6 estados e outra de nove estados, sem um debate real sobre as causas e origens de nossa pobreza e desigualdades entre regiões, e gastos públicos federais, estaduais e municipais com financiamentos bilionários da cooperação internacional há décadas, sem mencionar o abandono da região norte como a Amazônia sem prioridades, e um Centro Oeste onde Brasília deve ter um pouco mais de três milhões de pessoas localizadas entre plano piloto e cidades satélites sem trabalho e oportunidades? As pessoas vão viver de que ?   


 

Não há como mudar a educação e a economia brasileira se continuamos reféns das cortes, militares, igrejas, partidos, elites e outros. Como vimos a luta dos estudantes no Chile, Espanha, Vidas negras importam ou outros momentos de nossa história como Diretas já, Caras pintadas e outros. É preciso recordar e aprender com a História sobre as lutas do povo no Brasil, França e EUA em outros momentos históricos. É isso que os verdadeiros líderes fazem como Mandela, Gandhi, Martin Luther King, ou os movimentos já citados do presente e do passado. 



As verdadeiras mudanças começam nas ruas, diálogo direto com as pessoas, unir vários setores e apoios em torno de uma agenda comum, conexão direta com as comunidades como disse Mano Brown ao Haddad , Manuela e Caetano, "o PT perdeu esta conexão ". Enquanto isso a sociedade política faz acordos, coopta, mente, abandona as vidas em nome de uma agenda oficial que revela mais as disputas de poder na corte e outros interesses bem distante das prioridades dos pobres. 


Mantém assim as mesmas origens que geram nossos desafios da educação e economia brasileira, e a urgência de reescrever nossa história por outros caminhos. Necessitamos de novas formas de governar e legislar com a participação das pessoas, transparência, controle social que hoje a tecnologia pode ajudar como fez Islândia e Eslovênia, para que possamos gerar sinergias entre setores, otimizar recursos, avaliar o impacto das políticas públicas, integrar saberes, circular crédito e oportunidades para pessoas transformarem suas vidas e cidades canalizando sua energia para o trabalho e cidadania ao invés de mais crimes, violências e brutais exclusões e desigualdades. A nova politica não são pelos velhos caminhos nem por Hacktows. 



A vida na ponta continua sendo desafio apesar das novidades e modismos de época ou de pessoas que herdam mandatos de oligarquias com privilégios sem lutar nas ruas nem conhecer de verdade as várias pobrezas, incluindo de espirito pois ate as Universidades americanas respeitam o saber e as vozes do pobres, assim como a Cooperação internacional, mas também faz parte de nossas origens as ignorâncias e maldades de nossas elites que admira os Estados Unidos e Europa mas parece que não conhecem sua História.   



São sementes espalhadas nesse chão

De Juvenais e de Raimundos

Tantos Júlios de Santana

Dessa crença num enorme coração


Dos humilhados e ofendidos

Explorados e oprimidos

Que tentaram encontrar a solução

São cruzes sem nomes, sem corpos, sem datas


Memória de um tempo onde lutar por seu direito

É um defeito que mata. Viva Hacktown. Vamos a luta!



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