Uma jornada educacional é também espiritual em busca de descobrir novas verdades e mundos. Chegar a lugares que nunca tinha ido antes e ampliar seu ser e existência por caminhos únicos. Às vezes escolhemos empobrecer nossa história de vida e ficar reféns de lugares conhecidos assim reduzimos nosso potencial e inteligência. Se temos dificuldade de imaginar uma vida alternativa que pode ser envolvente e interessante, é mais reflexo dos limites de nossa imaginação do que a vida em si.
As violências e egoísmos são espetáculos que vemos todos os dias e achamos normal. Agora se eu te convidar para uma jornada educacional onde cooperar com outro, lutar e construir juntos um mundo melhor, aprender com vários projetos e experiências que estão transformando o mundo, você mudaria sua visão do mundo?
O que é a razão e evidências para você? Sua ideologia, seus preconceitos, suas dores ou fatos isolados sem um pensamento crítico e complexo capaz de analisar mas também de propor mudanças possíveis na realidade que o cerca? Marchamos para guerra de todos contra todos numa selva de Hobbes ou somos inocentes como Rousseau propôs caminhando sempre para brutais desigualdades? Acho que devemos aprender a caminhar pelo mar enquanto ele abre um caminho para travessia em busca de terras prometidas, mas as capacidades críticas, criativas e sabedoria são necessárias para liderar, imaginar e construir novos caminhos éticos, estéticos, justos e economicamente ambientalmente sustentáveis.
Nós nunca seremos iguais mesmo que sejamos ricos no capitalismo ou pobres porque somos únicos e o sistema econômico não nos define. Na verdade, o significado da palavra economia é lei da casa. A economia é resultado de várias questões, entre elas luta política, educação, cultura, tecnologias, saúde como aprendemos na pandemia, meio ambiente como estamos aprendendo nas mudanças climáticas, e valores como amor, esperança, verdade...
Temos aprendido sobre essas questões em nossas jornadas educacionais e de vida? A grande maioria não! Isso tem reduzido nossas escolhas de vidas por nos tornar reféns de prisões que criamos para nossas vidas. Prisões com correntes e grades curriculares, políticas, ambientais, artísticas, sociais e outras que impedem de imaginar outras vidas e outros mundos possíveis. Sim, somos humanos inteligentes, imaginativos, e lúdicos, mas fomos presos por conceitos e práticas educacionais rígidas que dificultam nossa capacidade de nos reinventar e de mudar nossas vidas e os lugares que vivemos.
As desigualdades e brutalidades podem ser superadas sem nos tornamos iguais ou perdermos as liberdades mas pelas nossas diferenças atuando em orquestras sociais cada vez mais complexas, humanas e tecnológicas. Esse foi o caminho da diversidade que construiu a nossa natureza, culturas e o mundo que vivemos. Mas estamos prontos a receber críticas de mundos e verdades que não conhecemos? Estamos prontos a conviver com quem é diferente de mim e aprender com ele? E a imaginar e sonhar com eles? Não somos anjos nem demônios, não precisamos de autoritarismo em nossas vidas, nem de guerras, nem de vaidades e ambições delirantes, nem de opressões e brutalidades. Nós precisamos de educação por caminhos éticos que desafie as escolas e as Universidades a ocupar seu lugar na história e fazer as metamorfoses de médio e longo prazo que precisamos como humanidade realizar e não ceder aos instintos neoliberais imediatos. Na língua inglesa as palavras politics, polite e polícia soam quase iguais e derivam da palavra polis. Sim, precisamos de novas formas de dizer, ver, sentir, ser, viver e nos auto governar de um pequeno grão de terra a Terra da sabedoria.
Sim, precisamos de missões educadoras e inspiradoras que gerem múltiplos, diferentes e singulares caminhos para novos personagens e coletivos construírem suas próprias histórias com outras narrativas e usando tecnologias para fins sociais transformando suas vidas e comunidades. Corações sábios, mestres do conhecimento, aqueles que sabem e conhecem a graça e as bênçãos que em hebraico significam gratuitas e dadas por Deus. Ampliar as leis do Direito ou da religião e educar para uma lei interna e secreta do ser e do Universo que nós sabemos que todos temos um papel vital no mundo. A lei oral no judaísmo é também chamada de Cabala e seu único tribunal é Deus. Os segredos do Antigo Testamento na Bíblia revelam o trabalho da criação e o trabalho da carruagem. Trabalhos que derivam da Cabala que significa sabedoria interior do qual depende o trabalho que realizamos no mundo exterior. Sim, precisamos de mística tanto quanto de razão e sentimento para viver unindo o divino e o humano em uma jornada educacional e espiritual. Símbolos, metáforas, conhecimentos, práticas, experiências numa jornada educacional e espiritual em direção a revelação completa da sabedoria de um pequeno grão de terra, a Terra da Sabedoria.
A sabedoria é vista como a forma que Deus criou o mundo em Salomão, "um sopro do poder de Deus, e um reflexo claro da glória do Todo poderoso”. No livro de Enoque Eslavo, Deus comanda sua sabedoria para criar o homem. A sabedoria é aqui o primeiro atributo de Deus a receber forma concreta a partir de uma emanação da glória divina. A nossa jornada educacional e espiritual continua depois de milênios da humanidade em direção a futuros pós humanos.
Lutamos por uma escola de qualidade para todos, que proteja os animais e entenda suas formas de pensar/sentir, temos muito que aprender com eles e talvez os humanos não sejam tão inteligentes como achamos, aprender com a natureza de diversas formas principalmente como se auto governam os ecossistemas, aprender com as novas tecnologias e humanizá-las mas sempre sintonizados com a busca de uma sociedade mais democrática e solidária. Na jornada educacional temos que aprender como tem ocorrido o processo de imposição/expansão do projeto neoliberal que assola o mundo e como ele se manifesta no cotidiano das escolas e Universidades.
Segundo Michael Apple “ O objetivo é identificar e tornar visível o processo pelo qual o discurso neoliberal produz e cria uma realidade que acaba por tornar impossível pensar e nomear uma outra realidade. Os educadores precisam se posicionar diante do atual contexto. Eles precisam se conscientizar que são trabalhadores culturais envolvidos na produção de uma memória histórica e de sujeitos sociais que criam e recriam o espaço e as vidas sociais.”
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