SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

DIÁRIO 8, O JOGO DA VIDA, INOVANDO O SER E A TERRA COM AS CARTAS DA LEI, DOGMAS E DA NATUREZA.

 


“Muitas vezes obediência significa desrespeito e desobediência respeito. Às vezes os curtos caminhos são longos na vida e longos caminhos podem ser curtos em nossas escolhas. A um olhar que desnuda que não evita afirmar que existem fidelidades perversas e traições de grande lealdade. Esse é o olhar da alma.”



Assim começa o filme Alma Imoral do Rabino Nilton Bonder. Outro caminho para aprender as leis que regem a vida e o humano é ler 3 livros de Victor Hugo.



“Para Victor Hugo, as três lutas do homem são definidas como suas necessidades básicas: a religião, a sociedade e a natureza. Destarte, o homem precisa ultrapassar os conceitos dos dogmas; lutar por leis justas e sobreviver na natureza, tanto social quanto mundanal. O primeiro conceito é trazido pelos escritos do Corcunda de Notre Dame, o segundo conceito é elevado pelos Miseráveis, e o terceiro conceito natural, descrito nos Trabalhadores do Mar.


De toda forma, Victor Hugo considera o completar de uma tríade, ou uma trilogia que se conclui com os Trabalhadores e que se inicia com o Corcunda. Num primeiro momento, o dogma da religião e sua indisposição ao contraditório, no segundo passo hugonianas nota-se a luta em sociedade pela dignidade da vida de cada um, e, no terceiro ponto; a afirmação do homem diante suas naturezas, entre elas o pertencimento e a aceitação, bem como a luta de sobrevivência em meio aos estertores desconhecidos da natureza.”



Entre uma juventude vazia sem luta e uma velhice imbecilizada vivendo de bens, a magica é que existem múltiplos caminhos no jogo da vida para mudar as leis, a sociedade, os dogmas e a natureza que lhe aprisionam. É preciso ter sabedoria para desobedecer, evitar curtos caminhos fáceis e trair para ser leal ao seu ser, a vida e a terra que vivemos.


Necessitamos uma bússola ética e cognitiva na vida que nos aponte direções em que temos que abandonar uma inocência infantil ou uma maturidade perversa. Alguns acham que o grande desafio da juventude é entrar na Universidade e trabalhar, descobrem tempo depois que reduziram ou anularam seu ser e vida. As grandes expectativas se resumem a dinheiro e consumo, o que transforma as pessoas em idiotas como nos ensina Dostoiévski. “É melhor ser infeliz, mas estar inteirado disso, do que ser feliz e viver como um idiota. Se o mundo fosse um trem; se a vida fosse uma passagem, se Deus existisse e eu me encontrasse com Ele, eu devolveria o bilhete. “



Adultos que nunca deixaram de ser crianças nem foram jovens. Auto controle e foco que impede de errar e desbravar novos horizontes e aprendizado. Sociedades com leis injustas carregadas de dogmas, vivendo da hipocrisia, desordem e corrupção dos poderosos. Elas necessitam das incertezas, tensões, explorar os valores em conflito, colocá-los à prova com jovens heróis, personagens de sua própria história. Espíritos aventureiros que experimentam, sonham e lutam. Pessoas comuns mas nada vulgares, iluminam a História, criando novas circunstâncias de ser, viver e governar. Construindo a própria identidade e singularidade, muito além de uma profissão, dogma ou limites sociais, abrem as portas de um novo mundo com novas linguagens e classificações. Revoluções culturais, muito além das cartas dos dois lados das Revoluções políticas.



Princípios fracos diante de fatos fortes como econômicos e sociais, antes disso, é melhor fortalecer a constituição espiritual de nossos heróis do que as constituições de nossas sociedades. As verdadeiras mudanças não vem de cima nem embaixo mas do meio, mudo em cima e em baixo, ao mesmo tempo com revoluções culturais. Pessoas que vivem sua mobilidade social em sociedades que lhe negaram a cidadania são vistos como monstros. Monstros diante de sociedades rígidas e classificatórias, as anomalias se multiplicam com o desenvolvimento do ser e produz singularidades, desequilíbrios, tensões e imprevistos. Eles escrevem a história, ao invés de mentiras, dogmas, leis, forças negativas que condenam as pessoas a não ser, muito menos a inovar. As pessoas são ensinadas nunca o que poderiam ser, mas sempre e somente aquilo que não é, que não quer e não deve ser. Não se trata apenas de restituir direitos como atos de justiça mas mudar as regras do jogo das leis e dos dogmas.



Ruptura é diferente de restabelecer as regras do jogo é criar novas. As forças militares, midiáticas, clericais e econômicas não conseguem dominar as forças espirituais e culturais do ser. A socialização e a vida depende de uma legitimação simbólica com valores tidos como essenciais. Hoje infelizmente, o crime organizado tem julgado, independente do Estado de Direito, impondo a violência e o medo, diante de pessoas sem liberdades e escolhas, sem a devida formação de seu ser em escolas que embrutecem e emburrecem , evitando conflitos e diversidade, seja de interesses, ideias, escolhas éticas e outras.  



Vivemos ora conta de fadas dos poderosos ou distopias dos pobres. Onde falta verdade, falta justiça, falta educação e economia . O movimento do cavalo no xadrez assim como no jogo da vida, nos desafia a superar a vida como lógica simples, a vida não é linear, nem deve ser a história como contamos sobre quem somos e onde vivemos. Narrativas simples funcionam apenas em processos nos tribunais sem História. Hoje a lei não é independente das manipulações flagrantes nem justas, se somam a dogmas que querem manter o status quo e nos impedem de desenvolver a nossa natureza por outras jornadas. 



Mesmo os poderosos têm necessidade de legitimar seu poder, moralizar suas funções, sentir-se úteis e justos, assim da mesma forma os bastardos, pobres, necessitam contar a própria versão , serem ouvidos e receberem justiça humana, legal e divina. As prostitutas, loucos e revolucionários tem desaparecido das nossas histórias de nossa grande História, o que nos torna refém de farsas e ilusões. A justiça nem as religiões são preto e branco, povoadas por inocentes e criminosos, o bem e o mal se misturam assim como a ignorância e o conhecimento.



Muito mais que julgar, escolarizar e proibir,  temos que apoiar vocações e propósitos espirituais, poéticos, sociais, políticos, científicos e outros. Vocações como expressão individual e benefício coletivo, quanto mais o indivíduo consegue ser ele mesmo, mais será o resultado e o impacto objetivo em nossa sociedade, sem as fadas da justiça e dos dogmas. Agora também podemos avaliar as consequências , algumas dolorosas da consciência de cada um, de atos discutíveis porém abertos a avaliações diferentes, sem pesos e medidas únicas em sociedades brutalmente desiguais.



A pessoa é avaliada com base na contribuição para sua sociedade, cultura e história com base nas obras, cujo valor reside nas próprias obras. Torna a existência bela e ética, muito além das obras sagradas e de arte imobilizadas como representação.  A vida é dominada por intrigas, invejas e servidão, as vezes pessoas que ninguém vai visitar seus túmulos, foram mais heróis que os personagens oficiais, ao enfrentar as regras e mudar os sonhos. Às vezes a vocação leva a morte, vida e vocação estão em guerra, entre ceder ao demônio ou um anjo de um mesmo sistema, que ambos mantém as regras inalteradas sem expansão do ser e da sociedade. 



A sociedade gosta de engolir seres únicos. Não se trata de incluí-los mas expandir nosso ser para compreendê-los. Muito mais do que intelecto e moral tem que ser um valor que guie nossas vidas e sociedades. Mude as regras do jogo. Muito mais do que se faz é ter ou não consciência das próprias ações e domínio da narrativa de sua vida. Reflexão, sentimento e ação. Incorruptível integridade estética e ética, maturidade e vida, solidariedade para lutar contra o que é errado e não apenas para os interesses de pessoas comuns, contra individualismos possessivos, o currículo muito além da Escola, Universidade, Professores e lições de casa. 



A trajetória e biografia é o maior legado que uma pessoa pode deixar, é muito maior que as leis e dogmas de sua época porque rompem e transformam limites. As ciências do homem começaram a desmantelar a imagem unitária do indivíduo, as ciências sociais dedicam a classificação e fragmentaram a percepção sintética do curso histórico, difundiram ideologias de capitalismo e socialismo, onde a pessoa figura como uma pequena parte do todo, mas a história começa de novo a ser inscrita por singularidades individuais e coletivas muito além da sociedade, leis e dogmas. Muito além do Sapiens, vamos continuar nossa expansão pelo Universo e de Ditaduras Politicas, econômicas e oligárquicas vamos transformar nossas vidas e sociedades, inovando o ser e a Terra.   





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